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A percepção do enfermeiro quanto ao 

incentivo do aleitamento materno no puerpério

La percepción del enfermero en relación al fomento de la lactancia materna en el postparto

 

*Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Estácio de Alagoas (FAL)

**Enfermeira. Professora Assistente da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

***Enfermeira. Mestranda Saúde, Ambiente e Trabalho (UFBA)

****Professora da Faculdade Estácio de Alagoas (FAL)

*****Médico da ESF (SMS/Maceió)

******Hospital Roberto Santos

*******Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Tatiane Costa Cabral de Melo Beltrão*

Amuzza Aylla Pereira dos Santos**

Renata Costa da Silva***

Elaine Kristhine Rocha Monteiro****

Francisco Carlos Lins da Silva*****

Ana Débora Santana Santos******

Gilberto Santos Cerqueira*******

Ana Paula Fragoso Freitas*******

renatalanai@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Analisar as publicações com enfoque para reflexão acerca da percepção do enfermeiro quanto ao incentivo do aleitamento materno no puerpério, disponível em periódicos indexados na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e na internet, no período de 2005 a 2011. Método: pesquisa bibliográfica, realizada no período de janeiro a maio/2012, a partir de consultas dos periódicos indexados nas bases da Medline, LILACS e Scielo, bem como, em literatura pertinente ao tema disponível em meios digitais e impressos. Utilizou-se como palavra-chave “Desmame Precoce, aleitamento materno, incentivo ao aleitamento, Enfermagem”, a partir da busca utilizando “todos os índices” e “todas as fontes”. Atenderam aos critérios de seleção 11 produções. Resultados: Evidenciamos que as nutrizes necessitam de maior incentivo e empenho dos enfermeiros na questão da aplicabilidade dos programas já existentes no apoio ao incentivo do aleitamento materno. Conclusão: O incentivo a amamentação é de fundamental importância para o entendimento e execução de uma boa oferta de leite da mãe para seu bebê, pois esta prática pode estimular um forte laço afetivo entre mãe e filho, assim como evitar o desmame precoce e o uso prematuro do leite artificial e conseqüentemente uma menor prevalência de doenças transmitidas na infância.

          Unitermos: Aleitamento materno. Enfermagem. Puérperio.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno é fundamental para o desenvolvimento e sobrevivência da vida humana. A sensibilização do enfermeiro quanto ao incentivo da amamentação é imprescindível para a continuidade deste ato. Os enfermeiros da Estratégia da Saúde da Família (ESF) de acordo com a literatura ficam em contato direto com as mães durante seu pré-natal, dando-lhes orientações e incentivando-as quanto à amamentação e outros cuidados que deverão ter durante a gestação e puérperio. A mãe tem que acreditar no poder da amamentação enquanto seu filho ainda estiver na barriga, para que tenha tempo para se preparar emocionalmente e fisicamente. Ela precisa acreditar que amamentar é a melhor opção (BRASIL, 2010).

    Além das inúmeras vantagens que o aleitamento materno proporciona ao binômio mãe-filho, o leite materno constitui ainda o método mais barato e seguro de alimentar os bebês e, na maioria das situações, protege as mães de uma nova gravidez (OMS, 2005).

    O ato de amamentar é uma decisão pessoal, que pode ser influenciada por vários fatores, desde o meio em que ela vive, até a opinião das pessoas com quem ela convive (JUREANA, 2009).

    Considerando o desmame precoce um problema de Saúde Pública, professores e acadêmicos da área das Ciências da Saúde, dos cursos de Enfermagem, Terapia Ocupacional, Nutrição e Técnico de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), desenvolveram um projeto em Unidades Básicas de Saúde do Município de Santa Maria-RS, em parceria com profissionais integrantes da Secretaria de Saúde do Município: enfermeiros, médicos e agentes de saúde, com o objetivo de incentivar o aleitamento materno seguindo as instruções recomendada pela Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), que tem como fundamento a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno por meio da mobilização das Unidades Básicas de Saúde para a adoção dos “Dez Passos para o Sucesso da Amamentação” da IUBAAM (SILVA & PIVETTA, 2007).

    O apoio e a orientação para amamentação devem ser iniciados desde o período do pré-natal se estendendo até o puerpério, porém por vezes constatamos que isto nem sempre é respeitado. Algumas mulheres ainda recebem, por ocasião de alta da maternidade, prescrição se necessária de leite artificial para complementar o leite materno. Esta realidade é facilmente identificada quando a consulta de puericultura é realizada e os lactentes apresentam decréscimo na curva de peso, além de diarreia ou constipação intestinal ocasionada muitas das vezes pelos leites artificiais, seu preparo e acondicionamento (BENCOZZI, 2008).

Objetivo

    Analisar as evidências cientificas disponíveis sobre a percepção do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno no puérperio.

Método

    Estudo bibliográfico, do tipo revisão sistemática, segundo a definição de Polit e Hungler (1995), utilizam métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coleta e analise dos dados destes estudos incluídos na revisão.

    O objeto de investigação foram artigos científicos com enfoque para reflexão acerca da importância do incentivo do aleitamento materno no puerpério, levantadas a partir da BVS. Este tipo de estudo dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final.

    A busca do material foi realizada no período de janeiro a maio /2012, em consulta direta ao site da BVS, a partir das bases de dados LILACS, MEDLINE, SciELO utilizando-se como descritores: “Aleitamento Materno, Desmame Precoce e Enfermagem”, na forma para “todos os índices” e “todas as fontes”, disponível no banco de dados e com busca de modo integrado, utilizando o operador booleanos “AND”.

    A seleção do material ocorreu a partir dos seguintes critérios de inclusão: 1) estudos que abordassem a percepção do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno no puerpério; 2) período de 2005 a 2011; 3) disponível no idioma português, 4) consulta do artigo na íntegra. Como critérios de exclusão: 1) Artigos científicos que não abordassem o tema; 2) Idiomas: inglês e espanhol; 3) artigos científicos fora do período de 2005 a 2011; 4) Editoriais, teses, dissertações, monografias, noticias e artigos não disponíveis na integra.

    A busca geral resultou em 29 estudos, sendo todos disponibilizados na íntegra. Porém dos 29 artigos, 18 eram de publicação anterior ao ano de 2005, não atendendo ao critério de inclusão da pesquisa. Restando apenas 11 que atenderam a todos os critérios de inclusão. Em seguida, os dados foram acessados, salvos e impressos para leitura e seleção dos aspectos que contemplassem o objetivo do estudo. Os dados obtidos foram organizados e apresentados em quadros, utilizando-se frequências absolutas e relativas. Os eixos temáticos foram discutidos a partir da literatura complementar e pertinente ao objeto de estudo, respeitando-se a autoria/co-autoria das produções.

Resultados

    Para análise das informações foi realizada a organização do conteúdo encontrado quanto ao ano, área, tipo de estudo, sujeitos do estudo, idioma da publicação, tipo de publicação, periódico e autoria/co-autoria de enfermeiros entre os trabalhos publicados.

    A distribuição dos estudos de acordo com o tipo de publicação disponibilizada pela BVS – Enfermagem, apresentando à distinção de qual banco de dados a mesma está inserida, como também dados da sua autoria/co-autoria de enfermeiros, como também o periódico ou a fonte das publicações utilizadas para o vigente estudo.

Quadro 1. Distribuição dos estudos quanto à forma de publicação, periódico e autoria/co-autoria de enfermeiros, no período de 2005 a 2011

    Verifica-se no Quadro 1, que apenas 5 dos 11 artigos publicados apresentaram entre autores e/ou co-autores enfermeiros. Este dado mostra-se relevante diante da necessidade da abordagem dos enfermeiros com relação ao incentivo e importância do ato de amamentar.

Discussão

    O aleitamento materno é um ato único e exclusivo da mulher que proporciona grandes benefícios à criança, sendo por isso recomendado por inúmeros programas e projetos do Ministério da Saúde (MS). Na verdade, por ser um ato tão espontâneo era de se esperar que todas as mulheres se sentissem a vontade e estimuladas a amamentar seus filhos (NARCHI, 2005; MARTINS, 2012).

    Apesar da importância e da recomendação do aleitamento materno exclusivo (AME) nos primeiros 06 meses de vida do lactente, esse padrão de aleitamento materno (AM) ainda é pouco praticado no Brasil. Vários fatores estão implicados na interrupção precoce dessa prática, tais como: ausência de experiência prévia de amamentação, produção insuficiente de leite, presença de fissura mamilar, uso de chupeta e estabelecimento de horários fixos para amamentar (VIEIRA, 2010).

    Além dos fatores acima citados existe ainda a baixa frequência do AM devido às dúvidas e dificuldades da nutriz, até o acesso a serviços especializados com profissionais qualificados, principalmente após a alta hospitalar. O grande desafio da enfermeira e sua equipe estão em entender os reais motivos pelos quais muitas mulheres deixam de amamentar (BENGOZI et al 2008).

    Segundo a Pesquisa Nacional de Prevalência de Aleitamento Materno em Municípios Brasileiros, divulgada em 2010, a duração média do aleitamento materno exclusivo (AME) em crianças que nasceram em Hospitais Amigo da Criança (HAC) foi de 60,2 dias, contra 48,1 dias em crianças que não nasceram em HAC. Também as chances de quem nasce em HAC aumentam em 9% para a amamentação na 1ª hora de vida; em 6% para a amamentação no 1º dia em casa após a alta da maternidade; em 13% para o AME em menores de 2 meses, 8% para o AME em menores de 3 meses e 6% para o AME em menores de 6 meses.(BRASIL,2010)

    A importância destes dados vem nos mostrar que a diferença é muito pouca quando comparamos as estatísticas entre os dois hospitais, pois deveríamos atingir em quase sua totalidade as crianças que nascem nos HAC.

    É importante que todos detenham o conhecimento sobre a importância do AM, e saiba exatamente os benefícios que o leite materno traz para o desenvolvimento da criança, para que possa passar com segurança tais informações para as nutrizes e fazê-las acreditar no poder que seu leite tem.

    Segundo Narchi (2005), infelizmente, o que se percebe é que ainda ocorre descompromisso de muitos serviços e profissionais com a prática do aleitamento materno. Nesse sentido, não são raros os relatos de mães que referem como causa do abandono do aleitamento exclusivo, o fato de na maternidade ter sido introduzida fórmula láctea como complemento da amamentação ou, mesmo, a falta de funcionários disponíveis para levar os recém-nascidos até elas no horário das mamadas. Além disso, observa-se a resistência, também de profissionais e instituições, nas abordagens de humanização da assistência ao nascimento e ao parto. Este fato tem influenciado negativamente o incremento da prática do aleitamento materno, haja vista, por exemplo, a dificuldade em implantar o primeiro passo para seu sucesso, que consiste no contato precoce do binômio mãe-filho após o parto.

    De acordo com os artigos que foram utilizados para elaboração dessa discussão percebe-se que a falta de aplicabilidade por parte de algumas instituições e profissionais torna a eficácia desses programas deficiente, porém não podemos esquecer que o ato de amamentar é uma ação que depende de vários fatores e não apenas esta associada ao incentivo exclusivo dos profissionais.

    É preciso que o profissional veja a mulher na sua integralidade não se limitando apenas em resolver questões do ambiente hospitalar, mas também para outras situações que serão enfrentadas no domicílio, tais como, intercorrências mamárias, problemas relacionados à produção láctea e organização da mulher nas múltiplas tarefas, tornando este ato possível de acordo com a realidade de cada nutriz (TAKUSHI, 2008).

    Logo, é um incentivo que depende de todos, da vontade da nutriz, dos familiares, que estarão ali incentivando e dando condições para que esta mãe possa realizar a amamentação em um ambiente tranquilo e com a ajuda para alguns afazeres domésticos, e dos profissionais de saúde, em especial os enfermeiros que irão orientá-la quanto a todas as duvidas e incentivá-la quanto a todos os benefícios que amamentar trará para sua vida e para vida de seu bebê.

    A capacitação constante do enfermeiro no que concerne o aleitamento materno, afinal não basta às programas, projetos, estatutos ou cartilhas lançadas sem a preocupação com o devido preparo dos profissionais que irão trabalhar com as nutrizes, promoverá resultados positivos, pois o mesmo sentirá habilitado para trabalhar questões que possam influenciar no desmame precoce da criança.

    Para tal, vimos que além da capacitação de pessoal, será necessário que este trabalho seja interligado não apenas com a área da saúde, mas também com a área social, onde as ações precisam ser coordenadas e sistemáticas para o aumento do aleitamento exclusivo.

    É neste ambiente de cooperação que percebemos importância do enfermeiro para dirigir suas ações de competência, aprimorando, mobilizando dos conhecimentos e despertando seu talento criativo para inovar no que concerne às mudanças de atitudes de suas clientes em relação ao ato natural, que é o ato de amamentar e a sua própria maneira de entender que o aleitamento materno é parte do ciclo da vida de todas as mulheres e precisa ser realizado sem nenhum trauma para o binômio mãe-filho.

Conclusão

    Os artigos pesquisados possibilitaram a compreensão necessária para entender o quanto é importante à participação ativa do enfermeiro em conduzir suas clientes, orientando-as e incentivando a amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida do bebe.

    Constatou-se que o incentivo a amamentação por parte dos profissionais de saúde, sejam eles do atendimento hospitalar ou da estratégia da saúde da Família é de fundamental importância para o entendimento e execução de uma boa oferta de leite da mãe para seu bebê, favorecendo assim um forte laço afetivo entre mãe e filho e evitando também o desmame precoce e o uso prematuro do leite artificial, consequentemente uma menor prevalência de doenças pela alta imunidade dessas crianças que conseguiram ser amamentadas.

    Desta forma a presente pesquisa corroborou para compreensão da importância do trabalho do enfermeiro e sua equipe na monitoração durante todo o período de lactação. Essa monitorização previne, por exemplo, que ocorram as intercorrências mamárias, logo evitando o desmame precoce. Demonstrando então os inúmeros benefícios que o bebê, a mãe, a família e a sociedade terão com o aleitamento materno exclusivo.

Referência

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