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Planejamento do futebol escolar numa 

perspectiva construtivista de educação

Planificación de fútbol escolar desde una perspectiva constructivista de la educación

 

UFMA

(Brasil)

Sidney Forghieri Zimbres

szimbres@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente artigo é apresentar um plano de unidade para o futebol, no contexto escolar, nas 5ª e 6ª séries do ensino fundamental, numa abordagem construtivista de educação, caracterizando a disciplina em uma didática sob a perspectiva da transformação social do educando.

          Unitermos: Planejamento de ensino. Construtivismo. Futebol

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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A Educação Física e o construtivismo

    O construtivismo chegou ao Brasil na década de 70, quando foram fundadas escolas experimentais ou alternativas. O filósofo Jean Piaget (1896-1980) estudou os modos com que a criança entende o mundo espontaneamente por assimilação – organizando os dados do exterior de uma maneira própria – e por acomodação, isto é, “deformando” essa organização para poder compreender a realidade. O russo Lev Vygotsky, contemporâneo de Piaget, desenvolveu uma psicologia também chamada construtivista, mas considerando as atividades sociais da criança e a história social. A argentina Emília Ferreiro, aluna de Piaget, expandiu as idéias de seu mestre para o campo da escrita e da leitura. Concluiu que a criança descobre as regras da língua escrita (ler da esquerda para a direita, entender que as letras reproduzem a fala) antes mesmo de ir à escola.

    A aplicação generalizada desse método nas escolas brasileiras, principalmente as da rede pública, possibilitou a formação de crianças mais críticas, opinativas, capazes de investigar por si próprias e não apenas meras assimiladoras de conhecimento.

    Para López (2001), todo planejamento curricular deverá possuir um caráter globalizador ou integrado atendendo às características próprias do desenvolvimento mental das crianças. Esta forma de organizar os conteúdos atendendo a natureza específica do desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente está vinculada a um modelo construtivista que defende, como princípio básico, a idéia da aprendizagem significativa: se o novo material de aprendizagem se relaciona de forma significativa e não arbitrária com que o aluno já domina, ele pode assimilar e integrar em sua estrutura cognitiva prévia, produzindo então uma aprendizagem significativa sólida e duradoura.

    Segundo “Primaria. Orientaciones Didácticas. 2º ciclo” do Ministério de Educación y Ciencia da Espanha, apud López (2001), para que esse processo tenha sucesso no processo ensino-aprendizagem, é necessário cumprir alguns princípios básicos:

  1. Apresentar os conteúdos em torno dos núcleos relacionados com os aspectos da realidade infantil;

  2. Estabelecer relações não artificiais entre os conteúdos das diferentes disciplinas (interdisciplinaridade);

  3. Levar em conta outras formas complementares de organização dos conteúdos onde não seja possível estabelecer as unidades globalizadoras e

  4. Adotar decisões metodológicas de acordo com a maneira de entender a organização do processo ensino-aprendizagem.

    O trabalho interdisciplinar passa a ser não uma questão técnica mas uma mudança de atitude pessoal e profissional dos professores. Pressupõe uma nova dinâmica de trabalho em equipe.

O planejamento do futebol na escola

    “Um homem não toma banho duas vezes num mesmo rio. Por quê? Porque na segunda vez não será o mesmo homem e nem estará se banhando no mesmo rio (ambos terão mudado)”. Heráclito de Éfaso (540-480), fragmento, in Konder, 1981: 8.

    Essa concepção dialética significa o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente mudança.

    O planejamento é uma maneira de inferirmos na realidade. Seu pressuposto fundamental é a necessidade de mudança. É para o professor, um caminho de elaboração teórica, de produção de teoria, de sua teoria e da sua práxis. É uma ferramenta importantíssima para o professor interferir em sua realidade, transformando-a na medida em que busca re-significar, orientar e dinamizar seu trabalho.

    Apresentamos, a seguir, um plano de unidade voltado para a iniciação esportiva, 5ª e 6ª séries do ensino fundamental, colocando-os numa perspectiva de transformação do educando.

Objetivos específicos (5ª e 6ª séries)

  • Oportunizar o aluno a prática do futebol, aproximando-o com a natureza e o meio ambiente e com a formação de sua cidadania;

  • Desenvolver a prática do futebol de forma consciente, concebendo-o como meio de educação;

  • Proporcionar conhecimentos teóricos acerca do futebol no Brasil;

  • Estimular a participação em atividades complementares;

  • Conhecer as regras básicas do futebol;

  • Acompanhar sua evolução técnica na aprendizagem dos fundamentos;

  • Participar da elaboração e vivenciar a organização de um torneio inter-classes;

  • Estudar os brasões, símbolos e mascotes das equipes principais do futebol brasileiro: suas origens, influências estéticas, cores e formas utilizadas (Educação Artística);

  • Realizar um levantamento dos espaços, públicos e privados, utilizados para a prática do futebol no seu bairro (Geografia);

  • Pesquisar o processo que transformou o futebol em paixão nacional (História);

  • Procurar sites esportivos, em outros países, relacionados com o futebol (Língua Estrangeira);

  • Pesquisar as principais expressões futebolísticas que foram incorporadas ao vocabulário corrente e ouso que elas ganharam na nossa língua e pesquisar a relação entre o Futebol e os principais escritores nacionais; (Língua Portuguesa e Literatura);

  • Confeccionar uma tabela com pontos ganhos, ranking dos artilheiros, saldo de gols e outros dados significativos sobre um torneio esportivo (Matemática)

Conteúdo programático / cronograma das aulas (30 horas)

1º semestre de 2011 (2 aulas semanais)

Avaliação

  • Aulas teóricas: apresentação de trabalhos e participação no seminário.

  • Aulas práticas: participação nas aulas, avaliação da aprendizagem dos fundamentos e auto-avaliação.

Bibliografia

  • LÓPEZ, Juan Medina. Enfoque globalizador y Educación Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 7, nº 42, noviembre de 2001. http://www.efdeportes.com/efd42/efglob.htm

  • RAMALHO, Priscila. A escola entra em campo. Nova Escola: Revista do professor. Ed. Abril, abr. de 2002, nº 151, p 18-24.

  • VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico: elementos metodológicos para elaboração e realização, 7ª Ed. São Paulo:Liberdad, 2000. (Cadernos pedagógicos do Liberdad; v. 1)

  • VELÁZQUEZ BUENDIA, Roberto. Deporte, instituición escolar y educación. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 7. Nº 41, octubre de 2002. http://www.efdeportes.com/efd41/depeduc.htm

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