efdeportes.com

Incidência de fratura por estresse em dançarinos 

e a necessidade de intervenção fisioterapêutica

La incidencia de fractura por estrés en bailarines y la necesidad de intervención fisioterapéutica

Incidence of stress fracture in dancers and the necessity of physicaltherapy intervention

 

*Orientador. Supervisor do Ambulatório de Disfunções Músculo-Esqueléticas do Curso

de Fisioterapia da Faculdade Guilherme Guimbala, FGG, Especialista em Ortopedia

e Traumatologia-FGG. Mestre em Ciências do Movimento Humano, UDESC. Joinville, SC

**Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Faculdade Guilherme Guimbala, FGG

Alisson Guimbala dos Santos Araujo*

Emanuelly Ruiz Diaz**

alisson.araujo@ace.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A dança sempre esteve presente na história da humanidade, sendo utilizada com diversos fins. Na área profissional, entretanto, a dança requer treinamento contínuo e com intensidade progressiva para seus aprendizes. Sabe-se que o esforço exigido por tal prática pode trazer consequências físicas prejudiciais, como a fratura por estresse. O presente trabalho tem como objetivo identificar o local de maior incidência dessa lesão em dançarinos, avaliando a necessidade de atuação fisioterapêutica nessa área. Para a elaboração do estudo foi realizado levantamento bibliográfico em bases de dados oferecidos pela PubMed e SciELO, incluindo artigos na língua portuguesa e inglesa que continham os seguintes critérios: fraturas decorrentes de sobrecargas e movimentos repetitivos em dançarinos. Os resultados apontaram maior prevalência de fratura por estresse em região de membros inferiores, sendo bastante comum sua presença na dança, assim, se faz necessário que haja uma intervenção fisioterapêutica, principalmente visando à profilaxia desta e de outras possíveis lesões músculo-esqueléticas.

          Unitermos: Fratura. Estresse. Dançarinos.

 

Abstract

          The dance has always been present in the history of humanity, being used for different purposes. In professional area, however, the dance requires constant training with progressive intensity for its practitioners. It is known that the effort required by such a practice can have harmful physical consequences, such as stress fracture. The objective of this study was to identify the location of highest incidence of injury in dancers, analyzing the necessity for physiotherapy performance in this area. To produce this study was done a bibliographic search based on data provided by PubMed and SciELO, including English and Portuguese articles that contained the following criteria: fractures from overload and repetitive movements in dancers. The results showed a higher prevalence of stress fracture in the lower members, being fairly common the presence of this injury on dance, so it is necessary a physicaltherapy intervention, primarily for prevention of this and other possible injuries.

          Keywords: Fracture. Stress. Dancers.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O homem sempre teve a dança presente em sua história, sendo esta utilizada como parte da sua cultura, significando poder e um meio de sedução. Ela pode estar relacionada a rituais sagrados, comemorações e a arte (GREGO et al., 2006). Para Kadel (2006, p. 813), “a dança é a arte que combina atletismo com talento artístico”.

    Já no âmbito profissional, a dança requer treinamento diário, tendo de início exercícios mais simples e progredindo na intensidade e técnicas com o passar do tempo, influenciando fisicamente características como condicionamento, flexibilidade, coordenação e agilidade (CAMARGO; GHIROTTO, 2003).

    Sabe-se que o tecido ósseo está em constante atividade metabólica e seu equilíbrio provém do balanço entre a lise e a reposição. Porém, ultimamente, esportes como a dança vem submetendo o esqueleto humano a sobrecargas extras, ultrapassando o limite fisio-histológico dos ossos (KEMPFER et al., 2004).

    Estudos mostram que quando o osso é submetido a esforços dentro do seu limite para suportá-los, sofre uma modificação elástica, retomando sua forma histológica assim que a demanda cessa. Contudo, quando a demanda de esforço não é interrompida, ultrapassando seu limite normal, ocorre uma modificação plástica, não havendo mais o retorno ao seu estado de origem. Se as exigências permanecerem, surgem microfraturas, mais conhecidas como fraturas por estresse (KEMPFER et al., 2004).

    A fratura por estresse é considerada uma lesão comum na medicina esportiva. Isso, devido a movimentos repetitivos e ao contínuo tensionamento muscular sobre o osso (BERTOLINI et al., 2011). Queen et al. (2009), também consideram a fratura por estresse comum no atletismo e, ainda, referem maior prevalência desse tipo de lesão em mulheres, apesar de não ter se identificado na literatura atual razões para tal diferença de gêneros.

    Chamaa et al. (2010), confirmam que essa fratura se dá pela acelerada remodelação óssea em resposta a uma sobrecarga repetida de determinada região do corpo. Além disso, a etiologia dessa lesão é multifatorial, estando seu local de maior acometimento diretamente relacionado com o tipo de esporte praticado (DRONBINDT et al., 2012).

    De acordo com Miyamoto et al. (2009), o tratamento para fraturas por stress da tíbia em dançarinos de elite baseia-se em repouso e mudança de atividade. Em alguns casos a intervenção cirúrgica interfere de forma importante na carreira desses profissionais. Um dos grandes problemas quanto ao tratamento de atletas com esse tipo de lesão é o tempo que se leva para alcançar a total recuperação (CASTROPIL, 2006). Brockwell et al. (2009), afirmam o que o diagnóstico precoce, normalmente, permite um tratamento mais simples e uma recuperação mais rápida.

    Von Mühlen et al. (2009), observaram a importância da atuação fisioterapêutica devido a elevada prevalência e intensidade de dor nos dançarinos, sendo assim, o cuidado antes, durante e depois da prática da dança é de extrema importância para prevenção dessas fraturas, tendo o presente trabalho como objetivo identificar o local de maior incidência da lesão e verificar a necessidade de intervenção fisioterapêutica na prevenção da fratura por estresse em dançarinos.

Metodologia

    Com base nos dados oferecidos pela PubMed e SciELO, de 2001 a 2012, realizou-se busca eletrônica desde 01 de novembro de 2011 a 10 de agosto de 2012, abordando as seguintes palavras-chaves: fratura, estresse e dançarinos. Neste estudo foram incluídos artigos que continham os seguintes critérios: fraturas decorrentes de sobrecargas e movimentos repetitivos, tanto na língua portuguesa como na inglesa.

    Os trabalhos foram analisados e todos continham os itens necessários para estudo. O conteúdo dos artigos foi avaliado e não se encontrou divergência entre eles. O assunto abordado nos artigos pesquisados deveria conter informações relacionadas ao tema explanado e que fosse possível comparar com os demais artigos para que tivessem condições de ser incluídos na presente revisão.

Resultados

    Dos 19 artigos encontrados, apenas 2 apresentavam pesquisa de campo com dançarinos profissionais e 4 são revisões bibliográficas sobre a incidência de lesões, incluindo fratura por estresse, na dança.

    A tabela I apresenta os dados dos estudos selecionados, tendo respectivamente autor, objetivo, metodologia e conclusão.

Tabela I. Incidência de Fratura por Estresse: objetivo, metodologia e conclusão

Discussão

    Os artigos relacionados apresentaram variações quanto ao número de participantes dos grupos, formando um total de 155 pessoas estudadas em campo na soma de dois artigos. Nestes dois artigos de Grego et al. (2006) e Haas et al. (2012), as amostras foram subdivididas em três grupos e o restante dos artigos não obtiveram supervisão.

    No estudo realizado por Grego et al. (2006), observou-se a ocorrência de distúrbios músculo-esqueléticos em bailarinos com relação a estudantes de educação física. Foram selecionadas 83 meninas entre 12 e 17 anos de idade, divididas em três grupos: o primeiro de bailarinas clássicas, composto por 27 participantes, sendo que a maioria praticava quatro ou mais aulas semanais com duração de 90 minutos; o segundo de bailarinas não clássicas, composto por 10 dançarinas de jazz e 9 de street dance com duas aulas semanais durando 90 minutos para a maioria e, o terceiro grupo formado por 37 escolares que não praticavam aulas de dança, mas que eram alunas de educação física e não apresentavam restrições por problemas de saúde, praticando três aulas por semana de 50 minutos cada.

    Ao final desse estudo observou-se que as bailarinas clássicas apresentaram maior frequência e números de dias com agravos músculo-esqueléticos. A região do corpo mais comprometida foi joelho, podendo a dor estar relacionada aos movimentos repetitivos, causando, assim, a fratura por estresse (GREGO et al., 2006).

    Haas et al. (2012), analisaram a incidência de lesões em bailarinas de ballet clássico e jazz, dividindo 72 dançarinas em três grupos: grupo jazz, composto por 26 dançarinas com idade média de 21 (±3) anos, praticando entre 2 (±2) vezes por semana e tendo no mínimo um ano de experiência em jazz; grupo jazz/ballet contendo 28 dançarinas com idade média de 20 (±5) anos, praticando entre 3 (±1) vezes semanais e tendo no mínimo um ano de experiência em ballet clássico e jazz; grupo ballet, constituído por 18 bailarinas com idade média de 16 (±3) anos e praticando entre 3 (±1) vezes por semana e, com, no mínimo, experiência de quatro anos em ballet clássico.

    Verificou-se no estudo, maior incidência de lesões em membros inferiores no momento das aulas, acometendo mais frequentemente as bailarinas clássicas. O atendimento médico foi escolhido pela maioria das dançarinas lesionadas, que foram diagnosticadas e realizaram o tratamento indicado, entretanto, a dor permaneceu em algumas delas mesmo após o tratamento (HAAS et al., 2012).

    Monteiro e Grego (2003), apresentaram o conceito, os sintomas, a causa situacional e o tratamento de lesões na dança através de uma revisão bibliográfica. No que se diz respeito à fratura por estresse, é citada como sendo mais frequente na região de tornozelos e tendo como fatores de risco, além dos movimentos repetitivos, o piso pouco flexível e o mau condicionamento físico. O artigo ainda descreve o repouso como tratamento mais eficaz.

    Já Guimarães e Simas (2001), elucidaram as possíveis lesões que podem acometer bailarinos clássicos por meio de revisão bibliográfica. Concluindo que o ballet apresenta um conjunto próprio de lesões associadas, ocorrendo com maior frequência nos pés e tornozelos, em seguida de joelhos e por fim nos membros superiores.

    Outro estudo relacionado aos aspectos das lesões na dança concluiu que é comum, na prática da dança, o estresse de determinadas estruturas corporais devido ao seu constante uso. Os treinos ocorrem de forma repetitiva e excessiva, sendo executados constantemente movimentos como flexão, extensão e rotação, sendo os membros inferiores os mais atingidos pelas lesões (CAMARGO; GHIROTTO, 2003).

    Von Mühlen et al. (2009), buscaram identificar as regiões dolorosas e com maior frequência de lesões no ballet clássico. Sua revisão bibliográfica incluiu artigos publicados entre os anos de 2003 a 2008. Observou-se que, no caso das lesões, houve variação das regiões mais acometidas conforme os estudos entre joelho e tornozelo. Concluindo que, devido à alta prevalência e intensidade de dor nos bailarinos, faz-se necessário a intervenção fisioterápica tanto para prevenir como também para reabilitar.

    Além dos artigos descritos acima, Kadel (2006), Dore e Guerra (2007), Syllos (2008), Krause e Oliveira (2009) e Ducher et al. (2009) referem, durante seus estudos, os membros inferiores como sendo os mais atingidos pelas fraturas por estresse. Alguns dos artigos revisados colocaram entre os fatores de risco para esse tipo de lesão na dança o piso pouco flexível, o uso das sapatilhas de ponta e o mau condicionamento físico e, diversos desses artigos concordaram na opinião de que o tratamento mais eficaz para as fraturas por estresse é o repouso e, ainda mais importante, a prevenção da lesão com conscientização e intervenção fisioterápica.

Conclusão

    De acordo com os diversos artigos avaliados, percebe-se que a dança exige de seus praticantes empenho nos treinos e, consequentemente, grande esforço físico para o desenvolvimento de técnicas e performances variadas.

    A prática regular da dança acarreta em consequências maléficas ao corpo quando o mesmo tem seus limites ultrapassados pela sobrecarga e exercícios repetidos, ocasionando, na maioria das vezes, a fratura por estresse. Sendo que, a maior incidência dessa lesão em dançarinos se dá em membros inferiores. Assim, se faz necessário que haja uma atuação fisioterapêutica, principalmente visando à profilaxia desta e de outras possíveis lesões músculo-esqueléticas encontradas em dançarinos, evitando assim que a fratura por estresse continue sendo comum nessa área.

Referências

  • BERTOLINI, Fabrício Melo; VIEIRA, Rodrigo Barreiros; OLIVEIRA, Lucas Henrique Araújo de; LASMAR, Rodrigo Passe; JUNIOR, Otaviano de Oliveira. Pubis Stress Fracture in a 15-Year-Old Soccer Player. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 46, n. 4, p. 464-7, 2011.

  • BROCKWELL, Jason; YEUNG, Yeung; GRIFFTH, James F. Stress Fractures of the Foot and Ankle. Sports Medicine and Arthroscopy Review, v. 17, n. 3, p. 149-59, set. 2009.

  • CAMARGO, Helena Cristina Ferraz de; GHIROTTO Flávia Maria Serra. Uma Visão da Dança e Suas Lesões. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 32-5, jan.-jun. 2003.

  • CASTROPIL, Wagner. Valor Diagnóstico e Prognóstico dos Métodos de Imagem na Fratura de Estresse da Tíbia: correlação clínico-radiológica. Tese (Doutorado em Radiologia). 2006. 108 f. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

  • CHAMMAA, Ramsey; MILLER, David; DATTA, Praveen; MCCLELLAND, Damian. Coracoid Stress Fracture With Late Instability. The American Journal of Sports Medicine, Staffordshire, v. 38, n. 11, p. 2328-30, nov. 2010.

  • DORE, Bianca Fontes; GUERRA, Ricardo Oliveira. Sintomatologia Dolorosa e Fatores Associados em Bailarinos Profissionais. Revista Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, Natal, v. 13, n. 2, p. 77-80, mar.-abr. 2007.

  • DROBINDIT, Oliver; HOFFMEYER, Birgit; RUF Juri; SEIDENSTICKER, Max; STEFFEN, Ingo G.; FISCHBACH, Frank; et al. Estimation of return-to-sports-time for athletes with stress fracture: an approach combining risk level of fracture site with severity based on imaging. BMC Musculoeskeletal Disorders, v. 13, p. 139, 2012.

  • GREGO, Lia G.; MONTEIRO, Henrique L.; GONÇALVES, Aguinaldo; ARAGON, Flávio F.; PADOVANI, Carlos R. Agravos Músculo-esqueléticos em Bailarinas Clássicas, Não Clássicas e Praticantes de Educação Física. Revista Arquivos de Ciências da Saúde, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 153-61, jul.-set. 2006.

  • GUIMARÃES, Adriana Coutinho de Azevedo; SIMAS, Joseani Paulini Neves. Lesões no Ballet Clássico. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, v. 12, n. 2, p. 89-96, 2011.

  • HAAS, Aline Nogueira; BEVILACQUA, Martina; LOPES, Bibiana de Mello; PIZZO, Juliana Pereira; CARONI, Paula Cristiane Pruss. Incidência de lesões em bailarinos de ballet clássico e dança jazz. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 15, n. 166, mar. 2012. http://www.efdeportes.com/efd166/incidencia-de-lesoes-em-bailarinos.htm

  • KADEL N. J., Foot and Ankle Injuries in Dance. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America, Seatle, v. 17, p. 813-26, 2006.

  • KEMPFER, Luís Gérson; FIGUEIREDO, Andrea Bruno; MACEDO, Sandro Tadeu; ROCHA, Antonio Fernando Gonçalves. Fratura de Estresse e a Medicina Nuclear. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói, v. 10, n. 6, p. 529-31, nov.-dez. 2004.

  • KRAUSE, Josianne da Costa Rodrigues. Respostas Cardiorrespiratórias, Oxidativas e de Lesão Muscular em Bailarinas Após Aulas e Ensaios de Ballet, [dissertação]. Porto Alegre: Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009. 152 p.

  • DUCHER, Gaele; KUKULJAN S.; HILL, B.; et al. Vitamin D Status and Musculoskeletal Health in Adolescent Male Ballet Dancers: A Pilot Study. Journal of Dance Medicine & Science, v. 15, n. 3, p. 99-107, 2011.

  • MIYAMOTTO, Ryan G.; DHOTAR, Herman S.; ROSE, Donald J.; EGOL, Kenneth. Surgical Treatment of Refractory Tibial Stress Fractures in Elite Dancers: A Case Series. The American Journal of Sports Medicine, Vail, v. 37, n. 6, p. 1150-4, jun. 2009.

  • MONTEIRO, Hemrique Luiz; GREGO, Lia Geraldo. As Lesões na Dança: conceitos, sintomas, causa situacional e tratamento. Revista Motriz, Rio Claro, v.9, n.2, p. 63-70, mai.-ago. 2003.

  • QUEEN, Robin. M.; ABBEY, Alicia N.; CHUCKPAIWONG, Bavornrit; NUNLEY, James A. Plantar Loading Comparisons Between Women With a History of Second Metatarsal Stress Fractures and Normal Controls. The American Journal of Sports Medicine, Durham, v. 37, n. 2, p. 390-5, 2009.

  • SYLLOS, Thaís Mendes de Aguiar. O Fortalecimento do Músculo Tibial Anterior na Prevenção da Fratura por Estresse de Tíbia em Maratonistas, [monografia]. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de Almeida; 2008. 44 p.

  • VON MÜHLEN, Pâmela; SANTOS, Claidi; LÖF, Cândida Elisa; PACHECO, Adriana Moré. O Ballet Clássico e as Algias Resultantes Desta Modalidade. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, n. especial, p. 74, nov. 2009.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 177 | Buenos Aires, Febrero de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados