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Os projetos sócio-esportivos: uma análise 

histórico-contextual na Cidade do Rio de Janeiro

Los proyectos socio-deportivos: un análisis histórico-contextual en la Ciudad de Río de Janeiro

Projects socio-sports: an analysis historical context in the City of Rio de Janeiro

 

*Mestrando em Ciência do Movimento Humano

pela Universidad Autónoma de Asunción, PY

**Doutorando em Educação Física e Desporto

pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, PT

***Laboratório de Estudos da Cultura Social Urbana- LECSU

****Doutorado em Ciência da Motricidade Humana

pela Universidade Técnica de Lisboa, PT

(Brasil)

Tibério Costa José Machado* ***

tiberiojose@gmail.com

Carlos Henrique Dória**

carloshdoria@gmail.com

Angelo Vargas*** ****

angelo.vargas@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo apresenta a análise histórico-contextual acerca da implementação e do desenvolvimento dos Projetos Sócio-Esportivos na Cidade do Rio de Janeiro. A Política Sócio-Esportiva passar a ser empregada em decorrência do aumento dos problemas de cunho social, que promoveram como vítimas principais o público jovem. A crescente atuação do Poder Público e o notório reconhecimento da eficiência esportiva propiciaram a disseminação da desta política, todavia indícios apontam que os primeiros fomentos ocorrem com a ausência de participação dos setores vinculados ao Governo. A consolidação dos Projetos Sócio-Esportivos implementados, juntamente com a confirmação da competência esportiva no que lhe foi designado, propiciou gradativo crescimento de utilização desta prática na sociedade do Rio de Janeiro, fato que remete a uma mudança de cenário, onde o Projeto Sócio-Esportivo deixa de ser uma alternativa para torna-se uma imprescindível ferramenta de transformação social, utilizada prioritariamente nos dias atuais pelo Poder Público.

          Unitermos: Crianças. Adolescentes. Vulnerabilidade social. Políticas públicas. Esportes.

 

Abstract

          This article presents a historical-contextual analysis about the implementation and development of Socio-Sports Projects in the City of Rio de Janeiro. The Socio-Sports Political become employed due to the increase of social problems, the principal victims who promoted the young audience. The growing role of the government and the notorious recognition efficiency led to the spread of sports Socio-Sports Political, however early indications suggested encouragements occur in the absence of participation of sectors linked to the Government. The consolidation of the Socio-Sports Projects implemented, along with a confirmation of competence in the sport that has been designated, allowed gradual growth of use of this practice in Rio de Janeiro society, a fact which leads to a change of scenery, where the Socio-Sport Projects ceases to be an alternative to become an indispensable tool for social transformation, primarily used today by the Government.

          Keywords: Child. Adolescent. Social vulnerability. Public policies. Sports.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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    Projeto sócio-esportivo pode ser definido como um modelo de projeto interventivo, com característica principal e determinante a utilização do esporte com fins sociais. Todavia, sua presença nem sempre foi efetiva em nossa sociedade, como na proporção encontrada nos dias atuais. Indícios relevantes apontam que a utilização dos Projetos Sócio-Esportivos fez-se presente e crescente na sociedade brasileira, a partir do momento que diversos problemas emergiram no seio de nossa sociedade, problemas como aumento da mortalidade infantil, crescimento da criminalidade e da violência. Entretanto, deve ser ressaltado que tal problemática atinge como vítimas principais os jovens, expondo o grupo ao que é denominado situação de risco social.

    Todavia, o que é risco social? Segundo Le Breton (1995) é uma situação momentânea que oferece risco ao indivíduo. Como enunciamos, os jovens são mais vulneráveis a situação de risco social, pois estão em fase de desenvolvimento e amadurecimento biológico, fatores determinantes para a adaptação ao meio físico e social. Segundo os postulados filosóficos de Karl Marx, o Homem figura como produto do meio, sofrendo as interveniências do meio social onde ele encontra-se inserido. O pensamento exposto por Marx nos direciona a imaginar que essa mesma casuística atinja os jovens, quando expostos a situações de risco social, já que estão em processo de formação, de criação de uma identidade. Vargas (2002) corrobora afirmando que os mais jovens acabam por reproduzir os atos, gestos e ações presenciadas em seu cotidiano e ambiente de convívio.

    Entendido o universo de abrangência do risco social, é importante que regressemos a temática referente aos Projetos Sócio-Esportivos. A década de 80 pode ser apontada como a década inicial de implementação das políticas públicas que incluíram o esporte. Nesta década ocorreram mudanças relevantes no cenário esportivo nacional, que contribuíram para o desenvolvimento do esporte e por conseqüência das políticas públicas que envolviam o mesmo. De acordo com Zaluar (1994), nos anos 80, temos o crescimento efetivo das políticas públicas ligadas ao esporte, em contra partida tivemos como apontado anteriormente o crescimento das problemáticas sociais em nosso contexto. É possível afirmar a ocorrência de uma relação diretamente proporcional entre esses dois fatos. Sendo assim, torna-se pertinente depreender que os governantes, utilizaram o esporte como ferramenta de transformação social, assim como asseverado por Tubino (2001), que apresenta uma “nova face” para o esporte. Assim para Tubino (2001), o esporte apresenta-se como instrumento colaborador para o desenvolvimento das crianças, dos adolescentes e dos jovens, sendo propagador de valores éticos e sociais, que contribuem para a formação humana.

    Para denotar a interação ocorrida entre esporte e políticas públicas ao logo dos anos 80, um acontecimento tornou-se de grande relevância. De acordo com Art. 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988: “...é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um”. Este fato corrobora para o desenvolvimento esportivo em todo o país, tendo agora o Estado o dever de prover os meios para o esporte como um direito social.

    A análise entre esporte e políticas públicas ao longo dos anos 80, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, permite observar que indícios remetem aos acontecimentos de maior expressão referente à utilização do esporte pelo Poder Público, surgem a partir do ano de 1985, com a criação de um Órgão Público responsável pela manutenção e regulação dos Projetos Sócio-Esportivos na cidade. O órgão enunciado diz respeito à Secretaria Municipal de Esportes e Lazer – SMEL, que até hoje mantém a presente nomenclatura e sua efetividade no que lhe foi designado.

    No ano de 1986, pode ser observado, o ganho de importância por parte das ações sociais. Diversas ações sociais são desenvolvidas neste ano, com destaque para o Projeto Recriança, o Projeto Cuca Esperta, que desenvolvia a prática de xadrez, Ginástica na Praça, Capoeira na Rua e a Formação de Equipes nas seguintes modalidades esportivas: Futebol, Basquetebol e Voleibol. Outro ponto significativo ocorrido no ano de 1986 é a criação da Fundação Rio Esporte, que teve atuação efetiva até o ano de 1989.

    Importa referir que as ações sociais, surgem anteriormente aos Projetos Sócio-Esportivos e apresentam como característica determinante a atuação globalizada e pontual, não almejando cunho preventivo em suas atuações. A literatura indica que o primeiro Projeto Sócio-Esportivo criado na cidade do Rio de Janeiro, foi a Vila Olímpica da Mangueira, como veremos adiante que é posterior as ações sociais que obtiveram substancial destaque.

    No ano de 1987 nasce na sociedade carioca, no bairro conhecido como Mangueira, região famosa por acomodar uma das mais tradicionais Escolas de Samba da cidade, o primeiro Projeto Sócio-Esportivo, como apontado por Rezende (2002), Dória e Tubino (2006). Todavia, importa destacar uma peculiaridade determinante desse projeto. Devemos ressaltar que a presente iniciativa abordada, surge de forma dissociada ao apresentado até o momento. Ela retrata um novo modelo de gestão, contrariando até mesmo uma iniciativa ou ação social ocorrida no ano de 1975. Neste ano, 1975, ocorreu uma ação social desenvolvida pela Rede Globo de Televisão, que recebeu o nome de Campanha Mexa-se e foi desenvolvida em nível nacional. Um fato importante a ser enunciado foi que a presente campanha ocorreu durante o Regime conhecido como Ditadura Militar, porém foi uma ação sem apoio Governamental, sendo administrada e propagada pela Iniciativa Privada. É possível destacar que existe alguma semelhança com o projeto desenvolvido em 1987, porém uma diferença seria marcante: a apresentação de uma nova forma de gestão ou parceria.

    Até o presente momento, os projetos abordados com exceção da Campanha Mexa-se e do projeto criado em 1987, eram regulamentados pelo Governo, entretanto esse projeto de 1987 que foi batizado como Vila Olímpica da Mangueira, não seguiu essa linha de condução administrativa. Essa iniciativa compreendeu a união entre o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira em parceira com diversos setores da Iniciativa Privada, diferentemente de tudo que se apresentava até aquele momento histórico, que eram basicamente geridos somente pelo Poder Público ou pela Iniciativa Privada. O objetivo do projeto, como relatado por Rezende (2002), era “...apresentar o esporte como uma alternativa de socialização do morador de favela e dos bairros populares sendo igualmente o grande responsável pela receptividade do projeto junto ao público infanto-juvenil.” Isso mostra que neste momento histórico, o esporte passa a ter ação preponderantemente social, na busca da transformação dos indivíduos em situação de risco social.

    Até o ano de 1987, nota-se um baixo nível de articulação do Poder Público em prol do esporte, fato contraditório quando comparado com os dias atuais onde o mesmo é utilizado com diversas finalidades. Hoje o Poder Público é um dos ou o maior fomentador desta política sócio-esportiva, financiando projetos ou proporcionando redução de impostos para os envolvidos nessa ideologia. A partir deste momento pode ser percebida uma gradativa mudança de cenário na cidade do Rio de Janeiro, que para o esporte e profissionais envolvidos parece ser algo bastante favorável.

    Todavia, outros acontecimentos marcaram os anos 80. Em 1986, temos a criação de uma importante ação social, que mais uma vez nasce do apoio da Iniciativa Privada (Rede Globo de Televisão) e órgãos como a UNESCO e atualmente o UNICEF. Trata-se da Campanha Criança Esperança, que foi criado no ano de 1986 e atua até hoje, na busca por obtenção de fundos com o propósito de serem investido no trabalho com jovens carentes.

    No ano de 1988, um fato contradiz a propensa mudança de cenário dos projetos, apresentado neste estudo. Ocorre a extinção da SMEL e a criação da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte. Desta forma, o esporte acabou dividindo espaço e atenção com outras atividades.

    O ano de 1989, não apresentou significativa alteração no cenário dos Projetos Sócio-Esportivos na cidade do Rio de Janeiro, porém todas as ações sociais acontecidas no ano de 1986 foram mantidas, preservando assim acesa a “chama que iria iluminar” a mudança. Vale ressaltar que neste momento da história esportiva, já era dever do Estado fomentar a prática esportiva, em cumprimento ao Art. 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. De acordo com Tubino (1993) este é o momento de consolidação para o esporte, onde pela primeira vez o esporte é valorizado, sendo considerado importante para a sociedade, principalmente o esporte voltado para a educação e o lazer. Hoje, vemos que nosso Grande Mestre, tinha total razão em sua colação, acertando perfeitamente em sua “previsão”.

    Na seqüência da jornada histórica do esporte com cunho social na cidade do Rio de Janeiro, chegamos ao ano de 1993, onde temos novamente a criação da SMEL, voltando assim o esporte a ter um espaço único dentro da Prefeitura do Rio de Janeiro. Nesta época já tínhamos projetos e ações sociais consolidadas em nossa cidade e veremos desse momento em diante uma atuação maciça, que proporcionou até mesmo outras visões com relação às ações e projetos congêneres.

    O ano de 1997 pode ser considerado um ano de suma importância para a história dos Projetos Sócio-Esportivos. Em visita ao Brasil, o Presidente dos EUA Bill Clinton, visita a Vila Olímpica da Mangueira. Este ocorrido deu maior visibilidade ao projeto desenvolvido pela Escola de Samba, que neste momento já executava outras ações e mantinha sua política de realizar parcerias com a Iniciativa Privada. No entanto, quando analisados os fatos provenientes da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, algo de interessante passa a surgir. Neste momento histórico, diversas ações e projetos são desenvolvidos, superando todos os esforços feitos anteriormente. Entre as ações sociais que obtiveram destaque, é possível elencar o Criança Futuro, os Jogos Estudantis, os Jogos dos Servidores, o Feliz Idade (Bailes Dançante e Ginástica), o Projeto Vela na Lagoa e os Eventos para os Portadores de Necessidades Especiais (realizados anualmente). No entanto, neste ano temos outro grande marco no universo dos Projetos Sócio-Esportivos: criação da Vila Olímpica da Maré, localizada no conjunto de Favelas da Maré. A Vila Olímpica da Maré foi o primeiro Projeto Sócio-Esportivo de grande porte, que utilizou o esporte como ferramenta de socialização sob a tutela da Prefeitura e hoje ainda encontra-se ativo. O presente Projeto pode ser diferenciado do Projeto desenvolvido na Comunidade da Mangueira pelo fato de possuir a participação do Governo e ausência da parceira com uma Escola de Samba, no caso do Projeto desenvolvido na Comunidade da Maré. Vale Lembrar que ambas as comunidades são consideradas comunidades em situação de risco social.

    Outros acontecimentos marcaram o ano de 1997, como o patrocínio da Prefeitura em eventos e competições esportivas. Este fato pode ser entendido como uma nova visão frente ao esporte, onde o órgão governamental conseguiria visibilidade, para fomentar a prática esportiva e conquistar resultados no âmbito social. Isso comprova toda a tendência de crescimento dos Projetos Sócio-Esportivos na sociedade carioca.

    Entre os anos de 2001 e 2005, o contexto que ensejava o crescimento esportivo, ganha ainda mais impulso no cenário carioca. Ocorre por parte da SMEL a instalação e o planejamento de mais Vilas Olímpicas na cidade. Além disso, são instaladas Unidades Ativas de Pequeno Porte, como a criação da Cidade da Criança, o início do Programa Bolsa Esporte e manutenção do Projeto de Vela. Ainda nesse período é possível destacar a criação de outros Projetos, como o Projeto de Movimento Esporte e Lazer (Projeto MEL), o Programa Esporte Sem Parar, Nadando na Escola, Bola na Cesta, Tai-Chi-Chuan nas Praças, Esporte é Lazer na Quinta da Boa Vista e o Programa Esporte Para Pessoas Portadoras de Deficiências (PEPPD), que recebeu ajuda militar, mais precisamente do Comando Militar do Leste, além do Instituto Benjamin Constant. É imperioso destacar que, neste momento é desenvolvido um projeto que vai colaborar para compreensão dos diversos campos que as iniciativas almejam alcançar. Nasce nesta época o Projeto denominado Formação de Campeões. Neste momento da história, o esporte ganha espaço na sociedade e apoio do Governo, o que corrobora para um aumento na demanda dos Projetos Sociais.

    Entre os anos de 2005 e 2006 algo de inusitado acontece. A SMEL passa a centralizar todos os Projetos desenvolvidos pela Prefeitura da cidade e passa a ser única responsável pelo desenvolvimento desse tipo de política. A maioria dos Projetos desenvolvidos até o momento são mantidos, com exceção dos Projetos Formação de Campeões, Esporte e Lazer na Quinta da Boa Vista, Nadando na Escola e Bolsa Esporte. Tais Projetos, que possuíam ligação direta com o esporte rendimento são extintos (Bolsa Esporte e Formação de Campeões), porém surge um novo Projeto denominado Agente Jovem, que nasce de uma parceria entre Secretaria Municipal de Ação Social e o Governo Federal.

    Nos anos 2009 e 2010 temos a criação do Programa Rio em Forma, que é um projeto de menor porte com objetivo de viabilizar a prática de atividade física em diversos pontos da cidade. Além disso, diversos projetos de menor porte são desenvolvidos na cidade, com a finalidade de servirem de alternativa para o público que não obteve êxito ou não reside em locais atendidos pelas denominadas Vilas Olímpicas. Já que citamos as Vilas Olímpicas, vale ressaltar que até o presente momento a Vila Olímpica da Mangueira mantém sua atuação efetiva e o seu modelo de gerência diferenciado. Este modelo desenvolvido na Vila Olímpica da Mangueira gerou frutos, como a Vila Olímpica do Salgueiro criada no ano de 1996. Entretanto, não podemos deixar de enunciar o crescimento dos Projetos Sócio-Esportivos de grande porte na cidade. Atualmente a cidade é atendida por 13 Vilas Olímpicas, todas instaladas em locais que oferecem risco social. Em média estes Projetos oferecem cerca de 1500 vagas, atendendo pessoas de todas as idades, classes, gêneros, crenças e bairros da cidade. Esse aumento reflete a mudança de cenário que ocorreu com o esporte e nada mais simples que isso fosse refletido nas Políticas Sociais da cidade, haja vista que os problemas aumentaram concomitantemente as implementações sócio-esportivas.

Considerações finais

    O presente estudo objetivou apresentar o processo histórico dos Projetos Sócio-Esportivos na cidade do Rio de Janeiro, possibilitando a análise gradativa dos Projetos Sociais que deixaram de ser fomentados ou incentivados majoritariamente pela Iniciativa Privada e passaram a ser um instrumento utilizado pelo Poder Público. Ficou evidente que inicialmente o apoio oferecido a sociedade, não ocorreu na forma de projetos com uma grande estrutura de desenvolvimento e sim na forma de ações pontuais, como ocorrem na maioria dos casos até os dias atuais. Todavia, podemos associar o crescimento dos Projetos, paralelamente ao crescimento, a valorização do esporte na sociedade e entendimento da importância de sua atuação no âmbito social. São notórios os benefícios e conquistas realizadas pelo esporte no âmbito social, principalmente no que se designam as ações humanas, através do ambiente gerado durante a prática esportiva, as relações criadas, situações vividas e troca de experiências. Este fato concorre como argumento de fundamentação e entendimento para o crescimento dessa política, política esta que inicialmente não contou com apoio efetivo dos Governantes.

    Da mesma maneira, não existem meios de negar ou mascarar o crescimento dos problemas sociais nos grandes centros urbanos, haja vista todo o ocorrido, sobre tudo na cidade do Rio de Janeiro que apresenta significante relevância no cenário brasileiro, entretanto padece dos efeitos e da influência proporcionadas pelas problemáticas sociais. Esta combinação propicia maior exposição de pessoas, principalmente os jovens, a situações consideradas de risco social. Em contra partida, podemos entender que o Governo possa ter sido forçado a combater essa intrigante situação que assola a sociedade, utilizando assim o esporte como ferramenta efetiva no combate, já que se trata de uma ferramenta de combate consolidada e defendida por diversos setores da sociedade e com acolhimento na literatura especializada.

    Outro ponto que deve ser abordado relaciona-se a utilização dos projetos com finalidades além da designação social. Pode ser observado que em determinado momento histórico, ocorreu à preocupação do desenvolvimento do esporte almejando o alto rendimento, além do incentivo a atletas formados, que durante as competições poderiam expor a marca da Prefeitura local, algo que pode ter objetivo ou entendimentos maiores, fugindo dos objetivos sociais para os quais foram direcionados.

    Mesmo assim, nada pode apagar ou contrariar a seguinte afirmação: Os Projetos Sócio-Esportivos hoje são uma realidade na cidade do Rio de Janeiro e não seria demais continuarmos nossa afirmação dizendo que a tendência seja a implementação de mais Projetos de grande porte na cidade, ou seja, deveremos ter novas Vilas Olímpicas sendo instaladas na cidade. É inconstante que o objetivo e a funcionalidade, só podem ser atingidos através de estudos pertinentes e profundos, no sentido de entender a complexidade de cada região e cada Projeto Sócio-Esportivo em particular, além de compreender o momento vivido pela sociedade.

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