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Perda hídrica por idosos praticantes de 

hidroginástica de uma academia do município de São Paulo

Pérdida hídrica por parte de personas mayores que practican gimnasia acuática en un gimnasio del municipio de Sao Paulo

 

*Graduandas do Curso de Nutrição

da Universidade Presbiteriana Mackenzie

** Profa. Dra. do Curso de Nutrição

da Universidade Presbiteriana Mackenzie

e do Centro Universitário São Camilo

(Brasil)

Marcela Rossini*

Michelle Diez*

Nayara Siqueira*

Renata Monteiro*

Vivian Faria*

Marcia Nacif**

marcia.nacif@mackenzie.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A hidratação é necessária para a prática de qualquer atividade física, isto é especialmente certo quando se trata de pessoas fisicamente ativas que praticam suas atividades em clima quente e úmido e perdem, portanto, muita água, como é o caso da hidroginástica. Objetivo: Avaliar a perda hídrica de idosos praticantes de hidroginástica de uma academia do município de São Paulo. Metodologia: Estudo transversal realizado com 64 idosos fisicamente ativos que praticavam hidroginástica em uma academia de São Paulo. A avaliação da perda hídrica foi realizada por meio da pesagem dos idosos antes e depois da aula. Também se aplicou um questionário sobre sintomas de desidratação. Resultados: A maioria dos indivíduos, ao fim da aula, apresentou-se bem hidratado. No entanto, observou-se média de perda de peso de 338g e porcentagem de perda de peso de 0,54%. A taxa de sudorese média dos participantes foi de 6,85 mL/min, variando de 0,0 a 26 mL/min. Conclusão: Embora a duração das aulas de hidroginástica não tenha sido maior que 50 minutos, a perda hídrica dos participantes foi importante, o que mostra a importância da conscientização dos praticantes de hidroginástica quanto à hidratação adequada.

          Unitermos: Hidroginástica. Idosos. Hidratação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No Brasil, a população idosa tem aumentado em relação à população total e as pessoas passaram a viver mais. Em 2025, o país terá 34 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que representará 15% da população total. A expectativa de vida tem aumentado significativamente e, com isso, a preocupação com a qualidade de vida desses indivíduos (POMPERMAYER; GONÇALVES, 2011).

    Dentre as inúmeras modificações que ocorrem no processo de envelhecimento, destaca-se as alterações na composição corporal, em particular, os componentes - massa magra, massa gorda e água se modificam. Estas modificações resultam em redução da água corporal e da massa muscular e no aumento de tecido adiposo (MELO; GIAVONI, 2004).

    O número de idosos praticantes de exercícios tem crescido a cada dia. Um dos cuidados que devem ser tomados em relação à prática de atividades físicas por idosos, é a hidratação, que deve ser realizada antes, durante e após os exercícios.

    A hidratação é necessária para a prática de qualquer atividade física, e isto é especialmente certo quando se trata de pessoas fisicamente ativas que praticam suas atividades em clima quente e úmido e perdem, portanto, muita água, como é o caso da hidroginástica. Esta é uma das atividades mais indicadas por médicos e educadores físicos, especialmente para os idosos, pois é considerada uma atividade segura, prazerosa e eficiente devido aos efeitos terapêuticos proporcionados pela água. Ademais, é uma atividade que causa um baixo impacto nas articulações, melhora o nível cardiorrespiratório e atua de forma importante na tonificação muscular (CUNHA; VIEBIG, 2008).

    Dentro deste contexto, esta pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar a perda hídrica de idosos praticantes de hidroginástica em uma academia do município de São Paulo.

Metodologia

    Trata-se de um estudo transversal que foi realizado em uma academia no município de São Paulo entre março e maio do ano de 2013.

    Os praticantes de hidroginástica frequentavam as aulas por duas vezes na semana, as quais tinham duração de 50 minutos cada. A amostra de estudo foi composta por pessoas de ambos os gêneros, com idade acima de sessenta anos (idosos).

    As aulas eram realizadas em piscina aquecida com temperatura oscilando entre 31º e 31,5º, com orientação de um educador físico.

    Para a avaliação da perda hídrica, os idosos foram pesados com roupas de banho que foram molhadas antes e após a realização da aula de hidroginástica. Foram entregues garrafas contendo 500mL de água, identificadas com os nomes dos participantes do estudo; e ao término da aula foi quantificado o restante de líquido. Para esta aferição foi utilizado um Béquer de 500mL da marca Laborglas.

    Para avaliar a taxa de sudorese (TS), os idosos foram pesados, com balança da marca Avanutri, com capacidade de 150kg e sensibilidade de 100g, 15 minutos antes do início da aula (Pi) e também após o término (Pf). A taxa de sudorese, foi dada em mL/min, que foi obtida da seguinte maneira: TS = (Pi-Pf) / tempo total da atividade física. A porcentagem de perda de peso foi calculada pela fórmula % de perda de peso = peso inicial (Kg) - peso final (Kg) x 100 / peso inicial (Kg) e em seguida os idosos foram classificados como bem hidratados, levemente desidratados e severamente desidratados, segundo a National Atletic Trainers Association (2000). Após a pesagem final os idosos também foram requisitados a responder a um questionário sobre sintomas de desidratação.

    Todos os idosos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e o estudo foi aprovado pela Comissão Interna de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Resultados e discussão

    Foram avaliados 64 idosos praticantes de hidroginástica, com idade média de 66,6 anos, sendo 9,37% (n = 6) do sexo masculino e 90,63% do feminino (n = 59). Verificou-se que 50,0% (n = 32) dos indivíduos apresentaram-se bem hidratados, 6,25% (n = 4) estavam levemente desidratados e 1,56% (n=1) apresentavam desidratação significante ao final da aula (Gráfico 1).

    Estudo feito por Heitzmann et al. (2011) que avaliou o estado de hidratação de nadadores com deficiência intelectual de uma associação paradesportiva do município de São Paulo, verificou que 54,84% dos nadadores apresentaram-se bem hidratados e 45,16% dos atletas estavam levemente desidratados ao final do treinamento. Assim, observa-se que a prevalência de indivíduos bem hidratados no presente estudo foi maior, possivelmente devido à menor intensidade do exercício.

Gráfico 1

    A Tabela 1 e 2 mostram detalhadamente a porcentagem de perda de peso corporal, taxa de sudorese e consumo de água de cada um dos participantes do estudo, separados por intervalos de idade (60-70 anos e >70 anos).

    Observou-se uma diminuição média entre o peso inicial e final dos indivíduos de 338 g. O percentual de desidratação observado pela perda de peso dos participantes deste estudo foi, em média, de 0,54%. Em estudo realizado por Cunha e Viebig (2008) observou-se que a porcentagem de perda hídrica em relação ao peso inicial (antes da atividade) foi de 0,4 a 1,3%. Em média, os dados encontrados foram semelhantes aos do presente estudo. Esses valores já correspondem ao desencadeamento de sintomatologia de sede.

    A taxa de sudorese média dos participantes foi de 6,85 mL/min, variando de 0,0 a 26 mL/min. Perrella et al. (2005) encontraram taxa de sudorese média de 8,0 ± 3,7mL/min, variando de 3,3 a 12,5mL/min, mostrando que no presente estudo houve uma maior variação deste dado.

    Pôde-se observar que 27 idosos tiveram ganho de peso após a aula de hidroginástica. Tal fato pode ser justificado pelo ganho de peso pela pele em atividades aquáticas e talvez pelos idosos não terem se molhado adequadamente no início da aula (pesagem inicial).

    No quadro 1, apresentamos o questionário subjetivo da sintomatologia da sede, preenchido pelos próprios pesquisadores após a aula, assim como a descrição das respostas dadas pelos participantes do estudo. Observou-se que 64,70% dos participantes relataram ter feito a opção de ingerir líquidos antes da aula, dentre eles: água (61,36%), suco (9,09%) e café, café com leite, leite e vitaminas (29,55%). A maioria relatou intensidade da aula moderada (51,47%) e não sentir sede ao final de aula (60,29%). Alguns indivíduos relataram vontade de beber água (33,82%), suco (20,59%) e café e café com leite (13,24%) após a atividade física. A maioria dos idosos relatou não ter sensação de boca seca (61,66%) ou vontade de comer (77,94%) após o exercício.

    De acordo com os relatos dos próprios participantes do estudo, há uma grande dificuldade de hidratação durante as aulas, pois dentro da piscina a sensação de sede é menor e o professor não costuma “parar” a aula para que possa ser feita a ingestão de líquidos. Porém, nos dias mais quentes é feito um intervalo na aula, onde sem sair da piscina os alunos bebem água de uma “mangueira” utilizada para encher a piscina.

    Sabe-se que a duração e intensidade do evento desportivo determinam a necessidade de reposição de água, eletrólitos e substrato energético. Tal reposição deve ocorrer antes, durante e após a sessão de exercício. Em atividades com menos de uma hora de duração, como é o caso da hidroginástica, a reposição de água visa evitar o aumento da temperatura central, não sendo necessária a reposição de sódio (CARVALHO; MARA, 2010).

    A água é o constituinte mais abundante do corpo humano, por isso sua reposição é tão importante. Ela é um nutriente fundamental à vida e desempenha diversas funções orgânicas, sendo sua ingestão diária essencial à saúde. Além disso, desempenha papel fundamental na manutenção do volume plasmático, atua no controle da temperatura corporal, age no transporte de nutrientes e na eliminação de substâncias não utilizadas pelo organismo, e ainda participa ativamente dos processos digestório, respiratório, cardiovascular e renal (CARVALHO; ZANARDO, 2010).

    Segundo Perrella et al. (2005) que também aplicou este mesmo questionário com atletas de Rugby em um treino de São Paulo, a maioria dos participantes relatou intensidade quase forte de atividade, sentir sede e vontade de beber água após o treino, porém sem sensação de boca seca ou vontade de comer. Estes dados são semelhantes aos encontrados no presente estudo, já que os pesquisadores relataram também não sentirem sensação de boca seca após as aulas.

    Como há um aumento progressivo da expectativa de vida e consequentemente na população de idosos (POMPERMAYER; GONÇALVES; 2011), verifica-se a necessidade de mais estudos que avaliem o impacto da atividade física na saúde e qualidade de vida destes indivíduos.

Conclusão

    Embora a duração das aulas de hidroginástica não tenha sido maior que 50 minutos, a perda hídrica dos participantes foi importante.

    É necessária a conscientização dos praticantes de hidroginástica quanto à hidratação adequada. Mais estudos envolvendo a hidratação de praticantes de atividades aquáticas devem ser realizados, devido à grande importância da hidratação adequada para o desempenho aos exercícios e para a saúde, especialmente de idosos fisicamente ativos.

Referências bibliográficas

  • CARVALHO, A. P. L.; ZANARDO, V. P. S. Consumo de água e outros líquidos em adultos e idosos residentes no município de Erechim – Rio Grande do Sul. Perspectiva, Erechim, v. 34, n.125, p. 117-126, 2010.

  • CARVALHO, T.; MARA, L. S. Hidratação e Nutrição no Esporte. Rev. Bras. Med. Esporte, Niterói. v.16, n.2, p. 144-148, 2010.

  • COELHO, C. F.; BURINI, R. C. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Rev. Nutr., Campinas, v. 22, n. 6, p. 937-946, 2009.

  • CUNHA, L. S.A.; VIEBIG, R. F. Perda hídrica e taxa de sudorese de adultos e idosos praticantes de hidroginástica observando-se a hidratação voluntária e realizando-se a hidratação monitorada com água e bebida esportiva. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, a. 12, n. 117, 2008. http://www.efdeportes.com/efd117/adultos-e-idosos-praticantes-de-hidroginastica.htm

  • HEITZMANN, F. et al. Estado de desidratação de nadadores com deficiência intelectual de uma associação paradesportiva de São Paulo. Rev. Mackenzie de Ed. Física e Esporte, São Paulo, v. 10, n.1, 2011.

  • MELO, G.F; GIAVONI, A. Comparação dos efeitos da ginástica aeróbica e da hidroginástica na composição corporal de mulheres idosas. R. bras. Ci. eMov, Brasília, v. 12, n. 2, p. 13-18, 2004.

  • CASA, D.J. et al. National Athletic Trainers' Association Position Statement: Fluid Replacement for Athletes. J Athl Train. v. 35, n.2, p. 212–224, 2000.

  • PERRELLA, M. M.; NORIYUKI, P. S.; ROSSI, L. Avaliação da perda hídrica durante treino intenso de rugby. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 11, n.4, p. 229-232, 2005.

  • POMPERMAYER, M.G.; GONÇALVES, A.K. Relação entre capacidades motoras de idosas praticantes de hidroginástica e alongamento. Estud. interdiscipl. envelhec., Porto Alegre, v. 16, p. 473-484, 2011.

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