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DANÇA NA INTERNET: DA PROXIMIDADE
DOS CORPOS À VIRTUALIDADE DAS TELAS
Larissa Michelle Lara (Brasil)
larissa@nib.unicamp.br


Mestranda em Educação Física/UNICAMP


Edgar Degas. Arlequín danzando Resumo
Os avanços científico-tecnológicos ampliaram significativamente as possibilidades de comunicação. Entendendo a Internet como um mecanismo relevante à disseminação da informação e estabelecimento de redes de intercâmbio, espera-se, através desse guia de caráter informativo, fornecer algumas possibilidades de uso da Internet para estudo e pesquisa em dança, bem como agregar novos pesquisadores ao processo já iniciado, incitando à navegação entre os mais variados caminhos e possibilidades.
Unitermos:
Dança. Pesquisa. Internet.

DANCE IN THE INTERNET: OF THE PROXIMITY OF THE BODIES TO VIRTUAL OF THE SCREENS
Abstract
The scientific-technological progresses enlarged the communication possibilities significantly. Understanding the Internet as an important mechanism to the diffusion of the information and establishment of exchange nets, it is waited, through this guide of informative character, to supply some possibilities of use of the Internet for study and researches in dance, as well as to already join new researchers to the process initiate, inciting to the sailing between the most varied directions and possibilities.
Key words: Dance. Research. Internet.


Primeiras considerações
Um dos grandes avanços da atualidade foi, sem dúvida, a possibilidade de comunicação e busca de informação pela Internet, cujo salto qualitativo pôde ser evidenciado nos últimos anos. Revolucionando, globalizando, cruzando interesses de várias localidades brasileiras e mundiais, as informações e os "desejos virtuais" passam a não ter fronteiras. E, virtualmente, as pessoas se relacionam, discutem, refletem, se conhecem e brincam. Criam papéis e passam a ser atores, atrizes, realidades no jogo que começa e termina quando bem quiserem. Também se irritam, se incomodam. Sofrem a morosidade da máquina na turbulência do "ir e vir", em várias trilhas, nos encontros e desencontros diários.

Se pararmos para reflexões sobre as produções humanas, é possível perceber o quão fantásticas são as suas criações: imagens processadas em telas com repercussão mundial, pessoas capazes de voar, viagens lunáticas, clonagens, reprodução em laboratório, comunicação em rede ... Uma infinidade de possibilidades ocasionadas pelas descobertas científicas, pelo aprimoramento tecnológico, pela inteligência humana. E quando pensamos que não há quase nada mais de grandioso a ser descoberto pela mente do homem, ela se mostra surpreendente, a ponto de gerar em toda uma população um sentimento paradoxal de aceitação e repúdio, principalmente quando entra em questão os limites humanos e a ética em ciência.

A Internet vem sendo entendida como uma revolução em termos de comunicação, de relevância no que diz respeito à rápida disseminação da informação e o acesso ao "mundo" sem precisar sair de casa. Contudo, um aspecto preocupante é o de que essa rede de computadores estaria comprometendo as relações humanas, dado o estado de narcose virtual que provoca nos chamados "internautas". Mas, independente dos obsessivos, dos amantes, dos indiferentes ou dos repulsivos à tecnologia da Internet, ela constitui uma realidade manifesta, cujas marcas fixaram-se no século XX e rumam em direção ao próximo milênio.

Em meio às divergências quanto as contribuições desta "tecnologia" à vida de homens e mulheres, é preciso estar atento a todo o processo de transformações e, na busca do equilíbrio entre o compartilhar a máquina e o compartilhar o ser humano, deixar-se navegar por diferentes caminhos. E é justamente sobre estes caminhos que pretendemos falar, ou seja, de formas de desenvolvimento de pesquisa e intercâmbio pela Internet, visando a disseminação da informação e a sua utilização de forma organizada, consciente e responsável. Através deste guia de navegação, pretende-se indicar algumas trajetórias possíveis de serem percorridas, com o intuito de facilitar a obtenção de informações e o conhecimento das possibilidades de uso da Internet para o estudo e pesquisa em dança.


O Papel da tecnologia virtual
A comunicação e busca de informação pela Internet acabou gerando um "mar de concorrências", onde ninguém quer se arriscar a morrer afogado na praia. Alguns, correm atrás da tecnologia para a melhoria da qualidade, agilidade no trabalho e redução de custos; outros, se apropriam dessa mesma tecnologia como produto rentável, a ser vendido e consumido. São inúmeros os sites de spas, academias, profissionais, produtos de modo geral, como os oferecidos por shopping virtuais, que vão desde calçados, softwares, vitaminas, até comida congelada e lingerie. O consumo online, o sexo virtual, o turismo, tudo isso e muito mais está à disposição dos internautas e, muitas atratividades dependerão, é claro, de uma certa "reserva monetária".

No entanto, embora esta tecnologia tenha vindo para facilitar a vida de homens e mulheres, há toda uma discussão acerca de seu papel na sociedade. O computador é visto pelos psiquiatras como o "último vício de uma era" 1 . Mas, em pleno vôo para o século XXI, há como escapar dele?

Depois do caso Kevin Mitnick, o mais famoso cibernético do mundo que escapou à prisão por alegar sofrer de um mal incontrolável - a "obsessão compulsiva digital", ou melhor dizendo, o vício em computadores - especialistas foram alertados para um problema que aumenta entre os obsessivos por tal tecnologia. Menconi 2 , baseado no relato de psiquiatras, comenta que ao contrário de drogas como heroína, cocaína e crack, os efeitos da dependência de computadores encontram-se na esfera psicológica, cujos sintomas mais freqüentes são atraso no trabalho, perda de concentração nos estudos, brigas no casamento, afastamento dos familiares e substituição da atividade sexual e social pelo uso da máquina.

Mas, se por um lado há os compulsivos pelo computador, por outro percebe-se os que apresentam aversão à tecnologia. Os luditas foram um grupo de operários nascidos na Inglaterra (aproximadamente 1811) que destruíam máquinas de tecelagem e moinhos em protesto às alterações ocorridas no processo de trabalho. Nos Estados Unidos, a onda neoludita (versão contemporânea dos luditas) está provocando algumas turbulências. Há terroristas que enviam cartas-bomba a distribuidores de material para computador e até mesmo o que se poderia chamar de "filósofo dos neoluditas", como Kirkpatrick Sale 3 , que escreveu o livro Rebels against the future.

Longe de ser apenas tecnologia de "comércio", a Internet representa um importante veículo de estudo e pesquisa que tende a revolucionar o setor educacional a partir da democratização de seu acesso e uso. Embora o processo seja lento, a Internet representa uma possibilidade de reflexão do futuro papel do professor face a tal tecnologia, o que é fundamental para que profissionais que buscam centrar todo conhecimento em si , como "donos do saber", possam reformular seus paradigmas na busca de uma educação que contemple a contemporaneidade e os anseios de uma época.

Embora seja uma importante ferramenta de pesquisa, na maioria das vezes a Internet peca pela morosidade do sistema e por um excesso de informações descartáveis. A esse respeito, o americano Michael Dertouzos, chefe do Laboratório de Ciências de Computação do Massachusetts Institute of Technology (MIT), coloca a importância da profissão do futuro, os info-tailors 4 , pessoas que, como os alfaiates, buscarão selecionar, ajustar e adequar o que poderá ser útil, eliminando o desnecessário.

Assim, no que diz respeito à educação, talvez o professor do futuro seja uma espécie de "alfaiate da informação online", que selecionará os conteúdos e caminhos a serem percorridos pelos alunos em sua preparação acadêmica, evitando a navegação por informações descartáveis. Longe de sermos grandes info-tailors, arriscaremos dar as primeiras coordenadas na seleção e ajuste das fontes interessantes de navegação em dança. E, como alfaiates, estamos fadados a acertos e a falhas na busca da melhor confecção.


Dançando na Internet: dos passos básicos aos contratempos
Do Byronismo como mal do século XIX, passamos ao mal do "excesso de informação". A Internet é tida como o ápice dessa sobrecarga e a convivência com tal exagero somente pode ser amenizado através dos serviços de busca online, que ajudam a encontrar atalhos na direção almejada.

Falar sobre formas e possibilidades de navegação na Internet não nos habilita à titulação de experts em pesquisa sobre dança, mas apenas nos dá condições de, no momento, resgatarmos algumas experiências obtidas com "altas navegações" e alguns "naufrágios", o que não foge aos hábitos de um bom curioso da informação. Mas, onde encontrar determinado assunto pela Internet? Ou ainda, mais especificamente falando, onde encontrar informação sobre dança?. Para iniciar a sessão de pesquisa é preciso ter claro que a Internet garante o acesso a vários sites em www, preenchidos de acordo com os interesses de busca. Alguns dos serviços de "busca" pela Internet foram analisados pelo INFOLAB 5 , dentre os quais estão: altavista, bookmarks, cadê?, hotbot, surf, yahoo, lycos e radar uol.

O maior dos sites, o AltaVista, foi considerado um bom instrumento de busca. Apresentou o maior banco de dados de páginas da web e pode ser acessado em www.altavista.digital.com. O Bookmarks (www.bookmarks.com.br) conseguiu trazer um grande número de informações, embora sua pesquisa não fosse muito refinada. O Cadê? (www.cade.com.br) é o mais tradicional catálogo da web brasileira, embora não tão eficiente para buscas gerais. O Hotbot (www.hotbot.com), levou vantagem na facilidade de uso, mas não se igualou aos resultados do AltaVista. Ainda há o Lycos (www.lycos.com), que apresentou um sistema de busca avançada; o Radar uol (www.radaruol.com.br), interessante à pesquisa quantitativa; o Surf brasileiro (www.surf.com.br), não muito cotado nas pesquisas e o Yahoo (www.yahoo.com) que embora considerado interessante, não atingiu a sofisticação do AltaVista.

Mas, como utilizar esses sistemas de "busca"? Caso se queira pesquisar sobre dança moderna, por exemplo, basta acessar algum endereço, tal como www.altavista.digital.com, escrever entre aspas "dança moderna" - para que a pesquisa seja efetuada levando-se em consideração as frases exatas e as palavras compostas- e acionar o botão de pesquisa. O sistema fornecerá informações que nem sempre são as mais satisfatórias, mas contribuem para os passos iniciais da pesquisa. E assim poderá ser efetuado com outros sistemas de buscas e outras temáticas como "dança", "dança brasileira", "dança popular", "grupos de dança", "faculdades de dança" e outros.

Embora sejam muitas as opções de pesquisa em dança e, mesmo sendo diferenciadas as expectativas de cada um sobre esse assunto, alguns sites do Brasil e do mundo já foram pesquisados pelos sistemas de buscas (yahoo, altavista, surf e hotbot) e serão apontados a seguir como forma de facilitar o acesso à informação.

Um dos sites interessantes sobre dança está disponível em www.dancer.com/dance-links. Apresenta entradas para diferentes categorias, dentre as quais estão: companhias de balé, companhias de dança moderna/contemporânea, dança Butoh, pesquisa em dança, vídeos, escolas e universidades. A partir do acesso a alguma delas, abrem-se novas possibilidades de pesquisa. Dentre as temáticas interessantes vale ressaltar o referente às universidades, cuja busca é efetivada em países como Austrália, Canadá, Finlândia, Rússia, Estados Unidos e França. No Brasil, pode-se encontrar cursos de graduação em dança na Universidade Estadual de Campinas-Unicamp, através do Instituto de Artes (Departamento de Artes Corporais), cujas ementas e disciplinas estão disponíveis em www.iar.unicamp.br/corporais/daco.html, bem como na Universidade Federal da Bahia, através da Escola de dança (www.ufba.br/instituicoes/ufba/welcome.html), cuja página ainda se encontra em construção.

Através do sistemas de buscas do yahoo (www.yahoo.com) é possível acessar pela pesquisa em "dance" uma infinidade de possibilidades, que incluem eventos, festivais, livros, jazz, dança de salão, dança moderna, dança contemporânea e dança folclórica.

Dentre os sites mais específicos já explorados e que constituem campos interessantes de pesquisa, poderíamos citar a Agenda da Dança de Salão Brasileira (www.dancadesalao.com/agenda) , com informações sobre eventos, tipos de dança, normas de etiquetas, histórico das danças, profissionais, dicas de cds, links e listas de discussão. Ou ainda, viajar para fora do país pelo "Spirit of Dance" (www.spiritofdance.com), um programa de televisão sobre todos os tipos de dança, discussões de estúdio e entrevistas especiais. Os assuntos incluem dança de salão, balé moderno, filmes em dança e outros.

No que diz respeito à dança clássica, interessa conhecer o trabalho desenvolvido por vários grupos e associações no Brasil, dentre os quais o da Associação Ballet Stagium, uma empresa sem fins lucrativos, voltada às artes cênicas, à educação e a espetáculos de dança, disponível em www.stagium.com.br . Ou ainda viajar pelos balés russos, pelo Balé da Ópera de Paris, pelo Royal Ballet e pela lista de produções coreográficas famosas, através do site www.ens-lyon.fr/esouche/danse.

As danças folclóricas constituem também um campo riquíssimo a ser explorado. No cenário Internacional, é interessante percorrer a International Folk Dance Association of University City -IFDA, uma associação que se preocupa com o ensino da dança folclórica no mundo e com a troca de conhecimento entre diferentes culturas.

E quem estiver buscando dados sobre dança moderna, nada mais interessante do que a consulta ao Almanaque da Dança (www.geocities.com/broadway/3362/), com ilustrações belíssimas e informações sobre Isadora Duncan, Ruth St. Dennis e Martha Grahan. Ainda podem ser encontrados números anteriores sobre Nijinski e Balanchine, links sobre dança do ventre e cultura árabe, além de informações sobre Fred Astaire, tendências afro-contemporâneas, afoxé, balé e dança de salão.

Sobre revistas digitais em dança podem ser citadas a Dance Magazine (www.dancemagazine.com), com informações variadas em dança e links, e a Dance Express (www.dancexp.demon.co.uk/). No entanto, há outras revistas interessantes que podem ser acessadas por qualquer sistema de "buscas".

No Brasil, a revista Dança & Cia, embora recente, representa uma possibilidade de pesquisa. Ainda não está disponível na Internet, mas pode ser requisitada pelo e-mail: dmcsc@zaz.com.br . A revista digital argentina de Educação Física e Esportes, Lecturas (www.efdeportes.com), apresenta artigos sobre dança funk e culto ao corpo, e os espaços para a dança tendem a ser ampliados com outras publicações.

O jornal Dança, Arte e Ação- DAA, pela Internet, representa um ponto interessante de disseminação da informação, que passa tanto pelo âmbito artístico quanto pelo setor político brasileiro e educacional da dança, podendo ser acessado em : www.domain.com.br/~daa/index.htm . O site Dance Online (www.danceonline.com) representa também uma boa opção de pesquisa. Nele podem ser encontrados links, vídeos, notícias em dança, eventos, entrevistas, além de um acervo de relato de crianças sobre suas vivências no mundo da dança, encontrado no Dance Talk.

Resumos de teses e monografias, periódicos, eventos e outras informações em dança podem ser acessados pelo banco de dados do SIBRADID (Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva) pelo endereço www.sibradid.eef.ufmg.br, através do sistema de buscas.

Sobre Associação em dança vale conhecer e se filiar à daCi- dance and the Child internacional (www.geocities.com/athens/parthenon/8410). Ligada à UNESCO, a daCi desenvolve um trabalho em prol da criança e do adolescente por meio da dança. Representa uma conquista qualitativa de espaço em termos de pesquisa em dança em favor de uma causa, possibilitando o intercâmbio entre profissionais de áreas diversas como psicólogos, pedagogos, professores de Educação Física, Dança, Educação Artística, bailarinos, músicos e outros.

Embora tempo e espaço sejam fatores que contribuam para certos limites num campo "ilimitado", intentamos oferecer alguns caminhos iniciais em pesquisa no mundo da dança. Os sites representam interessantes opções de pesquisa, mas vale conhecer ainda um outro recurso de acesso à informação - as listas de discussão - o que abordaremos a seguir.


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Revista Digital
Año 4. Nº 13. Buenos Aires, Marzo 1999.