efdeportes.com

Consumo de suplementos alimentares em alunos de atléticas

de uma universidade privada do município de São Paulo

El consumo de suplementos dietéticos en los estudiantes practicantes

de actividades deportivas en una universidad privada en Sao Paulo

 

*Profa. Adjunta do curso de graduação em nutrição

do Centro de Ciências Biológicaas e da Saúde

da Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Alunos do curso de graduação em nutrição

do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

da Universidade Presbiteriana Mackenzie

(Brasil)

Rosana Farah Simony*

Thalita Lima Melo

Eduarda Hernandes Migliari

Felipe Linhares Arruda

Tamyres Cristine Xavier Barbosa**

rfarah@mackenzie.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A alimentação é um dos fatores que pode aperfeiçoar o desempenho atlético, desta forma vários tipos de suplementos são procurados por praticantes de exercício físico. Objetivo: Avaliar o consumo de suplementos alimentares entre alunos de diferentes atléticas de uma universidade privada do município de São Paulo. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal descritivo no período de fevereiro a maio de 2010. Participaram do estudo alunos de diferentes atléticas com idade entre 17 a 31 anos, de ambos os sexos. Foi aplicado um questionário questões sobre o consumo de suplementos alimentares, e anotado o peso e a altura referidos para classificação do estado nutricional segundo índice de massa corporal (IMC). Resultados: Foram avaliados 50 alunos, com idade média de 20,8 anos (± 22,94 dp), sendo 62% (n=31) do sexo masculino e 38%(n=19) do sexo feminino. Verificou-se que 44% dos entrevistados referiram fazer uso de suplementos alimentares, com a finalidade de aumentar a massa muscular e melhoria do desempenho (77 %) . A maior parte dos suplementos alimentares foi indicada pelos instrutores (18,1%) e/ou por iniciativa própria (18,1%). Conclusão: A utilização de suplementos está cada dia mais presente em praticantes de atividade física, sendo esta uma realidade preocupante, uma vez que a maioria destas indicações não são feitas por profissionais da área de nutrição.

          Unitermos: Suplementos. Esportistas. Consumo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1. Introdução

    Nas últimas décadas o número de freqüentadores de academias de ginástica tem aumentado, buscando entre os principais resultados, satisfação estética e, melhora na saúde (MASCARENHAS et al., 2007), entretanto, a grande maioria espera resultados imediatos, o que leva a procura por recursos para auxiliar a perda de peso corporal ou o ganho de massa muscular, como os suplementos (GOMES et al., 2008).

    A literatura é clara sobre os benefícios da adoção de uma alimentação equilibrada promove a melhoria no desempenho de praticantes de atividades física, entretanto a procura de produtos ergogênicos tem aumentado a cada dia, e o seu uso indiscriminado podendo trazer prejuízos à saúde (JESUS & SILVA, 2008; ESPINOLA; COSTA; NAVARRO, 2008).

    O uso de suplementos alimentares é uma realidade que cresce a cada dia. Alguns trabalhos mostram que o consumo está associado ao tempo de prática de atividade física e a permanência na academia sendo o exercício anaeróbio o tipo de atividade física mais praticada entre os consumidores (Hirschbruch, Fisberg, Mochizuki, 2008).

    Fatores como aperfeiçoamento técnico, diversão, afiliação, aptidão física e status são os principais motivos para a procura por academias em centros universitários (ARAÚJO et al., 2007). O ambiente universitário oferece aos acadêmicos habilidades e conhecimentos quanto à adoção de um estilo de vida saudável, especialmente àqueles dos cursos voltados para a área da saúde (GUEDES; SANTOS; LOPES, 2006), desta forma, o presente estudo tem teve como objetivo avaliar os alunos das diversas atléticas de uma universidade particular de São Paulo.

2.     Objetivo

    Avaliar o perfil nutricional dos alunos de diversas atléticas de uma universidade particular de São Paulo verificando a freqüência do uso de suplementos alimentares e os motivos que levam a estas escolhas.

3.     Metodologia

    Foi realizado um estudo transversal descritivo nas atléticas de uma universidade privada do município de São Paulo, no período de fevereiro a maio de 2010, onde foram entrevistados todos os alunos de ambos os sexos com idade entre 17 a 31 anos.

    Os dados antropométricos peso (kg) e a altura (metros) foram auto referidas, devido à impossibilidade de obtê-los durante os treinos, por falta de espaço e de equipamentos próprios nos respectivos locais. Estes dados foram utilizados para calcular o índice de massa corporal (IMC) e classificar o estado nutricional segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS,1998)

    Para investigação das variáveis relacionadas ao uso de suplementos alimentares, foi aplicado um questionário previamente elaborado pelos alunos do curso de graduação em nutrição com questões referentes aos motivos para o consumo dos mesmos.

    Para fins de análise dos resultados os suplementos foram agrupados em 4 categorias de acordo com a sua finalidade, sendo elas:

  1. aumento de massa muscular - BCAA, concentrado protéico (whey protein) e creatina

  2. suplementos com intuito de reposição energética: bebida isotônica, gel de carboidrato e maltodextrina.

  3. complexos vitamínicos

  4. queimadores de gordura.

    O estudo respeitou as diretrizes da Resolução CNS 196/96 sobre ética em pesquisa com seres humanos. Os indivíduos que participaram da amostra de estudo receberam uma breve explicação sobre a pesquisa e os que voluntariamente aceitaram participar, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

4.     Resultados e discussão

    A amostra foi composta por 50 universitários de ambos os sexos, com média de idade de 20,8 anos (± 22,94 dp), sendo 62%(n=31) do sexo masculino e 38%(n=19) do sexo feminino, com a faixa etária predominante entre os 17 e 20 anos de idade (56%), conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição percentual dos estudantes segundo sexo e faixa etária, São Paulo, 2010.

Variáveis

n

%

Sexo

 

 

Feminino

19

38

Masculino

31

62

Faixa Etária (anos)

  

 

17-20

28

56

21-23

14

28

24-27

6

12

28-31

2

4

Total

50

100

    A tabela 2, mostra que 68% dos estudantes apresentaram eutrofia, 26% sobrepeso e 6% obesidade, sendo o valor médio do IMC encontrado foi de 23,6 kg/m², valor similar ao encontrado pelo estudo realizado por Marcondelli et al (2008) que avaliaram os hábitos alimentares de universitários do 3º ao 5º semestres da área da saúde, onde o valor médio de IMC foi 21,3kg/m².

    Deve-se destacar que apesar do valor médio do IMC encontrar-se dentro dos padrões de normalidade, 32% dos estudantes apresentaram algum grau de sobrepeso e/ou obesidade.

Tabela 2. Classificação do estado nutricional, dos estudantes segundo IMC, São Paulo, 2010 

Classificação do estado nutricional

n

%

Eutrofia

34

68

Sobrepeso

13

26

Obesidade

3

6

Total

50

100

    Em relação ao uso de suplementos 44% dos entrevistados, fazem uso do mesmo, sendo que 77% tem como principal objetivo aumentar a massa muscular e melhorar o desempenho e ganho de peso e 13,8 % tem objetivo estético relacionado a melhoria na qualidade de vida(Tabela 3) Miarka, et al., (2007),em um estudo semelhante feito em Londrina com estudantes universitários, verificaram que 26,64% dos acadêmicos da área de educação física faziam uso de suplementos alimentares.

Tabela 3. Distribuição percentual dos estudantes segundo o motivo para uso de suplementos alimentares, São Paulo, 2010

Motivos

Aumento de Massa Muscular e Melhora do desempenho (%)

Estética (%)

Total

Ganho de Peso

77

4,6

81,6

Qualidade de Vida

4,6

13,8

18,4

Total

81,6

18,4

100

    Outros estudos confirmam estes achados, reforçando que a maioria dos consumidores, tem como principal objetivo o aumento de massa muscular e a melhora do rendimento e potencializar as habilidades. a fim de conseguir um “corpo perfeito” (Miarka, et al., 2007 ; Hallak, Fabrini, Peluzio, 2007),

    Conforme mostra a figura 1. o grupo de suplementos mais utilizado foram aqueles para aumento de massa muscular (45,5%), seguido pelos repositores energéticos ( 34,5%).

Figura 1. Distribuição dos suplementos alimentares segundo sua finalidade. São Paulo, 2010

    Produtos protéicos foram também mencionados como os mais utilizados no estudo de Nacif et al. (2010), que avaliaram o consumo de suplementos alimentares por praticantes de atividade física em 119 praticantes de atividade física de ambos os sexos em uma academia do município de São Paulo.

    No estudo realizado por Araujo e Navarro (2008), com 150 alunos de ambos os sexos freqüentadores de uma academia de ginástica, em Linhares, Espírito Santo, verificaram que as proteínas e aminoácidos eram os suplementos mais consumidos com 49,31 % seguido de carboidrato com 20,54%.

    Estes dados são preocupantes pois sabe-se que é imprescindível conhecer as características individuais (gênero, idade, perfil antropométrico, estado de saúde, etc.) além do tipo, freqüência e duração da atividade física realizada para estabelecer o valor adequado de ingestão protéica. (ERNANDEZ; NAHAS, 2009)

    A figura 4 mostra que a indicação do consumo de suplementos alimentares no estudo foi principalmente feita por instrutores e por iniciativa própria, ambos com 18,1%.

Figura 4. Distribuição de indicadores de consumo de suplementos alimentares aos atletas. São Paulo, 2010

    É importante ressaltar que esse índice analisa os instrutores e inicativa própria como opções individuais, tendo eles na realidade um percentual maior, considerando que foram citados em outras opções Este fato condiz com a maioria dos estudos relacionados à utilização de suplementos alimentares, onde os instrutores de academia são os maiores incentivadores do consumo (Pereira, Lajoto, Hirschbruch, 2003.; Navarro, Belli, Raggio, 2008), lembrando que os mesmos recebem são motivados a indicar a compra por receberem comissão para venda de suplementos (MIARKA, et al., 2007).

    Desta forma, o mais adequado seria a recomendação de consumo feita apenas por profissionais da área de nutrição. Apesar de 44%dos entrevistados demonstrar interesse em receber orientação alimentar, a maioria não consulta este profissional antes de adquirirem e utilizarem os suplementos.

Tabela 5. Distribuição percentual dos atletas, segundo intenção de procura de um profissional nutricionista. São Paulo, 2010 

Característica

n

%

Já procurou orientação de nutricionista

 

 

Sim

16

32

Não

34

68

Gostaria de orientação de nutricionista

 

 

Sim

44

88

Não

6

12

Total

50

100

5.     Considerações finais

    Foi encontrada uma prevalência de 32% de algum grau de sobrepeso e/ou obesidade na amostra estudada, porém este dado deve ser avaliado com cuidado pois baseou-se nas variáveis antropométricas auto-referidas. Além disso, o IMC de praticantes de atividade física pode superestimar o peso, uma vez que não diferencia peso corporal e massa magra.

    O recurso ergogênico mais utilizado foram os produtos protéicos, com objetivo de ganho de massa magra, com indicação do uso por instrutor.

    Quanto ao conhecimento sobre a atuação do nutricionista, a maioria gostaria de ter a orientação do profissional, porém poucos já o fizeram.

    Isso evidencia a necessidade de ações de educação nutricional, com os alunos filiados as atléticas a fim de difundir conceitos sobre a importância de respeitas as necessidades nutricionais de cada indivíduo.

Referências bibliográficas

  • ARAÚJO, M.F.; NAVARRO, F. consumo de suplementos nutricionais por alunos de uma academia de ginástica, linhares, espírito santo. Rev. Brasileira de Nutrição Esportiva, Espírito Santo, v. 2, n. 8, p. 46-54, 2008.

  • AZEVEDO, J.R.C. Um estudo de caso na Universidade Federal do Acre. 2008. 106p. Dissertação (Mestrado em Ciências do Desporto na Área de Gestão Desportiva). Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto, 2008.

  • BATISTA FILHO, M. et al. Anemia e obesidade: um paradoxo da transição nutricional brasileira. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.24, s.2, 2008.

  • ERNANDEZ A.J.; NAHAS R.M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde, Rev Bras Med esporte  vol.15 no.3 supl. Niterói Mar./Apr. 2009.

  • ESPÍNOLA, H.H.F.; Costa, M.A.R.A.; Navarro, F. Consumo de suplementos por usuários de academias de ginástica da cidade de João Pessoa – PB. Rev. Bras. de Nutr. Esportiva, São Paulo v.1, n.7, p.01-10, 2008.

  • GUEDES, D.P.; SANTOS, C.A.; LOPES, C.C. Estágios de mudança de comportamento e prática habitual de atividade física em universitários. Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. Londrina, v.8, n.4, p.5-15, 2006.

  • GUIA alimentar para a população brasileira: Promovendo a Alimentação Saudável. Brasília, MS, 2006, 210p.

  • Hallak, A.; Fabrini, S.; Peluzio, M.C.G. avaliação do consumo de suplementos nutricionais em academias da zona sul de belo horizonte, Rev. Brasileira de Nutrição Esportiva, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 55-60, 2007.

  • INÁCIO, F.R. et al. Levantamento do uso de anabolizantes e suplementos nutricionais em academias de musculação. Mov. & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v.9, n.13, 2008.

  • LANG, R.M.F.; NASCIMENTO, A.N.; TADDEI, J.A.A.C. A transição nutricional e a população infanto-juvenil: medidas de proteção contra o marketing de alimentos e bebidas prejudiciais à saúde. Nutrire: São Paulo, v. 34, n. 3, p. 217-229, 2009.

  • LIZ, C.M. et al. Aderência à prática de exercícios físicos em academias de ginástica. Motriz, Rio Claro, v.16 n.1 p.181-188, 2010.

  • LORES, A.I.P . et al. Los intereses y motivaciones de los universitarios: diferencias en el nivel de actividad física. Cuadernos de Psicología Del Deporte, Murcia, v. 3, n. 1, s.p. 2003

  • MARCONDELLI, P. ; COSTA, T.H.M. ; SCHMITZ, B. A. S . Nível de atividade física e hábitos alimentares de universitários do 3º ao 5º semestres da área da saúde. Rev. Nutr., v. 21, n. 1, p. 39-47, 2008.

  • MARINHO, M.C.S.; HAMANN, E.M.; Lima, A.C.C.F.; Práticas e mudanças no comportamento alimentar na população de Brasília, Distrito Federal, Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. Recife, v.7, n.3, 2007.

  • MASCARENHAS, F. et al. Acumulação Flexível, Técnicas De Inovação E Grande Indústria Do Fitness: O Caso Curves Brasil. Pensar a Prática, v.10, n.2, 2007.

  • MIARKA,B. et al. Características da suplementação alimentar por amostra representativa de acadêmicos da área de educação física. Movimento e percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v.8,n. 11,jul/dez 2007.

  • SOARES, C.S. et al. avaliação do consumo de suplementos alimentares por praticantes de atividade física em uma academia do município de São Paulo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 14, n. 140, 2010. http://www.efdeportes.com/efd140/consumo-de-suplementos-alimentares-em-uma-academia.htm

  • SOUZA, J.C.; IBRAHIM, J.M. Qualidade De Vida Dos Atletas Bolsistas Da Universidade Católica Dom Bosco. Campo Grande.

  • TARDIDO, A.P.; FALCÃO, M.C. O impacto da modernização na transição nutricional e obesidade. Rev Bras Nutr Clin; São Paulo, v.21, n.2, p.117-24, 2006.

  • VINHOLES, D.B.; ASSUNÇÃO, M.C.F.; NEUTZLING, M.B. Freqüência de hábitos saudáveis de alimentação medidos a partir dos 10 Passos da Alimentação Saudável do Ministério da Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.25, n.4, 2009.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 151 | Buenos Aires, Diciembre de 2010
© 1997-2010 Derechos reservados