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Treinamento de musculação aliado à preparação

física dos jogadores de futebol. Uma revisão

El entrenamiento de musculación asociado con la preparación física de los jugadores de fútbol. Una revisión

 

Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Goiás (UFG)

Especialista em Musculação e Personal Trainer

pelo Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

Tiago Nascimento Silva

tiagonsilva@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho de musculação como meio de suporte para o sucesso no futebol é de fundamental importância, pois o contato corporal, força e velocidade são elementos cada vez mais presentes durante uma partida de futebol, além de serem fatores determinantes para o bom rendimento do atleta e consequentemente da equipe. A cobrança para que se atinja a melhor performance é fato frequente na vida dos atletas, mas para que isso ocorra o preparador físico deve está atento às mudanças e novos métodos de treinamento que estão surgindo, proporcionando os melhores treinos aos futebolistas, para que estes atinjam um determinado objetivo. A periodização do treinamento de musculação bem elaborado tem levado os jogadores a rendimentos satisfatórios. Hoje a musculação vem ganhando seu espaço dentro desse mundo conservador que é o futebol, por proporcionar ganhos de força muscular, velocidade e resistência muscular, este método de treinamento com pesos também vêm conquistando seu espaço no que tange a reabilitação e prevenção de lesões. O velho mito de que a musculação deixaria o atleta lento e “travado” durante as suas ações dentro de uma partida de futebol caiu por terra. Devido à grande transformação e evolução científica desta área do conhecimento, os clubes não estão medindo esforços para investir e modernizar suas salas e aparelhos de musculação além de estarem atentos a qualificação de seus profissionais. O objetivo deste estudo é analisar, através de uma revisão literária, a importância de inserir a musculação como uma das prioridades no programa de treinamento para o desporto futebol, a fim de melhorar as valências físicas, tratamento de prevenção e recuperação de lesão.

          Unitermos: Futebol. Musculação. Preparação física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os primeiros relatos do Futebol no Mundo e no Brasil ainda são bem questionados quando o assunto é o seu surgimento, as brincadeiras, especificamente realizadas com os pés caracterizando um chute a uma bola ocorre desde a pré-história. Segundo relato de autores essa “era uma prática comum entre os primeiros homens, a diversão chutando frutas ou mesmo crânios humanos” (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999, p.03). Estes relatos são os indícios das primeiras ações praticadas pelos primeiros homens do nosso planeta, demonstrando desde já o grande interesse do homem para com objetos esféricos. Partindo destes relatos podemos dizer que ali começara os primeiros passos para o surgimento do futebol.

    De acordo com o site oficial da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), (www.fifa.com), a entidade hoje consta com mais de 198 países filiados, demonstrando assim a representatividade e popularidade do futebol em todos os continentes do mundo, apresentando mais países filiados em sua entidade máxima do que a Organização das Nações Unidas (ONU).

    O bom preparo físico dos atletas é um fator fundamental para o pleno desenvolvimento da técnica do futebol, bem como a prevenção de algumas lesões que podem ocorrer. A supervalorização da parte física do futebolista ganhou destaque no Brasil devido ao crescimento do calendário de competições, hoje disputa-se na média de quatro competições durante o ano sendo a maioria dos jogos quarta e domingo. Este calendário exige um bom preparo físico dos jogadores para suportar uma maratona intensa de jogos, jogando em alto nível, próximo do limite de desempenho, o que pode acarretar em contusões a nível muscular e ligamentar.

    Devido a este contexto organizacional do futebol brasileiro, as manifestações de força explosiva e resistência de força são cada vez mais treinadas e perceptíveis durante uma partida, contribuindo de maneira efetiva para o desenvolvimento e manutenção de um nível melhor de capacidade de explosão e resistência muscular. Estas manifestações de força são muito importantes durante uma partida, visto que, a “boa condição de força explosiva incide claramente na estrutura de rendimento no jogo e, especificamente, no nível dos músculos de membros inferiores, em virtude de permitir ao jogador realizar de forma dinâmica, rápida e eficaz as mais diversas ações do jogo”. (SILVA, 2001, p20),

    Historicamente, o treinamento com pesos em sala de musculação para jogadores de futebol não era bem visto e muitos mitos foram criados em torno desta prática. Preparadores físicos e técnicos temiam que este método de treinamento, que era conduzido de forma muito empírica e com métodos de cargas de treinamentos baseados nos que eram praticados pelos halterofilistas, deixariam os atletas muito fortes e por consequência os mesmos perderiam a sua mobilidade e habilidade.

    Hoje os estudos científicos acerca da musculação estão evoluindo a cada dia, visto que, esse método de treinamento vem sendo o principal responsável pela prevenção de possíveis problemas musculares. Novos programas e avaliações de treinamentos como o dinamômetro isocinético, utilizado para detectar se o atleta encontra-se com desequilíbrio muscular de membros inferiores, plataforma de força com suas variações de análise de saltos verticais como o squat jump e o contra movimento, foram surgindo através de pesquisas acadêmicas facilitando assim, o trabalho e os resultados esperados e desejados pelos preparadores físicos.

    A utilização da musculação no que se refere à prevenção e recuperação de lesão obteve um salto qualitativo no meio do futebol. O tema vem sendo motivo de pesquisas científicas e altos investimentos no desenvolvimento de metodologias novas de treinamento. Algumas pesquisas relataram que “estudos internacionais reportaram gastos em torno de 20 milhões de dólares anuais com atletas profissionais de futebol, afastados devido a lesões decorrentes de sua prática” (FONSECA et al, 2007, p.143). Isso é um prejuízo muito grande para os clubes de futebol, que pode se minimizado se investimentos forem feitos na prevenção destas lesões, e o treinamento de força pode ser uma das alternativas para reduzir estes gastos com atletas machucados, como será mostrado no decorrer do texto.

    A preparação física no futebol exerce função de extrema importância na dinâmica do jogo, que requer ações intensas e diferenciadas exigindo assim um bom planejamento para o desenvolvimento das mesmas. O treinamento de força vem sendo fator primordial e se destacando como um bom método de treinamento para abastecer todas estas valências exigidas durante uma partida de futebol.

    Partindo deste princípio o objetivo deste trabalho é Analisar a Importância do Treinamento de Musculação aplicado a jogadores de Futebol. Especificamente objetiva-se: 1) Historicizar musculação e preparação física; 2) Analisar a influência da musculação inserida na preparação física no que tange a melhora da velocidade, resistência e força muscular; 3) Avaliar os benefícios do treinamento da musculação no que se refere à prevenção e recuperação de lesão. Como problemática o presente texto pretende diagnosticar “Qual a importância de se utilizar o treinamento de musculação dentro da Preparação Física para jogadores de futebol”?

Treinamento de força

    A musculação teve seu início desde os primeiros homens que habitaram a terra, relatos históricos afirmam que durante escavações arqueológicas foram encontradas pedras com entalhes para as mãos permitindo aos historiadores concluir que esses homens pré-históricos já utilizavam estas pedras para realizarem o treinamento com peso (FLECK e KRAEMER, 1999, p.49).

    Atualmente a musculação vem se intensificando enquanto objeto de estudo, com isso várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o propósito de torna – lá uma ciência, fugindo assim de seu empirismo que reinava até o século passado. Novos métodos de treinamento vêm surgindo e a cada dia que se passa ela vem conquistando seu espaço no âmbito esportivo. A utilização da musculação inserida na preparação física como método de treinamento, prevenção e recuperação de lesão é imprescindível, estes treinamentos de musculação “são meios de preparação física utilizados para o desenvolvimento das qualidades físicas relacionadas com as estruturas musculares”. (TUBINO, 1984, p.78),

    “A musculação é um meio de treinamento caracterizado pela utilização de pesos e máquinas desenvolvidas para oferecer alguma carga mecânica em oposição ao movimento dos segmentos corporais” (CHAGAS e LIMA 2008, p.22). Com isso deve ser entendida diferentemente de outros termos que vem sendo utilizados no Brasil como sinônimo: treinamento com peso, exercício resistido e exercício contra resistência. Pois outros métodos de treino e esporte podem caracterizar estes sinônimos, não incluindo somente a musculação, exemplo jiu-jitsu, treinamento com peso (corpo do oponente), corrida, contra uma resistência (deslocar o peso do próprio corpo).

    Fleck e Kraemer (2006, p.19), relatam o crescente número de salas de musculação em clubes, confirmando assim a preocupação e a importância dessa forma de condicionamento físico para o bom desempenho dos atletas. De acordo com estes autores, dos indivíduos que participam de um programa bem elaborado de musculação ao fim deste espera-se que “ele produza benefícios, tais como aumento da força, aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal e melhoria do desempenho físico em atividades esportivas e da vida diária”.

    O treinamento de força no futebol tem como objetivos aumentar a potência muscular para ações como saltar, acelerar, arrematar e disputar a bola com o adversário; prevenir lesões e recuperar a força muscular após lesão (BANGSBO, 2002 et al ALVES, 2006, p.94).

    De acordo com Alves (2006, p.94), baseado em outros autores, o treino de força pode ter como resultado, a hipertrofia muscular; o aumento da capacidade do músculo gerar tensão; o aumento da resistência muscular; a melhoria da coordenação intra e intermusculares; o aumento da capacidade para realizar tensão mais rapidamente; e um melhor equilíbrio muscular (agonistas /antagonistas, entre membros e entre tronco e membros inferiores). Todas estas adaptações durante o treinamento de força refletem na melhora do desempenho das ações do atleta durante uma partida como saltos, sprint, aceleração e o remate.

    Alves (2006) dividiu uma equipe de futebol em três grupos, sendo que o primeiro grupo participou de um programa de treino de força específica do futebol com uma frequência semanal de uma seção de treino, o segundo grupo executou o mesmo programa de treino com uma frequência semanal de duas seções de treino, já o terceiro grupo continuou realizando o programa de treino habitual de futebol. Analisando os dados dos testes da pesquisa no fim da mesma, foram encontrados nos atletas praticantes do programa do treino de força uma diminuição dos tempos nos testes de velocidade, um aumento da força nos testes de saltos squat jump. O programa de treino revelou ser eficaz no aumento da força máxima e potência, além de melhorar a performance nos testes de velocidade aos 5 e aos 15 metros.

Preparação física

    A Preparação Física no Brasil era tratada de forma bem empírica, ou seja, não se tinha um embasamento teórico científico durante suas seções de treinamento. Segundo Santos Neto (2000, p.79), os primeiros treinamentos físicos no Brasil aconteceram por volta de 1904, alguns clubes de São Paulo durante seus treinos introduziram corridas de 100, 200, 400, e 800 metros, além da luta romana, ginástica alemã e halteres, métodos que surgiram devido ao número insuficiente de jogadores para disputar um coletivo.

    O Treinamento Físico é de suma importância para uma equipe que almeje o triunfo dentro de uma competição. A Preparação Física no Futebol é uma das áreas do treinamento científico que mais evoluiu e continua evoluindo nas últimas décadas. Esta se faz essencial para a técnica e organização tática de um jogador dentro de uma partida, pois os jogadores são exigidos cada vez mais devido à dinâmica do futebol moderno.

    De acordo com Sargentim (2010, p.34), essa dinâmica específica do futebol o caracteriza como um esporte de movimentos cíclicos e acíclicos, com bola sem bola, todos atacam e defendem em maior constância, deslocamentos à frente, atrás, diagonal, lateral, tornando-o um jogo inconstante, com troca contínua de metabolismo predominante ao futebolista. Hoje o futebol exige resistência, velocidade, agilidade e força, sendo esta o foco principal do trabalho.

    “Historicamente os preparadores físicos embasavam-se em métodos de treinamento utilizados nos esportes individuais principalmente do atletismo como (velocidade e resistência), halterofilismo (força), para elaborarem seus treinos de futebol” (PINNO e GONZÁLES, 2005, p. 18). Um exemplo claro desta influência foi que depois de identificada a quilometragem percorrida de um jogador durante uma partida de futebol, os treinamentos seguintes tinham como objetivo percorrer quilometragens semelhantes à de um jogo. Nota-se então a não preocupação com a individualidade biológica dos atletas à especificidade dos movimentos do jogo. Estes treinos também não levavam em consideração as necessidades fisiológicas da posição que cada jogador exercia dentro do campo, ou seja, este treinamento não se baseava no principio da especificidade da posição do jogador.

    Percebe-se que devido a estes pensamentos rudimentares e arcaicos a musculação passou por muito tempo sendo discriminada. Entre os profissionais da preparação física do futebol, era sinônimo de perda da habilidade e agilidade. O senso comum afirmava que o atleta adepto ao treinamento de força perderia mobilidade e dinâmica de jogo, não estando assim enquadrado dentro dos padrões pensados para este esporte na época. Para cientificar a ideia de que a musculação não levaria o atleta à perda de flexibilidade os autores Fleck e Kraemer, utilizando-se também estudos de outros pesquisadores, chegaram à conclusão que “um programa de treinamento de força para desenvolver a força muscular não desequilibra a flexibilidade e ainda pode melhorar algumas amplitudes de movimento” (FLECK e KRAEMER, 2006, p.155). O profissional de preparação física deve está atento na elaboração da sua planilha de treino não descartando o treinamento de força e muito menos o de flexibilidade, mas sim procurar trabalhar os dois de forma homogênea.

Características de um futebolista

    O Futebolista não possui uma característica específica, mas sim um conjunto de características que o torna eficiente. “O jogador de futebol não necessariamente necessita da velocidade de um corredor de 100 metros; da força de um halterofilista; da flexibilidade de um bailarino; da capacidade aeróbia de um maratonista” (SARGENTIM, 2010, p.33). O futebolista deve obter uma somatória equilibrada destes fatores para que no momento do jogo em que forem solicitadas o atleta atinja o nível de desempenho esperado. Como foi citado anteriormente o futebol é um jogo intermitente com fases passivas e ativas cabendo ao preparador físico e atletas buscarem este equilíbrio ideal das capacidades físicas.

    As características determinantes para um atleta de futebol são Força, Velocidade, Resistência. Tomando como base a Força, cuja é a temática discutida neste trabalho, ela é subdividida em três manifestações: Força Máxima, Força Explosiva e Resistência de Força. Elas estão presentes em quase todas as ações dentro de uma partida de futebol, ora uma aparece com mais destaque em relação à outra, e à união de todas podemos chamar de força específica do futebolista (SARGENTIM, 2010).

    A Força Máxima por muito tempo foi desconsiderada dentro do programa de treinamento do futebol, acreditava-se que ela deveria ser utilizada em esportes especializados como o levantamento de peso e Power-lifting. A força máxima “representa a maior força disponível que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária” (WEINECK, 1999, p.380). Hoje a força máxima aparece como introdução para ser aplicada a força explosiva, ou seja, ela não é trabalhada de maneira isolada. Os treinamentos da força explosiva devem ser considerados um componente de força máxima. Algumas situações de jogo em que essa determinante de força é perceptível ocorrem durante os giros, sprints, saltos, aceleração e corridas com mudança de direção.

    A Força Explosiva é a manifestação mais perceptível durante uma partida e é obtida pela somatória de (força + velocidade). Força explosiva é aquela que “vem expressa por uma ação de contração mais rápida possível, como se fosse uma explosão, para transferir a sobrecarga a ser vencida, a maior velocidade possível, partindo de uma situação de imobilidade do segmento propulsivo” (BARBANTI, 2002, p.19). Como foi dito anteriormente a força explosiva ingressa como ferramenta importante para aumentar a velocidade de contração, maximizando a capacidade geral de movimentos rápidos, após a aplicação da força máxima. Essa manifestação pode ser perceptível dentro do jogo no momento do chute, um salto para fazer um cabeceio.

    A Resistência de Força é a “capacidade de resistência à fadiga em condições de desempenho prolongado de força” (WEINECK, 1999, p.382). Essa capacidade de resistência de força é de suma importância dentro de uma partida de futebol, visto que a mesma é responsável por manter o atleta realizando os movimentos de força explosiva durante um maior período de tempo, otimizando assim o seu rendimento. Sargentim (2010, p.76), reforça que “a resistência de força para futebolistas se manifesta como a habilidade de o atleta manter, durante todo o jogo, a capacidade de produzir força explosiva”.

    A literatura acadêmica cita também a força funcional como sendo a força utilizada nos movimentos específicos do futebol, sendo esta subdividida em força coordenativa aquela que da capacidade ao jogador de coordenar diferentes grupos musculares na execução dos movimentos (saltar, mudar de direção, acelerar). Força específica do futebol é a capacidade de utilizar a força- coordenação em um momento apropriado, durante uma ação no futebol (arrematar, cabecear, sprintar) (BANGSBO, 2002 et al ALVES, 2006, p.95).

Treinamento de musculação como prevenção e recuperação de lesões

    O trabalho de musculação exerce um complemento fundamental durante as ações realizadas pelos atletas dentro de campo, contribuindo para as características do futebolista citadas anteriormente. O Treinamento de Força também tem papel fundamental para os clubes na prevenção e recuperação de lesões dos atletas.

    O jogador como funcionário do clube precisa ser produtivo para que este possa gerar rendimento e resultados esperados. O jogador lesionado e consequentemente sem trabalhar é prejuízo para o clube que investe milhões a espera de produtividade, boas partidas, títulos e rendimentos. As Lesões mais comuns nos jogadores de futebol são as musculares, articulares e traumáticas (FONSECA et al, 2007).

    Segundo Sargentim (2010, p.78), as lesões musculares geralmente acorrem quando existe um desequilíbrio muscular, ou seja, desequilíbrio entre a ação concêntrica (agonista) e ação excêntrica (antagonista). Neste caso a musculatura deve está em perfeito equilíbrio e forte o suficiente para suportar movimentos característicos do futebol como chute, arrancadas, velocidades etc. Para que se consigam estes objetivos devem-se prescrever exercícios que vão proporcionar esse desejável equilíbrio. O trabalho de fortalecimento com exercícios de Cadeia Cinética Fechada são os mais recomendados para alcançar este desejável equilíbrio, ou seja, “são aqueles os quais as extremidades dos membros específicos estão apoiados no chão ou em uma plataforma, gerando uma estabilidade maior para a execução do movimento”. (SARGENTIM, 2010, p.66). Esse método de treinamento fortifica a musculatura como um todo, age na musculatura agonista, antagonista e sinergista em conjunto. Exemplo de exercício mais praticado é o agachamento, podendo ser ele completo ou parcial.

    Gonçalves (2000) submeteu 44 futebolistas profissionais a uma avaliação de força máxima concêntrica isocinética, nos movimentos de flexão e extensão do joelho. No final da temporada chegou à conclusão que atletas que demonstraram fragilidade da musculatura e desequilíbrio dos flexores e extensores da articulação, estão propensos a contrair lesões a nível articular. Estas lesões deixam o atleta fora de atividade por longos períodos e na maioria das vezes a reabilitação acontece através de cirurgias. Entre as mais comuns em atletas de futebol pode-se destacar o rompimento de ligamentos do joelho, notada geralmente quando o quadríceps é fortemente contraído após um salto, chute no vazio ou durante uma entorse do joelho, por exemplo, quando ocorre a rotação do joelho com o pé fixo no solo. Por isso, a necessidade de se buscar e controlar o equilíbrio dos músculos flexores e extensores do joelho. O método mais eficaz de se analisar e perceber este desequilíbrio é através da avaliação isocinética (GOULART et al, 2008).

    O trabalho de Propriocepção também vem sendo muito utilizado como treinamento para prevenção de lesões, além de gerar resultados significativos no treinamento de força, já que as articulações estarão mais seguras e com movimentos mais coordenados. Os exercícios de propriocepção podem ser desenvolvidos em bases estáveis ou instáveis, movimentos com desequilíbrio, com ou sem peso, com ou sem giro. Todo esse trabalho visa o fortalecimento articular (SARGENTIM, 2010).

Considerações finais

    Ao revisar a literatura ficou visível que estão sendo publicados diversos livros e artigos no que se diz respeito à importância do treinamento de musculação inserido no programa de preparação física, todos são unânimes em dizer que o trabalho de força é de suma importância para o sucesso de um atleta e consequentemente sua equipe.

    É inegável a importância e a necessidade da força aplicada ao futebol. Os benefícios foram explicitados e discorridos no decorrer do texto, mas para que se beneficie deste método de treinamento, a musculação deve ser orientada de maneira adequada para não vir a se tornar um problema. Ou seja, ao invés de benefícios, prejuízos podem vir a ocorrer devido à má prescrição e orientação dos exercícios. O programa de musculação mal orientado pode acarretar em lesões principalmente a nível de coluna vertebral e articulações, como a do joelho.

    O principio da especificidade também deve ser levado em consideração durante a elaboração do programa de treinamento da musculação. O ideal é trabalhar o corpo todo dando ênfase à necessidade muscular exigida no esporte. No caso do futebol, os membros inferiores terão prioridade durante as seções de treinamento.

    Além de todas as virtudes citadas, a musculação vem sendo utilizada no dia seguinte aos jogos como forma de manutenção do desempenho muscular, tal como manter a estabilidade músculo esquelética, melhorando seu desempenho para os treinos dos dias seguintes. “Nesses casos, o trabalho com peso em baixa carga, aproximadamente entre 40% e 50% do máximo atingido pelo futebolista, pode ser uma das alternativas entre as utilizadas pelo preparador físico para manter o tônus e capilarizar os músculos dos jogadores” (SILVA, 2001, p.22). O objetivo deste treinamento é recuperar o atleta por meio de capilarização dos músculos.

    Depois de todas as pesquisas realizadas pode-se concluir que os clubes não estão medindo esforços para investir e modernizar suas salas e aparelhos de musculação além de estarem atentos a qualificação de seus profissionais. O treinamento da musculação traz benefícios à aptidão física do jogador de futebol, sejam eles força muscular, resistência anaeróbia, potência, velocidade ou recuperação e prevenção de lesão. Portanto, inserir o treinamento da musculação no cronograma da preparação física permite que os atletas se beneficiem destas valências físicas. Depois de exposto e discutido o tema cabe aos profissionais de Educação Física que militam na área do futebol pesquisar e aplicar este componente de treinamento dentro dos seus programas de treinos.

Referências

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