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O karatê como conteúdo da Educação Física escolar

El karate como contenido de la Educación Física escolar

 

Centro Universitário Claretiano de Batatais

(Brasil)

Aroldo Luis Ibiapino Cantanhede

Anne Coeli Mendes de Oliveira

Gabriela Villela Arantes

Iraci Zatti

ef.alic@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Física em nosso país tem passado por significativas mudanças ao longo do tempo, deixando de ser uma disciplina estritamente mecanicista-tecnicista para uma disciplina que aborda a cultura humana através de conceitos diversos. Dentro dessa nova temática as lutas e as artes marciais, como o Karatê, tornaram-se instrumentos para o desenvolvimento do ser humano, o que vem justificar seu estudo e o aprofundamento de pesquisas sobre o tema, sendo assim o presente trabalho de revisão bibliográfica objetiva demonstrar que o Karatê é um conteúdo que pode ser trabalhado na escola. Para isso artigos científicos e livros sobre Artes Marciais, Karatê e Escola foram pesquisados. O resultado da presente revisão bibliográfica é que o Karatê é um viável conteúdo para a Educação Física Escolar por fazer parte de uma cultura que o ser humano criou desde o seu surgimento, a Cultura Corporal de Movimento. Sendo assim concluiu-se que o Karatê sendo um conteúdo desta Cultura Corporal deveria ser ensinado na escola sendo um importante meio de desenvolvimento de temas que vão além da simples atividade física e o esporte na escola.

          Unitermos: Karatê. Escola. Educação Física Escolar.

 

          Trabalho apresentado no VI ENCIC - Encontro Nacional Claretiano de Iniciação Científica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física brasileira tinha em seus pressupostos temáticos a preparação física com intuitos que visavam o fortalecimento da nação (em especial seus jovens), o fortalecimento dos indivíduos para o trabalho e a guerra, bem como a seleção e preparação de indivíduos que pudessem representar o país em competições internacionais. A proposta de descoberta de talentos esportivos era tão forte que se tornou o sustentáculo de qualquer atividade na Educação Física Escolar (GERMANO, 1993). É válido ressaltar que a Educação Física já trazia consigo desde os seus primórdios no Brasil, uma forte vertente de características higienistas e eugênicas, buscando a seleção de uma raça mais apurada, branca e sem doenças, ideais muito próximos aos de ideologias fascistas do início do século passado (BRASIL, 1998; TABORDA DE OLIVEIRA, 2002).

    Diversos autores consideram também que a disciplina sempre esteve sob os desígnios do poder dominante à época (e ainda é em inúmeras situações). Sempre que algum governo tentava se legitimar utilizava-se da Educação Física para tentar implantar nas mentes e nos corpos suas ideologias, afinal corpos e mentes disciplinados e obedientes seriam melhor controláveis (DARIDO e SOUZA JUNIOR, 2007; CASTELLANI FILHO, 2010).

    Era necessário então que acontecesse uma crise de identidade, como afirma Medina (1984), sobre os objetivos da Educação Física. No final dos anos 70 e 80 do século passado houve uma tentativa de mudança de paradigmas conceituais que abrangiam a filosofia, a pedagogia e didática da Educação Física dentro do contexto escolar (tentativa que ainda perdura até os dias de hoje). Essa busca por mudanças veio contribuir para uma nova percepção do real significado da Educação Física Escolar com características pedagógicas, culturais, sociais e obviamente físicas. Essas características têm a Cultura Corporal do Movimento - CCM (cultura essa produzida pelo homem através dos tempos) como alicerce de suas práticas (COLETIVO DE AUTORES, 1992; CAMILO, PITOMBEIRAS, DEBIEN e CANTANHEDE, 2010; DEBIEN e CANTANHEDE, 2010). Darido (2003) ao falar sobre essa nova percepção afirma que questões sociais, morais, éticas e intelectuais (e não apenas esporte pelo esporte), passaram a fazer parte dos conteúdos da Educação Física.

    Dentro desses novos conteúdos, as lutas que são parte da cultura humana (PAGANI, ANDREOLA e REIS DE SOUZA, 2012) e as artes marciais (os termos luta e artes marciais podem ter o mesmo significado conforme Pacheco, 2012) tomaram maior escopo, sendo o Karatê um possível componente desta nova tematização (BRASIL, 1998). Como nos mostra Gomes (2008, p. 61) as artes marciais são “um fenômeno a ser estudado” e esse estudo pode propiciar novos entendimentos, métodos e práxis educativas.

    Desta forma o Karatê como parte da CCM torna-se uma ferramenta pedagógica para o desenvolvimento holístico do ser humano em virtude de ser esta arte marcial centrada na formação da pessoa (VELTE, 1981; SASAKI, 1978).

    Este trabalho tem como objetivo demonstrar o valor que a arte marcial Karatê, ao fazer parte dos conteúdos de Educação Física, pode ser considerada como instrumento pedagógico, contribuindo para seu desenvolvimento holístico.

    O método de revisão bibliográfica que segundo Silva e Menezes (2001, p.12) é a análise da literatura publicada permitindo assim traçar a “estrutura conceitual que dará sustentação à pesquisa” foi o selecionado para este trabalho. Esta revisão se deu através de artigos científicos em diversas bases de pesquisa e livros tendo como palavras-chave “Karatê”, “Escola”, “Artes Marciais” editados entre os anos de 1978 a 2012.

Desenvolvimento

A origem do Karatê

    O Karatê é uma forma de combate, uma luta de origem oriental que foi ao passar dos séculos sistematizada com as características da sociedade japonesa (CANTANHEDE, NASCIMENTO e REZENDE, 2010). Baseia-se em conceitos de religiões orientais como o confucionismo, o taoísmo, o zen-budismo e pelo código de honra dos samurais, o BUSHIDO (武士道) (BARREIRA e MASSIMI, 2006, DRIGO e GONÇALVES JUNIOR, 2007). Traduzindo para o português a palavra japonesa “KARATÊ” (空手) tem-se o significado “mãos vazias”, contudo o termo mais acerto seria “KARATÊ-DO” (空手道) sendo “DO” caminho marcial, caminho de vida, estrada filosófica escolhida para ser trilhada, ou seja, um conceito zen-budista de entendimento sobre a vida e os princípios que a regem (NAKAYAMA, 1978).

    Muito embora haja dificuldade de saber como as artes marciais surgiram em virtude dos milênios que se passaram, muitos autores afirmam que o Karatê originou-se na Índia por meio de uma prática espiritual e corpórea denominada VAJRAMUSHT (REID e CROUCHER, 2003). Esta prática disseminou-se pelo oriente em virtude da peregrinação dos monges budistas que a ensinavam chegando então à China onde deu origem ao que é conhecido no ocidente como KUNG FU (NATALI, 1987). Esta luta migrou para a ilha de OKINAWA, ao sul do atual Japão onde se desenvolveu até chegar ao KARATÊ em sua forma próxima a atual.

    Por intermédio de GICHIN FUNAKOSHI, considerado o pai do Karatê moderno, esta arte marcial chegou ao Japão e desenvolveu-se de maneira avassaladora como sistema de luta marcial e meio didático-pedagógico (BARREIRA e MASSIMI, 2008).

Bases filosóficas do Karatê

    O Karatê, como outras lutas provenientes do oriente tem suas bases atreladas a práticas religiosas e espirituais e filosóficas (PAGANI, ANDREOLA, REIS DE SOUZA, 2012). Suzuki (2003) nos chama a atenção de que a maior influência, contudo ocorreu através do Zen-Budismo, filosofia de difícil compreensão que se fundamenta na experiência de cada indivíduo em busca de entender a verdade.

    Esta arte de combate, então se encontra imerso na cultura japonesa, cultura que a aprimorou dando-lhe uma roupagem mais enxuta em relação a sua origem, tornando-a um método marcial e prática espiritual, aliando práticas corpóreas ao treino mental (FUNAKOSHI, 1935). Nas aulas de Karatê ainda hoje são praticados o tradicionalismo marcial onde os alunos reverenciam o Dojo (道場, local de treino), o Sensei (先生, professor) e os Senpais (先辈, mais graduados) curvando-se em pé ou na posição ajoelhado. Essas práticas quando colocadas de maneira a facilitar a formação do ser humano são sempre bem vindas, o aluno deve ter o entendimento de quais os reais motivos que o fazem reverenciar alguém ou algum lugar (afinal curvar-se ao vazio sem uma explicação plausível torna-se algo sem valor).

    Outro importante ponto é que as lutas e artes marciais sempre estiveram ligadas a contextos belicosos e violentos. Dessa forma a sua prática escolar pode levar a discussões mais aprofundadas sobre a violência e agressividade procurando nortear-se contrariamente a qualquer forma de violência gratuita. Isso pode ajudar o educando ao pleno entendimento das lutas como forma de expressão de uma cultura (no caso a Japonesa) aliada à nossa em busca de transformações em vários aspectos da vida de qualquer indivíduo (CANTANHEDE, NASCIMENTO e REZENDE, 2010).

    A filosofia implantada por Mestre Funakoshi sempre se estabeleceu com uma diretriz pedagógico-educacional com extremos cuidados na formação do caráter do indivíduo e de sua personalidade afim de que a vida em sociedade se torne melhor, deveria também ser esse o foco do ensino do Karatê na escola (LAGES, GONÇALVES JÚNIOR e NAGAMINE, 2007).

Aptidão dos Professores para o ensino de lutas e artes marciais

    Segundo o Documento de Intervenção do Profissional de Educação Física o referido Profissional é especialista em “... lutas, capoeira, artes marciais...” (CONFEF, 2002). Ora se analisarmos friamente a letra da norma, o Profissional sendo especialista deve estar apto a ensinar diversas formas de lutas, entre elas o Karatê (NASCIMENTO et. al., 2009). No entanto a literatura tem afirmado que essa não é a realidade dos profissionais de Educação Física. Torres e Gomes (2010) afirmam que no Brasil as lutas não são tão difundidas dentro da escola quando comparadas com outras atividades pertencentes à Cultura Corporal do Movimento. Segundo os mesmos autores ao citarem Darido (2003) isso se deve em virtude da divisão entre a prática e a teoria o que priorizaria o domínio do gesto técnico e do perfeito aprendizado por parte dos acadêmicos de Educação Física para poder ensinar. Torres e Gomes afirmam ainda que essa ênfase “leva os professores a negarem o ensino das lutas, (...) em suas aulas, por não serem “faixas-pretas”, ou por não serem hábeis o bastante para executarem um chute (...) ou um soco”.

    Gonçalves Júnior e Drigo (2001) afirmam que quando aconteceu em 1998, à regulamentação da Profissão de Educação Física, as artes marciais tiveram que ser relacionadas a essa área do saber e a uma nova contextualização. Isso vem confirmar as afirmações de Drigo et al. (2004) que assinalam uma falha do meio acadêmico em dar embasamento científico aos que se tornam Professores de Educação Física e que deveriam estar aptos a ministrar aulas de Karatê ou qualquer outra arte marcial na escola.

    Ferreira (2006) por seu turno afirma que nos cursos de Licenciatura muitos acadêmicos consideram a disciplina lutas/artes marciais como “descartável”. O mesmo autor então questiona como um acadêmico poderia em seis meses tornar-se apto ao ensino de artes marciais para então ensiná-las.

    Sendo assim caberia oportunizar aos acadêmicos do ensino superior em Educação Física o aprendizado de novas experiências quebrando assim os obstáculos e barreiras em relação ao novo e ao que é diferente, “falta oportunidade para os educandos conhecerem outras práticas [...], lutas, [...] bem como há resistência de alguns professores em face de novos conteúdos.” (LAGE, GONÇALVES JUNIOR e NAGAMINE, 2007, p. 117, apud BETTI, 1999). Isso pode acontecer por diversos fatores, entre eles a do sentimento de que não estão preparados para o ensino de lutas na escola em virtude da má preparação acadêmica (CANTANHEDE et al., 2010).

    Na atualidade o ensino de lutas não o torna inerente a uma vasta formação “marcial” do professor de Educação Física, não há necessidade dos professores serem “MESTRES MARCIAIS”. A escola não é uma academia no qual o atleta irá fazer repetições buscando apenas a performance técnica, são alunos que merecem transitar pelas diversas vias que são propostas pela Cultura Corporal de Movimento (DARIDO, 2003; BRASIL, 1998).

    O profissional de Educação Física pode aliar sua prática a conceituações históricas, por exemplo, alicerçando o que foi praticado em sala de aula com o que existe em sua cidade ou no seu bairro. Pode visitar academias, entender a filosofia/religiosidade que acompanha determinada luta, entender o contexto em que ela foi criada, selecionar vídeos com o conteúdo proposto, etc. (DARIDO, 2003). Contudo o Profissional deve tomar cuidado em aliar a sua teoria à prática evitando, como afirma Freire (1997) ao falar da relação teoria/prática, de que “(...) a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo.”

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sobre lutas e o Karatê especificamente afirma:

    “As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa, caracterizando-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citadas como exemplo de luta, as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô, e do Karatê”. (BRASIL, 1998)

    Então técnicas de empurrar, de desequilibrar, deslocar o parceiro, retirar o colega de determinado espaço, briga de galo, luta de saci, briga de jacaré, são exemplos de atividades do conteúdo lutas que podem ser trabalhadas nas aulas de Educação Física pelo profissional sem que ele seja um faixa-preta ou exímio lutador (FERREIRA, 2006; SANTOS, 1997).

    Faz-se necessário entender com maior clareza que ao se tratar de artes marciais ou lutas, deve haver por parte do professor uma mentalidade que se sobreponha ao modelo didático de reprodução do ensino tradicional das artes marciais. Neste modelo o local de treino torna-se mais parecido com um dojô no Japão, China ou Coréia. Desta forma o foco principal é o real desenvolvimento do educandos. Se isso não for o cerne das atividades o ensino se perde em práticas sem valor (CANTANHEDE, REZENDE e NASCIMENTO, 2010).

O Karatê na escola como ferramenta didática

    Ao contrário de outros métodos de lutas nipônicos como o Judô e o Aikidô, o Karatê dispensa o uso de um piso amortecedor (Tatame), isso se deve em virtude da pequena quantidade de quedas (não inexistentes, mas praticadas apenas por alunos com mais experiência) a uma faixa de praticantes mais graduados. Não há necessidade de uma roupa especial (GI) como o conhecido “Kimono”. Qualquer espaço físico sem obstáculos pode ser utilizado e finalmente os implementos para a prática como aparadores de chutes ou luvas de foco podem ser facilmente montados utilizando-se de objetos de fácil acesso como um cobertor enrolado, ou chinelos de borracha usados. Essas características facilitam a inserção do Karatê na escola.

    Por outra ótica não só o Karatê, mas as lutas em geral nas aulas de educação física, também contribuem no tocante a auxiliar o debate sobre temas como agressividade, violência, bullying tão presentes nos dias de hoje dentro nas aulas. Sendo assim os PCN’s afirmam que o ensino do Karatê objetiva:

    “(...) vivência de situações em que seja necessário compreender e utilizar as técnicas para as resoluções de problemas em situações de luta (técnica e tática individual aplicadas aos fundamentos de ataque e defesa); vivência de atividades que envolvam as lutas, dentro do contexto escolar, de forma recreativa e competitiva”. (BRASIL, 1998).

    Também podemos considerar o Karatê como um meio de buscar a completitude do ser humano, o autoconhecimento e de como interagir em sociedade fazendo com que o educando usufrua do entendimento holístico do qual o Karatê se aproveita. Respeito, serenidade e autocontrole fazem parte do arcabouço filosófico do Karatê e sempre permeiam as suas práticas (LAGES, GONÇALVES JÚNIOR e NAGAMINE, 2007).

    Finalmente Balsera e Abreu (2010) afirmam que o Karatê é uma importante ferramenta de desenvolvimento das capacidades físicas como flexibilidade, força e equilíbrio, lateralidade, percepção espaço-temporal, aumento do repertório motor, atenção, entre outros, o que é de vital importância para crianças em fase escolar, no entanto essas capacidades não podem nunca ser a razão principal do Karatê na Educação Física na Escola (KUNZ, 2006). Desta forma a Educação Física reforça o seu real objetivo, por meio do conteúdo Karatê, que é a reflexão sobre as produções do homem aliadas ao movimento (NEIRA, 2009) ou nas palavras de Daolio (2000) “garantir a apreensão de conteúdos culturais que estão relacionados à dimensão corporal (...)”.

Considerações finais

    O Karatê é uma forma de combate milenar construído com bases filosóficas orientais em sua maioria advindas do Japão, muito embora seja uma arte feita para condições beligerantes através do tempo foi incorporada a Cultura Corporal do Movimento como conteúdo da Educação Física. Pode servir de ferramenta de transformação ao ser colocado em prática nas aulas de Educação Física. Contudo não apenas a prática física deveria ser levada em conta, mas todas as contribuições que esta arte marcial pode trazer no campo das discussões sobre violência, agressividade, bullying, controle emocional entre outras.

    Há ainda uma dificuldade por parte dos profissionais de Educação Física de levarem à escola o conteúdo lutas (e, por conseguinte o Karatê), em virtude do pensamento recorrente de que para isso faz-se necessário ser um exímio praticante de artes marciais para poder ensiná-las. No entanto as práticas marciais podem ensinadas buscando-se formas lúdicas que enfatizem o contexto Karatê aliando a isto embasamentos didáticos diversos como filmes, visitas,estudos históricos,etc.

    No campo do desenvolvimento físico a melhora das capacidades coordenativas gerais, lateralidade, relação espaço-temporal, atenção, força estática e dinâmica, equilíbrio, etc. é algo já conhecido por ser o Karatê uma atividade física, no entanto fomentar novos conhecimentos e práticas diferenciadas de experimentações da Cultura Corporal do Movimento deve ser o foco nas aulas. Sendo assim o Karatê se torna uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento do educando e também do ser humano.

Referências bibliográficas

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