efdeportes.com

Comparação da progressão da força de preensão palmar do membro

dominante e não dominante em escolares da infância a adolescência

Comparación de la progresión de la fuerza de prensión palmar del miembro 

dominante y no dominante en escolares de la infancia a la adolescencia

 

*FISIO2EX, Centro de Pesquisa e avaliação Física em Performance

Humana da Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC, Uberlândia, MG

**Instituto Catarinense de Pós Graduação (ICPG)-Instituto Passo1

(Brasil)

Gilberto Alves de Oliveira**

Robson da Silva Medeiros*

Flander Diego de Souza*

Fernando Nazário-de-Rezende*

robsonatletismo@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi comparar a progressão da força de preensão palmar do membro dominante e não dominante em 56 crianças e adolescentes. Divididos em 4 grupos, primeiro grupo 10 crianças (8±1,2 anos, 29,2±8,5 kg e 129,6±6,53cm). Segundo grupo 10 adolescentes (12,7±1,42 anos, 45,2±9,69 kg e 154,03±9cm), sendo ambos do gênero masculino. Terceiro grupo 18 crianças (8,4±1,7anos,28,6±6,0kg e 131,64±10,2cm).Quarto grupo 18 adolescentes (11,9±0,96 anos, 45,6±10,8kg e 152,51±6,2 cm), sendo ambos do gênero feminino. Para obtenção dos resultados foi utilizado um aparelho de preensão palmar Hydraulic Hand Dynamometer da marca Jamar®. Foi utilizado o teste estatístico, teste T pareado, com o nível de significância estabelecido em 0,05. Resultado, houve uma progressão de força para o sexo masculino membro dominante 41,46% (P=0,00617) e não dominante 43,35% (p=0,01), já para o sexo feminino membro dominante 40,27% (P=0,000) e não dominante 34,1% (P=0,000). Concluímos que para ambos os grupos estudados houve uma considerada progressão da força de preensão palmar, tendo sido encontrada a maior progressão para o membro não dominante do sexo masculino.

          Unitermos: Progressão. Preensão palmar. Força. Crianças. Adolescentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    A mão humana é um instrumento complexo que se destina à manipulação de objetivos múltiplos. Como órgão sensorial, a mão é uma extensão do cérebro no fornecimento de informações do ambiente, também assume papel importante como órgão do sistema locomotor, exercendo grande influência no cotidiano, combinando força e destreza, (PASCUCCI, 2005).

    Todo o membro superior atua em função da mão, que é posicionada para as atividades básicas, lúdicas e profissionais. Desta forma, o homem é o único ser capaz de manipular objetos e de executar trabalhos manuais com equilíbrio, firmeza e versatilidade (ABREU,1993).A força de preensão manual é a capacidade da mão em realizar tarefas, imprimir forças e segurar objetos por meio de um conjunto de vetores de forças e movimentos aplicados a um ponto (ANKN et al 1985; WELLS e GREIG, 2001).

    A força de preensão não é simplesmente uma medida da força da mão ou mesmo limitada à avaliação do membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas diferentes, sendo utilizada, por exemplo, como um indicador da força total do corpo, e neste sentido é empregada em testes de aptidão física (BALOGUM et al., 1954; DURWARD et al., 2001; NEWMAN et al., 1984).

    Os movimentos realizados pela mão como transporte, preensão e manipulação de objetos são essenciais à vida diária. A complexidade dessa estrutura lhe confere características peculiares em relação a sua habilidade, como controle da força e da precisão, conforme exigência de execução, (Esteves et al., 2005).

    Para Pereira et al (2001) a força de preensão pode ser utilizada como indicador do desenvolvimento da coordenação e no diagnóstico de disfunções neurológicas relacionadas à aprendizagem motora e à percepção e também como na identificação de patologias do membro superior, no controle do processo de reabilitação e no estabelecimento dos padrões suportáveis de aplicação ou sustentação de cargas.

    Em crianças a força de preensão da mão desenvolve-se gradativamente através dos sistemas sensório motores até atingir o estado de maturação completa para a realização de todas as tarefas (Meyerhof, 2002). Essa habilidade manual desenvolve-se de acordo com as necessidades individuais, podendo, portanto ser modificada. Da mesma forma a força acompanha esse desenvolvimento geral das habilidades (ESTEVES, et al 2005).

    A força de preensão é um dos elementos básicos para a pesquisa das capacidades manipulativas, de força e de movimento da mão (NOVO et al, 1996). Acredita-se que o uso do dinamômetro na avaliação da preensão palmar estabeleça parâmetros confiáveis na mensuração da força muscular (MOREIRA, ALVAREZ, 2002). Neste sentido o objetivo deste trabalho é avaliar a progressão da força de preensão palmar através do dinamômetro JAMAR, em escolares da infância a adolescência.

2.     Metodologia

2.1.     Amostra

    A amostra foi composta por 56 escolares do gênero masculino e feminino, divididos em quatros grupos. O primeiro grupo era composto por 10 crianças com medias de idades entre 8±1,2 anos, massa corporal 29,2±8,5 kg e estatura 129,6±6,53 cm. O segundo grupo foi composto por 10 adolescentes com medias de idades entre 12,7±1,42 anos, massa corporal 45,2±9,69 kg e estatura 154,03±9 cm, sendo ambos do gênero masculino. Já o grupo três foi composto por 18 crianças com medias de idades entre 8,4±1,7 anos, massa corporal 28,6±6,0 kg e estatura 131,64±10,2cm. O quarto grupo foi composto por 18 adolescentes com medias de idades entre 11,9±0,96 anos, massa corporal 45,6±10,8 kg e estatura 152,51±6,2 cm, sendo ambos do gênero feminino. Todos os voluntários são estudantes de uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Uberlândia – MG - Brasil, na ocasião da coleta dos dados os mesmos participavam de um evento multidisciplinar realizado por uma universidade da cidade, na própria escola.

2.2.     Procedimentos gerais

    Antes da realização dos registros de preensão palmar os voluntários juntamente com os pais receberam informações sobre a pesquisa e foram submetidos a testes de familiarização. Em seguida os pais assinaram um termo de consentimento de participação do estudo e publicação dos resultados de acordo com a resolução n.° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

    Antes de iniciar a avaliação procurou-se explicar de forma objetiva a finalidade do teste, mostrando ao indivíduo como segurar o aparelho, com o objetivo de familiarização e adaptação ao esquema de teste. Cada voluntário realizou três tentativas unilaterais iniciando com a mão dominante, sendo o tempo de preensão de 5 segundos, tanto para o membro dominante quanto para o membro não dominante. Foi aguardado o intervalo de tempo de um minuto entre membro dominante e não dominante e de três minutos para repetir o procedimento. A força voluntária máxima da preensão manual foi estabelecida pelo maior valor gerado nas três tentativas. Foi considerado como lado dominante aquele que o voluntário utilizava para escrever.

2.3.     Técnica de avaliação da preensão palmar

    Durante a avaliação da força de preensão palmar, os avaliados foram orientados a permaneceram sentados os quadris e joelhos encontram-se fletidos a 90º, ombro aduzido em posição neutra, cotovelo fletido a 90º e antebraço em semi-pronação, sem que haja desvio radial ou ulnar (CROSBY et al., 1994).

2.4.     Equipamentos

    Para obtenção dos resultados foi utilizado um aparelho de preensão palmar Hydraulic Hand Dynamometer da marca JAMAR ® com capacidade máxima de até 90 kg e precisão de 0,1 (p > 0,1). A estatura dos atletas foi aferida com uso de um estadiômetro profissional da marca Sanny® sendo a massa corporal medida utilizando-se de uma balança digital Filizola Personal.

2.5.     Análises estatísticas

    Com intuito de verificar a existência ou não de diferenças significativas entre as medidas de flexibilidade, foi aplicado o teste T pareado de Student (GRANER, 1966), aos resultados obtidos com os 56 voluntários. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05.

3.     Resultados

    As tabelas 1, 2, 3 e 4 fornecem as estatísticas descritivas da comparação dos resultados obtidos na análise da preensão palmar de crianças e adolescentes em idades escolares.

    De acordo com os resultados apresentados na figura 1 relacionados aos escolares do sexo masculino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com idades entre 11 e 15 anos quando comparados as médias da progressão da força de preensão palmar do membro dominante encontradas entre os dois grupos, obteve diferenças significativas (p=0,00617) sendo esta progressão de 41,46%, figura 2 representando a força do membro não dominante dos mesmos grupos onde também foi encontrado diferenças significativas (p=0,01) e progressão de 43,35%, já a figura 3 representada os dados comparativos de força de preensão palmar do membro dominante entre os escolares do sexo feminino com idades entre 5 e 10 anos na comparação com escolares do sexo feminino com idades entre 11 e 15 anos, onde foi encontrado diferenças significativas (p=0,000) e progressão de 40,27%; figura 4 comparação força de preensão palmar do membro não dominante dos grupos femininos obtendo diferenças significativas (p=0,000) e progressão de 34,1%.

Figura 1. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) da progressão da força de preensão palmar do membro dominante em escolares do sexo 

masculino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com escolares do sexo masculino com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 2. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) da progressão da força de preensão palmar do membro não dominante em escolares do 

sexo masculino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com escolares do sexo masculino com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 3. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) da progressão da força de preensão palmar do membro dominante em escolares do sexo 

feminino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com escolares do sexo feminino com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 4. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) da progressão da força de preensão palmar do membro n dominante em escolares do 

sexo feminino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com escolares do sexo feminino com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

4.     Discussão

    A força é uma das principais formas de exigência motora,ela desempenha um papel importante na formação corporal polivalente das crianças e adolescentes(WEINECK,1986).

    Em um estudo Medeiros et al (2010) avaliou dois grupos de 25 judocas 7 a 10 anos e 11 a 14 anos do sexo masculino em total de 50 atletas, analisou a força de preensão palmar através de um dinamômetro Oswaldo Filizola, tendo encontrado uma progressão de força de 40.8% para o membro dominante e de 40.2% para o membro não dominante.Progressão esta parecida com a encontrada em nosso onde encontramos para o sexo masculino uma progressão de 41,46% para o membro dominante e 43,35% para o membro não dominante.

    Já o sexo feminino apresentou progressão um pouco menor que o sexo masculino, 40,27% dominante e 34,1% não dominante, fato este que pode ser explicados em parte de acordo com o estudo realizado por BARBOSA et al (2005) onde o autor relata que mulheres tem um declínio maior na força de preensão palmar em relação aos homens.

    Alguns estudos identificaram que a força de preensão apresenta uma relação curvilínea com a idade (MATHIOVETZ,1985). Geralmente, ocorre um aumento da força de preensão com o aumento da idade, alcançando um pico entre 25 e 39 anos, e posteriormente, uma diminuição gradual com o passar dos anos (MATHIOVETZ,1985; MASSY et al 2004; DURWARD, 2001)

    Neste estudo foi evidenciado que a uma progressão considerável da força de preensão palmar da infância para adolescência, no entanto esta progressão nem sempre é maior no membro dominante,podendo o membro não dominante apresentar uma progressão maior em determinados casos,também podendo se diferir quanto ao sexo, masculino ou feminino.

5.     Conclusão

    De acordo com os achados do presente estudo podemos concluir que há uma considerável progressão de força de preensão palmar da infância para a adolescência em termos percentuais 41,46% membro dominante e 43,35% membro não dominante isto para o sexo masculino, já para o sexo feminino foi encontrado uma progressão de 40,27% dominante e de 34,1% para o membro não dominante.

Referências

  • ABREU LB. Pronto atendimento ao acidentado de mão: Considerações Gerais,Normas de Atendimento.São Paulo. IMESP; 1993.

  • ANKN, CHAO EY, COONEY WP, LINSCHEID RL. Force in the normal and abnormal hand. Jorthop res 1985; 3(2):202-211.

  • BALOGUM, J.A.; AKOMOLAFE, C.T.; AMUSA, L.O. Grip strength: effects of testing posture and elbow position. Arch. Phys. Med. Rehabil., n.72, p.280-283, 1991.

  • BARBOSA, Aline et at. Functional limitation of Brazilian elderly age and gender differences: data from save survey. Cad saúde publica, v.21, n.4, p.1177-1185 jul-ago 2005.

  • DURWARD, B.R.; BAER, G.D.; ROWE, P.J. Movimento funcional humano: mensuração e análise. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2001. 233 p.

  • ESTEVES, A.C.; REIS, D.C.; CALDEIRA, R.M.; LEITE, R.M.; MORO, A.R. E BORGES, N.G. Força de Preensão, Lateralidade, Sexo e Características Antropométricas da Mão e de Crianças em Idade Escolar. Revista Brasileira de Cineantropometria Humana, Página 69-75. Fevereiro de 2005.

  • GRANER. E. A. Estatística. Ed Melhoramentos. São Paulo, 1966, 187 p.

  • MASSY-WESTROPP N, RANKIN W, AHERN M, KRISHNAN J, HEARN TC. Measuring grip strength in normal adults: reference ranges and a comparison of electronic and hydraulic instruments. J Hand Surg (Am). 2004; 29(3):514-9.

  • MATHIOVETZ, V. et al. Grip and pinch strength: normative data for adults. Arch Phys Med Rehabil.1985; 66: 69-70.

  • MEDEIROS, R.S.; NAZÁRIO-DE-REZENDE, F.; OLIVEIRA, V.S.; COSTA, F.P. Comparação da força de preensão palmar do membro dominante e não dominante de judocas de diferentes idades. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010. http://www.efdeportes.com/efd146/forca-de-preensao-palmar-de-judocas.htm

  • MEYERHOF PG. O desenvolvimento normal da preensão. 2002. Internet site address: http://www.fsp.usp.br. MEYER.htm, Acessada em 22/02/2005.

  • MOREIRA, D., ALVAREZ, R. Mensuração da força de preensão palmar em pacientes portadores de Hanseníase atendidos em nível ambulatorial. Arq Ciênc Saúde Unipar, 6 (3): 107-113, 2002.

  • NEWMAN, D.G.; PEARN, J.; BARNES, A.; YOUNG, C.M.; KEHOE, M.; NEWMAN, J. Norms for hand grip strength. Arch. Dis. Childhood., n.59, p.453-459, 1984.

  • NOVO JÚNIOR JM, CLIQUET JUNIOR A, GALLO JUNIOR L. Considerações preliminares para projeto de empunhaduras de dinamômetros. Anais do III Fórum Nacional de Ciência em Saúde; 1996 Oct 13-17; Campos do Jordão, Brasil. p. 17-8.

  • PASCUCCI A. The hand and your functions. JHand Surg 2005; 30A (4): 405-608.

  • PEREIRA HS, LANDGREN M, GILLBERG C, FORSBERG H. Parametric control of fingertip forces during precision grip lifts un children with DCD (developmental coordination disorder) end DAMP (deficits in attention motor control e perception). Neuropsychologia 2001;39:478-488.

  • WEINECK, Jürgen. Biologia do esporte. Editora Manole, São Paulo, SP, 1991.

  • WELLS, R. GREIG, M. Characterizing human prehensile strength by force and moment wrench. Ergonomics 2001; 4(15):1392-1402.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 166 | Buenos Aires, Marzo de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados