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O Teatro na escola: uma proposta multidisciplinar no
processo de ensino e aprendizagem
nas aulas de Educação Física

   
* Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro
** Professor das Disciplinas: Prática Esportiva III e Recreação e Lazer
(Brasil)
 
 
Luiza Helena Junqueira
Eliane Silva*
Luiz Antonio Leitão**

roerafa@ig.com.br
 

 

 

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 50 - Julio de 2002

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I. Introdução

    O Teatro na Escola tem uma importância fundamental na educação e nas aulas de Educação Física. Ele permite ao aluno uma enorme “gama” de aprendizados podendo citar como exemplos, a socialização, a criatividade, a coordenação, a memorização, o vocabulário e muitos outros.

    Através do teatro, o professor pode perceber traços da personalidade do aluno , seu comportamento individual e em grupo, traços do seu desenvolvimento e essa situação permite ao educador, um melhor direcionamento para a aplicação do seu trabalho pedagógico.

    O tema da presente pesquisa é abordar o teatro na escola dando uma idéia geral dos “tipos de teatro” que podem ser aplicados no contexto das atividades físicas. Eles enfocam uma proposta de ensino diferente da forma tradicional. Estes tipos também podem estimular o aluno em diversos aspectos que o levam ao aprendizado, servindo como uma variação da forma de ensinar na Educação Física Escolar.

    Os teatros mencionados nesta pesquisa abordam o contexto histórico de cada um, o tipo de material que pode ser utilizado para a confecção dos bonecos (que pode variar desde materiais caros até um material de sucata) e o que cada um pode estimular e acrescentar ao aluno de um modo geral.

    No final, há os scripts contendo o diálogo das peças representadas pelos integrantes do grupo, demonstrando que é possível criar e interpretar e com muito pouco, divertir e ensinar à todos.


II. Tipos de atividades

2.1. Teatro de Máscaras

    O homem usa máscaras desde a Pré-História nos rituais religiosos. Na África, elas são esculpidas em madeira e pintadas. Já os índios americanos fazem-nas de couro pintado e adornos de penas. Na Oceania, são feitas de conchas e madeira e com madrepérolas incrustadas.

    Existe um tipo muito antigo de máscara que é aquela desenhada no próprio rosto com tintas especiais, maquiagens e pinturas. Este tipo é muito utilizado pelos índios e pelos africanos nos seus rituais religiosos, de guerra, festas , etc..

    Na China, as cores das máscaras representam sentimentos e no Japão, os homens usavam máscaras representando personagens femininos.

    Em Veneza, no século XVIII, o uso de máscaras tornou-se um hábito fazendo parte do vestuário da época.

    No Brasil, as máscaras são usadas nas festas folclóricas e no carnaval.

    As crianças gostam muito de vestir máscaras, principalmente de super-heróis que elas vêem na TV. O importante é deixar que elas confeccionem as máscaras em sala de aula ou no pátio da escola.

    Para a confecção, pode-se usar sacos de papel, cartolinas, tecidos, tintas, pratos de papelão, jornal, material de sucata, etc.. Esta atividade não é difícil de ser executada e será prazerosa para asa crianças, pois elas poderão representar uma história com um material que elas mesmo elaboraram, pois estarão criando e recriando à sua própria dialética.

    O teatro de máscaras promove a recreação, o jogo, a socialização, melhoria na fala da criança, desinibição dos alunos mais tímidos.

    Quando o trabalho em aula exigir o uso da palavra, a máscara a ser utilizada é aquela que cobre os olhos e o nariz deixando a boca livre, permitindo que a voz saia clara, exibindo a sua expressão verbal.

    As crianças representando com o rosto oculto, se permitem viver o enredo dos próprios personagens e o cotidiano social a que pertence.


2.2. Teatro de Sombras

    O teatro de sombras é uma arte muito antiga, originária da China e se espalhou pelos países da Europa.

    Existe uma lenda chinesa a respeito do teatro de sombras. Diz a lenda que no ano 121, o imperador Wu Ti , da dinastia dos Han , desesperado com a morte de sua bailarina favorita, ordenou ao mago da corte que a trouxesse de volta do “Reino das Sombras”, caso contrário, seria decapitado. O mago usou a sua imaginação e através de uma pele de peixe macia e transparente, confeccionou a silhueta de uma bailarina.

    Quando tudo estava pronto, o mago ordenou que no jardim do palácio, fosse armada uma cortina branca contra a luz do sol e que esta deixasse transparecer essa luz. Houve uma apresentação para o imperador e sua corte. Esta apresentação foi acompanhada de um som de uma flauta que “fez surgir a sombra de uma bailarina movimentando-se com leveza e graciosidade”. Neste momento, teria surgido o teatro de sombras.

    Este tipo de teatro ainda é pouco conhecido no Brasil. É uma atividade muito divertida que estimula a criatividade da criança.

    Para realizar o teatro de sombras é necessário ter como material: uma fonte luminosa, uma tela (ou um lençol bem esticado) e silhuetas para serem projetadas.

    As lâmpadas indicadas são as de 40 ou 60 watts, transparentes, dentro de latas de óleo para possibilitar a concentração da luz.

    A tela deve ser de um tecido totalmente branco e não transparente.

    Como silhueta, pode-se usar fantoches de varas recortados em papel cartão, cartolina ou papel grosso. Pode-se também utilizar outros objetos. Os fantoches movimentam-se atrás do papel, projetando a sombra. As crianças ficam atrás do palco interpretando a história, participando na movimentação dos bonecos, além de poderem confeccionar o material do teatro.

    Outra atividade relacionada ao teatro de sombras, são as sombras feitas através das mãos onde se projetam com elas, as sombras numa parede, formando figuras de animais em movimento como abrindo e fechando as asas, a boca , mexendo as orelhas.

    Cada aluno cria as mais diversas figuras, compara-as com as dos colegas, fala sobre as sombras projetadas.

    O teatro de sombras proporciona o desenvolvimento da criatividade e da motricidade das mãos na criança, importante no período da pré-escola e da alfabetização.

    Para que aconteça o teatro de sombras com as mãos, é necessário que o ambiente esteja escuro, iluminado somente com uma lâmpada ou uma vela acesa.


2.3. Teatro de Fantoches

    O teatro de bonecos tem sua origem na Antigüidade.

    Os homens começaram a modelar bonecos no barro, mas sem movimentos e aos poucos foram aprimorando esses bonecos, conseguindo mais tarde a articulação da cabeça e membros para fazer representações com eles.

    Na China, Índia e Java já existia o teatro de bonecos.

    Na Grécia Antiga, os bonecos não só tinham uma importância cultural, mas religiosa também. A cultura grega do teatro de bonecos foi assimilada pelo Império Romano e se espalhou por toda a Europa.

    Na Idade Média, os bonecos eram utilizados em feiras populares e nas doutrinas religiosas.

    Na Itália, o boneco “maceus” antecessor do polichinelo, era o boneco mais popular.

    Na América, os fantoches foram trazidos pelos colonizadores, apesar dos nativos já fazerem bonecos articulados e que imitavam os movimentos dos homens e dos animais.

    Depois da Primeira Guerra, os bonecos articulados por fios, varas e marionetes começaram a ser utilizados nas escolas americana e tcheca e no Brasil, as representações com bonecos datam do século XVI. No Nordeste, o teatro de bonecos apareceu principalmente em Pernambuco, onde a tradição permanece até os dias de hoje. Somente em meados do século XX é que o teatro de bonecos se consolidou fortemente em nosso país.

    Para a confecção dos fantoches são utilizados vários tipos de material inclusive sucata, que pode ser um recurso muito bem aproveitado e sem custos para o professor e para a escola, pois pode ser trazido pelos próprios alunos, o que tornaria a atividade de confeccioná-los ainda mais interessante.

    Tudo poderá ser aproveitado. Tachinhas, fita crepe, latas, sacos, durex, esparadrapo, rolos de papel higiênico vazios, tintas, etc..

    Um outro recurso é utilizar as próprias mãos como fantoches, não necessitando de um material elaborado. Basta desenhá-lo na própria mão com caneta esferográfica, carvão, tintas especiais, etc.. O uso de várias cores tornará os bonecos mais alegres. Pode-se acrescentar acessórios às figuras enfeitando as mãos e os dedinhos das crianças. Como exemplo, lã, chapéu, meias, penas. Etc.. Outros tipos também são muito utilizados como mãos com luvas, costas das mãos, fantoches de copinhos, de meias, de garrafas e até mesmo de galhos de árvores e flores.

    O professor deve incentivar os alunos a explorar todos os movimentos dos dedos, mãos e braços, criando uma atmosfera do conhecimento do próprio corpo. Para isso, a utilização de músicas populares, folclóricas ou clássicas são fundamentais para que o trabalho com o fantoche seja desenvolvido, além do diálogo, desenvolvido entre os participantes.


2.4. Teatro de Varas

    Este teatro é uma variação do teatro de fantoches. È considerado um fantoche de vara. Os bonecos são mais simples , mais baratos e de confecção mais fácil. Como característica principal, são geralmente sustentados por uma vara. Podem ser confeccionados com cartolinas, bolinhas de isopor, de papel, colher-de-pau, palitos de churrasco, garfos vestidos com roupas de pano, palitos de picolé, copinhos de plástico sustentados por palitos.

    O fantoche de cone é um tipo de boneco muito encontrado em feiras livres e circos populares, podendo representar uma figura humana ou um animal, geralmente sobre a forma de um palhaço ou pierrô. É uma variação do fantoche de vara, basta segurá-los pela vareta e dar-lhes o movimento de acordo com a situação.


2.5. Pantomima

    A pantomima pode ser considerada um jogo teatral que é realizado por cenas de ação dramática que se caracterizam por explicação da ação através do gesto. Podemos exemplificar essa afirmação através deste exemplo: a primeira atividade proposta foi a de arrumar uma casa; os elementos foram entrando e ordenando aos cantos da cada, e ao final de cada um estava fazendo alguma coisa- ou lendo um livro, ou cozinhando, ou escutando música. A atividade do segundo jogo era colocar água num copo e bebe-la. Mas, assim que subiram mais jogadores ao palco estourou-se a disputa pela água. No terceiro jogo, a atividade era tocar um instrumento, e os jogadores subiam ao palco tocando cada um seu instrumento, até que um dos participantes regeu a orquestra, que passou a existir em função do estabelecimento de uma ordem mais ampla, fixando uma relação lógica da cena. Algo mais próximo ao jogo da atividade foi atingido quando um dos jogadores subiu ao palco e propôs atividades de “tecer”. Mas ainda que o grupo elaborou um cenografia, configurando um oficina de tecelagem, na qual eram desenvolvidas as mais diferentes atividades, desde dobrar panos até crochê ou costura à máquina. Somente numa fase posterior, quando voltamos ao jogo da atividade, o grupo manteve o foco solicitado pelo jogo.

    Quando o foco na atividade foi descoberto pelo grupo, houve seleção e detalhamento no gesto, o que provocou uma modificação na atuação. Em comparação com o primeiro momento, quando há disputa pela água gerava um clima quase frenético, demonstrando a preocupação de fazer alguma coisa no palco, o segundo revelava um relaxamento de tensão, o que favorecia o surgimento de ações improvisadas. As imposições individuais e a linearidade da narrativa cederam lugar a autenticidade do jogo.

    Pantomima resume-se ao:

  • Uso de caricaturas,

  • Dramatização (exemplo: Charles Chaplin);

  • Uso de características fortes sem uso de palavras,

  • Ás vezes tem um contexto social,

  • Usado muito em aulas de teatro,

  • Tem como objetivos: diversão, socialização, coordenação motora e aprender a usar o corpo como um todo.


III. O valor pedagògico do teatro de bonecos

    Os bonecos utilizados pelos alunos na escola seguindo a orientação de um professor de Educação Física, tem um papel importantíssimo na educação, pois eles podem ajudar a desenvolver vários aspectos educacionais principalmente aos que estão relacionados à comunicação e a expressão sensório-motora.

    O professor deve deixar a criança manipular os bonecos à vontade. Aos poucos, a criança irá sentir uma vontade de criar uma fala, um diálogo para aquele boneco, aliando o movimento dele com a palavra.


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