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A importância da ferramenta lúdica
como aliada nas aulas de natação infantil

La importancia del recurso lúdico como aliado en las clases de natación infantil

 

*Discentes do Curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

**Orientador. Docente do Curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

(Brasil)

Tábitta Nunes Valadão*

Dannyella Crysthina Batista Guimarães*

Jovino Oliveira Ferreira**

dcrysthina@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O elemento lúdico tem sido constantemente utilizado em diferentes áreas de atuação no meio esportivo aumentando a aceitação e facilitando o progresso dessa atividade com crianças.São inúmeros os fatores que influenciam para que praticantes de atividades aquáticas interrompam suas práticas. Objetivo: Este estudo tem como meta avaliar o papel das atividades lúdicas nas aulas de natação, abrangendo um campo maior de discussão referente às atividades lúdicas aquáticas. Metodologia: Este trabalho caracteriza-se por um método de pesquisa bibliográfica em sites e artigos no período de setembro a novembro 2014 associada a uma experiência de estagio do curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira. Conclusão: Com base nos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que atividades lúdicas na natação além de despertar prazer auxiliam no desenvolvimento da criança como um todo. O elemento lúdico inserido nas atividades aquáticas surge como um facilitador da aprendizagem promovendo aulas atrativas e prazerosas que auxiliam na autonomia e na independência.

          Unitermos: Lúdico. Criança. Natação.

 

Recepção: 16/11/2014 - Aceitação: 10/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Dentro das instituições publicas ou privadas, formais ou não formais o elemento lúdico utilizado como recurso didático-pedagógico sempre foi tema que despertou muito interesse pelos profissionais que estudam o desenvolvimento infantil. Muitas crianças e adultos, que iniciam num curso de natação, desistem das atividades aquáticas, muito antes que os benefícios da prática venham a surtir efeito.

    Existem estudos e propostas lúdicas sendo inseridas no contexto pedagógico das atividades aquáticas, como facilitador do processo de apropriação das habilidades motoras aquáticas básicas, sejam elas em clubes recreativos ou espaços aquáticos urbanos destinados ao lazer.

    Segundo Silva et al (2010) Como a água está em toda parte do universo, os primeiros contatos da água com a criança são cruciais de extrema importância quanto o desenvolvimento social e psicomotores. Portanto, o professor tende compreender todas as atividades espontâneas realizadas pelas crianças e renovando sempre as dinâmicas de aprendizagem. É evidente que todos os professores adote uma metodologia diferente na execução de suas aulas por causa da faixa etária de idade.

    Este estudo tem como objetivo avaliar o papel das atividades lúdicas nas aulas de natação, abrangendo um campo maior de discussão referente às atividades lúdicas aquáticas sendo esse um dos principais fatores de aderência na modalidade.

Metodologia

    Este trabalho caracteriza-se por um método de pesquisa bibliográfica, que é uma forma de analisar o tema proposto sob diferentes enfoques ou abordagens.

    Para tanto, foi realizado extensa revisão literária abrangendo livros, pesquisa em sites e artigos no período de setembro a novembro 2014 associada a uma experiência de estagio do curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira . A metodologia adotada foi baseada em outras bibliografias de especialistas na área de metodologia do trabalho científico, seguindo os padrões da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).

Referencial teórico

    Conceituar o lúdico não é fácil, muitos pesquisadores tiveram a tarefa de contextualizá-lo, como a exemplo de Brougère (1998), Roza (1999), Schwartz (1998) e Aberastury (1992) apud Freire (2005, e o que parece ser consenso entre eles é de que o lúdico tem função em si mesmo e está intrínseco em sua própria realização e satisfação pela atividade. Estudiosos que têm como área de interesse as atividades realizadas em meio líquido, viabilizam propostas mais motivadoras e criativas dentro desse meio, como é o caso da inserção do elemento lúdico nas aulas de natação, tanto para crianças como para adultos, que optam por uma abordagem do lúdico como filosofia pedagógica, presente na fluidez das brincadeiras, gerando manifestações positivas que privilegiem a criatividade, a espontaneidade, o prazer, a afetividade, entre outros, trazendo uma característica diferente e particular em cada aula ministrada.

    Dentro dessa perspectiva de visualizar a vivência lúdica como filosofia pedagógica dentro do trabalho em atividades aquáticas, surge a necessidade de atentar para que o elemento lúdico não seja inserido de maneira funcionalista, ou seja, que ele não perca sua identidade ao ser utilizado como estratégia no processo pedagógico. Torna-se necessário enfatizar que o lúdico alcança objetivos, mas não se presta a atingir um objetivo em específico a priori e sim é possível com sua inserção alcançar aprendizagens essenciais com sua vivência, sem contudo, possuir finalidade imediata. (BROUGÈRE, 1998).

    Mesmo com todo esse respaldo em relação à abordagem do elemento lúdico, muitas vezes, ele é inserido nas atividades aquáticas somente como facilitador da aprendizagem, como um meio para alcançar determinado objetivo dentro do processo ensino-aprendizagem dos nados, esquecendo-se do valor que o lúdico tem para o desenvolvimento global do ser humano. O lúdico na relação pedagógica em meio líquido alcança uma dimensão humana que vai além do simples entretenimento ou como recompensa por cumprimento de tarefas durante as aulas de natação, ele possibilita desvelar emoções e sensações, assim como aspectos relacionados à afetividade.

    Mesmo que as expectativas dos professores e da instituição venham ao encontro das expectativas dos pais e alunos, esse motivo parece não ser o suficiente para manter o praticante na atividade, existe um motivo maior, que justifica a permanência nas mesmas. Isto está relacionado diretamente ao estado de satisfação para a prática, que foi denominado por Csizszentmihaly (1999) como estado de fluxo, quando o conteúdo da experiência, oferece uma resposta imediata quanto ao crescimento pessoal imensurável conquistado, contribuindo para novos níveis de desafios e aprendizado de novas habilidades.

    Desta forma, atividade que provoca prazer, satisfação, liberação de sensações e emoções positivas, podem representar um forte diferencial nas experiências vivenciadas em meio líquido, assim como, um fator catalisador de estilos de vida ativos e saudáveis. Nesta dimensão mais ampla em que se encontra a expressão lúdica, não há de se negar seu potencial motivador na educação, existindo, segundo Winterstein (1995), um influenciador (professor) e um influenciado (aluno), estabelecendo uma relação na qual ser privilegia essa influência como forma de participação ativa do professor junto ao aluno, por meio da permissão do brincar em meio líquido, construindo laços afetivos entre eles e uma relacionamento bilateral, onde tanto o aluno como o professor aprendem nessa construção do saber.

    As crianças são motivadas a participar de determinada brincadeira, quando esta tem alguma relação com a experiência anteriormente vivida por elas, ou quando se sentem na possibilidade de resolver seus conflitos em meio líquido, como a exemplo do sentir medo quando o rosto está em contato com a superfície da água. Se esse contato ocorrer por meio do lúdico, a brincadeira parece minimizar o medo, desvelando emoções e sensações que esse contato possa gerar, configurando-se num dos principais motivos da realização ou não da brincadeira, conforme evidencia Brougère (1998).

    O lúdico nas aulas de natação motiva a relação pedagógica, subentendendo-se que nessa relação existe um adulto que pode se permitir brincar com o aluno por meio da fantasia, da música, das histórias contadas, das dramatizações e dos jogos cooperativos. Sendo assim, a motivação é a veia propulsora da criatividade, permitindo à criança a capacidade de criar e imaginar. Nas aulas de natação para crianças é fundamental que o professor mergulhe na aventura dessa emoção em jogador ou ser apenas um espectador, observando as atividades sem, contudo, participar e trocar experiências valiosas com os alunos, porém para que a entrega ao lúdico seja total é necessário a troca.

    O desenvolvimento cognitivo da criança na terceira infância é a sua atividade, sua ação sobre objetos, acontecimentos e outras pessoas, pois ela constrói sua própria realidade baseada no que o mundo representa para ela e, através de experiência sensorial, visual, auditiva, motora e cinestésica a criança desenvolve esquemas abstratos que representam à realidade (PIAGET, 1967).

    A criança quando entra na fase da terceira infância torna-se mais tranqüila, onde já superou uma boa parte de suas ansiedades devido as suas vivências edípicas, onde o ambiente familiar se torna mais tranqüilo, o seu progenitor deixa de ser um rival poderoso e passa a ser visto como um exemplo a ser seguido. É freqüente as crianças anunciar que seguiram as mesma profissões dos pais, através do processo de identificação, ou mesmo de imitação dos pais (RAPPAPORT, 1982).

    É nessa fase que a criança torna-se consciente de suas atitudes e suas maneiras de pensar, a importância de atitudes de seus pais e professores para seu comportamento disciplinar, direcionando suas atitudes para que não se torne motivo de chacotas ou brincadeiras de mau gosto. Esses tipos de atitudes levam a criança ao desenvolvimento de um sentimento de incapacidade e incompetência escolar no momento e mais tarde no ambiente de trabalho.

    Enfim pode-se dizer que, à medida que a criança se desenvolve há uma tendência para a atuação no real, para um distanciamento da fantasia, para um maior equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Neste sentido Piaget apud Rappaport (1982), explica que a criança encontrará tantos estímulos para seu desenvolvimento intelectual na vida cotidiana, que não mais necessitará refugiar-se na fantasia, abandonando paulatinamente o jogo simbólico.

O que constitui uma inteligência

    Em uma visão tradicional, a inteligência é definida operacionalmente como a capacidade de responder a itens de um teste de inteligência, A conclusão, a partir dos resultados de testes de alguma capacidade subjacente é apoiada por técnicas estatísticas que comparam respostas de sujeitos em diferentes idades; a aparente correlação desses resultados de testes através das idades e através de diferentes testes corrobora a noção de que a faculdade geral da inteligência, não muda muito com a idade ou com treinamento, inteligência ou experiência. Ela é uma qualidade ou meio de fazer que, nasce com o indivíduo. A Teoria das Inteligências Múltiplas (IM), por outro lado, pluraliza o conceito tradicional. Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.

    A capacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criação de um produto cultural é crucial nessa função, na medida em que captura e transmite o conhecimento ou expressa as opiniões ou sentimentos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam desde teorias cientificas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso (GARDNER, 2000).

    Cada inteligência deve ter uma operação nuclear ou um conjunto de operações indicáveis, como um sistema organizado com base neural, a inteligência é ativada ou “desencadeada” por algum tipo de informação externa ou internamente apresentada. Por exemplo, um dos núcleos de inteligência musical é a sensibilidade de determinar relações, ao passo que um dos núcleos da inteligência lingüística é a sensibilidade aos aspectos fonológicos. Essa inteligência deve ser capaz de ser codificada num sistema de símbolo – um sistema culturalmente criado e ter significado, que possa capturar e transmitir formas importantes de informações (GARDNER, 2000).

Caracterização da faixa etária

    A faixa etária envolvida neste trabalho envolveu crianças da terceira infância, se preocupando com o processo de aprendizagem, que pretende levar ao encontro o objetivo traçado com a característica do desenvolvimento cognitivo e de inteligências e afetivo social, respeitando ao máximo a individualidade de cada criança Fernandes (2005).De modo, que para á natação, é fundamental visualizar as características dessa fase de desenvolvimento, até por questão de organização e delimitação de procedimentos, com o objetivo de auxiliar na formulação de aulas mais adequado às necessidades das crianças.

    Vale ressaltar que o desmembramento do organismo humano facilita a compreensão do seu processo como sendo único e que cada parte do mesmo (motor, cognitivo, afetivo e social) é importante para seu funcionamento moral. Essa faixa etária abordada é caracterizada por aumentos lentos, porém estáveis, na altura e no peso, e por um processo em direção a maior organização dos sistemas sensorial e motor. (GALAHUE, 2001)

Qual a ordem que os quatros nados devem ser ensinados?

    Segundo Mansoldo (1996), seria o crawl o primeiro nado, o segundo nado abordado deve ser o nado costas, pois no seu processo pedagógico podem ser utilizadas muitas conquistas alcançadas no nado crawl muitas posições aprendidas no ensino do nado crawl são aproveitadas total ou parcialmente para ensinar o nado costas, muitas das vezes fazendo apenas pequenas adaptações referentes principalmente à mudança de decúbito (da posição de barriga para baixo para a posição de costas propriamente dita). Cientificamente, esse fenômeno de aproveitamento de movimento já aprendido é denominado transferência de aprendizagem.

    Quanto ao terceiro nado, seria o nado borboleta, porque não só possui respiração técnica com fase submersa, como também é um nado de grande momento de força, exige do praticante grande empenho e potência, alem de um grande intervalo inercial, o que compromete a continuidade propulsiva, notadamente das braçadas. Em sua técnica de movimentação de braços e pernas, a uma grande semelhança com o nado crawl, única diferença é que no nado borboleta a braçada e pernada são simultâneas, que no nado crawl elas são alternadas.

    O nado de peito, dessa maneira, fica sendo o ultimo a ser ensinado, tendo como pressuposto básico a sua alta complexidade de movimento e coordenação devido essas dificuldades do nado peito ser maior que as dos outros nados, e é passado para o aluno quando ele já possui um razoável desenvolvimento físico, motor e até cognitivo, fruto do aprendizado dos outros nados. (MANSOLDO, 1996).

Conclusão

    Com base nos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que atividades lúdicas na natação além de despertar prazer auxiliam no desenvolvimento da criança como um todo. O elemento lúdico inserido nas atividades aquáticas surge como um facilitador da aprendizagem promovendo aulas atrativas e prazerosas que auxiliam na autonomia e na independência. O lúdico traz a motivação, que é a geradora de emoções positivas, possibilitando a prática de atividades físicas na rotina das crianças.

    No inicio do estágio percebemos uma aplicação menor de atividades lúdicas durante as aulas, porém após a introdução dessas atividades, houve uma melhora no rendimento das aulas. As atividades e a forma de descrever as mesmas ficaram mais atrativas, onde a fantasia e o mundo irreal foram colocados as crianças.

    Falas como: “vamos pegar o peixinho e a estrelinha pra fazer a braçada do nado crawl”, “olha a estrelinha lá no céu e respira”, “vamos dar um OI para o peixinho lá no fundo”, “você viu o peixinho lá no fundo?”, foram utilizadas e tiveram ótimos resultados, onde as crianças correspondiam e executavam as atividades. Ludicidade e o ensino da natação podem e devem andar juntos, assim, um resultado de aprendizado completo será alcançado.

Referências

  • CATTEAU, R. GAROFF, G. O Ensino da Natação 3º edição. São Paulo. Manole. 1990.

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  • GARDNER. H, Inteligência Múltiplas; Porto Alegre: Artmed, 2000.

  • MAGLISCHO, E. W. Nadando Ainda Mais Rápido. São Paulo. Manole. 1999.

  • MAKARENKO, L. P. Natação: Seleção de Talentos e Iniciação Desportiva. Porto Alegre. Artmed. 2001.

  • MANSOLDO, A.C. A iniciação dos quatro nados. São Paulo. Ícone, 1996.

  • PILETTI, N. Psicologia Educacional; São Paulo, Atica, 1995.

  • PEREIRA, M. D. O mundo da fantasia e o meio líquido: processo de ensino aprendizagem da natação e sua relação com o faz-de-conta, através de aulas temáticas. Campinas, SP: [s.n.], 2001.

  • SILVA, J. G ; SANTOS, L.G; VIEIRA, R.C.C; A Utilização da Natação Lúdica na Perda de Peso em Crianças com Sobrepeso da Escola de Natação Atlanta da Cidade de Quirinópolis – Go. IV Congresso Centro Oeste de Ciências do Esporte – CONCOCE 2010.

  • DARIDO, S.C., RANGEL, I.C.A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  • DARIDO, S. C.; SOUZA JUNIOR, O. M. Para ensinar educação física: Possibilidades de intervenção na escola. 4ª ed. São Paulo: Papirus, 2010.

  • WILLIRICH, A.; AZEVEDO, C. C. F., FERNANDES, J. O. Desenvolvimento Motor n Infância: influência dos fatores de risco e intervenção. Rev. Neurocienc, Porto Alegre, 2008.

  • VENDITTI JÚNIOR, R.; SANTIAGO, V. Ludicidade, diversão e motivação como mediadores da aprendizagem infantil em natação: propostas para iniciação em atividades aquáticas com crianças de 3 a 6 anos. EFDepotes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 117, 2008. http://www.efdeportes.com/efd117/iniciacao-em-atividades-aquaticas-com-criancas-de-3-a-6-anos.htm

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