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Estado nutricional de crianças de cinco e seis anos de idade
das escolas públicas do município de Cascavel, Paraná

Estado nutricional de niños de cinco y seis años de edad de las escuelas públicas del municipio de Cascavel, Paraná

 

*Licenciada e Bacharel em Educação Física

pela Faculdade Assis Gurgacz

**Licenciado em Educação Física

pela Faculdade Assis Gurgacz

***Licenciado e Bacharel em Educação Física

pela Faculdade Assis Gurgacz

Especializando em Educação Física Escolar Lazer

e Recreação na Faculdade Assis Gurgacz

****Mestre em Ciência do Movimento Humano pela

Universidade Federal de Santa Maria

Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela

Faculdade de ciências medicas - UNICAMP

Docente da Faculdade Assis Gurgacz, PR

Meiri Suzin*

Camila Justino de Oliveira Barbeta*

Marcos Robson Silva***

Débora Bourscheid Dorst****

professormarcosrobson@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A literatura aponta que é o fator não genético que mais influencia o desenvolvimento do sistema nervoso central, podendo comprometer as funções intelectuais, motoras e cognitivas do indivíduo. O estado nutricional dentre estes fatores apresenta-se como um aspecto preponderante no desenvolvimento, sendo que crianças com desnutrição podem apresentar um considerável “atraso” no crescimento físico, apresentando diversos problemas de assimilação do conhecimento na escola e até mesmo no desenvolvimento motor. Assim, este estudo justifica-se na medida da necessidade de estudar a estado nutricional de uma população, a fim de contribuir com a saúde e qualidade de vida futura de crianças, servindo como suporte de prevenção. Para tanto, o objetivo do presente estudo foi verificar o estado nutricional de crianças de 5 e 6 anos de idade das escolas públicas do Município de Cascavel- Paraná. Trata-se de um estudo descritivo transversal, realizado em 11 escolas públicas com crianças do pré-escolar e primeiro ano do ensino fundamental do Município de Cascavel – Paraná. A amostra contou com 488 crianças sendo 107 de 5 anos e 132 de 6 anos de idade de ambos os sexos que estão devidamente matriculadas nas escolas. Como instrumento de pesquisa para verificação do estado nutricional utilizou-se a aferição de massa corporal (MC) que foi determinada através de uma balança antropométrica digital, marca Filizola, graduada de 0 a 150 kg, com precisão de 0,1 kg de acordo com os procedimentos descritos por Guedes e Guedes, (2007). Para a verificação da estatura (E), utilizou-se um estadiômetro de madeira, com escala de precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Guedes e Guedes (2007). Para a identificação do índice de massa corporal (IMC) foi utilizado a classificação para idade do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Center for Disease Control and Prevention - CDC) estabeleceu o índice de massa corporal (IMC) ideal para crianças entre os 2 e os 20 anos de idade: Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, mediante a análise das freqüências simples e percentuais, desvio padrão, valores mínimo e máximo, média. Utilizou-se o programa SPSS 13.0. Para as análises foi adotado p ≤ 0,05, como fator de significância. Das 488 crianças avaliadas, 297 (61%) foram consideradas eutróficas. Essa prevalência permanece ao ser analisado separadamente o sexo masculino e feminino. A incidência de obesos e com sobrepeso representam 20% e 19% respectivamente. Conclui-se que o consumo de uma alimentação balanceada associada a atividade física é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, podendo prevenir doenças e deficiências motoras e de aprendizado.

          Unitermos: Estado nutricional. Medidas antropométricas. Crianças.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A nutrição é, quiçá, o fator ubíquo que afeta o crescimento, a saúde e o desenvolvimento. (DIAMENT, CYPEL, 1996). De acordo com a literatura o crescimento é um processo biológico, de multiplicação e aumento de tamanho celular, expresso pelo aumento de tamanho corporal. Todo indivíduo nasce com um potencial genético de crescimento, que poderá ou não ser atingido, dependendo das condições de vida e que esteja submetido desde a concepção até a idade adulta.

    O crescimento sofre influências de fatores intrínsecos (genéticos, metabólicos e malformações, muitas vezes correlacionados, ou seja, podem ser geneticamente determinadas) e de fatores extrínsecos, dentre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança.

    O acompanhamento da situação nutricional das crianças de um país ou região constitui um instrumento essencial para a aferição das condições de saúde da população infantil. (FERNANDES; GALLO; ADVÍNCULA, 2006). Estes ainda colocam que entre tantos fatores ambientais, a nutrição tem sido um pré-requisito para o crescimento e desenvolvimento. “O crescimento e a saúde adequados dependem da boa nutrição”. (PAPALIA; OLDS, 2000).

    Recentemente, os padrões nutricionais constituem um dos instrumentos mais amplamente utilizados na assistência à saúde da criança, tanto na área clínica quanto no âmbito da saúde pública. (PONTS; PESSOA, 2006). Diversos estudos têm mostrado que várias regiões do Brasil estão passando por uma transição epidemiológica nutricional, com queda da prevalência da desnutrição, melhoria do crescimento e presença crescente de obesidade nas crianças. (SCHOEPS; LEONE; SILVA; SALGADO; GODOY, 2002).

    Segundo Biscegli Polis e Santos, (2007), o estado nutricional é conseqüência de vários fatores, de modo que é importante a influência exercida pelo meio ambiente. Cita-se ainda que a vigilância nutricional faz-se necessária devido a prevalência de distúrbios como a desnutrição e a obesidade, principalmente em países em fase de desenvolvimento. A literatura ainda aponta que, existem vários fatores à gênese da desnutrição, como: A desnutrição intra-uterina, a desnutrição pós- natal, a prematuridade, o abandono precoce do aleitamento materno, as infecções repetidas, além do fraco vínculo mãe-filho.

    Já em 1989, “A pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN)”, revelou que 31% das crianças brasileiras menores de cinco anos apresentavam alguma forma de desnutrição e que o déficit mais freqüente estava na relação altura/ idade, o que indicava um predomínio de desnutrição crônica.

    Pesquisas ainda revelam que a percentagem de crianças menores de cinco anos com peso abaixo do esperado para a idade é de 14% nas Américas, 26% na África e 89% na Ásia. Ao todo, são 117 milhões de crianças desnutridas ao redor do mundo (SOARES, GUIMARÃES, SAMPAIO, ALMEIDA E COELHO, 2000). Por sua vez em 1992, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que a desnutrição crônica atinge 15,4% das crianças menores de cinco anos, sendo que o maior contingente encontra-se nas regiões Norte (23,0%) e Nordeste (27,3%).

    Assim este estudo justifica-se na medida da necessidade de estudar o estado nutricional de uma população, a fim de contribuir com a saúde e qualidade de vida futura das crianças, servindo como suporte de prevenção.

    Para tanto o objetivo do presente estudo foi verificar o estado nutricional de crianças de 4 e 5 anos de idade de ambos os sexos das escolas públicas do Município de Cascavel - Paraná.

Materiais e métodos

    Todos os procedimentos da pesquisa estão de acordo com as técnicas adequadas descritas na literatura e não implicaram em qualquer risco físico, psicológico ou moral ou prejuízo aos indivíduos participantes. Portanto, o estudo cumpriu as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos” (196/96) editadas pela Comissão Nacional de Saúde. Este estudo obteve o aceite do comitê de ética em pesquisas com seres humanos da universidade do oeste do Paraná (UNIOESTE), com o protocolo 13762-2004.

    Foi encaminhado a cada criança devidamente matriculada nas escolas, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que foi devidamente preenchido e assinado pelos pais ou responsável pela criança.

    Os escolares foram avaliados individualmente, na própria escola durante o horário normal de freqüência do aluno na escola, nos dias combinado com a direção do estabelecimento, sem prejuízo às aulas. Para a coleta de dados os escolares foram orientados para se apresentarem com o mínimo de vestimentas possíveis (camiseta e bermuda, roupa de banho).

    Trata-se de um estudo descritivo transversal, realizado em 11 escolas públicas com crianças do pré-escolar e primeiro ano do ensino fundamental do Município de Cascavel – Paraná. A amostra contou com 488 crianças sendo 107 de 5 anos e 132 de 6 anos de idade de ambos os sexos que estão devidamente matriculadas nas escolas.

    Como instrumento de pesquisa para verificação do estado nutricional utilizou-se a aferição de massa corporal (MC) que foi determinada através de uma balança antropométrica digital, marca Filizola, graduada de 0 a 150 kg, com precisão de 0,1 kg de acordo com os procedimentos descritos por Guedes e Guedes, (2007),

    Para a verificação da estatura (E), utilizou-se um estadiômetro de madeira, com escala de precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Guedes e Guedes (2007). Para a identificação do índice de massa corporal (IMC) foi utilizado a classificação para idade do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Center for Disease Control and Prevention - CDC) estabeleceu o índice de massa corporal (IMC) ideal para crianças entre os 2 e os 20 anos de idade:

Resultados

    Foram avaliados 488 crianças na faixa etária dos 5 e 6 anos de idade estudantes do pré-escolar e primeiro ano do ensino fundamental das escolas municipais do município de Cascavel, onde a distribuição da amostra de acordo com o sexo e a faixa etária pode ser visualizada na tabela 1.

Tabela 1. Constituição da amostra por faixa etária e sexo

    Pode-se observar que a amostra foi constituída de maneira uniforme, com leve prevalência de indivíduos do sexo feminino que representaram 51,1% do total.

    Na tabela 2 pode-se observar a distribuição da amostra de acordo com a avaliação nutricional e o sexo, independente da faixa etária.

    Das 488 crianças avaliadas, 297 (61%) foram consideradas eutróficas. Essa prevalência permanece ao ser analisado separadamente o sexo masculino e feminino. A incidência de obesos e com sobrepeso representam 20% e 19% respectivamente.

Tabela 2. Distribuição da amostra de acordo com a avaliação nutricional e o sexo

Referência: (Center for Disease Control and Prevention – CDC-NCHS, 2002) estabeleceu o índice de massa corporal (IMC) ideal para crianças entre os 2 e os 20 anos de idade

    Na tabela 3 é apresentada a distribuição da amostra aos 5 anos de idade de acordo com o sexo e a avaliação nutricional.

Tabela 3. Distribuição da amostra aos 5 anos de idade segundo o sexo e a avaliação nutricional

    A análise da classificação da amostra aos 5 anos de idade demonstra que entre as 218 crianças, a prevalência é de eutróficas com 59% (129), seguido por crianças com sobrepeso 21%(46) e obesas com 20% (43). Entre o sexo feminino e também entre as crianças do sexo masculino permanece a prevalência de crianças eutróficas, conforme apresentado na tabela 3.

    Na tabela 4 apresenta-se a distribuição da amostra na faixa etária de 6 anos de idade segundo a avaliação nutricional e o sexo.

Tabela 4. Distribuição da amostra aos 6 anos conforme avaliação nutricional segundo o sexo

    Considerando-se o total de 270 crianças com 6 anos de idade, a prevalência é de crianças eutróficas com 62% (168), seguido por crianças obesas 21%(57) e com sobrepeso 17% (45). Entre o sexo feminino e também entre as crianças do sexo masculino permanece a prevalência de crianças eutróficas.

Discussão dos resultados

    A desnutrição é ainda um problema de saúde pública no Brasil, apesar do declínio de sua prevalência mostrado em estudos nacionais. (BATISTA, SILVA, ALMEIDA, RODRIGUES, ALVES, 2004).

    Na maior parte dos estudos realizados onde o foco é desnutrição, geralmente está vinculada a pobreza, mas no caso desse estudo, nas escolas públicas de Cascavel devido as escola avaliada estarem presentes na zona urbana da cidade e por cascavel ter um nível-sócio econômico razoável o resultado foi o inverso, onde o índice geral da amostra apresentou 19% para sobrepeso e 20% de obesidade.

    A obesidade infantil atinge no Brasil entre 7% e 15% das crianças, dependendo da região (IBGE, 2004). Na região Centro–Oeste, segundo o IBGE (2004), a prevalência de obesidade infantil em crianças dos sexos masculino e feminino são, respectivamente, 8.6% e 10,6%.

    Em relação a amostra total (488 crianças de 5 e 6 anos de idade) do sexo feminino está com 63% de crianças eutróficas, já o sexo masculino 58%, ou seja, com índice maior de sobrepeso e obesidade com relação ao sexo feminino.

    Quando verificou-se o estado nutricional das crianças de 5 anos de idade, observa-se a prevalência de sobrepeso para o sexo feminino (23% para 20% do sexo masculino) e obesidade para o sexo masculino (21% para 18% do sexo feminino). Já quando verificado o estado nutricional da amostra de 6 anos de idade há uma diferença de 9% de crianças de sexo feminino consideradas eutróficas, em relação ao sexo masculino, que por sua vez, teve índice de sobrepeso e obesidade maior em relação ao sexo feminino.(Sobrepeso 20% para 14% do sexo feminino e obesidade 23% para 20% do sexo feminino) Já em um estudo realizado na cidade de Santos em São Paulo a prevalência de sobrepeso e obesidade foi nas meninas de escolas públicas, 14,8% (13,7% a 15,9%) e 13,7% (12,6% a 14,8%) nos meninos.

    Contando com tais dados obtidos mediante à pesquisa, é possível observar com clareza que o estado nutricional é considerado um forte problema não apenas como na maioria dos estudos é esperado, onde o foco é a falta de alimentos necessariamente nutritivos, ou simplesmente a falta do número necessário de refeições no dia, o problema encontrado foi uma nutrição excessivamente incorreta, as crianças avaliadas têm acesso a boa alimentação, mas isso é usufruído de forma incorreta. Isto é refletido através dos dados, onde 61% são eutróficas das crianças avaliadas, 19% estão com índice de sobrepeso e 20% com índice de obesidade.

    Estudos sobre a alimentação e o estado nutricional de crianças de três a nove anos, mostraram que estão freqüentemente relacionados com a ingestão alimentar da família ou com o nível sócio-econômico da mesma, estes interferem diretamente na saúde da criança. (DOMINGUES e MAGRO, 2007). No caso este estudo não objetivou a investigação do nível sócio-econômico e qualidade alimentar da amostra.

    Em um estudo realizado no Município de Londrina (PR) por Guedes e Guedes em 1998, observou-se a prevalência de sobrepeso e obesidade encontrada em crianças e adolescentes, essa tendência é preocupante, principalmente com as crianças, já que possivelmente se não houver mudança nos hábitos de tais sujeitos essa proporção de crianças obesas vão se tornar adultos obesos.

    Escolares e pré-escolares de escolas públicas de Cascavel, não foram encontrados com desnutrição, e sim níveis de obesidade e sobrepeso, principalmente em meninos, o que se torna ainda mais preocupante considerando que 48,9% da amostra são do sexo masculino enquanto que 51,1% são do sexo feminino. Vale ressaltar que se somado as os percentuais de sobrepeso e obesidade o índice de crianças com risco de doenças crônico degenerativas futuros torna-se preocupante, sendo necessário providências de saúde pública para que não se estabeleça epidemia entre as crianças desta população.

Conclusão

    O estudo teve como objetivo avaliar 488 crianças de 5 e 6 anos de idade de 11 escolas públicas do município de Cascavel – Paraná. Das 488 crianças avaliadas, 297 (61%) foram consideradas eutróficas. Essa prevalência permanece ao ser analisado separadamente o sexo masculino e feminino. A incidência de obesos e com sobrepeso representam 20% e 19% respectivamente. Ressaltando que os meninos apresentaram maior índice para sobrepeso e obesidade.

    Conclui-se que o consumo de uma alimentação balanceada associada à atividade física é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, podendo prevenir doenças e deficiências motoras e de aprendizado.

    Ainda, nota-se a necessidade de atividades físicas com maior freqüência durante a semana, que no caso atualmente ocorre apenas uma vez por semana. Torna-se necessário ainda que professores de Educação Física almejem mais do que o lúdico, objetivando atividades vinculadas à saúde, trabalhando a motricidade por meio de habilidade e capacidades Físicas.

Referências

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