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A aprendizagem do judô e os níveis de raiva e agressividade
Milton Hidenobu Hokino y Hiram M. Valdés Casal

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 6 - N° 31 - Febrero de 2001

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Tratamento Estatístico

     Foram utilizadas a Média e o Desvio Padrão na descrição dos dados, para comparar com as normas brasileiras do STAXI.

     Utilizou-se a Prova Dos Signos, para a análise dos dados dos testes iniciais e finais, após 3 meses de aprendizagem do judô.


Análise dos resultados


TABELA 1
ESCALAS DE RAIVA
MASCULINO
FEMININO
MÉDIA ESCORE T
DESVIO PADRÃO
MÉDIA ESCORE T
DESVIO PADRÃO
ESTADO
51.31
14.15
42.32
10.24
TRAÇO
50.19
9.39
43.19
12.61
TEMPERAMENTO
51.17
8.4
44.21
12.65
REAÇÃO
48.21
11.24
40.86
11.82
DENTRO
46.38
8.21
46.8
8.45
FORA
50.64
10.19
39.7
6.66
CONTROLE
46.48
8.75
51.98
12.12
EXPRESSÃO
51.21
10.14
46.6
6.44

  • Através dos dados obtidos nesta pesquisa, e comparando com as normas brasileiras, verificou-se estatisticamente , que as pessoas pesquisadas, não apresentam níveis de Raiva significativos, pois os valores médios dos escores T, em todas as escalas, estão próximos de 50, que é o valor médio padronizado para a população brasileira nesta faixa etária; e os desvios padrão também estão próximo de 10, que é o valor padronizado. Assim pode-se supor que, de maneira geral, as pessoas que procuram o judô, não procuram este esporte de lutas para descarregar sua raiva ou para a catarse de sua agressividade.

  • Outro dado observado é que os homens apresentaram maior potencial de raiva em Estado, Traço, Temperamento, Reação Expressão para fora e Expressão Geral; e as mulheres apresentaram maior potencial em Expressão para Dentro e Controle de Raiva; ou seja, na média geral, os homens possuem maior potencial de Raiva e expressam esta raiva para fora, enquanto que as mulheres, na média geral, reprimem e controlam, mais que os homens seus sentimentos e expressão de sua Raiva. Ésta é uma característica que geralmente se associa com características diferenciais do homem e da mulher, mas atualmente se atribui a características socialmente condicionadas.

    A tabela 2 apresenta as mudanças obtidas pelo grupo que foi testado ao inicio e ao final do treinamento de três meses no Judô.


TABELA 2
Escalas de Raiva
Significância
Estado
não
Traço
não
Temperamento
não
Reação
0,05
Dentro
não
Fora
0,05
Controle
0,05
Expressão
não

    Mediante a Prova dos Signos, foi detectada uma diminuição da Raiva para Fora e da Reação de Raiva e um aumento do Controle da Raiva com uma significância de 0,05 ( valor Z igual a 2,65).

    Analisando individualmente, em alguns casos, foram verificadas algumas diferenças consideráveis, como a diminuição no Estado de Raiva, Expressão da Raiva para Fora, e aumento do Controle de Expressão de Raiva , conforme os dados da tabela 3.


TABELA 3
ESCALA
ESTADO
FORA
CONTROLE
 
INICIAL
FINAL
INICIAL
FINAL
INICIAL
FINAL
R.S.
51.3
33.6
 
 
39.7
41.6
L.R.
66.4
33.6
53.9
41.6
 
 
W.N.
58.4
33.6
 
 
52.5
62.8
E.X.
 
 
73.3
53.9
33.6
47.5

    Podemos verificar, por exemplo, no caso de R.S. que ele obteve mudanças consideráveis, com diminuição em estado de raiva e aumento do controle de raiva. L.R. obteve uma diminuição em estado de raiva e expressão de raiva para fora; W.N. obteve diminuição em estado de raiva e aumento de controle de raiva; E.X. obteve diminuição de expressão de raiva para fora e aumento de controle de raiva .


Conclusões e recomendações

    As Médias dos níveis de Raiva da amostra estão bem próximas das médias da média padronizada para a população brasileira, Este fato indica que não pode ser atribuído aos iniciantes, Estado de Raiva como motivação para começar a praticar o Judô.

    Em geral os escores obtidos pelos homens são maiores que os obtidos pelas mulheres, o que possivelmente expresse um condicionamento social de Estado de Raiva em dependência do gênero

    Entretanto, quando comparamos em função das Normas Brasileiras, as médias obtidas no teste inicial com as do teste final, encontramos modificações consideráveis no Estado de Raiva, Raiva para Dentro, Raiva para Fora e Controle de Raiva. Geralmente as 3 primeiras tendem a diminuir enquanto que a última tende a aumentar.

    Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao 95% nas variáveis Controle da Raiva, Reação de Raiva e Raiva para Fora, aumentado a primeira e diminuindo as outras.

    Considerando cada caso em particular, pode-se confirmar uma tendência a melhorar o perfil de Raiva. Por melhoria entendemos a diminuição dos níveis de Raiva e a conseqüente compensação por incremento do Controle e Expressão da Raiva para Fora, ou seja, a conversão das Raiva em Agressão poderá se tornar menos provável.

    O estudo desenvolvido apresenta a limitação do tamanho da amostra e também da falta de controle de algumas variáveis, motivo pela qual, não podemos afirmar absolutamente que as mudanças que ocorreram se devem à aprendizagem e treinamento do Judô, mas são um indicador de que isto poderia ocorrer na realidade, permitindo pensar no Judô, como um instrumento de compensação da agressividade social.

    A partir dos dados obtidos, estamos em condições de recomendar a continuação e a ampliação das pesquisas relacionando a Raiva e a prática do Judô, ou também às outras Artes Marciais.


Bibliografia

  • ALZUGARAI, Domingo. Os fundamentos do Judô;, Revista Faixa Preta, Ed. Três, 1989.

  • BATISTA, Carlos Fernando dos Santos. Judô: Da Escola à Competição, RJ, Editora Sprint, 1999.

  • CLAEYS, U. Violência e fair play no Desporto: Causas e medidas.

  • COLL, César. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Necessidades Educativas Especiais e aprendizagem, Editora Artes Médicas, 1993.

  • DIAS, Katia Pereira. Educação Física x Violência, RJ, Editora Sprint, 1996.

  • INDESP, Publicações. I Prêmio INDESP de Literatura Esportiva, Volume 1, 1999.

  • LINDZEY, Gardner. Psicologia, Editora Guanabara Koogan, RJ, 1997.

  • LIRA FILHO, João. Introdução à Psicologia dos Desportos, Editora Record, RJ, 1983.

  • LAWTER, John D. Psicologia Desportiva, Fórum Editora, 1973.

  • MEC. Caderno Técnico-Didático de Judô, Secretaria de Educação Física e Desportos, Brasília DF.

  • MONTEIRO, Luciana Botelho. O treinador de Judô no Brasil, Editora Sprint, 1998.

  • MORGAN, Clifford T. Introdução à Psicologia, 1977.

  • QUEIROZ, Carlos Sanches de. Prêmio Liselott de Literatura Desportiva, A Problemática da Educação Física, 1981.

  • Revista Educacion Física y Deportes. http://www.efdeportes.com. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 5 - nº 25 - Setembro de 2000.

  • SILVA, John M. e Robert S. Weimberg. Psycological Foundations of Sport, 1984.

  • SPIELBERGER, Charles D. Manual do Inventário de Expressão de Raiva como Estado e traço, Tradução e Adaptação de Angela M. B. Biaggio, Vetor Editora psico-Pedagógica, SP, 1992.

  • VARGAS, Ângelo Luiz de Souza. Desporto: Fenômeno social, RJ, Editora Sprint, 1995.


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