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Avaliação antropométrica de pré-escolares de uma 

creche do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Evaluación antropométrica de pre-escolares de un jardín maternal del municipio de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

 

*Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Cerrado, Patrocínio (UNICERP)
e Nutricionista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI)

**Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Cerrado – Patrocínio (UNICERP)

Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva

pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI)

***Nutricionistas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

****Nutricionista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestranda

em Biotecnologia pelo Núcleo de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFOP

(Brasil)

Ademar Gonçalves Caixeta Neto*

Andréa Caixeta Gonçalves**

Fernanda Machado de Sá Ferreira***

Rose Aline da Silveira Viana***

Rosane Monteiro Chaves***

Vanesa Silva Monteiro***

Simone Gonzaga do Carmo****

ademarcaixeta@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A obesidade infantil está associada com alterações endocrinológicas, cardiovasculares, respiratórias e musculoesqueléticas, podendo interferir também no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças e aumentar o risco de morbimortalidade na fase adulta. Neste contexto, objetivo deste trabalho foi realizar avaliação antropométrica de pré-escolares de uma creche do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Foi realizado estudo epidemiológico de delineamento transversal com 13 crianças, com idades entre 41 e 54 meses, atendidas em uma creche municipal de Ouro Preto-MG. Foram aferidos peso e estatura, sendo utilizados os índices de estatura/idade (E/I), peso/idade (P/I), peso/estatura (P/E) e índice de massa corporal/idade (IMC/I) para classificação do estado nutricional das crianças, realizada segundo os pontos de corte propostos pela Organização Mundial de Saúde (2006). Todos os pré-escolares se encontravam com peso e estatura adequados para a idade. Observou-se também que grande parte das crianças estava eutrófica tanto pelo índice P/E (83.33%) quanto para IMC/I (66.66%).

          Unitermos: Antropometria. Pré-Escolares.

 

          Resumo do trabalho aceito para apresentação no XVII Congresso Brasileiro de Nutrologia, São Paulo, Brasil, 25 a 27 de Setembro de 2013.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, as creches e pré-escolas têm como finalidade o atendimento em educação infantil, no que diz respeito ao desenvolvimento intelectual, social e emocional. 

    Sendo assim, as creches desempenham papel importante para significativa parcela da população, uma vez que as crianças permanecem nestas instituições por períodos de oito a dez horas por dia, em conseqüência das extensas jornadas de trabalho desempenhadas por seus pais e/ou responsáveis. Durante este tempo, além da orientação psicopedagógica, recebem aproximadamente 65% de suas necessidades nutricionais, portanto, é necessário que a alimentação e os cuidados oferecidos satisfaçam suas necessidades e influenciem positivamente o estado nutricional e o desenvolvimento neuropsicomotor das mesmas (BISCEGLI et al., 2007).

    A obesidade infantil está associada com alterações endocrinológicas, cardiovasculares, respiratórias e musculoesqueléticas, podendo interferir também no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças e aumentar o risco de morbimortalidade na fase adulta, o que torna importante uma avaliação nutricional precisa desta população no sentido de identificar a magnitude, o comportamento e os determinantes dos agravos nutricionais, assim como identificar os grupos de risco e as intervenções adequadas (RIBAS et al., 1999; MELLO et al., 2004; BERLEZA et al., 2007).

    Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de desvios nutricionais entre pré-escolares de uma creche do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de delineamento transversal realizado em outubro de 2010, como critério parcial para aprovação na disciplina de Avaliação Nutricional I da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e conduzido com 13 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 41 e 54 meses, atendidas em uma creche municipal de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

    Para aferição da estatura foi utilizado estadiomêtro alturaexata® para crianças acima de 110 cm e antropômetro infantil para as crianças com altura inferior a 110 cm.

    O peso das crianças com menos de 16 kg foi obtido por meio de balança infantil digital FILIZOLA®, ao passo que para aquelas com peso igual ou superior a 16 kg utilizou-se balança manual da mesma marca.

    A partir dos valores de peso e altura, calculou-se o índice de massa corporal (IMC).

    A análise dos índices peso/idade (P/I), peso/estatura (P/E), estatura/idade (E/I) e índice de massa corporal/idade (IMC/I) foi feita pelo critério do escore-Z, sendo o estado nutricional dos pré-escolares classificado conforme os pontos de corte estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (2006).

    A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas nos programa PASW 17.0. Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis estudadas foi realizada distribuição de freqüência das variáveis categóricas e estatística descritiva das varáveis contínuas com valores de média, mínimo e máximo, sendo os resultados descritos por meio de gráficos e de forma dissertativa.

    Em relação às questões éticas, esta pesquisa foi autorizada pela direção da creche e acompanhou as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, tendo participado da mesma, somente crianças cujos pais e/ou responsáveis assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando com a participação destas.

Resultados e discussão

    Conforme descrito no gráfico 1, houve leve predomínio de crianças do sexo masculino (53.84%), perfil semelhante ao observado em estudo realizado em uma creche em Duque de Caxias-RJ, com 33 crianças, das quais 51.5% eram sexo masculino (SANTOS & LEÃO, 2008). Outro trabalho realizado em Cascavel-PR, com 488 crianças, apresenta uma pequena inversão em relação ao nosso estudo, uma vez que 48.9% da amostra era do sexo masculino e 51.1% do sexo feminino (SUZIN et al., 2012).

Gráfico 1. Porcentagem de crianças por sexo

    A idade das crianças variou entre 41 e 54 meses, sendo a idade média em meses de 51.3 para as meninas e 48 para os meninos (49.65 no total), intervalo dentro do encontrado em outros estudos como o de Santos e Leão (2008), no qual 82% das crianças se encontravam na faixa etária entre 33 e 59 meses. Em outro trabalho conduzido por Tuma et al. (2005), 92.2% dos avaliados tinha idades entre 24 e 71 meses. Suzin et al. (2012) trabalharam apenas com crianças de 60 a 72 meses de idade.

    O peso/altura mínimo e máximo observados foram de 14.9Kg/94cm e 20.4kg/102.6cm, respectivamente. O peso médio foi 16.55Kg e altura média de 102.6cm. Santos e Leão (2008) observaram que de um total de 33 crianças, 52% se encontravam na faixa de peso entre 11.6 e 16.8Kg, sendo que os outros 48% estavam com peso variando entre 17.4 e 26.2Kg; segundo a estatura, 91% das crianças tinham entre 90.5 e 112cm.

    Em relação ao IMC houve variação entre 14.46 e 17.81, com média de 15.83cm (15.41 para o sexo feminino e 16.26cm para o masculino).

    A partir da análise do gráfico 2, é possível observar com clareza que tanto o índice de peso por idade (P/I) quanto à estatura por idade (E/I) estão adequados para todas as crianças.

Gráfico 2. Avaliação dos Indicadores antropométricos segundo Escore - Z

    Estes resultados divergem de estudo realizado com 19 crianças da cidade de Timóteo-MG, no qual 47.37% apresentaram eutrofia/peso adequado, 42.10% apresentaram risco de desnutrição e 10.53% apresentaram desnutrição, a partir da análise por P/I. Quando avaliadas por E/I, 26.31% estavam com a estatura adequada para a idade, 47.37% estavam com risco de desenvolvimento e 26.32% apresentavam baixa estatura para idade (OLIVEIRA et al., 2008). Trabalho realizado por Santos e Leão (2008) em Duque de Caxias-RJ, apresentou taxas de sobrepeso e obesidade através do índice P/I de aproximadamente 24%, diferentemente do presente estudo. Entretanto é compatível no que se refere à desnutrição e atraso pelos índices E/I e P/I, já que não foi observado nenhum caso nessa condição.

    Em relação ao índice de peso por estatura (P/E) 83.33% das crianças avaliadas apresentaram eutrofia ou peso adequado para estatura, enquanto 16.66% estão com risco de sobrepeso, e, portanto, nenhuma criança apresentou baixo peso ou desnutrição. Estes números demonstram que a prevalência de excesso de peso/estatura ultrapassou a média de outros estudos: Monteiro e Conde (2000) encontraram 4% na cidade de São Paulo-SP; no inquérito nutricional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 1974-1975 foi observado 4.6%; Taddei et al. encontraram prevalências nacionais de 5.5 e 4.1% nos menores de cinco anos avaliados nos inquéritos de 1989 e 1996.

    A análise de outros estudos como o de Corso et al. (2003), realizado em Florianópolis (6.8% de obesidade em menores de 9 anos); a pesquisa feita por Lima e Grillo (2000) em escolas e creches públicas do município de Bombinhas (13% de sobrepeso) e o trabalho de Gigante et al. (2003) realizado em Pelotas (cerca de 10% de sobrepeso), permite vislumbrar a tendência de aumento das prevalências de sobrepeso e obesidade nas crianças brasileiras.

    O perfil antropométrico das crianças avaliadas no presente estudo indica que a prevalência de déficit peso/idade é inferior ao déficit peso/estatura, e se encontra dentro do esperado. O mesmo foi identificado em metanálise de 38 inquéritos antropométricos realizada por Victora et al. (1998), em que os dados se enquadram na distribuição normal para uma população bem nutrida. A prevalência de déficit estatura/idade está abaixo de valores estimados para a Região Centro-Oeste (INAN, 1990) e dos encontrados no grupo de 2096 pré-escolares avaliados por Silva e Sturion (1998), que são de 4.1 e 5.1%, respectivamente.

    Quanto à classificação pelo IMC por idade (IMC/I) 66.66% das crianças estão eutróficas e 33.33% apresentam risco de sobrepeso, semelhante a estudo realizado por Suzin et al. (2012) em Cascavel-PR, no qual a prevalência de eutrofia e excesso de peso foi de 63% e 37%, respectivamente (SUZIN et al., 2011). Por outro lado, estes resultados divergem daqueles observados por Machado et al. (2008), em Trindade-GO, em que aproximadamente 3% das crianças estavam com sobrepeso e 16% com baixo peso. Pereira et al. (2010) verificaram prevalências de baixo peso de 4.5% e sobrepeso de 4.8% entre pré-escolares do Rio de Janeiro-RJ. Frutuoso e Coelho (2011) detectaram observou valores de magreza, eutrofia e excesso de peso de 1.2%, 65.1% e 33.7%, respectivamente, em pesquisa conduzida em Florianópolis-SC.

    Diferenças às vezes significativas encontradas entre este estudo e vários outros encontrados na literatura científica podem ser atribuídas aos padrões de referência utilizados na classificação e diagnóstico nutricional. O padrão adotado para avaliar as crianças da creche foi o da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006), ao passo que todos os estudos anteriores ao ano de 2006 utilizavam o do Center of Desease Control and Prevention (CDC, 2000) e, sobretudo, o do National Center for Health Statistics (NCHS, 1977).

Conclusão

    A partir da análise dos dados obtidos, conclui-se que não há deficiências importantes na população estudada. Contudo, é importante ressaltar que a amostra foi bastante reduzida, o que possivelmente influenciou no resultado. Além disso, trata-se de crianças, em geral, com baixo nível socioeconômico, não sendo pertinente assim estender esses achados para a população de pré-escolares como um todo.

    O aumento da prevalência de obesidade e a diminuição da desnutrição têm sido observado no Brasil, em diferentes regiões e segmentos sociais, o que foi encontrado neste estudo ao verificar a existência de diferenças de perfis nutricionais em pré-escolares da rede pública.

    A ausência de desnutrição nesta população pode ser atribuída a 5 aspectos: expansão da melhoria de condições de saneamento básico; expansão do acesso às condições básicas de saúde; progressos moderados na renda familiar nacional; oferta de programas de suplementação alimentar e esforço da direção da creche em oferecer às crianças uma alimentação relativamente equilibrada, na qual estão incluídos todos os grupos de alimentos.

Referências

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