v. 30 n. 328 (2025)

El show debe seguir

O show deve continuar
O desporto contemporâneo apresenta-se como um espelho com muitas faces, uma das quais expressa a complexa realidade de uma indústria globalizada, que necessita de manter o espetáculo desportivo a todo o custo para satisfazer o público, os media e os interesses económicos que a sustentam. A comercialização extrema do desporto transformou o futebol, o basquetebol, o automobilismo e outras modalidades não só em competições, mas também em produtos de entretenimento de massas. Isto implica que a ação, a emoção e a narrativa do evento devem continuar, independentemente dos contratempos. As lesões de jogadores, as polémicas fora de campo ou até a falta de adeptos num evento não param a máquina.
As programações televisivas, os patrocínios multimilionários e os contratos de direitos de imagem obrigam a que a agenda seja cumprida a qualquer custo, muitas vezes com calendários de jogos avassaladoras. O entretenimento opera como uma pressão extrema sobre os atletas. Espera-se que os atletas de elite não só apresentem o seu melhor desempenho, mas também atuem como figuras públicas, modelos e, por vezes, como parte da estratégia de marketing. Enfrentam frequentemente a pressão de competir com lesões ligeiras, com as suas vidas pessoais expostas ao escrutínio público ou até mesmo à fadiga mental. O seu papel principal é entreter, e as suas vulnerabilidades humanas devem ser subsumidas às exigências do espetáculo.
A lógica do espetáculo e dos negócios prevalece sobre outras considerações, moldando a experiência tanto dos fãs como dos próprios atletas. O desporto, transformado num negócio gigantesco, põe em marcha uma cadeia de valor que inclui media, patrocinadores e empresas de merchandising, refletindo a essência do desporto no século XXI: um híbrido de paixão, competição e uma gigantesca máquina global de entretenimento.
Tulio Guterman, Diretor – Setembro de 2025

Publicado: 2025-09-01

 

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