efdeportes.com

Avaliação do conhecimento cinesiológico teórico e prático dos
profissionais e acadêmicos de Educação Física na área da musculação

Evaluación del conocimiento kinesiológico teórico y práctico de los profesionales
y estudiantes de Educación Física en el área de musculación

 

Universidade de Fortaleza, UNIFOR

(Brasil)

Suiane Lima Cavalcante

Walter José Cortez Diógenes | Ana Carolina Noronha de Pinho

Carminda Maria Goersch Fontenele Lamboglia

Raquel Felipe de Vasconcelos Carneiro

suiane.lima@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Cinesiologia é a ciência que estuda o homem em movimento, melhorando a compreensão quanto às forças que agem sobre o corpo humano para que possam ser utilizadas de forma a melhorarem as ações humanas minimizando os riscos de lesões. O profissional de Educação Física deve entender o corpo humano e sua relação com o movimento, melhorando a capacidade motora, consciência corporal e domínio dos movimentos do aluno, fazendo-o capaz de solucionar problemas motores do cotidiano. Assim, esta ciência mostra-se de suma importância na atuação do profissional, já que está intimamente relacionada com o melhor entendimento e desenvolvimento de trabalhos e atividades relacionadas ao curso. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o nível de conhecimento cinesiológico teórico e prático dos profissionais e acadêmicos do curso de Educação Física na área de atuação da musculação. A amostra foi composta por 44 indivíduos, sendo 25 profissionais e 19 acadêmicos de Educação Física. A coleta de dados foi realizada através de um questionário fechado composto por 10 questões, divididos em conhecimentos teóricos e práticos. Assim,baseado no número de questões acertadas como nível excelente (9-10 acertos), bom (7-8), regular (5-6) e insatisfatório (0-4), constatou-se que respectivamente 44% e 48% dos profissionais e acadêmicos estão em nível bom de desempenho. Conclui-se que maior parte dos avaliados (45%) encontram-se em nível bom de desempenho.

          Unitermos: Educação Física. Educação Física. Cinesiologia. ConhecimentoCinesiologia aplicada. Musculação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Cinesiologia é a ciência que estuda o homem em movimento, melhorando a compreensão quanto às forças que agem sobre o corpo humano para que possam ser utilizadas de forma a melhorarem as ações humanas minimizando os riscos de lesões (COSTA, 2003 apud LEHMKUHL; SMITH, 1987).

    A palavra “Cinesiologia” é originada do grego “kinein” (mover) e “logos” (estudar), ou seja, a Ciência que estuda o movimento dos corpos, estando relacionada à anatomia (área de estudos voltada para a estrutura corporal) e à Fisiologia (estudos relacionados à função do corpo). Ela também está atrelada à Antropologia (ciência que relaciona o homem e seu comportamento do meio animal) uma vez que aquela surgiu a partir da fascinação de pessoas pelo comportamento motor animal, o que levou a considerações sobre questões como o mecanismo de deambulação humana, assim como o mecanismo de nado dos peixes, o vôo dos pássaros e quais seriam os limites de força muscular. Tais questões foram ponto de partida para o seu desenvolvimento (COSTA, 2003; RASCH, 1989).

    Vários estudiosos foram de suma importância para o seu desenvolvimento, como Aristóteles (384-322 a.C.), o chamado “pai da Cinesiologia” quando descreveu o processo de deambulação, Arquimedes (287-212 a.C.) quando determinou forças que atuavam em um corpo inserido em um meio, Galeno (131-201 d.C) considerado o “pai da Medicina Esportiva” quando descreveu o processo de contração muscular e classificação das articulações, Leonardo da Vinci (1452-1519) com seus estudos sobre a deambulação e a contração muscular no movimento humano, Galileu Galilei (1564-1463) com suas idéias “revolucionárias” e estudos que impulsionaram a Cinesiologia a ser considerada uma ciência, Alfonso Borelli (1608-1679), Giorgio Baglivi (1668-1706), Niels Stensen (1648-1686) e Nicolas Andry (1658-1742), e Isaac Newton (1642-1727) (COSTA, 2003; RASCH, 1989).

    Nos dias atuais a Educação Física é abordada com um baixo status profissional ocasionados por preconceitos. Isso se dá devido sua história baseada na falta de processos de escolarização e na valorização somente de esporte, havendo a formação de técnicos esportivos ao invés de professores. No decorrer dos anos ocorreram alterações curriculares importantes de modo a mudar esse status aumentando a instrução e valorização do profissional e professor de Educação Física (GHILARDI, 1998).

    A Educação Física tem como objetivo de estudo o entendimento do movimento relacionado ao corpo humano atuante que, por sua vez, interage com um ambiente. (GHILARDI, 1998 apud MARIZ DE OLIVEIRA, 1993)

    O profissional do curso deve, à cima de tudo, entender o corpo humano e sua relação com o movimento, levando o indivíduo ao desenvolvimento de suas próprias capacidades motoras levando-o a uma melhor consciência corporal e domínio de movimentos a fim de que o mesmo seja capaz de solucionar eventuais problemas motores que surgirem no seu cotidiano (GHILARDI, 1998).

    O treinamento de força se trata de submeter a musculatura a atividades que o façam executar movimentos contra uma resistência, ou força oposta, fazendo-a produzir trabalho. (FLECK; KRAMER, 2006)

    A musculação como método de treinamento vem sendo estudada durante os anos, tornando-se a principal forma utilizada para a prevenção de problemas musculares. Pesquisas realizadas acerca do tema proporcionaram facilitação do trabalho e dos resultados esperados pelos preparadores físicos através do desenvolvimento de equipamentos importantes para programas e avaliações de treinamento, tais como o dinamômetro isocinético, utilizado para avaliar o nível de equilíbrio entre a musculatura dos membros inferiores e a plataforma de força, analisando as variações de saltos verticais. (SILVA, 2011)

    Desta forma, a Educação Física tem um mercado de trabalho bastante dinâmico, exigindo dos profissionais, estudo e atualização para a obtenção de novos conhecimentos e habilidades para melhor qualidade de trabalho. (FEITOSA, 2003)

    Este artigo tem como objetivo a constatação do nível de conhecimento cinesiológico teórico e prático dos profissionais e acadêmicos do curso de Educação Física na área de musculação, visto a importância desta ciência para o desenvolvimento e realização de um trabalho de qualidade nesta área de atuação.

Metodologia

    O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa transversal, de abordagem quantitativa, realizada em 14 academias da cidade de Fortaleza.

    A amostra foi composta por profissionais e estagiários do curso de Educação Física da área da musculação, escolhidos de forma aleatória, de ambos os gêneros, totalizando 44 indivíduos, sendo 25 profissionais graduados e 19 acadêmicos.

    Foram incluídos na pesquisa os profissionais e estudantes que trabalham em academias, que estavam presentes nos dias determinados da aplicação dos instrumentos de coletas de dados. Foram excluídos do estudo aqueles indivíduos que não pertenciam à área da Educação Física, que trabalham em outro campo de atuação e aqueles que não aceitaram participar da pesquisa.

    Foi aplicado um questionário contendo 10 questões fechadas, no qual os avaliados deveriam assinar os itens considerados corretos de acordo com cada questão. Cada um deste estava relacionado a conhecimentos cinesiológicos aplicados a prática de atuação na musculação.

    Para análise dos dados, o questionário foi dividido no âmbito de conhecimentos teórico e prático, no qual, utilizou-se o programa Microsoft Excel® a fim de verificar a freqüência relativa e absoluta, sendo os resultados apresentados em tabelas.

Resultados e discussão

    A Tabela 1 mostra o índice de classificação de desempenhos dos avaliados, divididos entre profissionais e acadêmicos, baseado no número de acertos do questionário aplicado. Desta forma, foi considerado o desempenho dos avaliados, com o nível excelente os acertos de9 a 10 questões, nível bom de 7 e 8 questões, regular de 5 a 6 e insuficiente de 0 a 4 questões.

    Pode-se observar que a maioria dos profissionais formados (44%) encontra-se em nível bom, tendo como insuficiente somente 4%. Entre os estagiários foi constatado resultado similar, tendo a maioria (48%) um nível considerado bom de conhecimento, enquanto 32% em nível regular, e o restante dos avaliados (20%) foram divididos igualmente entre os dois extremos de desempenho; excelente e insuficiente.

    Para isso, é importante ressaltar que os conhecimentos incorporados através dos conteúdos estudados na graduação, especificamente na disciplina de Cinesiologia permitam que o indivíduo entenda o mecanismo e a complexidade do movimento humano (JÚNIOR, 1999).

    As questões foram discriminadas entre Teóricas, relacionadas à teorias e conteúdos relacionados à literatura, e práticas, relacionado ao saber práticos, que envolvem a vivência e aplicação na atividade. A Tabela 2 mostra os valores da predominância do saber teórico e prático dos indivíduos avaliados, mostrando que a maioria dos profissionais e a maioria dos estagiários obtiveram conhecimento predominantemente prático.

    Portanto, a relação da aprendizagem teórica e prática é compreendida como uma formação contínua e mutuamente determinante para o campo de conhecimento científico dando legitimidade ao profissional. Tal fato transpõe a legitimação da Educação Física passa pela unificação das aprendizagens teóricas e práticas sendo o elo de coerência entre meio social e sua prática (NAHAS; DE BEM, 1997).

    Assim, há diferentes maneiras de produção de conhecimento que devem ser levadas em consideração, como a observação informal das situações de trabalho, pesquisa em ambiente de laboratório e o desenvolvendo do conhecimento de uma área de atuação. Para isso, observa-se que a vivência e a reflexão são fatores que darão mais consistência e respeito à Educação Física (NAHAS; DE BEM, 1997).

Conclusão

    Conclui-se que os profissionais estão entre o nível “bom” e “regular” de conhecimento (44% e 32% respectivamente), sendo esse conhecimento predominantemente prático. Os acadêmicos obtiveram nível similar, entre “bom” e “regular” (47% e 33% respectivamente), com predominância de acertos nas questões relacionadas à vivência prática entre os avaliados.

    Assim, constata-se que, em geral, os profissionais e acadêmicos avaliados estão em nível “bom” de conhecimento, sendo este predominantemente prático.

    Entretanto, sugere-se maiores pesquisas em relação ao assunto salientando a necessidade de que um maior número de indivíduos avaliados fossem inseridos, no qual proporcionariam conclusões inferenciais em relação ao nível de conhecimento e seus âmbitos teóricos e práticos.

Referências

  • COSTA, A. A história da cinesiologia e sua relação com outras disciplinas. Revista Virtual Efartigos, Rio Grande do Norte, v.1, n.11, out, 2003.

  • FEITOSA, W.; NASCIMENTO, J. As competências específicas dos profissionais de Educação Física que atua na orientação de atividades física: um estudo Delphi. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.11, n.4, p.19-26, out/dez. 2003.

  • Fleck, S. J.; Kraemer, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3 ed. Porto alegre: Artmed, 2006.

  • GHILARDI, R. Formação profissional em Educação Física. Motriz, v. 4, n. 32, jun. 1998.

  • JÚNIOR, G. Perspectiva interdisciplinar da biomecânica: para uma revisão nos Currículos de educação física. Revista da faculdade de Educação Física da UNICAMP, v. 1, n. 2, p. 85-93, 1999.

  • LEHMKUHL, D.; SMITH, L. Cinesiologia clínica.4ed. São Paulo: Manole, 1987. 466p.

  • NAHAS, M.; BEM, M. Perspectivas e tendências da relação teoria e prática na Educação Física. Motriz, v. 3, n. 2, p. 73-79, 1997.

  • RASCH, P. Cinesiologia e anatomia aplicada. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.

  • SILVA, T. Treinamento de musculação aliado à preparação física de jogadores de futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 157, 2011. http://www.efdeportes.com/efd157/treinamento-de-musculacao-dos-jogadores-de-futebol.htm

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados