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ISSN 1514-3465

 

Composição corporal, função pulmonar e força 

muscular respiratória em pessoas com Síndrome de Down

Body Composition, Lung Function and Respiratory Muscle Strength in People with Down Syndrome

Composición corporal, función pulmonar y fuerza muscular respiratoria en personas con Síndrome de Down

 

Jônatas de França Barros*

emaildojfb@gmail.com

Monique de Azevedo**

moniazewedo@hotmail.com

Valeria Sovat de Freitas Costa***

valeria.sovat@uniceub.br

Jitone Leônidas Soares****

jitone@unb.br

Hélio Franklin Rodrigues de Almeida*****

helio@unir.br

Maryana Pryscilla Silva de Morais+

pryscillinha.hta@gmail.com

Flávio Anselmo Silva de Lima++

flavio_ifrn@hotmail.com

Leônidas de Oliveira Neto+++

leonidasoliveraneto@gmail.com

Vinicius Zacarias Maldaner da Silva++++

viniciusmaldaner@gmail.com

André Ribeiro da Silva+++++

andreribeiro@unb.br

 

*Doutor em Ciências

Professor na Universidade de Brasília

e Universidade Federal do Rio Grande do Norte

**Mestra em Educação Física

Professora no Centro Universitário de Brasília

***Mestra em Educação Física

Professora no Centro Universitário de Brasília

****Doutorando em Ciências da Saúde

Professor na Universidade de Brasília

*****Doutor em Ciências da Saúde

Professor na Universidade Federal de Rondônia

+Mestre em Educação Física

Professora no Instituto Federal do Rio Grande do Norte

++Doutor em Engenharia Mecânica

Mestrando em Educação Física

+++Doutor em Saúde Coletiva

Professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte

++++Doutor em Ciências da Saúde

Professor na Escola Superior de Ciências da Saúde

+++++Doutor em Ciências da Saúde

Professor na Universidade de Brasília

(Brasil)

 

Recepção: 25/05/2020 - Aceitação: 02/02/2021

1ª Revisão: 03/11/2020 - 2ª Revisão: 21/11/2020

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Barros, J. de F., Azevedo, M. de, Costa, VS de F., Soares, JL, Almeida, HFR de, Morais, MPS de, Lima, FAS de, Neto, L. de O., Silva, VZM da, e Silva, AR da (2021). Composição corporal, função pulmonar e força muscular respiratória em pessoas com Síndrome de Down Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(274), 77-95. https://doi.org/10.46642/efd.v25i274.2282

 

Resumo

    Objetivo: investigar se há correlação nas variáveis da composição corporal com a função pulmonar e com a força muscular respiratória em pessoas com Síndrome de Down. Método: Analítico transversal, com 26 pessoas com Síndrome de Down, sendo 14 do sexo feminino e 12 do masculino. Foi realizada a espirometria para a obtenção do Volume Expirado Forçado no primeiro segundo (VEF1), Capacidade Vital Forçada (CVF) e Pico de Fluxo Expiratório (PFE); a manovacuometria para a mensuração da Pressão Inspiratória máxima (PImáx) e Pressão Expiratória máxima (PEmáx) e para a avaliação do percentual de gordura corporal (%GC) por meio da Dual Energy X-Ray Absormetry (DXA). Foi aplicado o teste de normalidade de Shapiro-Wilk, considerando p<0,05 e o teste paramétrico por meio do coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: Correlação negativa (%GC-VEF1), sem diferença significativa para os homens (p<0,5244), com diferença altamente significativa para mulheres (p<0,0045); % GC-CVF correlação negativa com diferença significativa (p<0,0137) para mulheres, sem diferença significativa para homens (p<0,4910); PFE correlação negativa, sem diferença significativa nas mulheres (p<0,3165) e nos homens (p<0,7165); %GC-PImáx correlação negativa para mulheres sem diferença significativa (p<0,7871) e correlação positiva para os homens sem diferença significativa (p<0,8307); %GC-PEmáx correlação negativa sem diferença significativa nas mulheres (p<0,9070) e nos homens (p<0,11369). Conclusão: Pessoas com Síndrome de Down apresentam %GC mais elevado frente aos valores de referência para a população brasileira sem a Síndrome de Down.

    Unitermos: Testes de função respiratória. Síndrome de Down. Exercícios respiratórios. Espirometria. Composição corporal.

 

Abstract

    Objective: To investigate whether there is a correlation in the variables of body composition with lung function and respiratory muscle strength in people with Down Syndrome. Method: Cross-sectional analytic, 26 people with Down Syndrome, 14 female and 12 male. Spirometry was performed to obtain the forced expired volume in the first second (FEV1), forced vital capacity (FVC) and peak expiratory flow (PEF); manovacuometry for the measurement of maximum inspiratory pressure (MIP) and maximum expiratory pressure (MEP) and for the assessment of body fat percentage (% BF) using Dual Energy X-Ray Absormetry (DXA). The Shapiro-Wilk normality test was applied, considering p<0.05 and the parametric test using Pearson's correlation coefficient. Results: Negative correlation (% GC-FEV1), with no significant difference for men (p<0.5244) with highly significant difference for women (p <0.0045); % GC-FVC negative correlation with significant difference (p<0.0137) for women, with no significant difference for men (p<0.4910); PEF negative correlation, without significant difference, in women (p<0.3165) in men (p<0.7165); % GC-PImax negative correlation for women without significant difference (p<0.7871) and positive correlation for men without significant difference (p<0.8307); % GC-PEmax negative correlation, with no significant difference in women (p <0.9070) in men (p <0.11369). Conclusion: People with Down's Syndrome have a higher% BF compared to the reference values ​​for the Brazilian population without Down's Syndrome.

    Keywords: Respiratory function tests. Down Syndrome. Breathing exercises. Spirometry. Body composition.

 

Resumen

    Objetivo: Investigar si existe una correlación en las variables de composición corporal con la función pulmonar y la fuerza muscular respiratoria en personas con Síndrome de Down. Método: Analítico transversal, 26 personas con Síndrome de Down, 14 mujeres y 12 hombres. La espirometría se realizó para obtener el volumen espirado forzado en el primer segundo (FEV1), la capacidad vital forzada (FVC) y el flujo espiratorio máximo (PEF); manovacuometría para la medición de la presión inspiratoria máxima (MIP) y la presión espiratoria máxima (MEP) para la evaluación del porcentaje de grasa corporal (% BF) utilizando la absorción de rayos X de energía dual (DXA). Se aplicó la prueba de normalidad de Shapiro-Wilk, considerando p<0.05 y la prueba paramétrica usando el coeficiente de correlación de Pearson. Resultados: Correlación negativa (% GC-FEV1), sin diferencias significativas para los hombres (p<0.5244) con diferencias altamente significativas para las mujeres (p<0.0045); % de correlación negativa GC-FVC con diferencia significativa (p<0.0137) para mujeres, sin diferencia significativa para hombres (p<0.4910); PEF correlación negativa, sin diferencia significativa, en mujeres (p<0.3165) en hombres (p<0.7165); % De correlación negativa GC-PImáx para mujeres sin diferencia significativa (p<0.7871) y correlación positiva para hombres sin diferencia significativa (p<0.8307); % De correlación negativa GC-PEmáx, sin diferencias significativas en mujeres (p<0.9070) en hombres (p <0.11369). Conclusión: Las personas con Síndrome de Down tienen un %BF más alto en comparación con los valores de referencia para la población brasileña sin Síndrome de Down.

    Palabras clave: Pruebas de función respiratoria. Síndrome de Down. Ejercicios respiratorios. Espirometría. Composición corporal.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)


 

Introdução 

 

    As políticas e as ações em favor dos direitos das pessoas com deficiência, apesar de serem disseminadas, ainda não impedem que estas pessoas enfrentem inúmeras barreiras para a sua inclusão educacional e social, além de ser essa mais impactante em pessoas com deficiência intelectual, prevalecendo as incapacitadas em sua representação social, colocando sua autoimagem inferiorizada, limitando sua autonomia e participação social. (Reis, Araújo, e Glat, 2019)

 

     Jovens com deficiência não são suficientemente fisicamente ativos e são altamente sedentários, o que significa que estão sujeitos a riscos de saúde precários. (Lobenius-Palmér, Sjöqvist, Hurtig-Wennlöf, e Lundqvist, 2018)

    A deficiência constitui um campo crescente e he­terogêneo de ativismo político e investigação no Brasil e no mundo. No final dos anos sessenta, sur­giram em diversos países ocidentais movimentos sociais que reivindicavam os direitos de grupos específicos, como mulheres e negros e, neste con­texto, a politização das pessoas com deficiências ganhou força. Na África, América Latina, Améri­ca do Norte e Europa, os movimentos sociais que reivindicavam igualdade de oportunidades e de direitos para as pessoas com deficiências ficaram conhecidos como Disability Rights Movement. (Gaudenzi, e Ortega, 2016)

    A Trissomia do cromossomo 21, conhecida como Síndrome de Down, é uma condição crônica proveniente de uma desordem genética caracterizada pela presença de um cromossomo extra ou parte dele (Miranda, e Barreto, 2019). A existência do cromossomo 21 extra na estrutura genética estabelece características físicas específicas e retardo nos desenvolvimentos cognitivo e motor. (Benevides et al., 2020)

 

    Segundo Barros et al. (2000), algumas características fisiológicas devem ser consideradas em pessoas com Síndrome de Down para a prática de atividade cardiorrespiratória. Dentre elas, estão: atraso no desenvolvimento motor; baixa estatura; cardiopatias congênitas; hipotonia muscular generalizada; obesidade; cavidade nasal achatada; grau de comprometimento cognitivo variado, que pode servir como orientador para a aquisição ou o desenvolvimento de aptidões para determinadas atividades.

 

    McGrother, e Marshall (1990) afirmaram que as pessoas com Síndrome de Down apresentam níveis de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e capacidade ventilatória limitados, provavelmente relacionados às suas características anatômicas e fisiológicas. Com isso, essas pessoas, em idade adulta, apresentam incidência aumentada de doenças cardiorrespiratórias precocemente adquiridas, que são causas de morbidade e mortalidade nessa população.

 

    Para agravar mais ainda esta situação, Mota (2017) descobriu que a falta de tempo disponível, condições financeiras, falta de incentivo e de interesse em realizar exercícios físicos são fatores mencionados, pelos cuidadores de pessoas com Síndrome de Down, que os impedem de realizar exercícios físicos regularmente.

 

    A obesidade está associada a altos índices de morbidade e doenças crônico-degenerativas como: hipertensão arterial; diabetes mellitus; doenças pulmonares crônicas; dislipidemia; apneia obstrutiva do sono e osteoporose. (Magee et al., 2008)

 

    A obesidade apresenta importante papel para a redução dos volumes pulmonares, pelo tecido adiposo presente na caixa torácica ser uma carga constante ao sistema respiratório, diminuindo a expansibilidade torácica. As principais alterações da mecânica respiratória e da função ventilatória encontrada nos obesos são: diminuição da complacência da caixa torácica e pulmonar; diminuição da expansibilidade diafragmática e redução da Capacidade Vital Forçada (CVF). Essas alterações podem aumentar o risco de doenças cardiorrespiratórias em pessoas com essa síndrome. (Pelosi et al., 1998)

 

    Este artigo é parte da dissertação de mestrado em Educação Física, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade de Brasília - Brasil, intitulada em: “Correlação da composição corporal com a função pulmonar e com a força muscular respiratória em indivíduos com a Trissomia 21 no Distrito Federal”.

 

    O objetivo deste estudo foi investigar se há correlação nas variáveis da composição corporal com a função pulmonar e com a força muscular respiratória em pessoas com Síndrome de Down.

 

Método 

 

    O estudo teve uma população composta por 30 sujeitos, sendo que houve quatro exclusões: um por grau moderado de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) diagnosticada por ecocardiograma e três por não conseguirem assimilar as orientações para a execução dos testes de espirometria e manovacuometria. Dessa forma, o estudo contou com um total de 26 sujeitos, todos com Síndrome de Down, sendo 12 do sexo masculino e 14 do sexo feminino. Todos eram institucionalizados e foram recrutados em instituições filantrópicas com atendimento apropriado para a população com este quadro sindrômico. As instituições citadas foram a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal (APAE/DF), a Sociedade Pestalozzi do DF e a Associação de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de Excepcionais (AMPARE) do DF.

 

    Os critérios de inclusão para o estudo foram: possuir a Síndrome de Down; apresentar déficit cognitivo de grau leve a moderado; ter idades entre 20 e 40 anos; não praticar exercício físico regular nos últimos seis meses; interesse em participar do estudo; apresentar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado (TCLE) pelo responsável legal. Os critérios de exclusão foram: doenças cardíacas congênitas; apresentar comprometimento cognitivo tal que não compreenda as instruções necessárias para a coleta dos dados; apresentar distúrbios osteoarticulares graves que impeçam a realização dos testes de aptidão física; estar fora da faixa de idade proposta; utilizar psicotrópicos ou medicações que possam interferir na frequência cardíaca nas últimas cinco semanas; auto exclusão.

 

Procedimentos do estudo 

 

    No grupo com Síndrome de Down, os representantes legais foram esclarecidos sobre o estudo e receberam uma cópia do projeto de pesquisa e do termo de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética da UnB, bem como assinaram uma Declaração de Ciência Institucional. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB sob número 150/2007.

 

    Todos os sujeitos passaram por uma avaliação cognitiva com a psicóloga da instituição que frequentavam para definir se seu grau de comprometimento impediria a realização dos testes propostos. Todos realizaram um exame de ecocardiograma no ambulatório de Cardiologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB) a fim de saber se havia alguma alteração cardíaca que pudesse influenciar os resultados dos testes da função pulmonar. O uso dos betabloqueadores e os psicotrópicos foram colocados como critério de exclusão, pois, segundo Scanlan et al. (2002), eles atuam no tônus motor das vias aéreas de pequeno calibre, podendo, assim, influenciar os resultados.

 

Força muscular respiratória 

 

    As variáveis de Pressão Inspiratória máxima e Pressão Expiratória máxima são mensuradas por meio do manovacuômetro digital (MVD – 500 V 1.1, Globalmed, Porto Alegre, Brasil). Para a medida da Pressão Inspiratória máxima, o indivíduo foi orientado a realizar uma inspiração máxima, contra a válvula ocluída, a partir do seu volume residual. À PEmáx, foi realizada uma expiração máxima a partir da capacidade pulmonar total com a mesma válvula ocluída.

 

    Foram realizadas três manobras de PImáx e PEmáx com o objetivo de obter o maior valor das três aceitáveis, considerando válidas quando os valores obtidos de PI e PE tivessem variação menor ou igual a 10% nos três testes consecutivos. Houve tempo de descanso de dez minutos entre os testes.

 

Teste de função pulmonar 

 

    Foram realizadas três manobras de expiração forçada na posição sentada, com quadril e joelhos flexionados a 90°, com as costas apoiadas no encosto da cadeira, sendo escolhida pelo próprio aparelho a curva com o melhor desempenho, seguindo os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade recomendados pela American Thoracic Society - ATS (2002). As variáveis do exame que serão utilizadas no estudo são a Capacidade Vital Forçada (CVF), Pico de Fluxo Expiratório (PLE) e Volume Expirado Forçado no primeiro segundo (VEF1). Foram medidos os valores absolutos e calculados os percentuais relativos aos preditos para sexo, altura e idade, seguindo a tabela descrita por Knudson et al. (1983) já gravadas na memória do aparelho. O tempo de repouso entre os testes foi de dez minutos.

 

    O instrumento utilizado na pesquisa foi o espirômetro marca Vitalograph®, que tem como objetivo avaliar os volumes e as capacidades pulmonares. Ele possui acoplado um pneumotacógrafo com tecnologia “FLEISCH”, ligado a um computador IBM PC compatível, para a determinação da Capacidade Vital Forçada (CVF), VEF1, Pico de Fluxo Expiratório (PFE) e relação VEF1/CVF ou índice de Tiffenau.

 

Avaliação do percentual de gordura corporal 

 

    O instrumento utilizado na pesquisa foi o Dual Energy X-Ray Absortometry (DXA), que consiste em um densímetro ósseo de raios-X com smartscan, DPX-IQ, versão 4.7E. DXA é uma tecnologia que está sendo reconhecida como um método de referência na investigação da composição corporal. Este método avalia a composição corporal com o uso de conversão de raios-X em picos de energia de altos e baixos para a estimativa de gordura, densidade óssea e tecidos magros livres de minerais. (Heyward, 1997)

 

    Os testes constam de uma varredura completa no corpo do sujeito por meio de uma série de escaneamentos transversais ao eixo longitudinal do corpo. Cada um dos escaneamentos transversais mede entre 0.6 e 1.0 cm. A velocidade de escaneamento seguiu parâmetro constante no manual do operador do equipamento (↓75 Kg – padrão; ↑75 Kg – prolongado), peso este mensurado por meio da balança da marca Plenna – modelo 007700 e altura mensurada pelo estadiômetro da marca Corrente. As mensurações foram feitas antes de se iniciar o procedimento do teste. O manuseio do equipamento foi feito por um único técnico do laboratório da Universidade Católica de Brasília, onde fica o equipamento, e acompanhado por um dos pesquisadores deste estudo.

 

Análise estatística 

 

    Foi realizada uma análise de normalidade das amostras para verificar a sua distribuição em relação às variáveis. Foi aplicado o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Entretanto, a coleta de dados referente às variáveis dependentes (função pulmonar e força muscular respiratória) e variável independente (composição corporal) foi tabulada para serem feitos os estudos estatísticos de acordo com o objetivo geral e a hipótese. Foi aplicado o teste paramétrico (coeficiente de correlação de Pearson) para verificar se houve correlação entre as variáveis da função pulmonar (capacidade vital forçada, volume expirado forçado no primeiro e segundo picos e fluxo expiratório, força muscular respiratória - pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima) com o percentual de gordura corporal (%GC).

 

    O teste identifica em que medida a variação em uma variável (dependente) está associada (ou determinada) pela variação de outra variável (independente).

 

Resultados 

 

    A análise dos resultados permite verificar se existe correlação entre as variáveis função pulmonar, força muscular respiratória e percentual de gordura corporal, sendo o parâmetro da variável independente o percentual de gordura corporal e os parâmetros das variáveis dependentes a função pulmonar (capacidade vital forçada, o volume expirado no primeiro segundo o pico de fluxo expiratório) e a força muscular respiratória (PImáx e PEmáx).

 

Tabela 1. Teste de normalidade das variáveis de composição corporal, função pulmonar e força 

muscular respiratória em pessoas de ambos os sexos com Síndrome de Down no Distrito Federal – DF

Variável

Gênero

Teste

p Valor

VEF

Feminino

Shapiro-Wilk

0.0057

VEF

Masculino

Shapiro-Wilk

0.9451

CVF

Feminino

Shapiro-Wilk

0.0185

CVF

Masculino

Shapiro-Wilk

0.6022

PFE

Feminino

Shapiro-Wilk

0.0146

PFE

Masculino

Shapiro-Wilk

0.8764

PImáx

Feminino

Shapiro-Wilk

0.6153

PImáx

Masculino

Shapiro-Wilk

0.9782

PEmáx

Feminino

Shapiro-Wilk

0.8496

PEmáx

Masculino

Shapiro-Wilk

0.8159

%GC

Feminino

Shapiro-Wilk

0.6157

%GC

Masculino

Shapiro-Wilk

0.9958

P<0,05. Fonte: Os autores (2020)

 

    As Tabelas 2 e 3 exibem o valor de cada variável dos indivíduos isoladamente, para que se possa ter uma visão geral desses números antes da correlação ser exibida.

 

Tabela 2. Valores de média e desvio-padrão do sexo feminino do percentual de gordura corporal (% GC), Volume Expirado Forçado (VEF1), Capacidade Vital Forçada (CVF), pico de fluxo expiratório (CFE), Pressão Inspiratória máxima (PImáx), Pressão Expiratória máxima (PEmáx).

Sexo

Idade

% GC

VEF1 (%)

CVF (%)

PFE (%)

PImáx (%)

PEmáx (%)

Feminino

20

48,55

60

61

74

90

92

Feminino

21

53,74

60

72

65

85

88

Feminino

22

25,02

72

71

61

81

85

Feminino

25

33,80

65

69

63

74

72

Feminino

25

43,75

60

72

69

78

74

Feminino

40

45,22

70

74

62

80

82

Feminino

40

33,25

62

66

60

68

72

Feminino

35

44,18

68

71

67

75

77

Feminino

29

31,25

71

78

68

81

76

Feminino

21

42,96

65

68

70

90

94

Feminino

20

18,00

88

94

83

92

90

Feminino

25

24,28

92

98

90

102

103

Feminino

27

36,21

65

74

60

68

65

Feminino

33

19,24

69

78

64

74

77

Média

26,36

35,68

69,07

74,71

68,29

81,29

81,93

Desvio Padrão

±7,06

±11,19

±9,79

±10,08

±8,83

±9,69

±10,50

Fonte: Os autores (2020)

 

Tabela 3. Valores de média e desvio-padrão do gênero masculino do percentual de gordura corporal (% GC), Volume Expirado Forçado (VEF1), Capacidade Vital Forçada (CVF), pico de fluxo expiratório (CFE), Pressão Inspiratória máxima (PImáx), Pressão Expiratória máxima (PEmáx).

Sexo

Idade

% GC

VEF1 (%)

CVF (%)

PFE (%)

PImáx (%)

PEmáx (%)

Masculino

31

26,54

71

82

61

77

74

Masculino

39

38,14

55

61

51

61

64

Masculino

40

19,54

45

51

49

52

61

Masculino

21

33,96

85

95

80

91

84

Masculino

20

13,58

75

81

70

81

84

Masculino

20

44,78

51

53

58

74

70

Masculino

25

25,38

78

88

72

74

79

Masculino

29

31,18

61

63

67

72

70

Masculino

32

26,81

65

74

62

60

59

Masculino

40

37,25

51

64

49

58

62

Masculino

22

25,24

41

50

43

45

49

Masculino

26

29,98

63

69

68

70

75

Média

28,75

29,98

61,75

69,25

60,83

67,92

69,25

Desvio Padrão

±7,71

±8,50

±13,71

±14,89

±11,16

±13,03

±10,66

Fonte: Os autores (2020)

 

    Conforme mostram as Tabelas 2 e 3 acima, o resultado dos dados nas pessoas com a Síndrome de Down mostrou um percentual de gordura corporal elevado em relação à população normal. Tal resultado encontra confirmação no estudo de Fernhall et al. (1990), que afirmou a prevalência de excesso de peso e obesidade superior à verificada em população adulta saudável. Esse acréscimo de tecido adiposo na referida população pode estar creditado a alguns fatores. Um deles está relacionado ao fato de existirem fortes evidências de que o portador da Síndrome de Down tem um estilo de vida sedentário (Rimmer et al., 2004), o que atribui um fator importante para o desenvolvimento do sobrepeso. Outro fator está relacionado ao hipotireoidismo presente com frequência nessa população, que pode estar relacionado a concentrações reduzidas de zinco no plasma e na urina do indivíduo com a trissomia 21 conforme Bucci (1999). Quanto ao percentual de gordura mais elevado no gênero feminino, Godoy (2004) também encontrou resultados semelhantes em seu estudo quando comparou o percentual de gordura corporal em pessoas com Síndrome de Down em ambos os gêneros (41,48% no gênero feminino e 28,89% no gênero masculino), tendo usado o densímetro ósseo – DXA para a mensuração.

 

Tabela 4. Correlação do coeficiente de Pearson, em ambos os sexos, entre o percentual de gordura corporal

 e o Volume Expirado Forçado (VEF1), Capacidade Vital Forçada (CVF), Pico de Fluxo Expiratório (PFE)

Gênero

 

VEF1

CVF

PFE

Masculino - %GC

1.00

-0.20
0.52

-0.22
0.49

-0.11
0.71

Feminino - %GC

1.00

-0.69
0.005

-0.63
0.013

-0.28
0.31

Legenda: %GC - Percentual de Gordura Corporal; VEF1 - Volume Expirado Forçado; 

CVF - Capacidade Vital Forçada; PFE - Pico de Fluxo Expiratório.

Fonte: Os autores (2020)

 

    Na tabela acima, as variáveis de percentual de gordura corporal e volume expirado forçado no primeiro segundo tiveram uma correlação negativa em ambos os sexos. No sexo feminino, o grau de correlação foi de -0.69, com significância de 0.005, havendo, portanto, diferença significativa. No sexo masculino, o valor da correlação foi de -0.20, com significância de 0.52, não havendo diferença significativa.

 

    Tais resultados eram esperados, uma vez que o percentual de gordura elevado ao redor da caixa torácica possibilita uma maior resistência ao fluxo aéreo e considerável diminuição do volume de reserva expiratória. O VEF1 é um índice de suma importância por predizer, com eficácia, o grau de gravidade dos sintomas das doenças obstrutivas. O resultado encontra respaldo no estudo de Levitzky (2004), que afirmou que, em situações de baixos volumes inspiratórios, o VEF1 também pode estar reduzido em virtude do menor volume pulmonar ao início da expiração. No obeso, há uma diminuição significativa da complacência da caixa torácica e pulmonar, diminuição da expansibilidade diafragmática, redução da capacidade vital forçada, do VRE e VR e da capacidade da perfusão do CO2 segundo a afirmação de Laaban (1993).

 

    De acordo com Coussa (2004), sujeitos com sobrepeso podem apresentar distúrbios respiratórios responsáveis pela redução dos volumes pulmonares. Em contraste com os achados deste estudo, Rodrigues (2007) não encontrou correlação entre o IMC e o VEF1. A justificativa para tal achado pode estar relacionada aos seguintes fatores: o estudo foi realizado com crianças e adolescentes asmáticos; a mensuração não foi realizada com DXA como neste estudo e os sujeitos não eram pessoas com nenhum tipo de deficiência mental. Ressalta-se que, no mesmo estudo, apesar de não haver correlação entre as variáveis citadas, houve uma redução significativa do VEF nos asmáticos obesos quando comparados aos não obesos, podendo ser indicativo da influência da obesidade na integridade da função pulmonar.

 

    A correlação nas variáveis de %GC e CVF também foi negativa para ambos os sexos. No sexo feminino, o grau de correlação foi de -0.63, com significância de 0.01, havendo diferença significativa. No sexo masculino, o grau de correlação foi de -0.22, com significância de 0.49, não havendo diferença significativa. Este resultado era esperado neste estudo, pois, com o aumento do tecido adiposo na região abdominal e torácica, pode ocorrer a redução da complacência do sistema respiratório, que é caracterizada também pela redução da CVF. Em vários dos trabalhos investigados ao longo deste estudo, a redução da CVF foi citada como uma das principais alterações encontradas no obeso.

 

    A gordura, quando se encontra acima do normal e armazenada na cavidade abdominal, tem efeito mecânico direto sobre a caixa torácica, como também no músculo diafragma, o que faz com que a expansibilidade pulmonar diminua, resultando em redução nos volumes pulmonares conforme afirmou Enzi (1990). O resultado também encontra respaldo na literatura de Levitzky (2004), que ressaltou que um dos fatores que podem causar a redução da CVF é a obesidade. Ante os resultados dos achados deste estudo, concorda-se com o estudo de Ray (1983), que considerou a associação da obesidade com a redução da CVF. Pereira (2002) descreveu a causa dessa correlação negativa afirmando que a obesidade tem interferência direta sobre a mecânica do diafragma e da caixa torácica. Muitos estudos, desde os mais antigos, concordaram que o aumento de peso corporal tem sim uma influência negativa sobre a função pulmonar, dentre eles, o estudo de Lazarus (1997) que, ao avaliar os efeitos da distribuição de gordura na função pulmonar em 507 sujeitos, chegou à conclusão que, quando há um nível de % de gordura corporal elevado, a CVF estará reduzida, concordando, assim, com o resultado da correlação deste estudo.

 

    A correlação entre as variáveis de %GC e PFE foi negativa para ambos os sexos. No sexo feminino, com grau de correlação de -0.28, com significância de 0.31, sem diferença significativa, e no sexo masculino, com correlação de -0.11, com significância de 0.71, sem diferença significativa. O PFE é uma medida de grande importância, pois descreve fielmente a habilidade do indivíduo em eliminar, em curto espaço de tempo, um grande volume pulmonar, que é o caso do ato de tossir. Quando este valor se encontra diminuído, pode estar relacionado a doenças obstrutivas ou restritivas e existe então uma tosse ineficaz, o que implica acúmulo de secreção por dificuldade de sua remoção por meio de um dos principais mecanismos de higiene brônquica, que é a tosse. Sabe-se que o acúmulo de tecido adiposo impõe compressão à caixa torácica, diminuindo, assim, sua dimensão anatômica. Um dos efeitos relacionados a esse evento é a resistência aumentada à passagem do ar, o que certamente irá ocasionar um PFE reduzido, o que justifica o resultado dos achados deste estudo.

 

    Encontrou-se concordância com achados deste estudo na afirmação de Jubber (2004) quando referiu que a função pulmonar é afetada pela quantidade e distribuição centrípeta de gordura, interferindo mecanicamente no fole torácico. Um estudo realizado por Laaban (1993) ressaltou que, com o aumento do %GC, há redução na PFE. Tal afirmação justifica a correlação negativa encontrada neste estudo.

 

Tabela 5. Correlação do coeficiente de Pearson em ambos os sexos 

entre Pressão Inspiratória Máxima e Pressão Expiratória Máxima

%GC

PImáx

PEmáx

Masculino

0.069
0.83

-0.11
0.72

Feminino

-0.07
0.78

-0.03
0.90

Legenda: %GC - Percentual de Gordura Corporal; 

PImáx - Pressão Inspiratória Máxima; PEmáx - Pressão Expiratória Máxima.

Fonte: Os autores (2020)

 

Discussão 

 

    A relação entre sobrepeso e pressões respiratórias tem sido descrita em alguns estudos, porém, é um tema pouco esclarecido na população com deficiência mental, inclusive, com a Síndrome de Down. Estudos desta natureza com esta população são de grande importância, pois as alterações de ambos os parâmetros são inerentes às pessoas com Síndrome de Down. Sabe-se que o bom desempenho dessa musculatura é necessário para que haja uma ventilação adequada, como também que existe prejuízo na função e movimentação dessa musculatura quando há elevação no percentual de gordura corporal. A movimentação do músculo diafragma, bem como a funcionalidade dos músculos respiratórios, fica alterada ante um percentual de gordura elevado.

 

    Quanto a isso, encontraram-se, na literatura, resultados diferenciados de PI e PE em sujeitos obesos: valores reduzidos (Sahebjami, 1996) valores normais (Paisani, Chiavegato, e Faresin, 2005) e valores aumentados (Queiroz, 2006).

 

    Neste estudo, houve diferença nos resultados de correlação para as variáveis de %CG e PImáx entre os gêneros. No sexo feminino, houve uma correlação negativa de -0.07, com significância de 0.78, sem diferença significativa, e, no gênero masculino, uma correlação positiva de 0.06, com significância de 0.83, sem diferença significativa.

 

    Azeredo (2000) falou sobre a importância da mensuração da PImáx. É referido o seu grande valor clínico, pois a musculatura inspiratória suporta grandes cargas de trabalho respiratório. Scanlan et al. (2002) afirmaram que o sedentarismo contribui para a redução dos volumes pulmonares e força muscular respiratória; tal fator encontra-se presente na população com a Síndrome de Down conforme afirmou Marques (2001). A hipotonia muscular presente nesses sujeitos também pode contribuir para uma força muscular diminuída, pois, conforme afirmou Levitzky (2004), a hipotonia diminui a capacidade do músculo de gerar forças. Segundo Mercer (2001), a força da musculatura estriada está relacionada com o comprimento do músculo que se refere à altura e com a área de secção transversa do músculo que se refere ao peso corporal.

 

    As pessoas com Síndrome de Down apresentam baixa estatura e aumento no %GC. Ambos os fatores explicam a correlação negativa no sexo feminino. Livingston (2002) salientou que a localização do depósito de gordura no organismo exerce influência nas funções respiratórias, referindo ainda que, quanto mais centralizada estiver, mais prejudicial será a funcionalidade respiratória. Alterações como a redução do volume corrente e a retenção de CO2 estão relacionadas à fraqueza da musculatura inspiratória conforme afirmou Frownfelter (2004). Porém, contrariando os resultados deste estudo, um estudo realizado por Teixeira et al. (2009) com crianças e adolescentes obesos e não obesos ditos normais não encontrou diferença significativa entre os grupos para a variável de PI e justifica seu resultado ao fato de os obesos apresentarem maior sobrecarga inspiratória, fazendo com que, dessa maneira, haja um treinamento nessa musculatura. Para incrementar o achado dos resultados deste estudo, Koening (2001) ressaltou que a falta de eficiência da musculatura respiratória predispõe o indivíduo à fadiga. Quanto à correlação positiva encontrada no gênero masculino, pode estar relacionada ao fato de que este grupo teve um percentual de gordura menor do que o do grupo do gênero feminino, o que faz com que esses valores fiquem mais próximos dos valores de normalidade em relação ao gênero feminino.

 

    Souza (2002) descreveu que os homens apresentam PI e PE significativamente maiores do que as das mulheres, o que reforça os achados de Domenèch-Clar et al. (2003), que referiram que o gênero também pode exercer influência na força dos músculos respiratórios, pois mulheres têm essa força diminuída em relação aos homens.

 

    O resultado da correlação para %GC e PEmáx foi negativo para ambos os sexos. No sexo feminino, o grau de correlação foi de -0.03, com significância de 0.90, sem diferença significativa, e, no gênero masculino, o grau de correlação encontrado foi de -0.11, com significância de 0.72, sem diferença significativa. Em concordância com o achado desta pesquisa, Neder et al. (1999) ressaltaram que a obesidade é um dos vários fatores que podem contribuir para a redução da força muscular respiratória. Essa musculatura, quando está com sua força diminuída, leva a um déficit no mecanismo de tosse, incrementou o trabalho de Frownfelter (2004), que está intimamente relacionado com a retenção de secreções e o risco de infecções no trato respiratório, segundo Kang et al. (2006), pela incapacidade de remoção eficaz das secreções das vias aéreas inferiores.

 

Conclusão 

 

    Fundamentado nos resultados obtidos dos testes de função pulmonar, força muscular respiratória e percentual de gordura corporal e nos resultados de correlação deles, fazendo um contraponto com a literatura pesquisada, concluiu-se que as pessoas com Síndrome de Down, de ambos os gêneros, têm um percentual de gordura corporal elevado quando comparado aos valores de referência para os indivíduos ditos normais, provavelmente relacionado a alterações anatomofisiológicas presentes nesta população, com implicações em sua qualidade de vida.

 

    As pessoas com Síndrome de Down, em ambos os gêneros, apresentam correlação negativa para os parâmetros de percentual de gordura corporal e CVF, pois ela se encontra reduzida frente à diminuição da complacência pulmonar, que pode ser causada pelo aumento do tecido adiposo na região torácica e abdominal.

 

    As pessoas com Síndrome de Down, em ambos os gêneros, apresentam correlação negativa para os parâmetros de percentual de gordura corporal e VEF1, considerando que, no aumento de tecido adiposo ao redor da caixa torácica, também ocorre o aumento da resistência ao fluxo aéreo, ocasionando a redução do VRE, o que implica diretamente uma VEF1 diminuída.

 

    As pessoas com Síndrome de Down, em ambos os gêneros, apresentam correlação negativa para os parâmetros de percentual de gordura corporal e PFE pela diminuição anatômica da caixa torácica, que é imposta pelo acúmulo de tecido adiposo sobre a mesma, o que lhe confere compressão e, consequentemente, diminuição de sua dimensão, oferecendo aumento da resistência à passagem do ar. Vale ressaltar a importância de um PFE adequado para uma tosse eficaz, o que significa um mecanismo de defesa potente contra afecções respiratórias.

 

    As pessoas com Síndrome de Down, do gênero feminino, apresentam correlação negativa para os parâmetros de percentual de gordura corporal e PImáx. O percentual de gordura elevado dificulta a movimentação dos músculos respiratórios, gerando aumento da carga resistiva que esses músculos têm que vencer. O tônus muscular está diretamente ligado à capacidade do músculo em gerar forças. Como a hipotonia é uma constante nas pessoas com Síndrome de Down, esse fator também contribui para essa diminuição de força.

 

    As pessoas com Síndrome de Down, em ambos os gêneros, apresentam correlação negativa para os parâmetros de percentual de gordura corporal e PEmáx pela dificuldade encontrada por essa musculatura para vencer a resistência imposta por um percentual de gordura elevado nessa região, gerando a necessidade de maior consumo energético para a realização desses movimentos.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)