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Diferenças do jogo de rugby praticado no Hemisfério Norte e Hemisfério Sul.
Final do Campeonato da Europa vs Final do Super 12, ano 2000
Luís Miguel Teixeira Vaz

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 49 - Junio de 2002

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    No Final do Campeonato da Europa, os resultados obtidos são diferentes, i.e, a equipa vencedora (Northampton) soube, ser mais eficaz,na sua maior utilização da bola e na procura das melhores soluções no jogo á mão.

Gráfico n° 4

5. Placagens Concretizadas

    A partir da análise do gráfico n° 5, verificam-se diferenças bastante significativas e contraditórias em relação ás duas finais observadas. Assim, registamos, que na Final do Super 12 a equipa vencedora, realizou um número elevado de placagens (227), a contrastar com as (48) realizadas pela equipa derrotada. Justifica-se, este valor, no nosso entender pelo elevado número de passes realizados pela equipa vencida., assim como pelo elevado trabalho de precisão, organização defensiva ultra-organizada da equipa dos Crusaders.

    Obtivemos resultados diferentes, na Final do Campeonato da Europa, em que a equipa derrotada (Munster), realizou curiosamente mais placagens que a equipa vencedora. O dados sugerem uma menor preocupação das equipas do hemisfério norte em relação aos aspectos defensivos do jogo e em relação ás melhores decisões de utilização da posse de bola.

Gráfico n° 5

6. Reagrupamentos (Rucks / Mauls)

    Os valores obtidos, evidenciam diferenças mais significativas em relação á ocorrência de reagrupamentos (Ruks / Mauls) na Final do Super 12.

    Constatamos, que a equipa derrotada na Final do Super 12 (Brumbies) realizou (142) reagrupamentos, demonstrando uma extraordinária capacidade de conservar a posse de bola, contra apenas (39) realizados pela equipa vencedora (Crusaders). A prova que a conservação de posse de bola, não serve de todo para ganhar os jogos é evidente, se a equipa não consegue concretizar em resultado.

    Na Final do Campeonato da Europa, registamos uma perfeita homogeneidade na ocorrência de reagrupamentos entre as equipas, o que explica na nossa opinião a evolução tardia deste tipo de jogo no rugby actual do hemisfério norte.

Gráfico n° 6

7. Erros Ofensivos

    A análise e tratamento dos valores obtidos, permite destacar que as equipas vencedoras das Finais do Super 12 e Campeonato da Europa, erraram menos vezes nas situações ofensivas do jogo, do que as equipas derrotadas.

    Destacamos ainda, que as equipas do hemisfério sul (Super 12), erraram menos em maior número de ocorrências de situações de jogo ofensivo que as equipas do hemisfério norte (Campeonato da Europa).

    Consideramos, que os jogadores do hemisfério sul, possuem incontestavelmente uma técnica individual de alto nível. Os jogadores asseguram o passe antes da placagem, caso que não se verifica nos jogadores do hemisfério norte, possibilitando assim, no nosso entender o maior número de erros registados.

Gráfico n° 7

8. Erros Defensivos

    A análise conjunta dos resultados, obtidos, em relação aos erros defensivos efectuados pelas equipas presentes nas Finais do Super 12 e Campeonato da Europa, demonstram que as equipas derrotadas cometeram um maior número de erros nas situações defensivas do jogo, em relação ás equipas vencedoras das mesmas finais.

    Os dados evidenciam, que as equipas do hemisfério norte, cometem mais erros em menor ocorrência de situações defensivas de jogo. Como podemos constatar pela observação dos jogos, as equipas do hemisfério sul, tendem a errar menos, evidenciando a grande importância que dão ás situações defensivas do jogo.

    O Jogo da Final do Super 12, revolucionou um pouco o consenso geral ao registar-se que as equipas ao defenderem bem, também podem ganhar jogos.

Gráfico n° 8

9. Tempo de Posse de Bola

    Os valores obtidos, confirmam, que as equipas derrotadas nas Finais do Super 12 (Brumbies) e Campeonato da Europa (Munster), tiveram maior tempo de posse de bola. Sendo de salientar a diferença bastante significativa, registada na final do Super 12 (25´: 16 " - Brumbies) contra apenas (7´: 39 " - Crusaders).

    A equipa dos Crusaders, certamente revolucionou a visão do rugby actual, em recusar a bola, mas determinada em criar situações de oportunidades para vencer o jogo. Esperou pacientemente que o seu adversário errasse com posse de bola, para aproveitar e marcar pontos. Como referimos anteriormente, o maior tempo de posse de bola, não supõem de todo no rugby actual a sua melhor utilização ou a sua melhor eficácia.

Gráfico n° 9

10. Tempo de Jogo Efectivo

    Registamos, que os tempos de jogo efectivo obtidos no presente estudo, confirmam a tendência dos valores já referenciados nas Finais do RWC, em aumentarem.

    De salientar que os valores obtidos na Final do Super 12, são superiores aos obtidos na Final do Campeonato da Europa.

    Estamos certos, que as recentes alterações ás leis do jogo, têm uma influência decisiva sobre esta variável, ao condicionarem os tempos mortos, ao permitirem uma maior liberdade de acções de jogo, e ao fomentarem o jogo de movimento individual e colectivo das equipas.

Gráfico n° 10


Conclusôes

  • A história do rugby actual, está escalonada por evoluções e tendências estratégicas, tácticas e técnicas, que demonstram a excelência de certas escolas.

  • Sinal dos tempos, a evolução foi imposta de fora dos campos, através da introdução de novas regras e inspirada nos valores que fazem regra no hemisfério sul.

  • É cada vez mais corrente, que o rugby do presente e das elites, está no hemisfério sul, e as novas regras vieram recentemente, confirmar esta tendência, valorizando algumas características de jogo, que a Europa já quase se desabituara de aplicar.

  • A posse de bola e mobilização máxima de todos os jogadores, não significa de todo, no rugby actual, eficácia no resultado.

  • Uma equipa deve ser capaz de conquistar a bola e de se organizar defensivamente para recuperar a mesma, para tal deve negar espaço ao ataque pela utilização da pressão defensiva.

  • No universo do desporto de rendimento, e particularmente dos jogos desportivos colectivos, a observação do jogo tem-se revelado como um meio imprescindível para a caracterização das exigências específicas que a competição coloca aos jogadores

  • As melhores equipas da actualidade (hemisfério sul) têm uma grande qualidade de conquista de bolas em jogo. Realizam, lançamentos de jogo variados e eficazes, executados com grande velocidade, utilizando normalmente " focos de atracção " de modo a ludibriar o adversário, constituindo um modelo de referência para a equipa que toma a iniciativa.

  • Criar a incerteza sobre cada movimentação de jogo, caracteriza as acções das melhores equipas da actualidade.

  • A capacidade de provocar reagrupamentos é característica das equipas mais fortes, permitindo encadear movimentos eficazes para desequilibrar a defesa.

  • Quanto mais forte é o sistema defensivo, mais a equipa atacante provoca reagrupamentos para conservar a bola, reorganizar o ataque e permitir, assim a continuidade do jogo.

  • As aptidões das melhores equipas, privilegiam o jogo á mão com grande habilidade para variar as formas de jogo, tanto no eixo profundo como no eixo lateral, permitindo grandes riquezas tácticas.


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