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Amamentação sob o olhar das mulheres no 

alojamento conjunto de uma unidade hospitalar pública

Lactancia bajo la mirada de las mujeres alojadas en sala común de una unidad hospitalaria pública

 

*Faculdade Estácio FAL de Alagoas. Maceió, Alagoas

**Enfermeira. Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde

pela Universidade Federal de Alagoas. Docente da Escola de Enfermagem

e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas (ESENFAR/UFAL)

***Médico. Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, Maceió, Alagoas

Maria Edilma Melo Teixeira*

Amuzza Aylla Pereira dos Santos**

Francisco Carlos Lins da Silva***

amuzza1@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo investigar influência de mitos e crenças acerca da adesão das mulheres à amamentação. Trata-se estudo descritivo, quantitativo, realizado no período de maio a dezembro/2012 com 30 puérperas em uma maternidade pública de Maceió/AL. Evidenciamos que os diversos mitos e crenças que norteiam a lactação geram na nutriz uma desconfiança sobre este tema. Nesse sentido, faz-se necessário que os profissionais de saúde compreendam a lactação sob o olhar materno, desvendando seus mitos e crenças, mudando sua forma de atendimento de modo a contemplar os diversos fatores presentes na lactação, atuando de modo mais eficaz para o prolongamento e a manutenção da amamentação.

          Unitermos: Amamentação. Mitos. Crenças. Mulheres. Enfermagem.

 

Resumen

          Este estudio tuvo como objetivo investigar la influencia de los mitos y creencias acerca de la adhesión de las mujeres a la lactancia materna. Se trata de un estudio cuantitativo descriptivo, realizado entre mayo y diciembre de 2012 con 30 mujeres después del parto en una maternidad pública de Maceio, AL. Se demuestra que los diversos mitos y creencias que guían la lactancia enfermera generan desconfianza sobre este tema. En este sentido, es necesario que los profesionales de la salud comprendan la lactancia bajo la mirada materna, revelando sus mitos y creencias, cambiando su forma de atención para abordar los diferentes factores presentes en la lactancia, que trabajan de manera más eficaz para la ampliación y el mantenimiento del amamantamiento materno.

          Palabras clave: Lactancia materna. Mitos. Creencias. Mujeres. Enfermería.

 

Recepção: 09/04/2015 - Aceitação: 19/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A promoção e o apoio ao aleitamento materno têm sido recomendados por inúmeros órgãos nacionais e internacionais, entre eles: OMS, UNICEF, Academia Americana de Pediatria, Ministério da Saúde, Secretária estadual de Saúde (Souza et al, 2009). Atualmente, o aleitamento materno exclusivo é recomendado nos primeiros seis meses e, posteriormente, a criança deve receber, gradativamente alimentos complementares, estendendo a amamentação ao menos por um ano ou mais, desde que a mãe e a criança desejem.

    Pesquisas vêm demonstrando que são inúmeros os benefícios que a prática do aleitamento materno oferece tanto para o crescimento e o desenvolvimento de lactentes como para a mãe e a família, do ponto de vista biológico e psicossocial (Souza et al, 2009).

    Apesar de inúmeras vantagens que a prática do aleitamento materno oferece, ao longo dos anos, esta vem sofrendo inúmeras variações. Por essa razão, vários estudos têm sido realizados, com o objetivo de entender as razões dessas variações e o de encontrar maiores subsídios que notifiquem ser o leite materno o melhor alimento para bebê, e o aleitamento materno, a melhor prática para mãe o filho (Kachani et al, 2008).

    No Brasil, até a década de 1970, os índices de amamentação eram ainda satisfatórios. Após esse período com o elevado grau de urbanização, a entrada de indústria fabricantes de leite em pó, algumas crenças e tabus sobre aleitamento materno o desmame atingiu níveis muito altos e os índices de morbimortalidade infantil ficaram alarmantes (Oliveira et al, 2011).

    Segundo a Organização mundial de saúde, a lactação é uma das maneiras mais eficientes de atender os aspectos nutricionais, imunológicos, psicológicos e o desenvolvimento de uma criança no primeiro ano de vida (Marques et al, 2011).

    A questão do aleitamento materno, não é somente biológica, mas é histórica, social e psicologicamente delineada. A cultura, a crença e os tabus têm influenciado de forma crucial a sua prática (Souza et al, 2013).

    É necessário adentrar na comunidade estudando sua cultura, comportamento, pensamentos e atos, para obter dados que possam ser utilizados para a criação de políticas de saúde na área materno-infantil voltado para a real dimensão dos problemas da mulher e da criança. Devemos nos lembrar de que o ser humano que atendemos tem a sua subjetividade, a sua tradição cultural, os seus hábitos, tabus e crenças fundamentadas em seus antepassados. Esquecemo-nos de respeitá-los, ditando-lhes normas e condutas, até modelos de saúde impostos, querendo que estes cumpram o protocolo (Antunes et al, 2013).

    Na história recente, amamentação tem sido vivida predominantemente como um fardo e atualmente passa a ser mais desejada. Uma das questões que se coloca é a se as mulheres na realidade estão sendo socialmente condicionadas ao querer. Este diálogo busca uma terapêutica mais eficaz por estar inserida na cultura e nas condições materiais da família, devendo estar aberto a outras lógicas de abordagem ou queixas. Agindo dessa forma, contribuí tanto na formação de cidadãos mais capazes de gerirem sua saúde, como na superação dos limites dos saberes popular.

    Posto que as emoções influenciem a secreção de leite de diversos modos, o principal sucesso da amamentação parecer o verdadeiro desejo materno de nutrir o seu bebê. O desejo de amamentar, um bom estado de nutrição, o repouso adequado a uma atitude relaxada são fatores importantes no estabelecimento da amamentação e na manutenção da secreção de um suprimento adequado.A influência psíquica na redução do leite é tão significativa que a serenidade emocional e a ausência de preocupações são muito importantes.A falta de confiança da mulher na sua capacidade para amamentar,especialmente se a quantidade de leite demorar para aumentar, pode provocar um efeito adverso,e ela necessita de apoio e segurança,cuja persistência leva a bons resultados. (Ziegel, 2008, p. 541)

    Amamentar significa mais do que garantir a saúde do bebê em seus primeiros para fortalecer o vínculo com a criança, construindo mais rapidamente uma relação de afeto e carinho para que a criança tenha um bom desenvolvimento e se torne um adulto saudável (Kachani, 2008).

    A cultura, a crença e os tabus influenciam de forma crucial a prática do aleitamento materno e determina diferentes significados do ato para a mulher. Apesar dos inúmeros benefícios que a amamentação traz para a nutriz e seu bebê, existem fatores que interferem na prática e duração da amamentação levando ao desmame precoce, ou seja, anterior ao sexto mês de vida (Souza et al, 2013).

    A vivência da amamentação é fortemente mediada pelas compreensões e práticas que determinada comunidade tem a respeito do assunto e também pelas próprias experiências da mulher. Quando se fala dessas experiências, refere-se não somente ao fato de ela própria ter sido amamentada ou não, mas também às situações que essa mulher presenciou ao longo de sua vida (Antunes et al, 2008).

    O mito relacionado ao leite materno secar está relacionado com a hipogalactia que é a pouca secreção do leite materno, associado tanto em quantidade como em tempo de produção, podendo ser de causa materna (hipoplasia das mamas, choque emocional, fissuras mamilares, ingurgitamento mamário e mastites) ou de causas do bebê (problemas sucção e técnica de amamentação errada) (Azeredo, 2008).

    Conhecer os aspectos relacionados à prática de aleitamento materno, é fator fundamental no sentido de colaborar para que a mãe e a criança possam vivenciar a amamentação de forma efetiva e tranqüila, recebendo as orientações do profissional de enfermagem junto com a equipe multidisciplinar existente na instituição.

    Apesar da ciência se propor a explicar todos os fenômenos por meio de métodos científicos, evidencia-se que entre população, ainda permeiam diversas crenças relacionadas à saúde, em especial no ato de amamentar. A fim de entender como a influência sociocultural interfere na amamentação, buscamos fundamentação através dos conceitos culturais de mitos, crença, fé e tradição.

    “Mitos são relatos sobre seres e acontecimentos imaginários, fatos que fala dos primeiros tempos ou de épocas heróicas” (Ferreira, 2004, p. 204). Narrativa de significação simbólica, transmitida de geração em geração dentro de determinado grupo e considerada verdadeira por ele. Idéia falsa que destorce a realidade ou não corresponde a ela. Pessoa fato ou coisa real valorizado pela imaginação popular, pela tradição.Crenças é fé religiosa; opinião adotada com convicção (Ferreira, 2004).

    Fé, crença religiosa conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto. A primeira das virtudes teológicas: adesão e anuência pessoal a Deus e seus de- signos. Firmeza na execução duma promessa ou compromisso, crença confiança, testemunho autentico escrito, de certos funcionários que tem força em juízo (Ferreira, 2004). Tradição ato de transmitir ou entregar, transmissão oral de lendas, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração. Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados (Ferreira, 2004).

    As crenças e os mitos fazem parte desta formação como herança sociocultural, determinando diferentes significados do aleitamento materno para a mulher. A decisão de amamentar ou não o seu bebê, alimentar-se ou não de determinados alimentos no puerpério depende do significado que a mulher atribui a esta prática.

    Diante do exposto o presente estudo pretende investigar influência de mitos e crenças acerca da adesão das mulheres à amamentação.

Método

    Estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa realizado na Maternidade Escola Santa Mônica localizada na cidade de Maceió/AL.

    O período definido para o estudo foi maio a dezembro de 2012. A amostra foi de 30 puérperas que estavam internadas no alojamento conjunto da referida maternidade.

    Os dados foram processados com a utilização do programa Microsoft Excel 2007. Os mesmos foram apresentados e descritos em números absolutos e percentuais, através de gráficos e tabelas.

    A coleta de dados foi realizada após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), protocolado sob o nº: CAAE: (Certificado de apresentação para apreciação ética): 04487912.6.0000.5201e assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

Resultados

    Participaram do estudo 30 puérperas nutrizes do alojamento conjunto de uma maternidade pública localizada na cidade de Maceió/AL.

    A faixa de idade mínima foi de 14 anos, com 3,4%; idade media 26 anos, com 4,2%; e a idade máxima foi de 43 anos com 2,4%.O nº máximo de gestações por mulher entrevistada foi de 4(quatro) gestações, atingindo 12% da pesquisa; mínima de gestação por mulher foi de 1(uma), atingindo apenas 3% da amostra do estudo.

    Com relação ao estado civil, 18 mulheres são mães solteiras, correspondendo a 60% das puérperas e 12 mulheres responderam ser casadas que corresponde a 40% das puérperas. A renda familiar segundo a pesquisa é de um a dois salários mínimos por família. Das puérperas entrevistadas 100% fizeram o acompanhamento do pré-natal.

    Com relação à amamentação nas gestações anteriores, 60% responderam sim; 23,3% responderam não; 16,6% não opinaram. Quando questionadas com relação ao tempo máximo, verificou-se que a maioria tinha amamentado até 18meses (36%).

    Das intercorrências ocorridas na amamentação, 42% responderam que apresentaram alguns tipos de intercorrências e quando questionadas quais foram estas intercorrências, 7% relataram a fissura mamilar.

    Com relação aos mitos e crenças, 93,3% das puérperas nutrizes entrevistadas acreditam interferir na amamentação, 3,33%não acreditam que interfere, e, 3,33% diz não saber responder a respeito do assunto. Quanto às orientações voltadas para os mitos e crenças na amamentação, 70% responderam que foram orientadas e 30 % diz não houve nenhuma orientação.

    Quanto às orientações voltadas para os mitos e crença na amamentação, 70% responderam que foram orientadas no pré-natal e 30 % diz não houve nenhuma orientação. Quando questionadas se acreditam, 93,3% relataram acreditar nos mitos e crenças, 3,33%não acreditam e, 3,33% diz não saber.

Discussão

    Há muito tempo o conhecimento de que a técnica de amamentação é de extrema importância para a liberação de forma efetiva do leite para ao bebê e para a prevenção de processos dolorosos e trauma nos mamilos, sendo indispensável à orientação das mulheres quanto à técnica desde o período pré-natal (Souza et al, 2009).

    A pesquisa confirma que, com orientações desde o pré-natal até a fase puerperal, esses tabus vão se desmistificando, facilitando a adesão da prática do aleitamento materno, sendo assim o melhor momento para se enfatizar as vantagens da amamentação e desmistificar os mitos e crenças predominantes voltadas para o aleitamento materno, estimulando a amamentação logo após o parto, contribuindo com o vinculo afetivo mãe e filho (Beltrão et al, 2013).

    A amamentação tem inúmeros efeitos benéficos à saúde, apenas uma minoria das crianças é exclusivamente amamentada por seis meses, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e os 10 Passos para o Sucesso da Amamentação foi proposta pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com o propósito de aumentar a duração do aleitamento materno. No estudo a maioria das puérperas em gestações anteriores amamentou mais de 18 meses, corroborando com o que orienta e preconiza a Organização mundial de saúde.

    Segundo Siqueira et al (2009), algumas crenças e práticas populares perderam a sua credibilidade perante a comprovação científica, como a crença do leite materno ser “fraco e não sustentar”, mas outras resistem à mudança dos costumes como as crenças referentes à alimentação da nutriz. Apesar da ciência se propor a explicar todos os fenômenos por meio de métodos científicos, evidencia-se que entre população, ainda permeiam diversas crenças relacionadas à saúde.

    As crenças e mitos ao longo do tempo foram perdendo a credibilidade cientificamente, porém no estudo ainda é muito presente, procuram respeitar esse mitose crenças, como se fosse uma ordem a ser cumprida, herdada dos pais dos avós. Este mito de que o leite materno é fraco e não sustenta foi o mais votado da pesquisa, relacionando com a idéia de que comer certos alimentos tem efeitos potencialmente nocivos durante a gestação e lactação.

    O presente estudo encontrou dados que apontam para a existência de mitos e crenças relacionada ao aleitamento materno, no estudo a maioria das puérperas alegaram acreditam nos mitos e crenças. A cultura de um povo, incluindo hábitos e costumes alimentares, é determinada por fatores socioeconômicos, este fato pode contribuir para a não adesão das mulheres ao aleitamento exclusivo nos 6 primeiros meses de vida do bebê.

    Para Antunes et al (2008), os benefícios maternos da amamentação são vários, como a volta do corpo ao estado normal, o efeito contraceptivo, a diminuição das chances de desenvolver artrite reumatóide, osteoporose e esclerose múltipla, além de diminuir as chances de neoplasias endometrial, ovariana e de mama antes da menopausa. Apesar de todos esses estudos provarem cientificamente que os mitos e as crenças ainda são muito presente na vida dessas mulheres nutrizes.

    É preciso mudar o paradigma de amamentação que norteia as políticas de promoção do aleitamento materno.Tem-se priorizado o aspecto biológico sem dar a devida ênfase aos aspectos sociais, políticas e culturais que correlacionam à amamentação. Mesmo configurando um fardo, muitas acabam realizando a amamentação pela imposição do dever de cumprir seu papel de mãe (Araújo & Almeida, 2007).

Conclusão

    Concluiu-se que a mudança de hábitos relacionados aos mitos e crenças é um processo difícil porque estão ligados a aspectos socioculturais, transmitidos entre diferentes gerações no seio familiar ou na comunidade. E que é preciso respeitar as tradições e opiniões da puérpera que ali se encontra, e da família ali presente, pois é quem estabelecem condutas e comportamentos voltados para a amamentação.

    A comprovação desses hábitos, baseados em experiências de gerações anteriores, contribui para o sucesso ou insucesso na amamentação. Porém o que deve reconhecer como tradição respeitando cada puérpera na sua individualidade.

    As crenças e os mitos prevalecem como ser determinantes e muito presente na vida dessa população estudada, voltada para prática do aleitamento materno, considerando-se que as crenças podem ser interpretadas com diferentes significados para as mães nutrizes.

    Diante da importância do aleitamento materno e das repercussões negativas que alguns mitos e crenças podem acarretar para a estabilidade da lactação, torna-se fundamental avaliar o comportamento psicológico dessas mães nutrizes, sensibilizando e desmistificando os mitos e crenças predominantes na população estudada no ato de amamentar.

    Esta pesquisa pode contribuir com o aumento do vinculo efetivo mãe e filho, ajudar a diminuir o desmame precoce, buscando atingir ao menos o menor tempo de amamentação preconizado pelo ministério da saúde.

Bibliografia

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