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Avaliação da freqüência de lesões em atletas
de voleibol participantes da Superliga Nacional

Evaluación de la frecuencia de lesiones en jugadores de voleibol participantes de la Superliga Nacional

 

Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam)

Rio de Janeiro, RJ

(Brasil)

Marcos Vinicius Breviglieri Ribeiro

mandelabreviglieri@yahoo.com.br

Glauber Lameira de Oliveira

glauberlaoli@ig.com.br

Talita Adão Perini

talitaperini@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve por objetivo avaliar o tipo de lesão mais freqüente em atletas de voleibol de categoria masculina, bem como o posicionamento em quadra mais vulnerável à sua ocorrência. Para tanto, foram avaliados 104 atletas, de categoria elite de voleibol (27,2 ± 4,6 anos) de diferentes clubes participantes da Superliga 2011/2012, todos do sexo masculino. Para obtenção dos dados acerca da freqüência, prevalência e localização das lesões na amostra optou-se pela aplicação de um questionário de auto-relato, composto de treze perguntas.Ressalta-se que o projeto de pesquisa, foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM),obtendo-se o número de protocolo 209/11.Todos os atletas participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando com todas as etapas da pesquisa. O estudo comprovou que entre as lesões constatadas, as mais freqüentes foram na região do joelho (55,2%) e tornozelo (43,7%). Considerando-se a função técnico-tática e posicionamento em quadra, foi observado que atletas ocupantes das posições ponta e central apresentaram maior freqüência de lesão , com valores percentuais de 26,9% e 22,1% , respectivamente. Estes atletas são, portanto, mais vulneráveis a ocorrência de lesões nesta modalidade esportiva, necessitando de um treinamento eficiente com adoção de medidas preventivas.

          Unitermos: Voleibol. Lesões. Freqüência.

 

Abstract

          The present study aimed to evaluate the type most common injury in volleyball athlete’s male category, and the positioning on the court more vulnerable to its occurrence. Thus, we evaluated 104 athletes of elite volleyball players (27.2 ± 4.6 years) of different clubs participating in the Superliga 2011/2012, all male. To obtain data about the frequency, prevalence and location of lesions in the sample was chosen by applying a self-report questionnaire, consisting of thirteen questions. It is noteworthy the research project was duly approved by the Ethics Committee and Research of the University Center Augusto Motta (UNISUAM), obtaining the number of protocol 209/11. All athletes participating in the study signed a consent form, agreeing with all stages of research. The study found that among the lesions observed, were the most frequent in the knee region (55.2%) and ankle (43.7%). Considering the function and technical-tactical positioning on the court, it was observed that athletes occupants of the edge and center positions had a greater frequency of injury, with percentages of 26.9% and 22.1%, respectively. These athletes are therefore more vulnerable to the occurrence of injuries in this sport, requiring an efficient training with the adoption of preventive measures.

          Keywords: Volleyball. Injuries. Often.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O voleibol, quando criado em 1895 pelo norte-americano Willian Morgan, tinha o objetivo de atender a indivíduos de meia idade, como um esporte de pouca exigência física e sem o contato físico, o que minimizava o risco de lesões (MARQUES JUNIOR & SILVA, 2006). No entanto, esta modalidade passou por inúmeras modificações técnicas e táticas, sendo na atualidade o segundo maior esporte praticado no Brasil (PAIM, 2003).

    No mundo, o voleibol é considerado um dos esportes mais populares, com mais de 200 países membros da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) com aproximadamente 150 milhões de atletas (BAHR et al, 1994).

    No Brasil, as recentes conquistas das seleções nacionais, masculina e feminina, motivaram o aumento no número de adeptos da prática profissional, recreativa e amadora. Contudo, na prática profissional o elevado grau de exigência física, técnica e tática, tem sido associado a ocorrência freqüente de lesões entre seus praticantes (ROSSETTI et al 2012; MINKOFF et al, 1994). Sendo assim, a identificação dos locais mais acometidos por lesões, bem como o perfil do atleta que mais a acomete é de fundamental importância, pois a comissão técnica das equipes de alto rendimento podem elaborar formas de treinamento específicas e adequadas às necessidades de cada atleta, agindo de forma preventiva evitando o aparecimento ou agravamento de uma lesão, quando presente.

    A partir do pressuposto acima, o presente estudo teve por objetivo avaliar o tipo de lesão mais freqüente em atletas de voleibol de categoria masculina, bem como o posicionamento em quadra mais vulnerável à sua ocorrência.

Materiais e métodos

Amostra

    A amostra foi composta por 104 atletas de categoria elite de voleibol (27,2 ± 4,6 anos) de diferentes clubes participantes da Superliga 2011/2012, todos do sexo masculino.

Instrumentos

    Inicialmente foi apresentado o projeto de pesquisa ao clube e comissão técnica de cada equipe a fim de que os mesmos autorizassem a aplicação o estudo. Em seguida, os atletas foram orientados quanto ao objetivo da pesquisa e informados referentes aos procedimentos da coleta e sobre a possibilidade de não participarem, caso não desejassem. Todos os atletas que concordaram em participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), resguardando-se o anonimato e a privacidade dos mesmos.

    Optou-se pela aplicação de um questionário de auto-relato, composto de treze perguntas para obtenção dos dados acerca da freqüência, prevalência e localização das lesões na amostra.

Questões éticas

    O presente estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), obtendo-se o número de protocolo 209/11, cumprindo a determinação da resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196/96, de dez de outubro de 1996.

Análise estatística

    Os cálculos das freqüências de lesões, a estatística descritiva dos dados (média e desvio padrão) foram realizados no programa Statistica para Windows (6.0, 2004), adotando-se significância de p≤ 0,05.

Resultados e discussão

    Estão dispostos abaixo os valores em freqüência geral de lesões entre atletas de voleibol participantes da pesquisa.

Gráfico 1. Freqüência geral de lesões em atletas de voleibol

    Por meio da análise do Gráfico 1 e possível verificar que mais da metade do grupo avaliado apresentou algum tipo de lesão (83,6%). Para Peterson e Renstron (2001), o elevado índice de lesões no voleibol, deve-se às características específicas das ações desta modalidade, como associações de aceleração e desaceleração em movimentos como saltos, viradas, cortadas, bloqueios etc.

    A fim de verificar o posicionamento em quadra que apresentou maior prevalência de lesões foi feita uma análise estratificada e disposta no gráfico 2 , abaixo.

Gráfico 2. Freqüência de lesões em atletas de voleibol nas diferentes posições em quadra

    Por meio da análise do gráfico 2, observa-se que independentemente do tipo de lesão, as posições em quadra que apresentam maior percentual de lesão, e portanto ,são mais vulneráveis nesta modalidade esportiva são os ponteiros seguidos pelos centrais.

    Um estudo realizado por Moraes e Bassedone (2007) com atletas de voleibol da superliga nacional 2002/2003, constatou-se com relação às funções exercidas pelos jogadores e incidência de lesões, que os ponteiros foram os que mais se lesionaram (30,7%), seguidos pelos centrais (27,2%), oposto (21,3%), levantadores (15,6%) e por último o líbero com uma freqüência de 5,2%. Para os autores, esses índices de freqüência podem estar relacionados com a função técnico-tática. O elevado índice apresentado pelos ponteiros, semelhantes ao presente estudo, ratifica tal afirmativa, pois além desses jogadores serem bastante exigidos na rede, são eles junto com o libero, os responsáveis pelo passe, na ação defensiva (recepção) (MORAES & BASSEDONE, 2007). Além disso, podem acumular responsabilidades de grande exigência física, técnica e tática, haja vista que dependendo do seu potencial atlético, podem ainda tornarem-se uma opção ofensiva, mesmo numa posição defensiva (ataque do fundo).

    Um outro fator que pode justificar este resultado deve-se ao fato de os ponteiros possuirem um maior tempo de permanência em quadra, em comparação com os centrais, haja vista que, para as substituições pelos líberos no fundo da quadra, optam-se pelos centrais em detrimento dos ponteiros minimizando seu tempo de jogo.

    A fim de complemetar o estudo optou-se por uma análise detalhada dos tipos de lesões mais comuns em cada posições em quadra, apresentados no gráfico 3.

Gráfico 3. Análise estratificada por posição em quadra entre os atletas de voleibol que apresentaram algum tipo de lesão

    É possível observar que as lesões no joelho (55,2%) seguidas pelo tornozelo (43,7%) são as mais freqüentes entre os atletas no voleibol analisados neste estudo. Além disso, estes tipos de lesões são mais comuns entre os atletas nas posições ponta e central. Este resultado pode estar relacionado ao fato de que os deslocamentos específicos dos atletas ocupantes destas posições estão associados a um maior grau de exigência óssea, articular e muscular.

    Para Briner Junior e Kacmar (1997), os saltos são os maiores causadores de lesão nesta região, sendo a impulsão o momento de maior exigência de esforço da musculatura do atleta de voleibol. Para os autores, o momento da passagem da corrida horizontal para elevação vertical, característico do movimento de cortada, frequente nessas posições é mais propício à lesões.

    No salto, a fadiga muscular associado ao impacto no momento da aterrissagem são grandes causadores das lesões no joelho, já que a fadiga dificulta o amortecimento do impacto gerando maio sobrecarga nos membros inferiores (UGRINOWITSH & BARTANTI, 1998). Para Marques Junior e Silva (2006), o salto representa 63% das contusões desse desporto em quadra.

    Os resultados obtidos por um estudo realizado por Arena (2005), no voleibol masculino, a lesão mais comum foi a tendinite, principalmente , na região do joelho, sendo a posição de central mais afetada por esse tipo de lesão.

    Para Bisseling (2008) as elevadas prevalências de lesões nos jogadores de voleibol ocupantes das posições ponta e central podem ser devido ao movimento de aterrissagem após o salto, movimento comum entre esses jogadores, um fator de risco para o desenvolvimento de lesões. Estes movimentos combinados de impulsão e aterrissagem, característicos destas posições predispõem os atletas ocupantes destas posições a um maior risco de lesões nestas regiões, tornando-os mais vulneráveis, o que justifica os resultados encontrados no presente estudo, indo ao encontro dos constatados em pesquisas anteriotes.

    Para tornar o estudo minucioso, foi realizada uma análise separadamente das lesões articulares e musculares, mais comuns entre as diferentes posições, dispostas nos gráficos 4 e 5 respectivamente.

Gráfico 4. Freqüência de atletas de voleibol que apresentaram lesão articular

    Para as lesões articulares, observou-se maior prevalência, independentimente do posicionamento em quadra para o joelho, com uma frequencia de 55,2%. Ou seja, mais da metade do grupo de atletas que já apresentaram algum tipo de lesão no voleibol, pelo menos uma delas foi no joelho. Semelhante ao presente estudo, uma pesquisa desenvolvida por Moraes e Bassedone (2007), comprovou que o tipo de lesão mais frequente entre atletas masculinos de voleibol foi no joelho, com uma frequencia de 24,6%, frequencia mais baixa à encontrada no presente estudo.

    Aagaard e Jorgesen (1996) submeteram atletas de voleibol das divisões de elite de Danish (Dinamarca) da temporada de 1993/1994, a um estudo a fim de verificar a freqüência de lesões nesta modalidade, objetivo semelhante ao do presente estudo. Os resultados obtidos denotam maior prevalência de lesões no joelho, com valores de 16% seguidos pelo ombro (15%). No presente estudo, para este último, embora menos prevalente dentre as demais regiões, o valor percentual apresentado foi superior (19,5%) na amostra avaliada.

    Estudos anteriores encontraram maior incidência de lesões nas mesmas regiões que este estudo, porém com valores percentuais mais baixos. Bahr et al (2003), pertencentes à Federation Internationale de Volleball, verificaram em um estudo, que as lesões mais freqüentes no voleibol são as localizadas nas regiões do joelho (30%), seguida de tornozelo (17%). Um outro estudo, realizado por Carazzato (1992), embora com índices ainda mais baixos, obteve igualmente ao presente estudo, maior prevalência de lesões no joelho (26%) e tornozelo (13%).

    O gráfico abaixo dispõe as lesões musculares mais freqüente, relatada pelos avaliados neste estudo.

Gráfico 5. Freqüência de atletas de voleibol que apresentaram lesão muscular 

    Quanto às lesões musculares, observa-se ocorrências, embora com frequências mais baixas em comparação com outros estudos, nos membros inferiores, principalmente na panturrilha, com uma frequência de 20,7%. Este resultado pode estar associado ao fato de que no grupo avaliado, aqueles que apresentaram maior vulnerabilidade à lesões foram os ponteiros e centrais, com uma elevada exigência dos membros inferiores.

    Em um estudo realizado por Vívolo et al (1994), durante o 7º Jogos Regionais do Litoral, em São Paulo, foi constatado que entre os atletas de voleibol, de todas as lesões ocorridas, mais de 50% se localizavam nos membos inferiores. Estes autores associaram este resultado ao elevado estresse nos membros inferiores na fase de impulsão e queda. Para eles, os satos não são exclusivos de ações ofensivas, mas também defensivas, no levantamento, na recepção e no salto em suspensão, sendo bastante explorado durante os jogos.

    Para Iglesias (1994), o excesso de saltos é um dos maiores problemas do voleibol profissional, que compromete principalmente as regiões do tornozelo e joelho, causando lesões frequentes, como observada no presente estudo.

Conclusão

    Entre as lesões constatadas no presente estudo, as mais freqüentes foram na região joelho (55,2%), seguida do tornozelo (43,7%). Quando feita a análise levando-se em consideração a função técnico-tática observou-se que os jogadores pertencentes às posições ponta (26,9%) e central (22,1%) têm respectivamente valores mais prevalentes, sendo considerados mais vulneráveis a lesões.

Considerações finais

    A identificação das posições de jogadores em quadra mais vulneráveis à lesões, e portanto de maior risco , bem como o tipo de lesão que mais a acomete pode ser um importante fator de intervenção do treinamento, através da adoção de medidas preventivas eficientes.

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