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O passe em rugby: componentes críticas e aspectos metodológicos
Helder Miguel Fernandes

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 49 - Junio de 2002

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    Desta forma, é possível através deste passe, criar situações de superioridade numérica ofensiva, quer seja no interior do campo, assim como nos extremos da defesa.

2.4.1. Decomposição da acção técnico-táctica:

2.5. Passe torpedo

    Este tipo de passe é na sua maioria das execuções, específico do médio de formação e/ou do médio de abertura. Para Constantin (1999), destacam-se três características neste tipo de passe:

  • execução com grande rapidez, devendo a bola ser propulsionada rapidamente, de modo a facilitar o desenvolvimento da acção ofensiva;

  • execução precisa, de modo a proporcionar uma recepção ligeira; e,

  • execução com uma trajectória longa, o que permite ao receptor uma colocação longe dos defesas.

    Esta acção técnico-táctica desenvolve-se mais facilmente a partir do chão, pelo que a perna mais avançada deve estar flectida e nunca ultrapassando a linha de ombros. A bola de modo a facilitar a execução já deve estar direccionada para o local do passe. Se pretendermos passar para a direita, devemos colocar o pé esquerdo na porção posterior desta e o direito numa situação mais avançada e dirigida para o receptor. Inicialmente e de acordo com a proposta metodológica de Biscombe & Drewett (1998), deve-se realizar o passe só com a mão, recorrendo à mão contrária do local para onde se pretende passar.

    Quando se utilizam as duas mãos, a mão dominante agarra a bola na sua porção posterior, tendo os dedos afastados. Por outro lado, a mão do lado do passe apenas segura a bola na sua porção anterior. No final do movimento giratório criado pela mão dominante, esta deve terminar a sua acção apontando na direcção do passe.

2.5.1. Decomposição da acção técnico-táctica:


2.6. Passe ou lançamento de alinhamento

    Este tipo de passe é executado numa situação de alinhamento (“touche”). Geralmente, é realizado pelo talonador visando 4 trajectórias: 1º, 2º e 3º saltador e além da linha de 15 metros. A bola pode ser lançada com ambas as mãos ou só com uma, por cima da cabeça ou de baixo (Constantin, 1999).

    Este tipo de passe, não garante uma certeza de posse de bola, dado que esta é lançada para um corredor de 1 metro que separa os avançados de cada equipa. Para tal, o talonador que lança deve possuir combinações tácticas e sinais, que permitam a uma equipa desenvolver estratégias para obter a posse de bola.

    Para executar este tipo de passe/lançamento, o talonador deve segurar a bola na sua porção posterior com as duas mãos, situando esta atrás da cabeça. O eixo longitudinal da bola deve apontar para o solo, tendo o talonador um pé avançado em relação ao outro. O passe deve ser realizado com o auxílio do movimento póstero-anterior do peso corporal do passador (Biscombe & Drewett, 1998).

2.6.1. Decomposição da acção técnico-táctica:


2.7. Passe com fixação do defensor

    Este tipo de passe é um elemento fundamental para o ataque e permite que momentaneamente, se obtenha superioridade numérica do ataque.

    Para Constantin (1999), a fixação do defesa realiza-se com uma corrida perpendicular à linha de meta do portador de bola. Posteriormente e após o contacto com o defensor, o portador de bola realiza um 1/4 de círculo e passa bola ao colega que vem em seu apoio e que avança pelo espaço criado pelo jogador inicial.

    Este tipo de fixação do atacante pode ser feita nas seguintes variantes:

  • passe-contacto: o portador da bola executa o passe na proximidade do defesa, imediatamente seguido de uma forte percussão sobre este;

  • contacto-passe: o jogador com a bola bem presa com as duas mãos (ou com a mão do lado contrário do placador), entra em contacto com o adversário em posição baixa e com o braço do mesmo lado a executar um movimento de hand-off, realiza o passe para um companheiro; e,

  • oferecimento à placagem e passe: é a vertente mais segura de fixar e atrasar o defensor no contacto com o atacante. É recomendado a sua utilização numa fase decisiva do jogo, quando vai haver finalização do jogador que vai receber a bola.




3. Conclusões

    Como verificado anteriormente, o passe na modalidade de Rugby, assume diversas formas, existindo passes realizados em maior número por atletas de posições específicas, pelo que o treinador deve direccionar esta componente do treino, tendo em conta as funções e tarefas exercidas por cada jogador, no sistema táctico da equipa.

    O modo de abordagem do passe, no período de formação, deve contemplar o máximo de variabilidade de condições de prática, sempre que possível, assumindo exercícios com base em formas jogadas ou jogos reduzidos, de modo a permitir o maior número possível de realizações da acção técnica-táctica, nunca se abstraindo do contexto específico do jogo.

    Desta forma e como referido em outras ocasiões (ver Fernandes, H.; Esteves, A. & Moreira, M., 2002), o treinador deve estar sempre consciente nas metodologias de treino utilizadas para a acção técnico-táctica passe (e outras), das posições específicas do Rugby, de forma a que paralelamente ao desenvolvimento geral da equipa, ocorra um processo de treino específico e individualizado.


Bibliografia

  • Biscombe, T; Drewett, P. (1998). Rugby - steps to success. Champaign: Ed. Human Kinetics.

  • Constantin, V. (1999). Documento orientador de circulação interna - Rugby. Coimbra: FCDEF-UC.

  • Corless, Barrie (1988). El Rugby técnica, táctica y entrenamiento. Barcelona: Editorial Hispano Europea

  • Fernandes, H.; Esteves, A. & Moreira, M. (2002). Análise das componentes técnico-tácticas em Rugby: Diferenciação e quantificação dos gestos técnicos e intenções tácticas, consoante diferentes posições específicas (avançados/linhas atrasadas). EFDeportes (on-line), 45 (8).

  • Martín, F. U. (1993). Rugby entrenamiento y juego. Madrid: Ed. Campomanes Libros.

  • Nerin, J.Y.; Peyresblanques, M. (1996). Rugby entraînement technique et tactique. Paris: Éditions Amphora.

  • Peys, J. P. (1991). Rugby total et entrainement. Paris: Editions Vigot.

  • Rocha, H.; Cordovil, J. (1998). O ensino do Rugby. Graça, A.; Oliveira, J. (eds.). O ensino dos jogos desportivos (219 - 244). Porto: Edições FCDEF-UP.


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