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Dermatoglifia em portadores da Síndrome de Down

Dermatoglifia en portadores de Síndrome de Down

 

*Docente da Faculdade de São Lourenço

Docente do Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado

Diretor da HFFitness - Centro de Treinamento Personalizado

Mestrado em Ciências do Movimento Humano - UAA – PY

**Docente da Faculdade de São Lourenço

Docente do Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado

Diretora da HFFitness - Centro de Treinamento Personalizado

Prof. Hugo Politano*

Profa. Fabiana Neves Politano**

personalhugo@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo da pesquisa é identificar e analisar as impressões digitais em portadores de Síndrome de Down. Foi utilizada à estatística descritiva com o intuito de caracterizar o universo amostral do presente estudo. Utilizaram-se os parâmetros estatísticos básicos, como: tamanho da população, média, desvio padrão, valores máximos e mínimos. Após a entrega do termo de consentimento, foi realizada a avaliação. Resultados: A média de presilhas foi superior a dos arcos e verticilos em todos os avaliados portadores de síndrome de down. Conclusão: o nível de coordenação motora e coordenação de endurance são baixos, devemos orientar os exercícios físicos utilizando a via metabólica anaeróbica (alta intensidade e curta duração) como fornecedor do substrato energético.

          Unitermos: Impressão digital. Síndrome de down. Dermatoglifia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A preparação de um atleta é um processo multilateral, caracterizado por conteúdos e formas de organização específicos, que o transforma em um conjunto de ações sobre a personalidade, sobre o estado funcional e sobre a saúde, unido à sua aquisição de uma ampla bagagem de conhecimentos, habilidades e capacidades especiais, ao aumento da capacidade de trabalho do seu organismo e a assimilação da técnica dos exercícios esportivos e da arte de competir.

    Para o desenvolvimento de atividades físicas para populações especiais, é necessário conhecer as suas características como: sua composição corporal, algum problema de origem congênita ou adquirida (cardiopatias), suas capacidades e limitações, a fim de buscar um melhor desenvolvimento de suas habilidades físicas e psicológicas.

    Contudo, para delimitar um programa de exercícios devemos obter conhecimentos genotípicos dos indivíduos estudados. A dermatoglifia é um importante fator para determinar o perfil adequado para diversas modalidades no esporte brasileiro. Estes perfis dermatoglíficos podem indicar também potenciais de desenvolvimento de capacidades físicas como força, potência, resistência e coordenação (Abramova et al, 1999).

    A partir deste conceito esta pesquisa tem a proposta de analisar as impressões digitais em portadores de Síndrome de Down, por não possuirmos em nossa literatura diversidade sobre tal assunto, por sabermos que a atividade física é de suma importância para a manutenção da qualidade de vida, da saúde e na prevenção de doenças. No entanto, não temos ponto de corte para diagnóstico de eficácia do treinamento para portadores de Síndrome de Down com base na dermatoglifia, sendo interessante discutir alguns conceitos básicos relacionados com o tema.

Revisão da literatura

    Segundo Calegari (2007), a síndrome de Down é uma patologia causada por um acidente genético que provoca um atraso no desenvolvimento global da criança. Apesar de ter sido diagnosticada há mais de um século, somente nas ultimas décadas houve um avanço significativo em suas pesquisas. A observação das pessoas com essa síndrome permitiu constatar grande dificuldade no desenvolvimento motor, físico, cognitivo e sócio afetivo, acompanhado geralmente por cardiopatias congênitas e inúmeros problemas relacionados a sua estrutura corporal (Pueschel, 1999).

    A síndrome de Down, também conhecida como Trissomia 21, é uma alteração genética que ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez. A denominação síndrome de Down é resultado da descrição de Langdon Down, médico inglês que, pela primeira vez, identificou, em 1866, as características de uma criança com esta síndrome. Em cada célula do indivíduo existe um total de 46 cromossomos, divididos em 23 pares. A pessoa com síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo o cromossomo extra ligado ao par 21 (Araújo, 2007).

    No principio acreditava-se que as causas da Síndrome de Down estavam ligadas á má formação do bebê durante a gestação e muitas teorias errôneas foram consideradas até meados do século XX, quando cientistas descobriram que esta síndrome estava ligada a problemas genéticos (cromossomos). As características clínicas do indivíduo com a Síndrome de Down são congênitas e incluem, principalmente: atraso mental, hipotonia (fraqueza) muscular, baixa estatura, anomalia cardíaca, perfil achatado, orelhas pequenas com implantação baixa, olhos com fendas palpebrais oblíquas, língua grande, protusa e sulcada, encurvamento dos quintos dígitos, aumento da distância entre o primeiro e o segundo artelho e prega única nas palmas (Sbroggio & Robinson, 2002). A pessoa com Síndrome de Down pode apresentar problemas endócrinos, cardiopatias, problemas de visão, fala, audição, tornando necessários exames periódicos para acompanhar seu desenvolvimento e o surgimento de possíveis problemas de saúde.

    Um dos problemas congênitos que mais prejudica o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down é a hipotonia, caracterizada por flacidez muscular e ligamentar que acompanha o individuo por toda a vida. A hipotonia está ligada diretamente ao atraso no desenvolvimento psicomotor do portador da Síndrome de Down podendo dificultar quando bebê, a engatinhar, andar, sugar o leite da mãe, falar. Esses são apenas alguns exemplos do que pode causar a hipotonia. Além dessas características a pessoa com Síndrome de Down pode apresentar problemas endócrinos, cardiopatias, problemas de visão, fala, audição, tornando necessários exames periódicos para acompanhar seu desenvolvimento e o surgimento de possíveis problemas de saúde.

    A maior causa de preocupação na Síndrome de Down é o retardamento mental. Embora no início da lactância o bebê não pareça ter atraso do desenvolvimento, ele é geralmente óbvio até o final do primeiro ano. Portanto, podemos dizer que o portador de Síndrome de Down possui lentidão no desenvolvimento de modo geral, hipotonia generalizada, dificultando seu desenvolvimento psicomotor, capacidade de aprendizagem mais reduzida, dificuldades variadas no desenvolvimento da linguagem (expressão e articulação), problemas de saúde devido a alterações congênitas que podem afetar o coração, os pulmões, coluna cervical, produção de hormônios, visão e audição. A capacidade para realizar movimento é limitada para a realização de inúmeras tarefas motoras. É possível que essas dificuldades para a realização de movimentos contribuam para o problema do sedentarismo, o qual tem sido alvo de preocupação na área (Nahas e colaboradores, 2001; Villagra & Oliva, 2000).

    De acordo com Junior et al (2006), convém destacar que nos estudos realizados há uma ênfase sobre a necessidade da realização de pesquisas centradas na caracterização do atleta nos diferentes níveis de qualificação esportiva. Por isso, na teoria e na prática da orientação dos esportes modernos e da metodologia do treinamento visando resultados utiliza-se a dermatoglifia (do grego antigo derma = "pele", glyphos = "símbolos") é o estudo científico das impressões digitais. O termo foi introduzido pelo Dr. Harold Cummins, o pai da análise de impressões digitais. O método dermatoglífico é um método Russo, desenvolvido em Moscou e trazido ao Brasil pelo Prof. Dr. José Fernandes Filho, com este é possível a coleta das impressões digitais de seus dez dedos das mãos, revelar o tipo de massa muscular, herdada geneticamente dos seus pais que é definida durante o terceiro e sexto mês de gestação, permitindo obter informações a respeito do potencial genético do indivíduo através de análise de impressões digitais (ID). Em geral esta identificação (papiloscopia) é feita através das papilas dérmicas dos dedos das mãos, podendo ser também dos pés (dactiloscopia). Contudo, a identificação através das papilas dérmicas também pode ser feita através das papilas contidas na palma da mão (quiroscopia) e das contidas na planta do pé (podoscopia). No entanto, a dermatoglifia se difere da papiloscopia, pois é o estudo científico das impressões digitais, pelo qual é possível analisar o potencial genético do indivíduo. Através dessa análise é possível descobrir as aptidões esportivas e algumas patologias e defeitos do desenvolvimento.

    Em especial, o desenvolvimento de programas direcionados ao aprimoramento de capacidades físicas tem sido sugerido por alguns pesquisadores. Desde a década de 70, vários estudos têm constato ganhos pronunciados em parâmetros como capacidade aeróbia (Beasley, 1982), em decorrência de programas de intervenção. Recentemente, tem sido debatido o efeito da freqüência semanal e a durações das sessões de treinamento (Millar, Fernhall e Burkett, 1992).

    Gimenez (2007) relata que no que diz respeito às propostas voltadas para a aquisição de habilidades motoras verifica-se uma grande preocupação em relação ao papel das experiências motoras para as crianças portadoras da síndrome de Down. São vários os trabalhos que reportam ganhos qualitativos em habilidades motoras por parte de crianças portadoras da síndrome de Down em decorrência de programas específicos de estimulação. O desenvolvimento dessas habilidades motoras estaria relacionado principalmente ao aprimoramento de capacidades motoras. Assim, acredita-se que o desenvolvimento de programas voltados para aquisição de habilidades motoras poderia implicar resultados positivos num trabalho de intervenção junto a indivíduos portadores da síndrome de Down. Entretanto, cabe ressaltar uma preocupação relacionada ao foco dos trabalhos. Em muitos casos, o investimento de tempo demasiado almejando aprimorar capacidades motoras pode ser infrutífero.

Metodologia

    Para realização deste estudo, a amostra foi composta por 6 alunos da APAE de São Lourenço, Minas Gerais, portadores de Síndrome de Down na faixa etária entre 12 e 30 anos do sexo masculino. Foi encaminhado a APAE de São Lourenço um ofício solicitando o espaço para a coleta dos dados e encaminhado aos respectivos responsáveis, um termo de consentimento (autorização) para todos. Após a autorização dos responsáveis, foi agendada a data para a realização das coletas das impressões digitais, sendo estas, realizadas na própria APAE.

    Para colher as digitais, o procedimento é igual ao utilizado para emissão da carteira de identidade. A combinação de três fatores é que determina o tipo de fibra muscular. Através destes três parâmetros é que se faz a interpretação e análise e se chega a um diagnóstico do tipo de fibra muscular.

    Segundo Fernandes Filho (1997), a metodologia aplicada neste trabalho é a tradicional e foram coletadas utilizando-se o método DERMATOGLÍFICO. Na análise levou-se em consideração o tipo do desenho (arco-A, presilhas-L, verticilo-W e S-desenho), a quantidade de linhas em cada um dos dedos (QL), o total da quantidade de linhas - quantidade de cristas dentro do desenho dos dedos, a somatória do total da quantidade de linhas (STQL); a avaliação da intensidade dos desenhos se faz pela presença dos deltas, se calcula o índice de delta D10: arco (A) - desenho sem deltas, presilhas (L)- desenho de um delta, verticilo (W) e S desenho - desenhos de dois deltas.

    Para a coleta das IDs utilizou-se o rolo para entintar totalmente todos os dedos das mãos e tinta de imprensa; utilizou-se papel próprio para fazer a coleta; realizou-se a coleta pousando os dedos suavemente, de um lado para o outro, na folha; não se esquecendo de fazer uma pressão sobre os dedos do identificado para que todos os detalhes das impressões digitais fossem fixadas no papel.

Dados estatísticos

    Utilizou-se à estatística descritiva com o intuito de caracterizar o universo amostral do presente estudo. Utilizaram-se os parâmetros estatísticos básicos, como: tamanho da população, média, desvio padrão, valores máximos e mínimos.

Discussão dos resultados

    Segundo Calegari et al (2007), para o desenvolvimento de atividades físicas para populações especiais, é necessário conhecer as suas características, algum problema de origem congênita ou adquirida (cardiopatias), suas capacidades e limitações, a fim de buscar um melhor desenvolvimento de suas habilidades físicas e psicológicas. A atividade física deve ser orientada, tomando cuidado para não causar lesões, mantendo-a atualizada e interessante, evitando a monotonia a conseqüente queda no rendimento que, por sua vez, vai prejudicar o desenvolvimento das habilidades específicas. Contudo, é importantíssimo verificarmos as análises dermatoglíficas dos alunos da APAE de São Lourenço portadores de Síndrome de Down, a fim de buscar melhores resultados.

Tabela 1. Análise dermatoglífica dos portadores de Síndrome de Down

Sendo: A arco, L presilhas, W verticilo, D delta, SQTLE soma total de linhas da mão esquerda, SQTLD soma total de linhas da mão direita, SQTL soma total de linhas.

 

Tabela 2: Análise Estatística dos Portadores de Síndrome de Down

Sendo: A arco, L presilhas, W verticilo, D delta, SQTLE soma total de linhas da mão esquerda, SQTLD soma total de linhas da mão direita, SQTL soma total de linhas.

    Segundo Araújo (2007), pessoas afetadas pela Síndrome de Down possuem mãos largas e curtas, com dedos curtos e grossos, e tendem a ter menos assimetria entre as mãos esquerda e direita e, ainda, são encontrados poucos casos de Arco e Verticilo. Portanto, podemos observar que a amostra acima retrata este dizer. A média de presilhas foi superior a dos arcos e verticilos.

    Após o diagnóstico, se o aluno possui uma musculatura com predominância de fibras rápidas você deverá priorizar o trabalho de musculação porque você hipertrofia os músculos e ganha força depressa. No caso de uma modalidade, você deve escolher aquela em que esteja envolvida grande potência (velocidade e força juntos) como corridas de velocidade, provas de natação de curtas distâncias, saltos, lançamento; no estilo de esporte se optar em jogar tênis, pode aproveitar a sua potência e jogar para ganhar os pontos no saque, pois esse é seu forte, como também treinar o seu ponto fraco que é a resistência. No caso de possuir uma musculatura com predominância de fibras lentas, o indivíduo deverá priorizar trabalho aeróbico, pois demora muito para cansar e consegue permanecer por muito tempo na atividade, escolhendo em participar de provas de longa duração como corridas, maratonas, travessias, jogos e treinar o seu ponto fraco que é a força (Fernandes Filho, 1997). Portanto, após a coleta, foi verificado que os alunos possuem em geral uma musculatura com predominância de fibras de contração rápida e um nível de coordenação motora e coordenação de endurance baixos. Por isso, devemos priorizar na prescrição do treinamento desportivo a via metabólica anaeróbica (atividades de alta intensidade e curta duração) como fornecedor do substrato energético.

    Ex:

Conclusões e recomendações

    Sabemos que a atividade física é de suma importância para a manutenção da qualidade de vida, da saúde e na prevenção de doenças. A atividade física para pessoas com Síndrome de Down deve ser adequada as suas características e principalmente as suas necessidades (Calegari et al, 2007).

    Para o desenvolvimento de atividades físicas para populações especiais, é necessário conhecer as suas características como: sua composição corporal, algum problema de origem congênita ou adquirida (cardiopatias), suas capacidades e limitações, a fim de buscar um melhor desenvolvimento de suas habilidades físicas e psicológicas.

    A utilização do conhecimento prévio das capacidades e tendências genéticas, aliada, à contribuição fenotípica, pode contribuir, não exclusivamente para a determinação do talento, mas, também, com bastante probabilidade, para o seu desenvolvimento (Fernandes Filho, 1997).

    Identificamos que a presença de arcos em suas falanges distais caracteriza uma redução em seus níveis coordenativo e resistência, portanto, o portador de síndrome de down se adapta melhor em atividades individuais e com pouca duração.

    Por isso, para qualquer prescrição de treinamento é de suma importância a utilização das marcas genéticas na seleção esportiva, com um alto grau de probabilidade na etapa precoce da orientação e elaboração do treinamento. Porém, na área de deficientes há uma escassez de material teórico que nos sirva como base para pesquisa. Também seria importante que novas pesquisas fossem realizadas com um universo amostral maior e com outras variáveis como antropometria, composição corporal e somatotipo.

Referências bibliográficas

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