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A inclusão do portador de deficiência 

visual nas aulas de Educação Fisica
La inclusión del portador de deficiencia visual en las clases de Educación Física

 

*Professora de Educação Física formada pelo Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM/RJ

**Mestre em Educação Física e Professora do Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM/RJ

(Brasil)

Daniele Freire Tinoco

danieletinoco@yahoo.com.br

Flavia Fernandes de Oliveira

tabininha@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar quais as dificuldades que o aluno com deficiência visual possui, bem como ele pode ser incluído nas aulas de educação física. Foi aplicada entrevista para cinco professoras de educação física com experiência em Educação Física adaptada do município do Rio de Janeiro. A conclusão deste trabalho foi a partir da analise do conteúdo das falas das mesmas que disseram que a Educação Física é uma área que vem contribuindo muito para melhor integração dos alunos com deficiência visual.

          Unitermos: Inclusão. Deficiência visual. Educação Física

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009

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1.     Introdução

    Nos dias de hoje muito se tem falado em educação inclusiva. Sabemos que as escolas ainda têm muito que evoluir no que diz respeito a esse assunto, não só para acolher alunos com deficiência visual (DV), mas alunos com outros tipos de deficiência. Há necessidade de capacitação de professores e em fazer adaptações para melhor receber esses alunos. Na sociedade moderna em que vivemos, onde recebemos estímulos visuais a todo instante, a pessoa com DV além de encontrar-se em desvantagem, ainda sofre com muitas dificuldades nos seus aspectos motor, social e emocional (JUNIOR & SANTOS, 2007).

    Temos a Educação Física como um grande instrumento de inclusão, que pode causar mudanças muito positivas nesses aspectos, já que o DV possui dificuldades para locomoção, em suas capacidades motoras globais, bem como no convívio social. O que devemos propor com uma Educação Física realmente inclusiva, é em adequar as atividades ao nosso aluno, e não o aluno à atividade (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 2000) para que sejam participativos e conseqüentemente haja um, desenvolvimento de suas potencialidades. Espera-se que o DV com a prática de atividades físicas possa se descobrir como uma pessoa que é capaz de lidar com a limitação que possui. E através de um trabalho psicomotor desenvolver uma autonomia, elevar sua auto-estima e perceber que o fato de ser cego ou possuir baixa visão não o impede de participar da Educação Física escolar com outras pessoas videntes.

    Para o professor, certamente isso é um grande desafio, pois requer toda uma revisão na sua prática pedagógica, visando atender à diversidade de alunos, como sugere os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):

    Elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos, desde a concepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola; seqüenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem dos educandos, adotar metodologias diversas e motivadoras, avaliar os educandos numa abordagem processual e emancipatória, em função do seu progresso e do que poderá vir a conquistar. (1999, p.18)

    Sendo assim, o objetivo deste estudo é identificar como incluir alunos com deficiência visual nas aulas de Educação Física?

    A Educação Física que por um tempo era uma disciplina que de certa forma excluía os menos habilidosos, passe a quebrar preconceitos, trabalhando numa concepção de que todos são capazes dentro de suas limitações.

2.     Educação Física inclusiva

    Sentimos que o movimento pela inclusão está cada vez mais se ampliando, e como conseqüência isso exige maior busca de informação, conhecimento principalmente por parte dos professores sobre esse assunto, e sobre seus princípios, que são de: celebração das diferenças, valorizar a diversidade, a solidariedade, o direito de pertencer, a igualdade para as minorias e a cidadania, para que se tenha sociedade realmente construída para todas as pessoas. (SASSAKI, 2003).

    Segundo Winnick (2004, p. 21) “o termo inclusão designa a educação de alunos portadores de deficiências num ambiente educacional regular”. Sendo assim a escola tem um papel fundamental, que é assumir de forma responsável a educação de alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais (PNEE), para que eles tenham acesso garantido a tudo aquilo que é necessário para seu bom desenvolvimento junto às crianças ditas “normais”.

    Ao desenvolver um trabalho com PNEE, deve ser levado em conta alguns fatores importantes que irão influenciar no processo de aprendizagem, que segundo Cidade e Freitas (2002, p.30) são: “as características das tarefas motoras; as características do sujeito que aprende; a aprendizagem prévia; o contexto da aprendizagem; o tipo de informação, etc”.

    Hoje em dia podemos ver que há uma real necessidade de se fazer à inclusão porque mais do que uma palavra que está na moda, ela nos remete à consciência, diante de todos os fatos que têm acontecido no mundo atual, de que temos que tornar a nossa sociedade mais justa e igualitária. E além da família, a escola é o ambiente onde os conceitos de igualdade e respeito devem ser difundidos, para que a criança possa ter consciência de que todos nós independente de termos algum tipo de deficiência, somos iguais e temos os mesmos direitos. A educação física deve ser um caminho para que isso aconteça, através de todos os aspectos que ela envolve, e como mostra a Carta Internacional de Educação Física e Desportos (1978), citada por Araújo (1999):

    A Educação Física e o Desporto, dimensões essenciais da Educação e da Cultura devem desenvolver em todo ser humano as aptidões, à vontade e o domínio próprio e favorecer sua plena integração dentro da sociedade. A continuidade da atividade física e da prática dos desportos deve ser assegurada durante a vida, mediante uma educação global, permanente democratizada (p.16).

    A importância social de se ter uma Educação Física inclusiva está nas inúmeras possibilidades de através da prática de atividades físicas, esses alunos se descubram como indivíduo, como um ser integrante da sociedade, e que tenha mais oportunidades em sua vida.

    Uma Educação Física que seja realmente adepta à inclusão é aquela que coloca o aluno como parte integrante do grupo, não como um aluno que está na aula apenas fisicamente, e que não é envolvido nela, deixando de vivenciar as mesmas experiências das outras crianças. A partir daí o professor de educação física que trabalha numa turma heterogênea deve ter consciência de que, como diz Costa e Gorgatti (2005, p. 19):

    O aluno com uma diferente e peculiar condição não será considerado mais um, isto é, se o grupo era composto por 35 alunos, não será agora 35+1, mais sim 36. É importante que a rotulação das diferentes e peculiares condições apresentas por alguma criança ou adolescente deve ser evitada, senão abolida, pois os rótulos enfatizam o que a pessoa não pode versus o que ela pode fazer.

    Na Educação Física os alunos PNEE podem encontrar, através de inúmeras atividades, os estímulos necessários para que possa desenvolver áreas que necessitam ser mais estimulada, de acordo com a deficiência que possui e as limitações que ela implica, também melhorar aquelas que já possuem alguma habilidade. Na escola, eles devem participar da maioria das atividades e jogos de caráter lúdico, com as adaptações e os cuidados necessários. Isso deve levá-los a lidar com suas dificuldades e êxitos. Incluir na EF significa então, desenvolver qualquer atividade que leve em consideração todas as limitações físicas, motoras, sensoriais, mentais, as potencialidades dos alunos, e também promover o melhor dele com os demais alunos da turma, através de atividades físicas e/ou esportivas e melhor entendimento do significado das aulas de EF para essas pessoas (COSTA & BITTAR, 2002).

    Torna-se um desafio para o professor ter uma ação pedagógica “normal” diante da diversidade, de como lidar com aqueles alunos que possuem maiores ou menores dificuldades para aprender. Isso deve levar o educador a pensar em tornar sua prática flexível, não se fixando muito no que de especial deva ter a educação do aluno, de forma que aconteça progresso em função de suas possibilidades. Assim a ação pedagógica se torna mais dinâmica viabilizando o aprendizado dos alunos PNEE (PCNs: Adaptações Curriculares, 1999).

    O momento das aulas de Educação Física é onde o indivíduo, estando em contato com outras pessoas e realizando junto as atividades, está percebendo a si mesmo e principalmente se sentindo parte do grupo. Assim, vale novamente ressaltar como é importante estar atento ao ambiente construído durante a aula, pois ele intervém no processo de desenvolvimento, e desta forma tanto o papel da escola como da EF são de colocar o aluno PNEE em contato efetivo na vida social, com igualdade de direitos (OLIVEIRA, 2007).

3.     Educação Física para deficientes visuais

    O desenvolvimento de um programa de Educação Física para indivíduos com DV, deve levar em conta algumas características que esse aluno possui como conseqüência de sua limitação.

    Problemas posturais, na marcha, na coordenação motora, na movimentação, na socialização etc, são algumas dessas conseqüências. Mas o que é mais prejudicial no processo de desenvolvimento motor de uma criança DV é a restrição de oportunidades (FILHO et al, 2006). Restrição essa causada pela super proteção da família, professor e estranhos, que acham que o DV não é capaz de realizar coisas, e acabam reduzindo as oportunidades desses indivíduos em explorar o ambiente, e acabam ensinando-os que são incapazes e totalmente dependentes, o que certamente gera atrasos em suas capacidades de percepção, de cognição e de movimentos (WINNICK, 2004).

    A Educação Física servirá justamente como um campo de estimulação, buscando compensar esses déficits, de forma que esses alunos possam adquirir mais auto-confiança, através do conhecimento de seu próprio corpo, como diz Cutsforth (1969), citado por Junior e Santos (2007), que para a criança que possui visão normal se desenvolver, ela precisa de um campo de estimulação cada vez maior, e já criança DV, deve buscar esse campo de estimulação no seu próprio corpo. A partir daí ela começa a descobrir seu meio ambiente, descobrindo em si mesma o que as outras crianças de visão normal encontra no ambiente: a motivação e o estímulo para realizar qualquer tipo de ação.

    Como o DV passa a utilizar mais da sua habilidade de percepção, ele precisa adquirir mais habilidade motora, tanto para sua locomoção quanto para manipulação.

    Esse tipo de deficiência gera comprometimentos e problemas psicomotores, levando também a descontroles no lado psicológico. Isso o faz se sentir mais dependente, inseguro, com medo de situações que não sejam conhecidas, isolamento social, sensação de incapacidade diante de atividades motoras, o que o tornará diferente do grupo. Diante disso, mais do que incentivos para superar as dificuldades é necessário que seja estabelecido métodos e ações para se trabalhar com esse público (JUNIOR & SANTOS, 2007).

    Para atender a um planejamento que realmente tenha utilidade na prática das aulas, e realizar um trabalho efetivo com alunos DV, segundo Caderno Texto do Curso de Capacitação de Professores Multiplicadores em Educação Física Adaptada (2002, p.78):“É importante que o professor de Educação Física, juntamente com outros profissionais da escola, saibam identificar os distúrbios de comportamentos(...), de percepção e de motricidade apresentados pela criança para poder direcionar seu planejamento de ensino às suas necessidades”.

    Para Diehl (2006), geralmente as crianças DV por possuírem uma educação geral não muito adequada e pouca estimulação, apresentam um desempenho inferior na parte motora, cognitiva e social-afetiva, comparando-se com aquelas que não possuem essa deficiência. E devido a ela, aparecem algumas defasagens psicomotoras, como: esquema e imagem corporal, mobilidade, marcha, locomoção, expressão facial e corporal, coordenação motora, direcionalidade, lateralidade, maneirismos, dificuldade de relaxamento etc. Vale ressaltar que as dificuldades a nível cognitivo é uma situação conjuntural e não estrutural. Isso porque há limitação na captação de estímulos, nas experiências práticas, e na falta de relação entre o objeto percebido visualmente e a palavra.

    Como forma de compensação, a percepção auditiva e tátil se torna mais apurada. E para atividades motoras se faz necessário estímulos através de informações sonoras e táteis, percebidas através do sentido sinestésico, do toque.

    Uma atenção especial a ser desenvolvida na aula de EF é um trabalho de orientação e mobilidade, já que a locomoção é uma tarefa complicada para muitos DVs. A orientação refere-se ao uso dos sentidos remanescentes para estabelecer a posição do corpo relacionando-o com o ambiente e seus objetos; e mobilidade refere-se a resposta através do movimento à estímulos internos e externos.

    Distúrbios de ordem motores, perceptivos e comportamentais se referem a movimentos inquietos, movimentos limitados, movimentos retardados, rígidos e sem energia, falta de equilíbrio, distúrbios de concentração. Os perceptivos referem-se a falta e orientação espaço-temporal, no esquema corporal, falta de percepção de formas e estruturas, e comportamentais como medo, agressividade, indiferença e grande necessidade de contato físico.

    Estar atento a esses sintomas irá permitir ao professor elaborar melhor seu trabalho, fazendo sempre que necessário avaliações para poder melhorar sua prática e atender melhor o seu grupo.

    Ao realizar um trabalho com alunos PNEE, o professor deve ser paciente, não acumulando muita expectativa em obter resultados imediatos, pois ele deve levar em conta se esse aluno possui ou não alguma experiência no seu repertório motor, para que também não o coloque numa situação em que ele se sinta frustrado por não conseguir realizar o que tenha sido proposto. E também incentivar, dar apoio a cada atividade que ele consiga realizar, para que haja progressos no seu trabalho na EF.

    O sentimento de competência que surge dos subseqüentes microêxitos constrói as condições das quais decorrerá o êxito final de um desempenho prolongado. O sentimento de incompetência surgido de pequenos fracassos, ao contrário, tende a originar estados de ansiedade e de depressão dos quais decorrem alterações (...) corroendo o rendimento e a eficácia do desempenho (FONSECA, 2004, p.140).

    É necessário estar atento ao ambiente que será oferecido a esse aluno, para que ele se sinta mais seguro, permitindo também ao professor evitar riscos durante as aulas. Cidade e Freitas (2002, p.2) enfatizam que:

    No caso de deficiência visual, o professor deverá assegurar-se de que o aluno esteja familiarizado com o espaço físico, percursos, inclinações do terreno e diferenças de piso. Estas informações são úteis, pois previnem acidentes, lesões e quedas. É importante que toda instrução seja verbalizada, dando possibilidade para que o aluno com deficiência visual entenda a atividade proposta.

    É importante que se tenha atenção à alguns cuidados nas aulas com aluno DV para que se evitam possíveis problemas com no andamento da aula. O professor deve estar ciente de que o comando verbal é o primeiro contato para boa relação com o aluno e aluno-aluno; explicar de forma clara e objetiva; não mudar o local da atividade, para que o aluno não perca a direção da origem da informação; quando o comando verbal não for suficiente, passar as informações através do tato; incentivar autonomia, orientando sobre o espaço físico onde estão os materiais da quadra, para que organize seu mapa mental (DIEHL, 2006).

    Incluir o aluno DV nas atividades, é considerar o seu potencial e limitações, mesmo que seja necessário reestruturar os conteúdos. Em se tratando do próprio corpo, numa visão de que ele é autônomo, mas que também depende do outro, deve significar para o aluno que ele não apenas tem um corpo, mas que é um corpo, e que esse corpo se integra ao meio, ou seja, ao ambiente e as pessoas, relacionando-se com o meio físico, social e cultural (DARIDO E RANGEL, 2005).

4.     Analise do conteúdo das entrevistas

    A análise e a interpretação dos dados da entrevista realizada com as professoras de educação física se deu através da analise do conteúdo. Para Franco (2003) a análise do conteúdo, requer que as descobertas através das falas tenham relevância teórica, e que o pesquisador descreva, analise e interprete o sentido que o indivíduo atribui às mensagens, que neste caso será ela verbal (oral).

    As entrevistadas são do sexo feminino, com experiência de mais de dez anos em Educação Física adaptada, todas possuem pós-graduação e duas possuem também mestrado.

4.1.     Analisando os conteúdos, referente ao motivo que as levou lidar com PNEE, constatou-se:

O prazer pela Educação Física adaptada

    Para Glat (1998) o ser deficiente nos retoma a nossa experiência interior, nos coloca a consciência das nossas limitações e imperfeições. Tudo isto inconscientemente, podemos dizer também que o prazer pela diferença, se dá pela curiosidade. Prof. R: “... esse grupo precisava de uma atenção mais direcionada de uma pessoa com mais comprometimento. Resolvi que era ali que iria caminhar, no sentido de realmente estar auxiliando, aplicando aquilo que aprendi para benefício de alguém”.

    Também por ser uma área que muitas pessoas não procuram trabalhar por dificuldade de atender o grupo. Prof. M: “Foi à única área da educação física que me ‘segurou’ durante muito tempo”

    Prof. S: “... tinha uma escola pequena chamada Colibri, só com deficiente mental e síndrome de Down, e eles não tinham feito nenhum trabalho com a educação física. Daí fui chamada para montar um trabalho neste local”. Muita das vezes os desconhecimentos dos estabelecimentos de ensino em saber o qual o papel da Educação Física na escola se dava pela falta do conhecimento da mesma como uma disciplina.

A busca por novos conhecimentos

    A EFA é uma área da Educação Física em que o professor deve estar sempre adaptando, para que os PNEE possa estar participando das aulas, por isso é comum o professor sempre buscar novos conhecimentos. Prof. B: “Eu sempre quis fazer uma coisa diferente, fora do modismo da minha época de Educação Física que era a questão da ginástica”.

O esporte adaptado

    Para Melo e Lopez (2007)

    “A prática de atividade física e/ou esportiva por portadores de algum tipo de deficiência, sendo esta visual, auditiva, mental ou física, pode proporcionar dentre todos os benefícios da prática regular de atividade física que são mundialmente conhecidos, a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a integração social do indivíduo.”

    A oportunidade que a professora teve de conhecer os deficientes através do esporte adaptado é de grande valia para difusão das modalidades esportivas adaptadas. Prof. L: “Eu descobri primeiro o atletismo adaptado para atletas cegos”.

4.2.     No que diz respeito como é o trabalho de cada uma com DV, foi relatado que:

Inclusão escolar

    Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, em seu Capítulo V da Educação Especial, no artigo 58, diz que a educação especial deve ser oferecida na rede regular de ensino para os PNEE, portanto na escola esses alunos devem ser incluídos e eles também devem ter direita a educação física. Prof. R: “Eu tive crianças incluídas em turmas regulares com deficiência visual parcial. Como trabalhei na natação, pude perceber estratégias de como se pode estar adaptando...”.

    A lei também aborda que se houver necessidade, esses alunos, podem ter adaptações quando necessárias.

    Cidade e Freitas (2002), diz que dar oportunidade para participação de todos nas atividades físicas, proporciona aos PNEE uma oportunidade deles se integrarem ao mundo. Prof. B: “Trabalho com oficina de dança...E trabalho na escola municipal com deficientes visuais com Educação Física escolar”.

Lazer

    Trabalhar na perspectiva do lazer com os portadores de Dvs, e principalmente levando eles a experimentarem atividades físicas diversificadas é de grande valia para a sua inclusão social.Prof. L: “...trabalho de lazer com mergulho adaptado e no Centro de Esporte e Lazer que atuo como professora com recreação, esporte e lazer”.

Orientação

    Prof. S: “Trabalhei na escola especial... E é fundamental o professor estar falando e orientando o tempo todo, porque senão eles ficam sem a noção”. Fonseca (2004) diz que o ao final de um desempenho prolongado chegaremos ao êxito, por isso é valido sempre estarmos orientando os alunos com deficiência.

O ato de brincar

    Prof. M: “O brincar sempre foi meu objetivo principal na escola especial”. A necessidade de brincar se da através do instinto homem;

4.3.     As maiores necessidades percebidas nesses alunos, segundo elas são:

Familiares

    As famílias tendem a se dar conta que existem lugares apropriados para atender seus filhos muito tarde, ou seja, quando eles na maioria das vezes já passaram da fase escolar. Prof.: M: “ Creio que as necessidades dos familiares que não recebem a orientação adequada e essas crianças perdem muito tempo”.

Imagem e esquema corporal

    As crianças DV por apresentarem um desempenho motora inferior, devido à falta da Imagem corporal, que é o conjunto de sensações e percepções que o individuo tem a respeito do seu próprio corpo, ou seja, a sua representação corporal. Prof. B: “Seria a questão do desenvolvimento da imagem corporal, do conhecer seu corpo, conhecer as possibilidades desse corpo”.

    Prof. S: “Uma coisa que a gente tem que trabalhar muito nos alunos cegos é o esquema corporal... Ele tem que ter essa percepção corporal muito bem trabalhada, à parte de lateralidade, equilíbrio, para que ele possa ter uma certa autonomia”.

Orientação e mobilidade

    Prof. R: “O que é mais complicado para eles é a orientação e mobilidade. Eles têm que ter um ponto de referência para poder estar se orientando para poder se mobilizar”. Nas aulas de EF é necessário que se faça um trabalho nesse aspecto, pois para eles há certa dificuldade para locomoção.

Atendimento qualificado

    Prof. L: “... o professor tem que ter a capacitação, os alunos têm que cursar o estágio com pessoas deficientes visuais, fazer a disciplina educação física adaptada”. É necessário que haja capacitação dos profissionais para o trabalho com todos os PNEE. Muitas vezes, as dificuldades no processo de ensino-aprendizagem partem de quem ensina, complicando a tarefa do aprendiz. E importante não subestimar o potencial do educando e ter a disposição de aprender juntamente com ele, valorizando a troca de experiência (COSTA E GORGATTI, 2005).

4.4.     Apenas uma das entrevistadas não teve alunos com DV em classes regulares. As demais incluíam esses alunos através de:

Guias

    Usar um aluno para ser o guia para o aluno com DV, é de extrema importância nas aulas de EF, além de auxiliar o professor de Educação Física também faz com que o aluno aprenda a lidar com os DV. Prof. R: “... alguma atividade que tenha deslocamento, eu procuro estar sempre perto ou colocar um aluno maior junto”.

    Prof. S: “Incluir com outras crianças sem deficiência é até mais fácil, porque eles estão até ajudando nesse trabalho, pois sempre vai um como se fosse o guia dele, e ele vai estar ajudando”.

Interação com outros alunos

    Prof. B: “Na outra turma com deficientes visuais, em todo momento a gente tenta fazer com que eles sejam integrados com outros alunos”. A interação com outros alunos nas atividades integradas nas aulas de educação física faz com que melhore o desempenho dos alunos PNEE.

Nas atividades propostas

    Prof L: “ Na Educação Física são incluídos na dança, recreação e atividades aquáticas”.Criar atividades para que sejam feitas inclusão dos alunos é uma tática valida partindo do principio que todos tem direito de participar.

4.5.     Quanto às atividades que podem estar sendo desenvolvidas, foram apresentadas:

Atividades Psicomotoras e Recreativas

    Prof. R: “Trabalhar bastante recreação, bastante vivência corporal, saltar, arremessar, pular, piques, zigue-zague, circuitos. Fora isso trabalhar muito com brinquedos cantados, brincadeiras populares”.

    Prof. S: “... a Educação Física é uma só. As atividades vão ser as mesmas que nós damos. É trabalhar a parte de lateralidade. Tudo isso é uma atividade que você daria para outras crianças”.

    As atividades psicomotoras e recreativas devem ser desenvolvidas nos jogos que promovam o conhecimento de si mesmo, e de suas capacidades de movimentos; jogos que possibilitem o reconhecimento de objetos/materiais para jogar; jogos que promovam a interação entre criança-criança, criança-professor, criança-família, de convivência social; jogos que estimulem o campo sensorial e desenvolva a percepção (consciência de objetos), entre outros (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Prof. M: “Propor brincadeiras...”. “A valorização e a participação nos jogos é de grande importância para essas crianças, pois fazem com que a mesma também desenvolva as suas atitudes que acaba gerando uma superação.” (OLIVEIRA, 2007).

Esportivas

    “A realidade de grande parte dos portadores de necessidades educativas especiais no Brasil e no mundo revela poucas oportunidades para engajamento em atividades esportivas, seja com objetivo de movimentar-se, jogar ou praticar um esporte ou atividade física regular”. (MELO e LOPEZ, 2007)

    Prof. B: “O objetivo é desenvolver uma Educação Física... com esportes, e fazer com que esses alunos tenham o conhecimento e possam participar dessas atividades...”. É importante que a escola seja o primeiro lugar a dar oportunidades ao DV de praticar atividades esportivas, através da Educação Física. Prof. L: “... na corrida o aluno cego precisa de guia, no mergulho autônomo nós criamos sinais para a comunicação em baixo da água”.

4.6.     Para elas, as adaptações podem estar sendo feitas e forma

Táteis e ambientais

    É importante que sejam feitas todas adaptações possíveis para que os alunos possam participar das aulas de EF. Portanto, Prof. R: “... a sala deve ser acolchoada, o mínimo de móveis, de utensílios, para que ele possa fazer os movimentos; utilizar a técnica de sombra e o tocar para que ele possa identificar o movimento e executar. O local onde ele freqüenta não pode estar sofrendo variações, mudanças”.

    Prof. S: “Com o material, a adaptação é que você vai estar “mostrando” para ele antes, deixando que ele explore bem esse material para que tenha segurança de que não vai machucá-lo”.

    Prof. M: “Apresentar os materiais para esses alunos manipular, permitir que explorem os locais onde as aulas vão ser realizadas são as medidas iniciais”.

    Prof. B: “ No queimado e no vôlei fazer com que ele conheça a quadra, como é o jogo, o posicionamento dos jogadores, tudo isso através de maquetes”.

    Prof. L: “As adaptações são também ba maneira de ensinar com metodologias que usem técnicas táteis..., corrigindo com essa percepção, utilizando além da parte verbal”.

    Para Oliveira (2007).“O ambiente social intervém no desenvolvimento do aluno, com isso fica nítido a responsabilidade da Educação e principalmente da Educação Física, que é levar o aluno à participação efetiva na vida social, ressaltando a igualdade de direitos e desprendendo quaisquer tipo de discriminação.”.

5.     Conclusão

    A conclusão que se chegou com este estudo é de que a deficiência visual é caracterizada pelo comprometimento da visão em ambos os olhos que não pode ser compensada através de recursos ópticos. E que por ter essa limitação, a criança é de certa forma privada por outras pessoas, que na maioria das vezes não possuem conhecimento de como lidar com essa deficiência, de ter maior estimulação, de vivenciar as fases de seu desenvolvimento como uma criança vidente. E desta forma acabam gerando dificuldades no seu repertório motor, em seu convívio social, e no lado emocional no que diz respeito a auto-estima, a sentimentos de incapacidade e insegurança.

    A Educação Física com os seus conteúdos deve ser aplicada tanto para o DV como para o vidente. O que deve ser desenvolvido pelo professor são metodologias e estratégias que sejam capazes de realmente colocar esse aluno como parte integrante e ativa na aula, e também fazendo com que ele tenha maior conhecimento do seu corpo e de suas possibilidades. E isso pode ser feito utilizando técnicas táteis, de sombra, com o auxílio de guias, fazendo adaptações nos materiais e utilizando maquetes.

    Enfim, discutir e propor as melhores maneiras de estar realizando as atividades com os alunos, em conjunto onde eles possam dar sugestões e usar a criatividade para estar adaptando, é uma forma para que o foco da aula não seja apenas voltado para atenção no aluno DV ou somente nos outros alunos, mas que se crie caminhos para que tudo que for feito seja com objetivo de ter benefícios e progressos para todos.

Referências bibliográficas

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