efdeportes.com

Impacto do exercício físico na aptidão física de pessoas
com Síndrome de Down: uma revisão sistemática

El impacto del ejercicio físico en la aptitud física de personas con Síndrome de Down: una revisión sistemática

 

*Concluinte do Bacharelado em Educação Física

Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). João Pessoa, Paraíba

**Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física

Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). João Pessoa, Paraíba

Karlene dos Santos Oliveira Bernardo*

Luciano Meireles de Pontes**

mslucianomeireles@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Síndrome de Down é uma anomalia genética no vigésimo primeiro par de cromossomos, apresentando um cromossomo 21 extra, que acarreta alterações físicas e mentais. O objetivo do presente estudo foi analisar as evidências científicas recentes sobre o impacto de programas de exercício físico na melhora da aptidão física de pessoas com síndrome de down. Procedimentos metodológicos: Trata-se de um estudo do tipo revisão sistemática da literatura realizado por meio do método integrado na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca das evidências foi realizada sendo selecionados os artigos completos nos idiomas português e espanhol, publicados no período de 2002 a 2012. Os descritores utilizados para a busca incluíram os seguintes termos em português e espanhol: atividade física, exercício físico, aptidão física, síndrome de down, trissomia do 21, acondicionamiento físico, ejercicio físico, sindrome de down, trissomia 21. Após a análise dos critérios de inclusão e exclusão a amostra foi constituída por 5 artigos. Os dados foram apresentados por meio de figuras, tabelas e quadros sínteses Resultados: Em relação ao número de artigos de acordo com o ano da publicação foi observado que foram publicados um artigo em 2003, 2006 e 2007, respectivamente, e dois em 2010. Observou-se ser reduzido o número de estudos que incluem programas para a melhora da aptidão física e a maioria está localizada nas Regiões Sudeste e Sul do país. Dentre as pesquisas realizadas, a maior parte é de intervenção por meio de exercício que envolve atividades como o treinamento resistido, a capoeira e protocolos que estimulem a capacidade cognitiva obtiveram impacto favorável na aptidão física e na saúde. Considerações finais: Constatou-se que as pessoas com a síndrome de down tendem a absorver os benefícios proporcionados pelos exercícios físicos, devendo os programas de treinamento físico serem implementados respeitando as características inerentes a cada pessoa.

          Unitermos: Aptidão física. Exercício físico. Síndrome de Down.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A síndrome de down é uma anomalia genética que também atinge pessoas em todo o mundo. A mesma pode se intensificar de acordo com o grau de acometimento, que vem acarretar alterações estabelecidas de forma variável. Contudo, a realização de novos estudos relacionados a esta temática busca esclarecer novas informações sobre a influência dos exercícios físicos em pessoas com síndrome de down, na busca de promover benefícios que venham oferecer melhores padrões de vida.

    Atualmente, muitas mortes são causadas em decorrência de comportamentos sedentários, e este é um problema que pode ser observado em todo o mundo, que conseqüentemente vem acarretar inúmeros problemas relacionados à saúde como a obesidade doenças coronariana e até câncer que podem se estabelecer. No caso de pessoas especiais isto é algo que também acontece, haja vista que as mesmas já apresentam problemas intrínsecos que de certa forma predispõem ao acometimento de acordo com o estilo de vida.

    É notável que pessoas com síndrome de down apresentem de certa forma incapacidades físicas em decorrência da própria síndrome e programas de exercícios físicos visam o aprimoramento no que se refere a uma movimentação mais dinâmica e um melhor estado de energia, sobre tudo as condições quanto capacidade de geração de trabalhos na tentativa de afetar positivamente o estado de saúde destas pessoas, através de uma programação de exercícios especializada com procedimentos atualizados e devidamente orientados, evitando o acometimento de lesões, adequando-se as características e respeitando principalmente a individualidade biológica.

    Vale ressaltar que a deficiência mental ou intelectual é também uma característica bem acentuada, e esta condição pode vir a desenvolver questões psicológicas, comportamentais e sociais que podem ser consideradas frente à programação de exercícios como uma prática sujeita a variações quanto ao treinamento, fazendo do mesmo um considerado desafio por parte do profissional de Educação Física.

    Diferente do que se via há anos atrás, a sobrevida dessa população vem aumentando consideradamente e esta conquista se deu tanto por avanços da tecnologia quanto da Ciência. Porém mesmo com fatores positivos estabelecidos, pessoas com síndrome de down diferenciam-se das pessoas ditas normais, onde peculiaridades inerentes a cada ser prevalecem acentuadamente, sobretudo à obesidade, hipotonia muscular e atraso no desenvolvimento motor e cognitivo (MIAMOTO, 2009).

    No âmbito acadêmico, a importância da realização do presente estudo está na possibilidade de acrescentar uma atualização na literatura científica, que poderá permitir a construção de novos conhecimentos através de possíveis sugestões quanto a respostas obtidas mediante intervenção de programas de exercícios, contribuindo também com a tomada de decisões por parte dos profissionais de educação física.

    Em relação ao impacto do exercício físico na aptidão física de pessoas com a síndrome de down, percebe-se que existem inúmeras iniciativas de trabalhos nesse campo, porém poucas publicações contemplam o assunto e por essa razão se faz necessário novos desafios em buscas de métodos especializados para corroborar tais descobertas e esclarecer as evidências analisadas.

    Neste sentido, o presente estudo tem o objetivo de analisar as evidências mais recentes sobre o impacto que os programas de exercício físico podem exercer na melhoria da aptidão física de pessoas com a síndrome de down, identificando o número de estudos publicados sobre o tema exercício físico e síndrome de down e quais os tipos de exercícios físicos foram propostos nos programas de exercícios físicos para pessoas com a síndrome de down; a pesquisa também vai determinar a localização geográfica de onde os estudos sobre o tema em questão foram publicados.

Procedimentos metodológicos

    A revisão sistemática da literatura propõe o estabelecimento de critérios bem definidos sobre a coleta de dados, análise e apresentação dos resultados, desde o início do estudo, a partir de um protocolo de pesquisa previamente elaborado e validado (LANZONI e MEIRELLES, 2011). Pois a mesma contribui com a análise e a sistematização dos resultados e visa entender especificamente o tema analisado, seguido de outros estudos independentes.

Delineamento do estudo

    Trata-se de uma revisão sistemática da produção científica sobre a intervenção de programas de exercícios físicos na melhora da aptidão física de pessoas com a síndrome de down por meio de busca integrada na Biblioteca Virtual em Saúde – BVS que permite a localização simultânea nas bases de dados SciELO, Bireme e LILACS. Foram selecionados os artigos completos nos idiomas português e espanhol, com base em estudos publicados de maneira integral, entre os períodos compreendidos de 2002 até o dia 13/04/2012.

    Os descritores utilizados para a busca incluíram termos em português e espanhol: atividade física, exercício físico, aptidão física, síndrome de down, trissomia do 21, Acondicionamiento físico, Ejercicio físico, sindrome de down, trissomia 21.

Universo e amostra

    O universo e a amostra em uma revisão sistemática envolvem os artigos científicos originais que enquadram o tema alvo que está sendo pesquisado. Neste sentido, a partir da busca sistemática definida na presente pesquisa o universo foi composto por um total de 27 artigos, sendo 25 em português e 02 em espanhol.

    Após a análise, foram descartados 16 artigos por não serem textos completos; e, 06 foram excluídos após a leitura do resumo. Desta forma, 05 artigos foram selecionados e incluídos na amostra desta revisão.

Critérios de inclusão/exclusão

    Foram incluídos estudos primários descritivos ou de intervenção relacionados a programas de exercícios físicos em pessoas com síndrome de down, publicados em português e espanhol. Foram excluídos os estudos de revisão, relatos de caso e os estudos que não estavam disponíveis (na íntegra) on-line. Também se optou por não incluir teses, dissertações e monografias, visto que seria inviável realizar uma busca sistemática das mesmas.

Variáveis do estudo

    As variáveis do estudo estão relacionadas com as obras relacionadas sobre atividade física, exercício físico, aptidão física e síndrome de down. As variáveis foram ser apresentadas em forma de fichamento considerando as seguintes informações: identificação dos autores, objetivos do estudo, desenho da pesquisa, amostra, métodos, resultados e conclusões.

Instrumentos de coleta e procedimentos da pesquisa

    O instrumento utilizado na coleta dos dados foi uma ficha elaborada para preenchimento das informações pesquisadas no ambiente virtual. Os procedimentos para a coleta dos dados seguem os seguintes passos:

  1. Definição dos descritores para a busca sistemática através de consulta por índice alfabético, sendo definidos termos em português e espanhol de acordo com a metodologia do site dos descritores em Ciências da Saúde (DECS, 2012);

  2. Busca sistemática na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) pelo método integrado por todos os índices na base de Literatura Latina Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS);

  3. Seleção dos artigos elegíveis para o estudo, sendo descartados num primeiro momento pela leitura dos títulos das obras, e na seqüência pela leitura dos resumos e artigo na íntegra, conforme os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos para a pesquisa.

Análises dos dados

    As análises foram apresentadas por meio de apresentação de figura (gráfico de linhas), tabela e quadros sínteses, tendo sido realizado a discussão das principais evidências. Para a análise dos estudos, foram considerados os seguintes aspectos: tipo de delineamento utilizado, faixa etária, tamanho da amostra, local da coleta dos dados, tipo de intervenção por meio de exercício utilizado e analise estatística aplicada.

Resultados

    Na Figura 1 são expostos os dados da distribuição de freqüência dos artigos incluídos no estudo de acordo com o período da publicação. Observa-se que durante dez anos de publicações, houve uma variação de estudos quase uniforme distribuídos conforme os anos com uma tendência ao aumento a partir de 2010.

Figura 1. Artigos por período de publicação

Fonte: Dados da pesquisa (BIREME, 2012)

    Na Tabela 1 são descritos características dos artigos estudados em relação à identificação da autoria, ano e local de publicação, desenho do estudo e abordagem da pesquisa. Observa-se que foram publicados em diversas regiões do país e a maioria dos estudos são experimentais e utilizaram uma abordagem quantitativa.

Tabela 1. Descrição conforme a autoria, ano, local da publicação, desenho do estudo e abordagem da pesquisa

Quadro 1. Quadro síntese do estudo de Florentino Neto; Pontes; Fernandes Filho (2010)

Autores

FLORENTINO NETO, J.; PONTES, L. M.; FERNANDES FILHO, J.

Área de atuação

Educação Física

 

Título da publicação

Alterações na composição corporal decorrentes de um treinamento de musculação em portadores de Síndrome de down.

 

Periódico / Qualis

Revista Brasileira de Medicina do Esporte / A2

Mês / Ano da publicação

Janeiro / 2010

Tipo de publicação

Estudo primário

 

Objetivo

Analisar as alterações na composição corporal decorrentes de um treinamento de musculação em portadores da síndrome de down

 

Desenho do estudo

Delineamento pré-experimental

 

 

 

 

Universo e amostra

O universo foi pessoas com síndrome de down matriculadas em um Centro de Atividades Especiais de João Pessoa, Paraíba. Amostra: 15 pessoas com síndrome de Down (22,1±7,5 anos), divididas em dois grupos: experimental (G1=08) submetidas a treino de musculação e controle (G2=07) que não participou da intervenção.

 

 

 

Principais resultados

Foi observado no G1 diminuição no percentual de gordura (-2,0%; p=0,03) e massa gorda (MG) (-1,4kg; p=0,00). O G2 apresentou aumento no %G (+1,0%; p=0,04) e MG (+2,0kg, p=0,00). A massa magra (MM), foi aumentada no G1 (+1,2kg; p=0,00); tendo o G2 apresentado redução (-0,8kg; p=0,00).

 

 

 

 

Conclusão

A prática da musculação proposta apresentou impacto favorável, promovendo redução na gordura corporal e aumento na massa corporal magra, podendo ser sugerido para pessoas com características semelhantes. Sugere-se que novos estudos sejam realizados, incluindo uma amostra de maior dimensão e controle da alimentação, visando melhor compreensão dos efeitos das intervenções não farmacológicas sobre a composição corporal.

 

Quadro 2. Quadro síntese do estudo de Reis Filho e Schuller (2010).

Autores

REIS FILHO, A. D.; SCHULLER, J. A. P.

Área de atuação

Educação Física

Título da publicação

A capoeira como instrumento pedagógico no aprimoramento da coordenação motora de pessoas com síndrome de down

Periódico / Qualis

Pensar a prática / B2

Mês / Ano da publicação

Maio / 2010

Tipo de publicação

Estudo primário

Objetivo

Analisar a influência do treinamento de capoeira na coordenação motora em pessoas com síndrome de Down

Desenho do estudo

Delineamento experimental

 

 

População e amostra

O universo foi composto por pessoas com síndrome de down da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Cuiabá, Mato Grosso. A amostra contou com seis voluntários, quatro do sexo masculino e dois do feminino, com idade média de 11,5 anos

Principais resultados

Foi possível observar sensível melhora em alguns aspectos motores como na caminhada em linha reta (100%) e motricidade fina como no teste de agarrar e lançar a bola (83,3%) e equilíbrio estático (100%), contudo, em outros, como nos testes de perda de contato com o solo (100%) não se observou nenhuma modificação.

 

 

Conclusão

Após 10 semanas de intervenção são necessários novos estudos visando à confirmação da eficácia do treinamento com a capoeira em tal população. O tempo reduzido de intervenção e o tamanho reduzido da amostra foram os principais fatores limitantes do estudo.

 

Quadro 3. Quadro síntese do estudo de Gimenez; Stefanoni; Farias (2007)

Autores

GIMENEZ, R.; STEFANONI, F. F.; FARIAS, P. B. (2007)

Área de atuação

Educação Física

 

Título da publicação

Relação entre a capacidade de sincronização temporal e os padrões fundamentais de movimento rebater e receber em indivíduos com e sem síndrome de down

Periódico / Qualis

Revista Brasileira de Ciência e Movimento / B1

Mês / Ano da publicação

Abril / 2007

Tipo de publicação

Estudo primário

Objetivo

Comparar o desempenho de indivíduos normais e pessoas com síndrome de down numa tarefa de sincronização temporal em condições controladas, de laboratório, com o apresentado em duas outras tarefas de maior validade ecológica, rebater e receber.

Desenho do estudo

Descritivo

 

 

População e amostra

A população incluiu indivíduos normais e pessoas com síndrome de down. Participaram 29 sujeitos divididos em: grupo de pessoas com síndrome de down com grau de comprometimento leve e moderado constituído por 13 indivíduos (média de idade de 17,7 anos); e grupo de indivíduos normais, constituído por 16 indivíduos (média de idade de 16,8 anos).

 

 

 

Principais resultados

Os resultados sugerem que pessoas com síndrome de down apresentam grande déficit na capacidade de sincronização temporal em tarefas de naturezas diferentes.

Foi encontrada correlação positiva entre nível de desenvolvimento e desempenho na tarefa de rebater em ambos os grupos e uma correlação negativa entre o desempenho na tarefa de sincronização temporal de laboratório e o desempenho na tarefa de rebater, em ambos os grupos, normal e síndrome de Down.

 

 

Conclusão

As pessoas com a síndrome de down apresentaram mais dificuldade para a realização de todas as tarefas motoras, possivelmente em razão de um grande déficit na capacidade de sincronização temporal. As diferenças entre os indivíduos normais e as pessoas com síndrome de down aconteceram tanto em medidas de desempenho, quanto no processo de execução.

 

Quadro 4. Quadro síntese do estudo de Pimentel; Mamam; Jacobs (2006)

Autores

PIMENTEL, G. L.; MAMAM, C. R.; JACOBS, S.

Área de atuação

Fisioterapia

Título da publicação

Determinar a resposta muscular dos indivíduos com síndrome de down quando submetidos a técnicas cinesioterapêuticas contra resistência.

Periódico / Qualis

Reabilitar / B2

Mês / Ano da publicação

Janeiro / 2006

Tipo de publicação

Estudo primário

Objetivo

Determinar a resposta muscular dos indivíduos com síndrome de down quando submetidos a técnicas cinesioterapêuticas contra resistência.

Desenho do estudo

Delineamento pré-experimental

 

 

População e amostra

A população constituiu-se de crianças com síndrome de down lotadas na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Passo Fundo, Rio Grande do Sul.

Participaram da amostra quatro crianças na faixa etária de 8 a 10 anos da APAE – Passo Fundo, RS.

Principais resultados

A partir da participação em 24 sessões de treinamento, de um modo geral, foram obtidos resultados satisfatórios no ganho de força, com exceção de um dos indivíduos que apresentou decréscimo no pico do torque.

 

Conclusão

 

Ao final do segundo mês, após a coleta final, os resultados foram comparados entre si, concluindo-se que a cinesioterapia através de exercícios resistidos mostrou-se efetiva no fortalecimento muscular em crianças com síndrome de down.

 

Quadro 5. Quadro síntese do estudo de Marques e Nahas (2003)

Autores

MARQUES, A. C.; NAHAS, M. V.

Área de atuação

Educação Física

Título da publicação

Qualidade de vida de pessoas portadoras de síndrome de down, com mais de 40 anos, no Estado de Santa Catarina

Periódico / Qualis

Revista Brasileira de Ciência e Movimento / B2

Mês / Ano da publicação

Junho / 2003

Tipo de publicação

Estudo primário

Objetivo

Verificar a qualidade de vida de pessoas portadoras de síndrome de down, com mais de 40 anos, do Estado de Santa Catarina.

Desenho do estudo

Transversal/descritivo

 

 

População e amostra

A população de referência constituiu-se por 101 pessoas com síndrome de down, sendo, 44 do sexo masculino e 57 do sexo feminino, residentes no Estado de Santa Catarina, de ambos os sexos, nascidos até 1960.

Participaram da amostra 30 pessoas com síndrome de down que foram visitados e entrevistados quanto às questões relacionadas para o estudo.

Principais resultados

A média de idade foi 46,8 anos para os homens e 46,2 anos nas mulheres. Apenas um sujeito é alfabetizado. O IMC médio para as mulheres foi de 31,3 kg/m2, e para os homens de 26,8 kg/m2, com 40% sendo obesos (IMC>30). A saúde física e emocional do grupo foi considerada boa. As atividades de lazer são basicamente passivas e assistir TV foi a preferida.

Observou-se que 56,3% dos sujeitos fazem atividade física orientada na instituição e 26,6% não realizam nenhum tipo de atividade física.

 

 

Conclusão

Conclui-se que existem diferenças na prática de atividade física em relação à faixa etária, pois os mais jovens apresentaram um nível maior de atividade física em relação aos mais velhos. As mulheres são mais ativas do que os homens. Os mais ativos tendem a apresentar maior grau de independência na realização das atividades da vida diária.

Discussão

    Com base nas informações oferecidas pelas pesquisas primárias apresentadas nos resultados desse estudo, foi visto que as publicações estiveram presentes em periódicos nacionais de qualificação Capes variando entre A2 a B2, o que demonstra a qualidade dos manuscritos aqui constituídos. Na análise percentual no que diz respeito à distribuição dos artigos em relação ao período de publicação, comumente estudos de tendência vêm sendo realizados na perspectiva de caracterizar o dinamismo ou não de um determinado fenômeno em questão. Nesse estudo, foi observada uma uniformidade das evidências de acordo com o ano da publicação e um baixo número de publicações, com uma tendência em 2010 que leva a acreditar que publicações sobre o tema devem aparecer com mais freqüência na literatura da saúde.

    Rosset et al. (2011) em revisão sistemática analisando um outro grupo especial, encontrou em seus achados um tendência significativa no aumento no número de produções científicas internacionais a partir de 2005. Entretanto, os autores concluíram que essa realidade não é vista em termos nacionais, devido ao número ainda reduzido de publicações.

    Em relação às características gerais dos artigos elencados nos resultados, nota-se que os mesmos foram desenvolvidos em diversas regiões do país, demonstrando uma maior concentração nas Regiões Sudeste e Sul. Observando o delineamento das pesquisas, evidencia-se que a maior parte dos estudos propôs uma intervenção na sua metodologia, ou seja, foram de característica pré-experimental e experimental.

    Hallal et al. (2007) que desenvolveram uma revisão sistemática sobre a evolução da pesquisa epidemiológica na Educação Física constataram um baixo número de estudos nas Regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste, e maior concentração no Sudeste e Sul do Brasil.

    Sobre a atividade física, sabe-se que tem estreita relação com a aptidão física e é de suma importância para a manutenção da qualidade de vida, saúde e prevenção de doenças. A atividade física para pessoas com Síndrome de Down deve ser adequada as suas características e principalmente as suas necessidades (CALEGARI et al., 2007).

    De acordo com os resultados de Florentino Neto; Pontes; Fernandes Filho (2010) que estudaram 15 pessoas com síndrome de down, fica evidenciado que a participação em um programa de musculação proporcionou benefícios por meio da redução no percentual de gordura, diminuindo a massa gorda e conseqüentemente, aumentando a massa magra. Doravante os exercícios resistidos são capazes de propiciar aspectos positivos quanto ao condicionamento físico e subsidiar trabalhos como hipertrofia e resistência muscular localizada. Esses resultados corroboraram de certa forma com o estudo de Pimentel; Mamam; Jacobs (2006) que a partir da intervenção encontraram evidência que sinalizaram para a melhora no fortalecimento muscular de crianças com síndrome de down.

    É possível detectar mesmo que de maneira sensível, benefícios em alguns aspectos motores como na caminhada, coordenação motora fina e equilíbrio estático, é o que evidenciou o estudo de Reis Filho; Schuller (2010) realizado em Cuiabá, Mato Grosso, com uma amostra de seis voluntários com síndrome de down; a pesquisa teve delineamento pré-experimental e propôs a capoeira com instrumento pedagógico no aprimoramento da coordenação motora. No protocolo metodológico um dos fatores limitantes apresentados foi o tempo de 10 semanas de intervenção considerado reduzido pelos autores. No entanto, vale ressaltar que em alguns casos, até com pouco tempo de treinamento nota-se que é perceptível a aquisição de melhor desempenho por meio da intervenção dos exercícios propostos. A partir dos achados, os autores destacaram a necessidade de novos estudos para a confirmação da eficácia da capoeira na melhora da coordenação motora.

    Levando em consideração que as alterações neuroanatômicas fenotípicas das pessoas com síndrome de down são tão variadas quanto dispersas e por sua vez, diferentes problemas nas áreas do comportamento e da capacidade cognitiva podem ser identificados (FLÓREZ, 2003). Nesse sentido, em estudo de Gimenez; Stefanoni; Farias (2007) de caráter descritivo com amostra de 29 pessoas divididas em dois grupos, um de síndrome de down e o outro de pessoas ditas “normais”, foi investigado de forma descritiva e concluído pelos autores que pessoas com a síndrome de down demonstram um déficit bastante amplo quanto à capacidade de sincronização temporal no que se refere ao desempenho de atividades oriundas de naturezas diferentes. No entanto, para os autores nada impede a persistência de um trabalho intrínseco em busca de novos conceitos e exemplos de treinamentos. De acordo com a literatura, a capacidade motora de sincronização temporal é importante na aquisição e no desempenho de habilidades motoras que impliquem a necessidade de ajustar as ações de um ou mais segmentos corporais com um objeto, pessoa, ou evento do ambiente que esteja em mudança (SCHMIDT e WRISBERG 2001), pois por menor que seja o achado ele sempre será significante, sendo este, agente contemplador da magnitude que compete à síndrome de down.

    De acordo com o estudo pré-experimental realizado por Pimentel; Mamam; Jacobs (2006) em Passo Fundo no Rio Grande do Sul foi proposto uma intervenção por meio de exercícios contra resistência com crianças com síndrome de down com idades de 8 a 10 anos. Ao final do protocolo de 24 sessões foi evidenciado um efetivo fortalecimento muscular nos participantes do estudo. Para os autores, os programas de exercícios e sessões em seqüência de treinamento, determinam a clareza, onde as buscas por objetivos desejados podem ser alcançadas, um exemplo disto é o ganho de força, por meio de métodos como o de exercícios resistidos para o fortalecimento muscular.

    O estudo de Marques; Nahas (2003) de caráter transversal e descritivo realizado em Florianópolis, com 101 pessoas com síndrome de down de ambos os sexos, nascidos até 1960, teve como objetivo verificar a qualidade de vida de pessoas com síndrome de down; a pesquisa não incluiu intervenção, no entanto, por se tratar de estudo primário e levantar informações relevantes sobre o tema exercício e síndrome de down, foi incluída na presente pesquisa. Dentre os resultados, os autores revelaram que as atividades com características de comportamento sedentário são as mais realizadas, como por exemplo, o hábito de assistir televisão, e a grande maioria das pessoas com síndrome de down estudadas em grande freqüência não praticam nenhum tipo de atividade, embora no mesmo estudo a saúde física e mental da população foi considerada boa, considerando que a média de idade da amostra esteve situada entre os 46 anos, sendo as mulheres mais ativas que os homens. Em relação às atividades realizadas existe uma diferença no que se refere a faixa etária, onde os mais jovens apresentaram um quadro mais ativo em relação aos mais velhos. Embora seja sabido que independente da idade cronológica de qualquer ser, o seu vigor físico dependerá da sua idade biológica. Dentre as limitações do estudo, reconhecidamente o fato de não ter sido incluídos na busca artigos de idioma inglês por questões de opção metodológica pode ter diminuído o número de evidências a ser analisadas. Entretanto, a busca ao rigor sistematizado e as características peculiares a um estudo de revisão sistemática foram seguidas potencializando o poder de evidenciação e argumentação nos achados do presente trabalho.

Considerações finais

    É reduzido o número de estudos que incluem programas para a melhora da aptidão física e saúde de pessoas com síndrome de down, e a sua maioria está localizada nas Regiões Sudeste e Sul do país;

    Dentre as pesquisas realizadas, a maior parte é de intervenção por meio de exercício e outros estudos são descritivos propondo identificar características ambientas das pessoas com síndrome de down.

    Os programas que envolvem atividades como o treinamento resistido, a capoeira e protocolos que estimulem a capacidade cognitiva obtiveram impacto favorável na aptidão física e na saúde de pessoas com síndrome de down.

    Na maioria dos estudos evidenciaram-se recomendações quanto ao desenvolvimento de novas pesquisas, principalmente em virtude do pequeno tamanho da amostra que pareceu uma das dificuldades no desenvolvimento de pesquisas com tal temática.

    Por fim, constata-se que pessoas com síndrome de down, tendem a absorver os benefícios proporcionados pelos exercícios físicos, devendo os programas de treinamento físico ou intervenção serem implementados respeitando as características inerentes a cada pessoa, pois assim, resultados satisfatórios poderão beneficiar à aptidão física, saúde e qualidade de vida dessa população.

Referências

  • BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BIREME). Pesquisa na BVS. Disponível em: http://regional.bvsalud.org/php/index.php. Acesso em: 13 abril 2012.

  • CALEGARI, D. R. et al. Musculação para um aluno com síndrome de down e o aumento da resistência muscular localizada. Revista Lecturas: Educación Física y Deportes, ano 11, n. 104, 2007. http://www.efdeportes.com/efd104/sindrome-de-down.htm

  • CARDOSO, M. H. C. A. Uma produção de significados sobre a síndrome de Down. Caderno de Saúde Pública, v.19, n.1, p.101-109, 2003.

  • DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE (DECS). Consulta ao DESC. Disponível em: http://decs.bvs.br/. Acesso em: 13 abril 2012.

  • FLORENTINO NETO, J.; PONTES, L. M; FERNANDES FILHO, J. Alterações na composição corporal decorrentes de um treinamento de musculação em portadores de síndrome de Down. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.16, n.1, p.9-12, 2010.

  • FLÓREZ, J. Síndrome de Down: Presente y futuro. Revista Síndrome de Down, v.20, p.1-22, 2003.

  • GIMENEZ, R.; STEFANONI, F. F.; FARIAS, P. B. Relação Entre a Capacidade de Sincronização Temporal e os Padrões Fundamentais de Movimento Rebater e Receber em Indivíduos com e sem Síndrome de Down. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.15, n.3, p. 95-101, 2007.

  • GREENHALGH, T. Papers that summarise other papers (systematic review and meta-analyses). BMJ, v.13, n.315, p.672-75, 1997.

  • HALLAL, P. C. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão sistemática. Revista de Saúde Pública, v.41, n.3, p.453-60, 2007.

  • LANZONI, G. M. M.; MEIRELLES, B. H. S. Liderança do enfermeiro: uma revisão integrativa da literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.19, n.3, p.8-11, 2011.

  • MARQUES, A. C.; NAHAS, M.V. Qualidade de vida de pessoas portadoras de Síndrome de Down, com mais de 40 anos, no Estado de Santa Catarina. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.11, n.2, p. 55-61, 2003.

  • MIAMOTO, C. B. Alterações orofaciais em indivíduos portadores de paralisia cerebral e Síndrome de Down. Universidade Vale do Rio verde de Três Corações. Fundação Comunitária Tricordiana de Educação, 2009.

  • PIMENTEL. G. L; MAMAM, C. R; JACOBS, S. Análise da resposta muscular obtida por portadores de Síndrome de Down submetidos a um programa de exercícios resistidos. Revista Reabilitar, v.30, n.8, p. 21-26, 2006.

  • REIS FILHO, A. D.; SCHULLER, J. A. P. A capoeira como instrumento pedagógico no aprimoramento da coordenação motora de pessoas com síndrome de down. Revista Pensar à prática, v.13, n.2, p.1-21, 2010.

  • ROSSET, I. et al. Tendências dos estudos com idosos mais velhos na comunidade: uma revisão sistemática (inter)nacional. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v.45, n.1, p.264-71, 2011.

  • SAMPAIO, R. F.; MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.11, n.1, 2007.

  • SCHMIDT R.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem de aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados