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Composição e imagem corporal dos 

frequentadores das academias da terceira idade

Composición e imagen corporal de los asistentes a los gimnasios de la tercera edad

 

*Especialista em Fisiologia do Exercício pela UFPR

**Especialista em Psicomotricidade-FACVEST

***Licenciado em Educação Física pela UNIPLAC.

Especialização em Educação Física pela UNIPLAC.

Mestrado em Educação pela UNIPLAC.

Professor titular do Clube Caça e Tiro

Coordenador das Academias da Terceira Idade – ATIs

do Município de Lages

****Graduação em Letras pela UNIMEP.

Mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Professor titular da UNIPLAC

Valéria da Rosa Alano*

Claudio José Kroitts Silva**

Alexandre Vanzuita***

Valdemar Siqueira Filho****

valeriapersonal@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este trabalho investiga a imagem corporal dos sujeitos das Academias da Terceira Idade (ATIs) com o objetivo de analisar o grau de satisfação da imagem corporal atual. A amostra foi composta por 325 indivíduos entre 20 e 59 anos de Lages/SC. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário sobre a imagem corporal e Índice de Massa Corpórea (IMC) referenciados pela Organização Mundial da Saúde.  Concluímos que a maioria dos entrevistados não estão satisfeitos com sua imagem corporal atual, contudo o imaginário destes sujeitos aponta para uma perspectiva de uma imagem corporal saudável.  

          Unitermos: Composição corporal. Imagem corporal. ATIs

 

Resumen

          Este trabajo investiga la imagen corporal de los asistentes de los Gimnasios de la Tercera Edad (GTEs) con el objetivo de analizar la imagen corporal actual. La muestra estuvo confirmada por 325 individuos entre 20 y 59 años de Lages/SC. La recogida de datos se realizó a través del cuestionario de la imagen corporal y referenciados para datos antropométricos para Organización Mundial de la Salud. Concluimos que la mayoría de los entrevistados no está satisfecho con su imagen corporal actual, a pesar de que el imaginario de las personas señala una perspectiva de una imagen corporal saludable.

          Palabras clave: Composición corporal. Imagen corporal. GTEs

 

Abstract

          This work investigates the body image citizens of the Gyms for Senior Citizens (ATIs) with the objective to analyze satisfaction degree of the current body image. The sample was composed 325 individuals between 20 and 59 years of Lages/SC. The data collection was in the form of individual interviews by applying questionnaire on body image and anthropometric data referenced by the World Health Organization. We conclude that the majority of the interviewed ones is not satisfied with its current body image, however the imaginary points to a search perspective of a healthful body image.

          Keywords: Body composition, body image, ATIs

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações sinestésicas construidas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo indivíduo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado (MATARUNA, 2004).

    De acordo com Mataruna (2004) a imagem corporal se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos.

    A autoimagem é conceituada por Schilder (1981), como representação e a figuração de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós, enquanto que a autoestima decorre da atitude positiva ou negativa que a pessoa tem de si mesmo. Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na consciência de si. A imagem corporal é tanto imagem mental quanto percepção, se a percepção do corpo é positiva a autoimagem será positiva, e se há satisfação com a imagem do corpo, a auto-estima será melhor. A imagem do corpo pode ser modificada pela prática de atividades físicas, como a ginástica, dança, entre outras.

    Entende-se por imagem do corpo humano a figuração de nossos corpos formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós.

    De acordo com Schilder (1994) o esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos. Podemos chamá-la de imagem corporal. Esse termo indica que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação. Existe uma apercepção do corpo. Indica também que, embora nos tenha chegado através dos sentidos dos sentidos, não se trata de uma mera percepção. Existem figurações e representações mentais envolvidas, mas não é uma mera representação.

    Para Tavares (2003, p. 81), o desenvolvimento da imagem corporal depende do processo de desenvolvimento da própria identidade corporal do indivíduo, sendo ambos os processos totalmente dependentes da singularidade da estrutura orgânica e do espaço de relações de cada indivíduo. "É preciso que ele (o corpo) possa existir cada vez mais em sua singularidade para que sua representação esteja concretamente relacionada a ele". A garantia para a construção de uma identidade corporal, segundo a autora, é assegurada pelas sensações corporais, fonte da subjetividade humana.

    Schilder (1994) afirma que no processo de construção e desenvolvimento da imagem corporal a libido narcisista entrará em contato com as diferentes partes do corpo, sendo que nos vários estágios o modelo postural sofrerá mudanças contínuas. Ou seja, um indivíduo em que um desejo parcial se encontra aumentado sentirá determinado ponto do corpo - a zona erógena particular pertencente ao suposto desejo - no centro de suas imagens corporais, provocando variações na estrutura da imagem corporal segundo tendências psicossexuais desse indivíduo. Estas mudanças contínuas são influenciadas pelos fatores sociais, libidinais e fisiológicos. Uma experiência do indivíduo provoca instantaneamente uma mudança em sua imagem corporal. Então, podemos dizer que as relações que se estabelecem nos espaços das ATIs desenvolvem nos sujeitos uma transformação a respeito de sua imagem corporal pelo exercício físico e pela troca de experiências.

    Imagem corporal é o resultado da autopercepção da forma corporal elaborada pelo indivíduo, constituida por fatores psicológicos, sociais, e biológicos, sendo que os psicossociais adquirem maior valência no desenvolvimento emocional e social ajustado, ou na organização distorcida da imagem corporal (PIMENTEL, 2007a).

    Segundo Adami et al. (2005) imagem corporal é um complexo fenômeno humano que envolve aspectos cognitivos, afetivos, sócio-culturais e motores. Está intrinsecamente associada com o conceito de si próprio e é influenciável pelas dinâmicas interações entre o ser e o meio em que vive. O seu processo de construção/desenvolvimento está associado, nas diversas fases da existência humana, às concepções determinantes da cultura e sociedade. Na história, ocorreram modificações das formas de apresentação e representação dessa imagem, com consequências notáveis na relação intra e extramuros corporais.

    A busca de uma imagem corporal, adequada aos anseios estereotipados de corpo, é um dos fenômenos mais impressionantes na sociedade atual; existe uma grande influência cultural sobre a cultura e imagem do corpo, o que pode criar aspectos enviesados relacionados ao universo corporal. Neste contexto, foram criados "modelos" de referência quase inatingíveis, pois o corpo "vendido" passa distante da realidade da maioria. E assim, assumem-se excessos, são criadas frustrações e quase "cyborgs" (ADAMI et al., 2005).

    O entendimento de aspectos da construção da imagem corporal envolve a interação de conhecimentos sobre a formação de imagens/representações na mente humana, sobre o tônus/postura/organização espacial do corpo humano e também sobre a realidade existencial do indivíduo, envolvendo percepção, memória, sentimentos e aspectos simbólicos da interação com o ambiente (ADAMI et al., 2005).

    Diante de tais constatações, fica evidente a necessidade de pesquisas voltadas ao estudo com os frequentadores das ATIs, tendo como objetivo uma compreensão mais clara da imagem do corpo não somente como estrutura física, mas do eu interior na busca de um corpo saudável, do imaginário ao real, no processo da melhora da qualidade de vida e saúde, favorecendo assim, parâmetros para a elaboração de estratégias de intervenção preventiva, com relação à imagem corporal individual e a satisfação da mesma.

    O presente estudo teve como objetivos:

  • Relacionar composição e imagem corporal dos frequentadores das ATIs;

  • Verificar o grau de satisfação da imagem corporal.

    Este estudo foi do tipo descritivo de corte transversal (MARCONI & LAKATOS, 1992). A amostra foi composta por 325 indivíduos com idades entre 20 e 59 anos (x=39,89) de ambos os gêneros, frequentadores das ATIs nos bairros Santa Helena, Tributo e Araucária da cidade de Lages/SC pelo método de “conveniência” pois “o pesquisador [...] têm liberdade para escolher aleatoriamente” segundo (COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 167-169), contudo hoje existem 22 ATIs em nossa cidade.

    Foi realizada uma entrevista individual explicando sobre os objetivos da pesquisa e posteriormente solicitando autorização para coleta de dados junto aos pesquisados. Por conseguinte, deu-se início a coleta de dados que foi dividida em três etapas: (1) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; (2) Aplicação do questionário da avaliação da imagem corporal; (3) Perguntou-se sobre as medidas antropométricas de peso e altura para posterior cálculo do IMC.

    O instrumento para a realização da coleta de dados foi a Escala de Avaliação da Imagem Corporal proposta por Sorensen, Stukard e Schlusinger (1983) que contém 9 figuras com diferentes silhuetas específicas para cada um dos sexos em ordem crescente da mais magra à mais gorda.

    Para verificar a imagem corporal (Figura 1) dos pesquisados foi realizada uma entrevista individual mostrando a eles 9 figuras distintas de gênero, contendo duas questões: a) Qual a aparência física mais se parece com você ATUALMENTE? b) Qual aparência física que você GOSTARIA DE TER?

Figura 1. Imagem corporal proposta por Stukard, Sorensen e Schlusinger (1983).

    A análise exploratória dos dados foi feita através da estatística descritiva.

As Academias da Terceira Idade – ATIs em Lages/SC

    Este projeto nasceu com a necessidade de promover a comunidade lageana à prática do exercício físico regular. Os representantes municipais buscaram na cidade paranaense – Maringá – uma referência para a construção de espaços que mobilizassem a população da Serra Catarinense a movimentar-se. As ATIs começaram a ser construidas nas praças de Lages.

    No ano de 2007, em 06 de outubro, na Praça dos Motoristas no entroncamento da Avenida Belizário Ramos com a rua Frei Gabriel, foi inaugurada a primeira ATI. Logo em seguida foi instalada em 22 de novembro de 2007 no Parque Jonas Ramos (Tanque). Em 29 de janeiro de 2008 foi inaugurada a ATI no bairro Coral, localizada ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário. No dia 13 de março de 2008 começaram as atividades da ATI do bairro Guarujá ao lado da Associação de Moradores desta localidade, iniciando o ciclo de instalações das academias longe da região central de Lages. Na data de 20 de maio de 2008 foi construida uma nova ATI no bairro Penha ao lado da Escola de Educação Básica Godofin Nunes de Souza. Completando mais uma etapa de instalações no mês de maio de 2008 no dia 21, o bairro Brusque foi contemplado com mais uma ATI na Praça Melvin Jones. No mês de junho de 2008 foram inauguradas mais duas ATIs, sendo uma localizada no bairro Petrópolis em frente ao centro comunitário e a outra no bairro Vila Nova em frente a Escola de Educação Básica Visconde de Cairú. Mais quatro academias foram instaladas no mês de julho de 2008 nos bairros Popular, Santa Helena, São Carlos e Frei Rogério. Finalizando o período de instalações das ATIs na cidade de Lages no ano de 2008 os meses de setembro e outubro foram escolhidos para que terminássemos esta empreitada, sendo assim, mais 10 academias inauguradas neste período, nos bairros Santa Mônica, Ferrovia, Tributo, Araucária, Centenário, São Judas, Sagrado Coração de Jesus, Jardim Panorâmico, Bela Vista Pró-Morar e Habitação, num total de 22 ATIs.

    Em todas as localidades que foram construidas as ATIs existe supervisão de um professor de Educação Física, no período das 8:00 às 10:00 horas da manhã e das 17:00 às 19:00 horas no período da tarde, devido ao clima frio da nossa região, salvo em horário de verão no período da tarde das 18:00 as 20:00 horas, de segunda a sexta, lembrando que quando ocorre chuva não é possível orientar. Todas as pessoas que procuram as ATIs são devidamente orientadas a fazer um check-up clínico sobre as condições de saúde antes de começarem o programa de exercícios. Entretanto, todos aqueles que iniciam a prática dos exercícios sem o atestado médico apto a prática de exercícios físicos podem fazê-lo assinando um termo de responsabilidade protocolado pelo professor responsável. Quando os adeptos chegam às ATIs são prontamente entrevistados conforme o modelo do Questionário de Prontidão para a Atividade Física – PAR-Q para detectar possíveis doenças. Aos adeptos são perguntados também sobre a idade, peso e altura para cálculo posterior do IMC. Após a entrevista, os professores desenvolvem um programa de treinamento personalizado, anotado em uma ficha de programa, para cada necessidade, aos quais os (as) alunos (as) devem sempre estar munidos deste documento como sugestão nos exercícios, sendo este modificado pelo professor periodicamente conforme a melhora da performance do sujeito.

    Nossa proposta estabelece a aprendizagem pelo corpo que se movimenta através do exercício físico para uma perspectiva de mudança de comportamento no sentido da busca e produção do conhecimento que ocorre pela vivência do movimento. Entendemos que o corpo aprende desafiado pelo contexto em que está inserido e a necessidade de buscar elementos de uma forma ou de outra a melhora da sua performance, imagem corporal e qualidade de vida.

Resultados e discussão

    A partir das respostas dos sujeitos desta pesquisa vamos discutir os resultados em relação a composição corporal comparada a imagem corporal.

Tabela 01. Gênero e porcentagem da amostra em faixas etárias.

    Pode-se observar que 283 (87,08%) sujeitos são de gênero feminino e 42 (12,92%) de gênero masculino.

    Dentre os frequentadores das ATIs verifica-se a maior porcentagem de mulheres devido a procura pela saúde, prevenção e estética (VANZUITA et al., 2008). Embora os homens tendo menor frequência nas ATIs a faixa etária predominante é de 50 a 59 anos, seguida de 40 a 49 anos; 30 a 39 anos e a minoria entre 20 e 29 anos ao contrario do sexo oposto.

    Dentre os pesquisados 93,85% (305 sujeitos) estão insatisfeitos com sua imagem corporal atual e somente 6,15% (20 sujeitos) estão satisfeitos com a imagem corporal atual.

    Sendo a maioria insatisfeita com sua imagem corporal atual podemos verificar que que a maior parte dos investigados se encontra na classificação de obesidade. Na tabela 2 podemos relacionar os dados da composição corporal e os Grupos (G1 entre 20 a 29 anos, G2 entre 30 a 39 anos, G3 entre 40 a 49 anos e G4 entre 50 a 59 anos) por faixa etária sendo a obesidade o padrão mais encontrado nos sujeitos da pesquisa, por isso, a insatisfação em relação a imagem corporal atual.

Tabela 02. Porcentagem da composição corporal conforme a faixa etária de acordo com a classificação do IMC. 

    A obesidade progressiva é o resultado mais provável das adaptações a uma vida sedentária. Desta forma, alguns especialistas sustentam que os padrões ótimos de gordura corporal deveriam ser mantidos constantes em toda fase adulta (TRITSCHTER, 2003). Assim sendo, as ATIs são espaços sociais pela busca da melhora da saúde, neste caso a redução da gordura corporal, produção do conhecimento (VANZUITA, COSTA, SIQUEIRA e SIQUEIRA FILHO, 2009) e imagem corporal, pois, podemos dizer que os dados de obesidade da nossa pesquisa são expressivos e neste sentido a perspectiva do movimentar-se deve ser incorporada em nossa cultura.

    A obesidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde – OMS como importante fator de risco para as doenças cardiovasculares, em pesquisa recente diagnosticada por tal entidade ao qual até 2015 poderemos ter no mundo 1,5 bilhões de obesos (CAMPOS, 2005). Espaços voltados a prática de exercícios físicos e lazer como as ATIs podem contribuir para uma significativa mobilização da sociedade em busca de uma vida saudável através do exercício. Então, este projeto social que estamos vivenciando em Lages/SC está empreendendo os esforços na prevenção e manutenção da saúde, ou seja, pela experiência e produção do conhecimento vimos que os dados alarmantes da OMS em relação a obesidade podem ser diminuídos pela prática da atividade física gerando a cultura corporal de movimento (TAFFAREL, 2003) na sociedade como um todo.

Tabela 03. Porcentagem da imagem corporal de acordo com a imagem do presente e imaginário do futuro segundo 

o peso magro (entre as silhuetas 1 a 3), peso ideal (entre as silhuetas 4 a 5) e obesidade (entre as silhuetas 6 a 9)

    Da amostra total verificou-se que em relação a “imagem do presente” 12,93% tem uma imagem magra; 43,69% peso ideal e 43,38% obesidade.

    Com relação a categoria “imaginário do futuro”, 59,08% imaginam-se com uma imagem magra; 39,38% com peso ideal e 1,54% se imaginam com obesidade.

    Através destes dados, os sujeitos da pesquisa puderam relacionar sua imagem corporal do presente e imaginar uma perspectiva diferenciada de futuro, ou seja, um imaginário que se modifica pelas relações entre o lugar (FERRARA, 2007) e os sujeitos que frequentam as ATIs, e principalmente pelos exercícios físicos.

    Percebemos que a categoria “imagem do presente” se equivale aos índices levantados conforme o IMC, ou seja, a obesidade aparece como indicativo na maioria dos sujeitos da pesquisa, contudo, de maneira geral, através das ATIs a maior parte das pessoas tem um imaginário de futuro de peso magro ou ideal.

    O lugar das ATIs proporciona aos frequentadores um momento de troca de experiências, troca de ideias ao qual (re)constrói-se conhecimento e oportuniza aos sujeitos a mudança do corpo através do movimento. Esta transformação ocorrerá pela prática do corpo que se movimenta, pois as ATIs se (re)constroem pela aprendizagem dos frequentadores, pela conservação das relações sociais, e ao mesmo tempo pelo prazer e pela dificuldade para incorporar novos hábitos e por vezes, superar ou mesmo conviver melhor com a doença e a dor, no qual o imaginário da transformação pelo movimento torna-se a possibilidade de avançar na reconstrução das novas ações e experiências para a condição da melhora da qualidade de vida e da imagem corporal destes sujeitos.

    Em estudo realizado por Pimentel (2007b) com relação a imagem corporal e índice de massa corporal verificou-se dentre os pesquisados, todos projetaram o desenho do corpo com imagem cuja idade é menor que a real. Para a autora se deve a estes fatores: a relação entre idade e massa corporal, isto é, parece mais agradável esteticamente o informante manter a representação de anos atrás em que pesava menos; provoca menor sofrimento psíquico pensar-se magro; a percepção masculina reflete menos a pressão social para emagrecer não interferindo na representação mental do corpo e a consciência da imagem corporal sugere a não integração de experiências internas e externas. Neste sentido em relação ao imaginário dos frequentadores das ATIs detectamos que a grande parte gostaria de ter a aparência mais magra o que corrobora com o estudo de Pimentel (2007b).

    Os achados demonstrados por Sarwer, Wadden e Foster (1997) e Foster, Wadden e Vogt (1998) sugerem que o IMC não apresenta relação com a insatisfação corporal. No entanto, em nossa pesquisa a grande parte dos sujeitos aponta a insatisfação corporal conforme os dados do IMC, contudo a possibilidade de estarem se movimentando em espaços como as ATIs já modificaram o imaginário que vai ao encontro de um corpo mais saudável.

Conclusão

    Pode-se concluir que a maioria dos entrevistados estão insatisfeitos com a imagem corporal atual. A perspectiva do imaginário trouxe em nossa pesquisa uma substancial relevância no trabalho que desenvolvemos nas ATIs. Percebemos a necessidade de atender os adeptos da ATIs com a responsabilidade de planejar e orientar estes sujeitos na perspectiva da busca da produção do conhecimento em relação a cultura corporal de movimento, na troca de experiências e pelas relações sociais que advêm deste espaço.

    Assim, o imaginário de um corpo saudável poderá se tornar uma prática presente pela mudança e transformação da postura dos sujeitos através do movimentar-se pela lógica desta aprendizagem e, sobretudo, buscando alternativas para uma vida mais saudável.

Referências

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