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Auto-estima do diabético e atividade física
Ana Maria Rodrigues Oliveira e Hiram M. Valdés Casal

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 6 - N° 32 - Marzo de 2001

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    No grupo de controle também não houve uma diferença estatisticamente significativa, embora haja uma pequena diminuição da primeira para a segunda aplicação.


Tabela 2. Teste de Ansiedade de Spielberger. Estado de Ansiedade

Grupo
1ª aplicação
2ª aplicação
Z
Sig
EXPERIMENTAL
36,4
39,6
0,37
____
CONTROLE
39,7
38,8
-2,33
95%


Tabela 2 - Análise

    Pode apreciar-se que desde o início existe uma diferença entre o grupo experimental e de controle. O incremento do grupo experimental não resulta estatisticamente significativo.

    No grupo de controle existe uma diminuição da ansiedade que pode ser considerada estatisticamente significativa, embora os dois grupos terminem a experiência com níveis de ansiedade praticamente iguais.


Tabela 3. Teste de Depressão Beck - Depressão

Grupo
1ª aplicação
2ª aplicação
Z
Sig
EXPERIMENTAL
7,2
6,8
-0,37
____
CONTROLE
9,2
9,2
-0,37
____


Tabela 3 - Análise

    Pode apreciar-se que desde o início existe uma diferença entre o grupo experimental e de controle.

    No grupo experimental entre a primeira e Segunda aplicação houve uma diminuição da depressão que, estatisticamente, não apresenta um resultado significativo.

    O grupo de controle se manteve exatamente igual entre a primeira e a segunda aplicação.

    Devemos considerar que os indivíduos do grupo experimental, antes de começar a experiência com a atividade física, faziam exercícios de yoga, isso poderá nos explicar um pouco os níveis mais baixos no estado de ansiedade e nos índices de depressão que no grupo de controle; e, sendo estes índices tão baixos, tornam-se difíceis de se reduzirem posteriormente.


Tabela 4. Sintomas de Depressão de BDI ao final da experiência

Grupo
EXPERIMENTAL
CONTROLE
  A. Humor
0,2
0,8
  B. Pessimismo
0
0,6
  C. Sensação de fracasso
0,2
0,5
  D. Insatisfação
0,5
0,7
  E. Sentimento de culpa
0
0
  F. Sentimento de castigo
1,0
0,3
  G. Ódio de si mesmo
0,7
1,0
  H. Auto-acusação
0
0,1
  I. Desejo de autopunição
0
0,1
  J. Choro
0,3
0,4
  K. Irritabilidade
1,0
0,7
  L. Retraimento social
0,5
0
  M. Indecisão
0,5
0,4
  N. Imagem corporal
0,3
0,3
  O. Inibição no trabalho
0,1
0,4
  P. Distúrbios no sono
1,2
0,9
  Q. Fadiga
0,9
0,9
  R. Perda de apetite
1,0
0,4
  S. Perda de peso
0,7
0
  T. Preocupações somáticas
0,4
0,9
  U. Perda de libido
1,1
1,0


Tabela 4 - Análise

    Segundo a tabela, ao final da experiência, encontramos oito queixas depressivas nos indivíduos do grupo de controle e oito nos indivíduos do grupo experimental.

    Estamos considerando para eles os valores a partir de 0,7. Este valor indica que os indivíduos tendem a responder no primeiro nível de indicação de índice depressivo na escala de Beck. Ambos os grupos coincidem nas queixas de ódio de si mesmo, irritabilidade, distúrbios do sono, fadiga e perda da libido. Os indivíduos do grupo de controle se queixam do humor, insatisfação e preocupações somáticas, no entanto este grupo experimental tem sentimento de castigo, perda de apetite e perda de peso.

    Nestes sintomas também não podem diferenciar os grupos no final da experiência.


Tabela 5. Auto-estima. Aspectos Positivos

Grupo
1ª aplicação
2ª aplicação
Z
Sig
EXPERIMENTAL
8,1
11,4
2,33
95%
CONTROLE
9,5
8,1
2,33
95%


Tabela 5 - Análise

    Embora os grupos iniciem com pequena diferença, nos aspectos positivos questionados, o que acontece antes e depois com cada grupo não deixa dúvidas da influência da atividade física na auto-estima do grupo experimental. Neste grupo os aspectos positivos na auto-estima se incrementaram de forma estatisticamente significativa ao nível de 95% de significância. No entanto, no grupo de controle que havia começado acima da experiência do grupo experimental nos aspectos positivos questionados da auto-estima, diminuíram estes aspectos do princípio até o final da experiência de forma estatisticamente significativa ao nível de 95%.


Tabela 6. Auto-estima - aspectos negativos

Grupo
1ª aplicação
2ª aplicação
Z
Sig
EXPERIMENTAL
11,9
7,9
-3,16
99%
CONTROLE
9,8
11,9
-2,33
95%


Tabela 6 - Análise

    Podemos observar que no grupo experimental existe uma diminuição nos aspectos negativos questionados na auto-estima, que resulta estatisticamente significativo ao nível de 99%.

    No entanto, no grupo de controle houve um incremento nos aspectos negativos também estatisticamente significativos ao nível de 95%. O grupo de controle situa-se no final da experiência no mesmo nível que tinha o nível experimental ao começar a experiência.


Tabela 7. Auto-estima. Aspectos Positivos Pós-programa
Questionário de auto-estima - Anexo 1

Grupo
Experimental
Controle
  1. Me sinto amado
Sempre
Às vezes
  3. A família me estima
Sempre
As vezes
  5. Gosto de lutar pelas coisas que eu
     desejo
Sempre
Às vezes
  8. Eu trabalho bem
Sempre
Freqüentemente
  14. Minha vida sexual é satisfatória
Às vezes
Nunca
  16. Me julgo adequado(a) à vida
Às vezes
Nunca


Tabela 7 - Análise

    Na tabela anterior, se expressam os aspectos positivos nos quais os grupos diferem depois da experiência.

    Pode-se observar que o grupo experimental tem melhores avaliações destes aspectos positivos que o grupo de controle. As mudanças são importantes, pois de treze questões positivas existem mudanças prováveis ao grupo experimental em seis.

    Em relação à vida sexual satisfatória e adequação à vida, ambos os grupos responderam negativamente como “`as vezes e nunca”. Queixas sobre a perda da libido se expressam também no Beck (tabela 4).


Tabela 8. Auto-estima. Aspectos Positivos Pós-programa

Grupo
Experimental
Controle
  6. Me acho feio
Às vezes
Nunca
  12. As pessoas gostam de conversar
     comigo
Freqüentemente
Sempre
  15. Penso em morrer
Às vezes
Nunca
  18. Estou decepcionado comigo mesmo
Nunca
Às vezes


Tabela 8 - Análise

    Na tabela anterior pode-se observar que de sete aspectos positivos da auto-estima houve mudanças em quatro. Mas, anteriormente aos aspectos positivos, nesse caso as mudanças se dão na segunda fase do grupo de controle e na segunda fase do grupo experimental.

    As mudanças acontecem principalmente nos aspectos positivos e são marcantes essas diferenças entre os grupos.


3. Conclusão

  1. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no traço de ansiedade, no grupo experimental nem no de controle entre a primeira e a segunda aplicação.

  2. Não existem diferenças significativas do ponto de vista estatístico no traço de ansiedade e no grupo experimental entre a primeira e a segunda aplicações. Houve uma pequena diminuição no grupo de controle entre a primeira e a segunda aplicações.

  3. Pode-se observar que os níveis de ansiedade “traço e estado” ao início da experiência têm valores possivelmente normais na população, já que estes valores coincidem com os valores médios das populações brasileira e norte-americana. Resulta, então, na dificuldade de baixar esses índices.

  4. Não existem diferenças estatisticamente significativas na medida da depressão entre a primeira e a segunda aplicações, mas deve considerar-se que o grupo de controle tem um nível mais alto no início da experiência e se mantém constante.

  5. Ambos os grupos coincidem nas queixas de ódio a si mesmo, irritabilidade, distúrbios do sono, fadiga e perda da libido. Os indivíduos do grupo de controle se queixam do humor, insatisfação e preocupações somáticas, no entanto, o grupo experimental tem sentimento de castigo, perda de apetite e perda de peso.

  6. Analisando estatisticamente os aspectos positivos do questionário da auto-estima, se expressa um incremento destes aspectos no grupo experimental da primeira e segunda aplicações a 95% de significação, e uma diminuição dos aspectos positivos também estatisticamente significativos a 95%.

  7. Analisando os aspectos positivos que mudam, encontramos seis mudanças favoráveis ao grupo experimental em aspectos como: sentir-se amado, estimação da família, gosto de lutar pelas coisas que deseja, auto-avaliação do seu trabalho, vida sexual e adequação da vida em geral.

  8. Nos aspectos negativos da auto-estima, no grupo experimental, encontramos uma maior tendência dos indivíduos a mudar favoravelmente o qual é significativo a 95%, no entanto, os indivíduos do grupo de controle têm maior propensão a mudar negativamente o qual é significativo a 95%.

  9. O que foi descrito anteriormente significa que os grupos experimental e de controle tinham índices iniciais de ansiedade normais para a população e que não responderam à experiência devido a essa causa. O grupo experimental tem um índice muito baixo de depressão nas duas aplicações no teste de Beck, no entanto o grupo de controle, com índices mais altos, também não mudou seus níveis de depressão. As influências mais importantes aconteceram nos aspectos positivos e negativos da auto-estima depois da aplicação da atividade física, embora seja impossível relacionar as mudanças de auto-estima com as mudanças de depressão e ansiedade.

  10. Com independência de que não pode ser afirmada a relação entre auto-estima, depressão e ansiedade, as mudanças encontradas na auto-estima do grupo de diabéticos, tratados com atividade física, aconselham manter esta atividade como parte das medidas terapêuticas utilizadas com os pacientes diabéticos que não apresentam contra-indicações médicas.


Referências bibliográficas

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  • DAVID C. NIEMAN, Dr. PH, Exercício e Saúde, primeira edição brasileira, 1999.

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  • GRUPO DE PESQUISA SERVIER, para diabéticos , 1995 (Ag). 08)

  • HIRAM M. VALDES CASAL - Personalidade , Atividade Física y Deporte , Primeira edição , 1996.

  • JOHN KREMER, MARY M. MCADE, RODGER GRAHAM, KATRIN DUDGEON - Physical exercise and psychological well being: a critical review

  • LEÃO ZAGURI, Publicação do Ministério da Saúde , 1996 ,( pag). 86).

  • MARIA HELENA PEREIRA FRANCO BROMBERG, MARIA JÚLIA KOVCS, M. MARGARIDA M. J. DE CARVALHO, VICENTE DE CARVALHO, Vida e Morte: Laços da Existência, 1996, Casa do psicólogo.

  • MÍNISTÉRIO DA SAÚDE, Guia básico para diagnóstico e tratamento - diabetes mellitus, 1996

  • NATHANIEL BRANDEN, Auto-estima e os seus seis pilares - quarta edição , 1998.

  • NEIL RUDERMAN, MD , Dphil ,JOHN T. DEVLIN , MD , The Health Professionals Guide to Diabetes and Exercise, 1995.

  • NEILA ABRANCHES , Aumente sua auto-estima e transforme sua vida, 1997.

  • REJESKI, W. J. THOMPSON, A (1993) - Historical and conceptual roots of exercise psycology in seraganian, P (ed).

  • REVISTA BRASILEIRA DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, v. 2, n. 4, pág. 76-86, 1997.

  • ROSINE DEBRAY, O equilíbrio psicossomático e um estudo sobre diabéticos, casa do psicólogo, 1995.

  • SAÚDE PREVENTIVA É QUALIDADE DE VIDA , primeira edição , 1999.

  • WILLIAM D. Mc ARDLE - Fisiologia do Exercício, Quarta edição


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