efdeportes.com
Temperamento de adolescentes praticantes de voleibol

   
Licenciada em Educação Física/UFSM
Especialista em Aprendizagem Motora/UFSM
Mestre em Ciência do Movimento Humano/
Desenvolvimento Humano/UFSM
Profa. da CEFD/UFSM
 
 
Maria Cristina Chimelo Paim
crischimelo@bol.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    O temperamento possui relações íntimas com as qualidades biofísicas do organismo e com os processos químicos que operam em nosso sistema nervoso, glandular e circulatório. O temperamento é a maneira espontânea de ser, de pensar, sentir, agir e reagir de cada um, revelando o que somos por natureza, já o caráter e a personalidade revelam o que conseguimos pelo nosso esforço. Sendo assim o temperamento, como a inteligência e o físico, designam uma classe de "material bruto" a partir do qual se forma a personalidade. Os três fatores dependem, em grande parte, da determinação genética, e são, portanto, os aspectos da personalidade mais dependentes da hereditariedade. Considerando o esporte um fator de extrema importância para o desenvolvimento da personalidade de adolescentes, promovendo positivamente a disposição para o comportamento social, a estabilidade emocional, autodisciplina, motivação para o rendimento, força de vontade, entre outros, objetivou-se no presente estudo verificar o tipo de temperamento de adolescentes praticantes de voleibol. Fizeram parte da amostra 75 meninas na faixa etária de 14-16 anos, pertencentes às Escolinhas de Voleibol de Escolas Estaduais e Particulares de Santa Maria. Como instrumento metodológico foi utilizado o Questionário de "Strelau", com a finalidade de diagnosticar as Peculiaridades Tipológicas do Sistema Nervoso (PTSN): Força dos Processos de Excitação (FPE), Força dos Processos de Inibição (FPI), Mobilidade (M) e Equilíbrio (E). A partir da análise dos índices da FPE, que é uma Peculiaridade básica do sistema nervoso, e influente nas demais, foi encontrado: 45 adolescentes com sistema nervoso alto; 18 adolescentes com sistema nervoso intermediário e 12 adolescentes com sistema nervoso baixo. Com base nesses resultados pode-se inferir que a maioria das adolescentes pertencentes à amostra, apresentam tendência ao temperamento colérico, sanguíneo e fleumático (60%), temperamento intermediário (24%) e temperamento melancólico (16%).
    Unitermos: Temperamento. Adolescentes. Voleibol.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 59 - Abril de 2003

1 / 1

Introdução

    O voleibol é o segundo esporte mais praticado no Brasil. As recentes conquistas das seleções brasileiras e o patrocínio de grandes empresas fizeram com que sua popularidade crescesse de maneira considerável na última década. Sua prática ocorre tanto na forma recreativa e de lazer, quanto profissional (Bojikian, 1999).

    Por ser um esporte idealizado dentro de simplicidades, separação entre as equipes e participação equivalente de todos os jogadores, teve uma aceitação e assimilação rápida por todos os povos, como lazer ou esporte profissional, o que facilitou sua evolução e destaque no plano olímpico. Por todos os continentes, o desenvolvimento foi rápido, tanto no masculino como no feminino, porém com características peculiares a cada povo, segundo seu biótipo, seu nível atlético e filosofia de trabalho. Pode-se destacar características como a eficiência e a força, nos países socialistas europeus e Europa; a ação global da equipe, a movimentação e variação dos ataques, nos países asiáticos, a criatividade, envolvimento emocional e vibração nos latino-americanos, a técnica e o alto nível atlético nos europeus (Borsari ,1996).

    Segundo o mesmo autor, com a evolução alcançada, o voleibol transformou-se em um dos esportes mais atléticos, obrigando os jogadores a executarem movimentos rápidos e violentos, com muita habilidade e raciocínio. Fisicamente o atleta deve ter estatura privilegiada, com muita coordenação, possibilitando ataques de bolas altas, rápidas, e bloqueio nos vários pontos da rede, sem muito desgaste físico. Além de força, agilidade, raciocínio e reações rápidas, exige grande resistência. Psicologicamente, é de fundamental importância o atleta ser dotado de muita percepção, estabilidade emocional e espírito de equipe, por ser um dos jogos coletivos mais exigentes em matéria de regras quanto a toques e análise dos lances. A preparação psicológica é essencial e definitiva no sucesso dos esportes, principalmente o de competição. Para que esta preparação seja de qualidade é preciso conhecer o grupo com quem se trabalha, no que se refere às suas características psicológicas individuais.

    A compreensão da personalidade humana não é simples, devido à complexidade e à grande variedade dos elementos que a estruturam, gerados por múltiplos determinantes, tanto biológicos, quanto psicológicos e sociais. Em relação aos aspectos sociais, quanto mais complexa e diferenciada a cultura e a organização social, mais complexo e diferenciado será o ser humano, o qual é, resultado do conjunto de seus relacionamentos vivenciados no interior de sua cultura e da organização social a que pertence. Biologicamente, o ser humano já traz em seus genes diferentes tendências, interesses e aptidões e, sabe-se que é formado pela combinação dinâmica de vários fatores hereditários e uma multiplicidade de influências sócio-psicológicas que recebe do meio ambiente (Fernandes Filho,1992). Dentre os biológicos, o físico é o mais visivelmente ligado à hereditariedade, mas existem muitos estudos que provam que as bases do temperamento, e da inteligência são também determinados geneticamente (Allport, 1966).

    Allport (1966), caracteriza o temperamento como fenômeno característico da natureza emocional de um indivíduo, na qual incluí sua suscetibilidade à estimulação, a intensidade e rapidez usuais de respostas, a qualidade de sua disposição predominante, e todas as peculiaridades de flutuação e intensidade de disposição, sendo que tais fenômenos são dependentes da organização constitucional, e, portanto, em grande parte, originário da hereditariedade. O temperamento pode ser alterado (dentro de certos limites), por influências médicas, cirúrgicas e nutrição, bem como no decurso da aprendizagem e das experiências de vida. Como vimos, o temperamento pode alterar-se durante o desenvolvimento da personalidade, conservando seus níveis constitucionais, químicos, metabólicos e neurais, que determinam as nossas características individuais.

    Para Novais (1977), o temperamento refere-se ao clima químico na qual se desenvolve a personalidade, o que explica a existência de pessoas comedidas nos gestos, equilibradas nas atitudes, de palavras mansas; outras violentas, inquietas, nervosas, impulsivas; pessoas super, ou hipersensíveis, de grande emotividade e outras não, pessoas alegres, ativas, outras tristes ou melancólicas e apáticas. Em fim cada pessoa se manifesta a seu modo. Esta maneira espontânea de ser, de agir e reagir, têm sua explicação no temperamento, que é a matéria-prima da personalidade.

    Petroviski (1985), definiu temperamento como a combinação determinada e estável das peculiaridades psicodinâmicas do indivíduo, que se revela em suas atividades e comportamento e compõe a sua base orgânica. Dois componentes do temperamento, atividade e emocionalidade, estão presentes na maioria das classificações e teorias do temperamento. A atividade do comportamento caracteriza o grau de energia, impetuosidade, velocidade, inércia e de lentidão. A emocionalidade caracteriza as peculiaridades da transcorrência das emoções, sentimentos, estados de espírito e suas qualidades, como: o sinal (positivo/negativo) e a modalidade (alegria, mágoa, medo, tristeza, cólera, etc).

    São conhecidos três sistemas básicos para explicar a essência do temperamento, os sistema humoral, constitucional e o sistema que liga os tipos de temperamento com a atividade nervosa superior (Petroviski, 1985). A Teoria do Temperamento de Pavlov ou da Atividade Nervosa Superior, procura distinguir entre as múltiplas diversidades do Comportamento Humano, semelhanças e diferenças peculiares que definem com mais clareza tipos de temperamento. Na tradição Pavloviana, segundo Marx & Hillix (2000), o tipo de sistema nervoso refere-se a dois conceitos diferentes: Um complexo de características específicas dos dois processos nervosos básicos, opostos (excitação e inibição), isto é, a "força" dos processos excitatórios, o equilíbrio entre os processos excitatórios e inibitórios, e a "mobilidade". Os pólos opostos das três dimensões são: fraqueza, desequilíbrio e inércia; E, Padrões característicos do comportamento animal e humano. O tipo no primeiro sentido (um complexo de propriedades específicas dos processos nervosos) era considerado um genótipo e era também designado, na terminologia de Pavlov, como temperamento, constituição nervosa ou tipo de atividade superior e o segundo tipo (padrão habitual de comportamento) representa um fenótipo, também designado caráter assim, baseados em Pavlov, Teplov apud Marx & Hillix (2000), define personalidade como sendo determinada tanto pela hereditariedade biológica quanto pelo ambiente, isto é, as condições de educação. A força, o caráter ou a forma do comportamento consiste, em grande parte, em aquisições, hábitos formados durante a existência do indivíduo.

    Pavlov (1979), identificou quatro tipos de sistema nervoso, e classificou-os de acordo com três peculiaridades básicas do sistema nervoso central: a intensidade, neste caso o sistema nervoso pode ser Forte ou Fraco; o equilíbrio, o qual dividiu em sistema nervoso equilibrado e sistema nervoso desequilibrado e, a mobilidade ou a inércia dos seus processos. Das principais peculiaridades tipológicas do sistema nervoso, a que mais influência o desempenho esportivo, é a Força dos Processos de Excitação (FPE), identificada como uma peculiaridade básica do sistema nervoso e que influí em todas as outras como: a Força dos Processos de Inibição (FPI), que caracteriza a sua capacidade de ser discreto em emoções, condutas, ações e relações; o Equilíbrio dos Processos de Excitação e Inibição do sistema nervoso (E), que se revela pela proporção entre os processos de excitação e dos processos de inibição e o Nível de Mobilidade do Sistema Nervoso, que consiste na capacidade de reagir rapidamente às mudanças do ambiente (Rodianov, 1973; Viatkin, 1978; Petroviski, 1985; Kalinine e Giacomini, 1998; Paim & Canfield 2002). Dessa forma, é possível dizer que há seres humanos com sistema nervoso forte, móvel, mas desequilibrados, nos quais os dois processos são poderosos, mas a excitação predomina sobre a inibição, que são os coléricos, segundo Hipócrates, tipo excitável e impulsivo. Os indivíduos com o tipo de sistema nervoso forte, equilibrado, mas inertes, são os fleumáticos, calmos e lentos. Em seguida o tipo forte, equilibrado, hábil, muito vivo e móvel, os sangüíneos. E finalmente um tipo fraco, sensível, delicado, que corresponde ao tipo melancólico de Hipócrates.

    As principais características dos indivíduos que atendem aos tipos de temperamento segundo Kalinine & Giacomini (1998) são: Sangüíneo: alegre; energético e empreendedor; assimila rapidamente o novo; suporta as derrotas facilmente; assume novas tarefas apaixonadamente, fala alto, rápido e claro; conserva o autocontrole em situações inesperadas e complexas, sociável, e tem boa resistência e capacidade de trabalho, se este lhe interessa; Colérico: impaciente; possuí iniciativa; inclinado ao perigo; teimoso; tem fala rápida, apaixonada e com gestos acentuados; às vezes é agressivo; capaz de agir rapidamente; sofre mudanças de humor repentinamente e não guarda rancor; Fleumático: passivo; cuidadoso e controlado; responsável nos empreendimentos; fala calmo e sem gestos; constante em suas relações com as pessoas e possuí dificuldades de se adaptar a novas situações e Melancólico: tímido e retraído; triste e mal humorado; pessimista; perde-se facilmente em novas situações; não acredita em suas potencialidades; reservado e insociável; sensível, fere-se com facilidade, é inclinado à suspeitas e dúvidas.

    Face ao exposto sobre as Peculiaridades do Sistema Nervoso e considerando o esporte um fator de extrema importância para o desenvolvimento da personalidade de adolescentes (Samulski 1995; 2002), promovendo positivamente a disposição para o comportamento social, estabilidade emocional, autodisciplina, motivação para o rendimento, força de vontade, entre outros, objetivou-se no presente estudo verificar o tipo de temperamento de adolescentes praticantes de voleibol na faixa etária de 14 - 16 anos.


Metodologia

    Fizeram parte da amostra 75 meninas na faixa etária de 14-16 anos, pertencentes às Escolinhas de Voleibol de Escolas Estaduais e Particulares de Santa Maria. Como instrumento metodológico foi utilizado o "Questionário de Strelau", com a finalidade de diagnosticar as Peculiaridades Tipológicas do Sistema Nervoso (PTSN), medidas através da Força dos Processos de Excitação (FPE), Força dos Processos de Inibição (FPI), Mobilidade (M) e Equilíbrio (E).

    O "Questionário de Strelau", se destacou entre outras metodologias pelo seu grau de fidedignidade r > 0,9, objetividade r > 0,9 e validade r > 0,9. Este instrumento permite ao pesquisador conhecer os seres humanos com temperamentos sangüíneos, coléricos, fleumáticos e melancólicos com p < 0,05 (STRELAU, 1982; VIATKIN,1973). A validação para a língua portuguesa, do "Questionário de Strelau", realizou-se mediante a aplicação da versão russa e da versão portuguesa em 11 pessoas que dominavam ambos os idiomas. O coeficiente de correlação foi de r = 0,94 com p < 0,001.

    O questionário é composto de 134 perguntas, sobre vários temas relacionados ao cotidiano de cada pessoa, tendo sempre como respostas para as indagações as expressões "Sim" ou "Não".

    Os dados foram submetidos à análise através do sistema SAS. Os resultados foram analisados com métodos da estatística paramétrica (média, e desvio padrão).


Resultados e discussão

Peculiaridades Tipológicas do Sistema Nervoso

TABELA 1- Média, desvio padrão dos componentes das Peculiaridades Tipológicas Básicas do Sistema Nervoso (PTSN).
Força dos Processos de Excitação (FPE); Força dos Processos de Inibição (FPI); Mobilidade (M) e Equilíbrio (E)
dos sujeitos agrupados conforme o seu tipo de sistema nervoso.

    Os dados da Tabela 01, mostram que as Peculiaridades Tipológicas das 75 adolescentes praticantes de voleibol de escolas Estaduais e Particulares da cidade de Santa Maria são diferenciadas. O maior número das adolescentes, encontram-se na categoria de sistema nervoso alto (60% com FPE X=64,1; S 5,28), seguido de sujeitos com sistema nervoso intermediário (24% com FPE X=51,8; S 3,36) e sistema nervoso baixo (16% com FPE X=41,7; S=2,53).

    Comparando os índices das Peculiaridades Tipológicas do Sistema Nervoso de praticantes de voleibol em Clubes Escolares (estaduais e particulares de Santa Maria), com os índices oriundos da pesquisa de Paim & Canfield (2002), onde verificaram o tipo de temperamento, a partir das PTSN, de 32 praticantes do sexo masculino, de escolinhas de futebol da cidade de Santa Maria/RS, foi encontrado, em maior número, sujeitos com sistema nervoso intermediário (40% com FPE X= 58,00; S= 2,59), seguido de sujeitos com sistema nervoso alto (31% com FPE X=66,40; S= 2,98) e sistema nervoso baixo (28% com FPE X=46,00; 3,31). A partir desta análise, pode-se inferir que em média as adolescentes praticante de voleibol, possuem sistema nervoso mais elevado que os praticantes de futebol estudado por Paim & & Canfield.

    Na Força dos Processos de Inibição em média, foram encontrados índices para o sistema nervoso alto, intermediário e baixo (FPI X=60,4; S= 5,15; X=52,8; S=5,15 e X=53,6; S=6,97 respectivamente). Já no Nível de Mobilidade, foram encontrados índices para o sistema nervoso alto, intermediário e baixo (M X=65,04; S=4,08, X=59,7; S=5,69 e X=53,3; S=4,62 respectivamente). Se comparados aos índices encontrados por Paim & Canfield (2002), verifica-se que são índices mais elevados. Estes dados corroboram os achados de Paim (2002), onde correlacionou as Peculiaridades Tipológicas de acadêmicos de Educação Física, e concluiu que, quanto maior os índices de FPE maior também são os índices de FPI e M.

    Na análise do Equilíbrio dos Processos de Excitação e Inibição que ocorrem no sistema nervoso do homem, foram encontrados índices para o sistema nervoso alto, intermediário e baixo (E X= 1,06; S=0,24, X=1,01; S=0,19 e X=0,79; S=0,21 respectivamente).


Temperamento de adolescentes praticantes de voleibol

Tabela 02- Média dos componentes das Peculiaridades Tipológicas Básicas do Sistema Nervoso (PTSN).
Força dos Processos de Excitação (FPE); Força dos Processos de Inibição (FPI); Mobilidade (M) e Equilíbrio (E)
dos sujeitos agrupados conforme sua tendência a um tipo de temperamento.

    Os dados da Tabela 02, mostram que das 45 adolescentes praticantes de voleibol com Sistema Nervoso Alto, 20 apresentam tendência ao temperamento colérico, 15 ao temperamento sangüíneo e 10 ao temperamento fleumático. 18 adolescentes possuem temperamento intermediário e 10 apresentam tendências ao temperamento melancólico.

    Para o temperamento colérico, foram encontrados índices médios para FPE, FPII, M e E (64,2; 55,7; 68,1 e1,16 respectivamente). Esses índices segundo Kalinine (1999), caracterizam pessoas com sistema nervoso alto, móvel e desequilibrado, onde os índices dos processos de excitação prevalecem sobre os processos de inibição, caracterizando pessoas que gostam de constantes desafios, buscando sempre ultrapassar seus limites e mostram-se bastante impulsivas. O atleta com temperamento colérico, prefere modalidades esportivas com movimentos rápidos e intensos, como é o caso do voleibol, basquetebol e outros, onde o meio está em constantes mudanças.

    Para o temperamento sangüíneo, foram encontrados índices médios para FPE, FPI, M e E (64,0; 65,3; 65,8 e 0,97 respectivamente). Estes índices segundo Kalinine (1999), caracterizam pessoas com sistema nervoso alto, móvel e equilibrado, onde os índices dos processos de excitação se equivalem aos índices dos processos de inibição, caracterizando pessoas estáveis em suas emoções e autoconfiantes em suas decisões. O atleta com temperamento sangüíneo também da preferência para modalidades esportivas com movimentos rápidos e intensos. Possuem reações rápidas e precisas, gostam de estímulos externos em constantes mudanças, o que é característica dos jogos esportivos. Os achados da presente pesquisa, reforça o que Borsari (1996), diz ser indispensável para um atleta de voleibol, possuir movimento e reações rápidas e também estabilidade emocional.

    Para o temperamento fleumático, foram encontrados índices médios para FPE, FPI, M e E (63,7; 62,4; 56,9 e 1,02 respectivamente). Esses índices segundo Kalinine, (1999), caracterizam pessoas com sistema nervoso alto, inerte e equilibrado, onde os índices dos processos de excitação se equivalem aos índices dos processos de inibição, caracterizando pessoas estáveis em suas emoções, autoconfiantes em suas decisões, apresentando um alto nível de capacidade de trabalho. O atleta com temperamento fleumático da preferência para modalidades esportivas com movimentos calmos e uniformes, onde ele possa ter mais tempo para pensar e reagir adequadamente ao estímulo, pois é um excelente estrategista.

    Para o temperamento intermediário, foram encontrados índices médios para FPE, FPI, M e E (51,8; 51,5; 59,7 e 1,01 respectivamente). Esses índices segundo Kalinine e Giacomini (1998) caracterizam pessoas com sistema nervoso médio, com maior plasticidade, ou seja são pessoas que se adaptam melhor as situações apresentadas no seu dia a dia. Pessoas com este tipo de temperamento são na grande maioria estáveis em suas emoções, equilibradas e de fácil convívio. Segundo Kalinine (1999), atletas com temperamento intermediário são encontrados em várias modalidades esportivas, isso devido ao seu alto poder de adaptação. Este tipo de temperamento é considerado como sendo uma mistura dos outros quatro apresentados (colérico, sangüíneo, fleumático e melancólico). Por essa razão é muito comum encontrarmos pessoas com sistema nervoso intermediário com tendências ao temperamento colérico, sangüíneo, fleumático ou melancólico (Kalinine & Giacomini ,1998)

    Para o temperamento melancólico, foram encontrados índices médios para FPE, FPI, M e E (41,7; 53,6; 53,3 e 0,79 respectivamente). Esses índices segundo Kalinine (1999), caracterizam pessoas com sistema nervoso baixo, onde os índices dos processos de inibição prevalecem sobre os índices de excitação. O atleta melancólico tem grande potencial, esportivo, mas ele mesmo não acredita nesse potencial, precisando de constantemente palavras de incentivo e autoconfiança. Apresenta alto nível de ansiedade, o que acaba perturbando suas decisões e diminuindo seu desempenho, principalmente em situações onde a instabilidade do meio é grande, como é o caso dos esportes coletivos.


Conclusão

    Uma apreciação global do estudo efetuado indica as seguintes conclusões:

  • A maioria das adolescentes, praticantes de voleibol, possuem Sistema Nervoso Alto.

  • O tipo de temperamento mais evidenciado nas adolescentes praticantes de voleibol foi: o temperamento colérico, seguido do temperamento intermediário, sangüíneo, fleumático e melancólico.


Referências bibliográficas

  • ALLPORT, G.W. Personalidade: padrões e desenvolvimento. Herder. Editora da Universidade de São Paulo: São Paulo, 1966.

  • BOJIKIAN, J. C. M. Ensinando Voleibol. Guarulhos: Phorte Editora, 1999.

  • BORSARI, J. R. Aprendizagem e treinamento. Um desafio constante. Variações do voleibol: Vôlei de praia. Fut-volei. Vôlei quarteto. São Paulo: EPU, 1996.

  • FERNANDES FILHO, J. Persona. Revista Brasil Rotário. Rio de Janeiro, 1992

  • KALININE, I. & GIACOMINI, L. C. Pesquisa da tipologia dos atletas de alto rendimento no Brasil. Santa Maria. Kinesis, n. 20, p. 69-76, 1998.

  • KALININE, I. Polígrafo da disciplina de mestrado. UFSM, 1999

  • MARX, M. H. & HILLIX, W. A Sistemas e Teorias em Psicologia. São Paulo: Cultrix, 12a edição, 2000.

  • NOVAIS, G. Psicologia, Personalidade e Liderança. São Leopoldo: Rotermund, 1977.

  • PAIM, M. C. C. & CANFIELD, J. T. Relação entre habilidade de Tempo-Compartilhado e tipos de Temperamento de praticantes de futebol. http://www.efdeportes.com, Revista Digital - Buenos Aires - Ano 8, N. 48, Mayo, 2002.

  • PAVLOV, I. P. Pavlov: psicologia. ( Org. Isaías Pessotti). São Paulo: Ática, 1979.

  • PETROVISKI, A. V. Dicionário psicológico breve. (Org. Karpenco L. A. ) Moscou: Politisdat, 1985.

  • RODIONOV, A . V. A Psicologia das capacidades esportivas. Moscou: Cultura Física e Esportes, 1973.

  • SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte: teoria e aplicação prática. Belo Horizonte: Impresa Universitária/ UFMG, 1995.

  • _______ . Psicologia do Esporte. Baueri: Manole, 2002

  • STRELAU, J. O papel do temperamento no desenvolvimento psíquico. Moscou: Progress, 1982.

  • VIATKIN, B.A. O papel do Temperamento na atividade esportiva. Moscou: Cultura Física e Esporte, 1978.

Outro artigos de Voleibol
em Portugués

  www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
   

revista digital · Año 9 · N° 59 | Buenos Aires, Abril 2003  
© 1997-2003 Derechos reservados