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Prevalência das algias e perfil de atletas de 

voleibol feminino da cidade de Goiânia, GO

Prevalencia del dolor y perfil de las jugadoras de voleibol femenino de la ciudad de Gioania, GO

Prevalence of pain and profile of female volleyball players in the city of Goiânia, GO

 

*Acadêmica do curso de Fisioterapia da PUC-Goiás.

**Fisioterapeuta, Educador Físico, Mestre em Fisioterapia UNITRI

Doutorando em Ciências da Saúde UFG

Docente do curso de Fisioterapia PUC, Goiás

Camila Alvarenga Queiroz Arruda*

Renato Alves Sandoval**

rasterapia@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

           Este estudo teve como objetivo analisar a prevalência de algias e o perfil de atletas de voleibol feminino na cidade de Goiânia. Foi utilizado como método de avaliação o Questionário Nórdico musculo-esquelético adaptado ao voleibol. A amostra foi composta por um grupo de 20 atletas das categorias infantil e infanto-juvenil, com idades de 13 a 18 anos, dos principais times competitivos de Goiânia Goiás. Na semana do inquérito foram relatadas 9 lesões, sendo o local mais prevalente o joelho. Quanto aos últimos 12 meses, foram informadas 42 lesões sendo o joelho correspondente a 19,04% das mesmas. O joelho também foi responsável por 50% das lesões que causaram afastamento da prática esportiva.

           Unitermos: voleibol, lesões ortopédicas, perfil epidemiológico.

 

Abstract

           This study aimed to analyze the prevalence of pains and profile of female volleyball athletes. Was used as a method of evaluating the Nordic Musculoskeletal Questionnaire adapted to volleyball. The sample comprised a group of 20 athletes in infant and juvenile, aged 13 to 18 years, leading teams competing in Goiânia Goiás week investigation were reported 9 injuries, making it more prevalent knee . As for the last 12 months were 42 reported injuries and the knee corresponds to 19.04% of the lesions. The knee was also responsible for 50% of the injuries that caused removal of the sport.

           Keywords: Volleyball, Orthopedic injuries, Epidemiologycal profile.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Relata-se que o vôlei foi criado por volta de 1891, a partir de um pedido da Associação de Moços Cristãos de Springfield, Massachusets, Estados Unidos, para Willian G. Morgan, que criasse um jogo menos vigoroso que o basquetebol e mais recreativo que a calistenia (RIZOLA NETO, 2004).

    Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas, de todos os gêneros, idades e níveis de habilidade, em todo o mundo, praticam voleibol. Essa estatística vem aumentando consideravelmente, principalmente no Brasil, devido talvez as grandes conquistas recentes, as modificações táticas, físicas, administrativas e de regras. O voleibol é hoje o segundo esporte mais praticado em todo o país com aproximadamente 15 milhões de praticantes (PAIM, 2003; FARINA; MANSOLO, 2006).

    O voleibol é um esporte coletivo, mas que necessita de habilidades e esforço individual dos atletas. É caracterizado pelo confronto de duas equipes limitado por regras específicas. Um jogo de vôlei exige do praticante, além de grande doação física, raciocínio e decisão instantâneas, interação de velocidade e força explosiva (MAEHLER; ACHOUR JÚNIOR, 2001).

    É caracterizado pela alta exigência muscular e da ação das forças gravitacionais agindo sobre o corpo nas mudanças de direção, paradas, saltos e bloqueios. A produção de força varia de três a seis vezes do peso corporal, sendo então classificado como esporte de alto impacto (MESQUITA; FONSECA; FRANÇA, 2008).

    Esportes que exigem do atleta fundamentos de impacto como: voleibol, basquete, ginástica olímpica, entre outros, são aqueles onde os seus praticantes estão mais suscetíveis a lesões, decorrentes não só da repetitividade dos movimentos quanto também das colisões (SANTOS; PIUCCO; REIS, 2007).

    A popularização do esporte motivou o investimento por parte de várias empresas, o que ajudou na profissionalização do voleibol. Este fato gerou muitas interferências incluindo a cobrança por resultados e dessa forma os profissionais da área passaram a buscar recursos e alternativas para o bom rendimento das equipes. Uma das alternativas foi o aumento no tempo de treinamento, ocasionando, se não bem administrado, desrespeito a princípios básicos de qualidade do treinamento, tornando as lesões cada vez mais presentes na rotina do atleta (MORAES; BASSEDONE, 2007).

    É comum a cada esporte um tipo específico de lesão, no voleibol é mais comum lesões de tornozelo, joelho e ombro. Grande parte das lesões acontece devido à técnica ou mecânica defeituosa e/ou inadequada. Pode-se encontrar também lesões por desgaste em atletas com mais tempo de prática desportiva (ELIAS; TUMELERO, 2008).

    Mais de 50% das lesões nos atletas ocorre por má elaboração na prescrição do treinamento. Esse fato tem diminuído a longevidade competitiva dos desportistas. Muitas lesões no voleibol acontecem por esforços repetitivos (over use). Embora lesões mais comuns são desencadeadas por trauma agudo (macrotrauma), onde as causas são bem definidas. Apesar do voleibol, ser um esporte com pouco contato físico há uma incidência muito grande de lesões. Os saltos correspondem a 63% dos traumas podendo ocorrer também nos outros fundamentos. A articulação do ombro seria a segunda mais acometida por lesões por sobrecarga, variando de 8 a 20% em atletas de vôlei. As principais lesões que se encaixam nesse perfil são tendinopatias do manguito rotador e da porção longa do bíceps braquial e o impacto subacromial. Estas, por sua vez, estão geralmente associadas a fatores de risco, dentre eles, pouca mobilidade capsular, desequilíbrio muscular, fraqueza muscular e assimetria do movimento escapular (MARQUES JUNIOR, 2004; FARINA, 2008; MENDONÇA et al., 2010).

    Moraes e Bassedone (2007) realizaram um estudo com atletas de voleibol, participantes da Superliga Nacional em 2003, a respeito dos tipos de lesões mais comuns nestes. Constataram maior incidência de processos inflamatórios, e a região do corpo mais afetada foi o joelho. Já Santos, Piucco e Reis (2007) identificaram o tornozelo como área mais acometida nos praticantes amadores de voleibol.

    Ultimamente, as mulheres têm praticado mais esportes recreacionais e competitivos, portanto, estão recebendo mais atenção na literatura médica esportiva. Estudos mostram que algumas lesões de extremidades são mais comuns em atletas femininas. Fatores estruturais, mecânicos, neuromusculares ou a combinação destes podem estar ligados aos padrões de lesões no sexo feminino (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2005).

    O objetivo do presente estudo é analisar a prevalência de algias e o perfil das atletas de voleibol feminino de Goiânia, Goiás.

Métodos

    Trata-se de um estudo descritivo observacional transversal.

    A amostra foi constituída por 20 atletas, do sexo feminino, com idade variando de 13 a 18 anos com média de 14,9 anos e desvio padrão de 1,74 anos, das categorias infanto-juvenil e juvenil do Goiás Esporte Clube, Serviço Social da Industria SESI (Planalto, Ferreira Pacheco e Campinas).

    Houve um agendamento prévio com cada equipe e um dia para a distribuição do questionário juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). No dia do encontro foram passadas instruções para facilitar o preenchimento das perguntas, assim como os objetivos e procedimentos do estudo.

    As atletas levaram para casa o envelope contendo os documentos para que o responsável pudesse assinar. Foi combinado que as atletas que concordassem com o TCLE entregariam o questionário respondido e o termo assinado no treino seguinte.

    A devolutiva dos resultados para as equipes será realizada após a apresentação final do artigo no trabalho de conclusão de curso II.

    Não participaram do estudo atletas com a freqüência de treinamento menor que duas horas por semana, ou que não faziam parte de uma equipe regular. Além das que se negaram a participar da pesquisa ou não assinaram o TCLE.

    Foi realizada uma estatística descritiva com medidas de tendência central como, média, mediana e moda, e medida de variabilidade como: desvio padrão.

Resultados

    A respeito da dominância das atletas, foram mais comuns as destras. Sendo correspondente a 90% do total de atletas.

Tabela 1. Dominância das jogadoras analisadas

Figura 1. Gráfico de lateralidade

    A função mais comum foi a de atacante de entrada de rede, correspondendo a 40%, ficando a de levantadora e libero em último com 10%.

Tabela 2. Função das jogadoras analisadas

 

Figura 2. Gráfico das funções em quadra das jogadoras

    As atletas obtiveram uma média de 168,94 cm de altura tendo a mais alta 181 (cm) e a mais baixa 158 (cm). Quanto ao peso, a média foi de 60,75 kg.

Tabela 3. Peso e altura

 

Figura 3. Gráfico de Peso e Altura

    Em relação ao tempo de treino por semana, a média foi de 301,5 minutos,sendo que a atleta que treina o maior tempo treina 600 minutos e a que treina menos tempo treina 180 minutos.

Tabela 4. Tempo de treino por semana

 

Figura 4. Gráfico de tempo de treino por semana

    As atletas apresentaram uma média de experiência de 44,85 meses, sendo que a mais experiente apresentou 101 meses.

Tabela 5. Tempo de experiência em meses

 

Figura 5. Gráfico de tempo de experiência das atletas em meses

    Na semana em que foi respondido o questionário, as atletas sofreram 9 lesões.O local mais acometido o joelho, correspondendo a 44,44% do total.

Tabela 6. Localização das lesões da semana do inquérito

 

Figura 6. Gráfico de lesões na semana do inquérito

    As atletas informaram a quantidade e o local de lesões ocorridas nos últimos doze meses. Foram relatadas 42 lesões. O local mais incidente foi o joelho correspondendo a 19,04% das lesões e o menos incidente foi tornozelo e coxa com 7,14% das lesões.

Tabela 7. Localização das lesões no ano

 

Figura 7. Localização das lesões no último ano

    Das lesões que aconteceram no decorrer dos últimos doze meses, 47,22% foram de intensidade leve. Não foi apresentada nenhuma lesão de nível insuportável.

Tabela 8. Intensidade das lesões

 

Figura 8. Gráfico de intensidade das lesões

    Foi analisada também, a quantidade de lesões no último ano que retiraram a atleta da prática esportiva. Neste caso, identificou-se 6 lesões, das quais 50% foram no joelho.

Tabela 9. Lesões que impediram a prática esportiva

 

Figura 9. Gráfico de lesões que impediram a prática esportiva

Discussão

    Foram escolhidas atletas do sexo feminino, das categorias infantil e juvenil, dos principais times atuantes na cidade de Goiânia, atualmente. O número de equipes competitivas infanto-juvenis tem aumentado e junto com elas as lesões. Segundo Farina (2008), os atletas jovens de voleibol têm sofrido com o grande índice de lesões. Além também de mulheres serem mais susceptíveis a lesões devido a sua formação fisiológica (PIRES et al., 2009).

    Em relação à lateralidade, o grupo pesquisado se manteve na linha de maioria destra. A posição de ponteira ou entrada de rede foi a mais prevalente. A atacante de entrada costuma ser, na maioria dos times, as maiores pontuadoras.

    A articulação do joelho foi a mais acometida. Tanto na semana do inquérito, quanto no ano, e nas lesões que afastaram as atletas das atividades. O joelho é uma articulação complexa formada por muitas estruturas como ligamentos, meniscos e tendões, e é um dos principais responsáveis pela marcha e saltos. Esses e outros fatores elevam o risco de lesão nessa articulação. A prática de voleibol requer do atleta saltos de grande impacto a todo o momento, podendo ser este o principal fator de lesão no joelho. Antoniazzi e Santos (2010), em uma pesquisa semelhante, relataram que 66% das lesões acometidas nos jovens atletas de voleibol foram no joelho.

    Em um ano, vinte atletas sofreram quarenta e duas lesões, com uma média de 2,1 lesões por atleta. Porém, a maior freqüência foi de lesões consideradas leves pelas jogadoras. Sendo assim, pode-se considerar que as lesões no voleibol são comuns, porém nem sempre são suficientes para o afastamento da atleta da atividade esportiva.

    No grupo em questão, deve ser levada em consideração que as atletas possuem grande experiência no esporte se comparada a outras meninas da mesma idade, além da carga de treino também ser extensa. Logo, os resultados obtidos são relevantes e refletem a realidade de algumas equipes de voleibol já pesquisadas como a equipe de Araçatuba (SP), São José do Rio Preto (SP) e São Carlos (SP) (ELIAS; TUMELERO, 2005).

Conclusão

    Com o estudo foi possível observar o alto índice de lesões nas atletas de voleibol. Porém esse alto índice corresponde a lesões de baixa intensidade. O local mais prevalente de lesão foram os joelhos, tendo o maior número de lesões leves que não afastaram os atletas das atividades e de lesões mais graves que impediram a prática esportiva.

Referências

  • ANDREWS, J. R.; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação Física do Atleta. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

  • ANTONIAZZI, M. B.; SANTOS, M. P. O. Prevalência de lesões nos joelhos e tornozelos de atletas jovens de voleibol: um estudo de caso. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 15, n 144, maio, 2010. http://www.efdeportes.com/efd144/lesoes-nos-joelhos-e-tornozelos-de-atletas-de-voleibol.htm

  • ELIAS, D. D.; TUMELERO, S. Incidência de lesões de joelho e tornozelo em equipes femininas de voleibol, que disputaram o Campeonato Paulista em 2005. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 13, n 120, maio, 2008. http://www.efdeportes.com/efd120/lesoes-de-joelho-e-tornozelo-em-equipes-femininas-de-voleibol.htm

  • FARINA, E. C. R. Riscos de lesões na região do tornozelo em jogadores de voleibol: proposta de prevenção. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, n 117, fevereiro, 2008. http://www.efdeportes.com/efd117/riscos-de-lesoes-na-regiao-do-tornozelo-em-jogadores-de-voleibol.htm

  • FARINA, E. C. R.; MANSOLO, A. C. Incidência das lesões em atletas federadas nas categorias de base do voleibol no Estado de São Paulo. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 11, n 101, outubro, 2006. http://www.efdeportes.com/efd101/volei.htm

  • MAEHLER, I. E.; ACHOUR JUNIOR, A. As situações de placar e suas influencias na execução do saque no voleibol: um estudo a partir da observação de atletas da categoria infanto juvenil feminina. Rev. Treinamento Esportivo. 6, 45-52, 2001.

  • MARQUES JUNIOR, N. K. Principais lesões no atleta de voleibol. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 10, n 68, janeiro, 2004. http://www.efdeportes.com/efd68/volei.htm

  • MENDONÇA, L. M. et al. Avaliação muscular isocinética da articulação do ombro em atletas da seleção brasileira de voleibol sub-19 e sub-21 masculino. Rev. Brasileira de Medicina Esportiva, v. 16, n. 2 , mar/abr 2010.

  • MESQUITA, W. G.; FONSECA, R. M. C.; FRANÇA, N. M. Influencia do Voleibol na Densidade Mineral Óssea de Adolescentes do Sexo Feminino. Rev. Brasileira de Medicina Esportiva, v. 16, n. 6, nov/dez 2008.

  • MORAES, J. C.; BASSEDONE, D. R. Estudo das lesões em atletas de voleibol participantes da Superliga Nacional. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, n 111, agosto, 2007. http://www.efdeportes.com/efd111/estudo-das-lesoes-em-atletas-de-voleibol.htm

  • PAIM, M. C. C. Temperamento de adolescentes praticantes de voleibol. Lecturas, Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 9, n 59, abril, 2003. http://www.efdeportes.com/efd59/voley.htm

  • PIRES, L. M. T. et al. Lesões no ombro e sua relação com a prática do voleibol - Revisão da Literatura . Inter Science Place, ano 2, n 10, novembro/dezembro, 2009.

  • SANTOS, S. G.; PIUCCO, T.; REIS, D. C. Fatores que Interferem nas Lesões de Atletas Amadores de Voleibol. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum. 9(2), 189-195, 2007.

  • RIZOLA NETO, A. Uma proposta de preparação para equipes jovens de voleibol feminino. [Dissertação] Mestrado em Educação Física, Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 2004.

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