ISSN 1514-3465
Colostro bovino como alimento funcional:
perspectivas e seu papel na nutrição moderna
Bovine Colostrum as a Functional Food: Industry Perspectives and its Role in Modern Nutrition
El calostro bovino como alimento funcional: perspectivas y su papel en la nutrición moderna
Ana Carolina Nascimento Cidrini Golo
*anacarolnascimento2017@gmail.com
Emília Maricato Pedro dos Santos
**emilia.maricato@ufjf.br
Gabrielle Venâncio Muniz Souza
***venanciogabrielle4@gmail.com
Júlia da Costa Carneiro Cruz
+julia9carneiro@gmail.com
Júlia Dettogni de Castro
++julia.dettogni@estudante.ufjf.br
Lara Beatriz Oliveira Mateus
+++laraolima123@gmail.com
Vivyan Alice Clemente Vieira
++++vivyan.acv@gmail.com
*Médica Veterinária pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal,
no Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
**Graduada em Medicina Veterinária pela UFMG
Especializada em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal pela UFMG
Mestra em Medicina Veterinária, com área de concentração
em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal pela UFMG
Doutora em Ciência Animal, com área de concentração
em Medicina Veterinária Preventiva e Epidemiologia Veterinária pela UFMG
Atualmente é professora adjunta do Departamento
de Medicina Veterinária da UFJF
***Graduanda do curso de Medicina Veterinária da UFJF
Integrante do Grupo de Pesquisa em Inspeção, Tecnologia e Controle
de Qualidade de Produtos de Origem Animal (GPPoa/UFJF)
+Médica Veterinária pela UFJF
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal
na área de Epidemiologia e Saúde Única da UNIPAMPA
++Graduanda em Medicina Veterinária pela UFJF
Atualmente participa da Liga Acadêmica de Indústria
e Tecnologia de Alimentos da UFJF
+++Médica Veterinária pela UFJF
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal,
no Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos
de Origem Animal da UFMG
++++Médica Veterinária pela UFJF
Mestranda do Programa de Pós Graduação
em Medicina Veterinária, na área de Epidemiologia
e Controle de Qualidade de Produtos
de Origem Animal da UFV
(Brasil)
Recepción: 23/08/2025 - Aceptación: 27/10/2025
1ª Revisión: 23/09/2025 - 2ª Revisión: 24/10/2025
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
|
|
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Cita sugerida
: Golo, ACNC, Santos, EMP, Souza, GVM, Cruz, JCC, Castro, JC, Mateus, LBO, e Vieira, VAC (2025). Colostro bovino como alimento funcional: perspectivas e seu papel na nutrição moderna. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(331), 211-225. https://doi.org/10.46642/efd.v30i331.8533
Resumo
O colostro bovino é o primeiro fluido secretado pela glândula mamária após o parto, fundamental para a transferência de imunidade passiva aos neonatos. É caracterizado por elevada concentração de compostos bioativos, como imunoglobulinas, fatores de crescimento, vitaminas e minerais. Esta revisão de literatura teve como objetivo abordar a composição do colostro bovino, seus benefícios à saúde humana e seu potencial para consumo. A busca integrativa foi realizada nas bases de dados Science Direct, SciELO e CAPES/MEC, entre janeiro e junho de 2025, selecionando-se trinta e três artigos publicados entre 2019 e 2025 com foco em estudos experimentais sobre composição, aproveitamento e formulação de produtos alimentícios com colostro. Os resultados demonstraram que o colostro possui maiores teores de proteínas (especialmente imunoglobulinas), lipídeos, vitaminas e minerais em relação ao leite, além de compostos imunomoduladores, como lactoferrina, lisozima e fatores de crescimento. Esses componentes conferem propriedades funcionais relacionadas ao fortalecimento do sistema imune, integridade da mucosa intestinal, modulação da microbiota e regeneração tecidual. A menor quantidade de lactose e a presença de oligossacarídeos prebióticos reforçam seu potencial para intolerantes à lactose e a promoção da saúde intestinal. No entanto, sua aplicação no Brasil ainda enfrenta desafios industriais. Métodos de conservação, como pasteurização, secagem e tecnologias como alta pressão, tem sido empregados para preservar sua funcionalidade. O colostro é encontrado em formas como pó, cápsulas, suplementos, queijos e bebidas funcionais. Conclui-se que o colostro bovino possui grande potencial como alimento funcional, dependendo do avanço tecnológico e da conscientização sobre seus benefícios.
Unitermos
: Coadjuvantes de tecnologia alimentar. Laticínios. Saúde humana. Suplementos nutricionais.
Abstract
Bovine colostrum is the first fluid secreted by the mammary gland after parturition and is essential for the transfer of passive immunity to neonates. It is characterized by a high concentration of bioactive compounds such as immunoglobulins, growth factors, vitamins, and minerals. This literature review aimed to explore the composition of bovine colostrum, its health benefits, and its potential for human consumption. An integrative search was conducted in the Science Direct, SciELO, and CAPES/MEC databases between January and June 2025, selecting thirty-three articles published between 2019 and 2025, focusing on experimental studies regarding the composition, utilization, and formulation of food products containing colostrum. The results showed that colostrum has higher levels of proteins (especially immunoglobulins), lipids, vitamins, and minerals compared to milk, as well as immunomodulatory compounds such as lactoferrin, lysozyme, and growth factors. These components confer functional properties related to immune system enhancement, intestinal mucosal integrity, microbiota modulation, and tissue regeneration. Its lower lactose content and the presence of prebiotic oligosaccharides further highlight its potential for individuals with lactose intolerance and for promoting gut health. However, its application in Brazil still faces industrial challenges. Preservation methods such as pasteurization, drying, and technologies like high-pressure processing have been employed to maintain its functionality. Colostrum is found in forms such as powder, capsules, supplements, cheeses, and functional beverages. It is concluded that bovine colostrum holds significant potential as a functional food, depending on technological advances and increased awareness of its benefits.
Keywords
: Food technology coadjuvants. Dairy products. Human health. Dietary supplements.
Resumen
El calostro bovino es el primer fluido secretado por la glándula mamaria tras el parto, esencial para la transmisión de la inmunidad pasiva a los neonatos. Se caracteriza por una alta concentración de compuestos bioactivos, como inmunoglobulinas, factores de crecimiento, vitaminas y minerales. Esta revisión bibliográfica tuvo como objetivo analizar la composición del calostro bovino, sus beneficios para la salud humana y su potencial para el consumo. A partir de la búsqueda en bases de datos se seleccionaron treinta y tres artículos publicados entre 2019 y 2025 que se centraban en estudios experimentales sobre composición, utilización y formulación de productos alimenticios con calostro. Los resultados demostraron que el calostro presenta niveles más altos de proteínas (especialmente inmunoglobulinas), lípidos, vitaminas y minerales, comparado con la leche, además de compuestos inmunomoduladores como lactoferrina, lisozima y factores de crecimiento. Estos componentes confieren propiedades funcionales relacionadas con el fortalecimiento del sistema inmunitario, integridad de la mucosa intestinal, modulación de la microbiota y regeneración tisular. Su bajo contenido en lactosa y la presencia de oligosacáridos prebióticos refuerzan su potencial para personas con intolerancia a la lactosa y para la salud intestinal. Sin embargo, su aplicación en Brasil aún enfrenta desafíos industriales. Se han empleado métodos de conservación, como pasteurización y secado, así como tecnologías como alta presión, para preservar su funcionalidad. El calostro se presenta como polvo, cápsulas, suplementos, quesos y bebidas funcionales. Se concluye que el calostro bovino tiene gran potencial como alimento funcional, dependiendo del avance tecnológico y del conocimiento de sus beneficios.
Palabras clave
: Coadyuvantes tecnológicos en el procesamiento de alimentos. Productos lácteos. Salud humana. Suplementos nutricionales.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 331, Dic. (2025)
Introdução
O colostro bovino é a primeira substância sintetizada pela glândula mamária da vaca, sendo produzido durante os primeiros três a cinco dias pós-parto e caracterizado por sua elevada concentração de compostos bioativos (Ramani et al., 2024). Sua principal função é promover a nutrição e a transferência de imunidade passiva ao neonato, especialmente nas primeiras seis horas de vida, quando suas células epiteliais intestinais possuem capacidade de absorção de imunoglobulinas. Tal necessidade de ingestão decorre da característica placentária dos ruminantes, classificada como sindesmocorial, que impede a transferência placentária de anticorpos, reforçando a importância do colostro para a sobrevivência neonatal. (Oliveira et al., 2024)
A idade, a administração de medicamentos veterinários, os fatores genéticos, como a raça, e fatores ambientais, como a nutrição, distúrbios metabólicos e estresse térmico são condições que influenciam diretamente a composição do colostro (Godden et al., 2019). Durante o pós-parto, as propriedades físico-químicas e sensoriais do colostro sofrem alterações gradativas até a formação do leite. Notavelmente, o colostro apresenta superioridade em termos de capacidade imunológica, elevado valor nutricional, presença de fatores de crescimento e propriedades antimicrobianas do que o leite. (Khan et al., 2024)
Do ponto de vista físico-químico, o colostro caracteriza-se por apresentar baixos teores de lactose e elevadas concentrações de proteínas, lipídios, hormônios, vitaminas e minerais. Estes componentes, em conjunto, conferem ao colostro propriedades bioativas, incluindo efeitos prebióticos, que desempenham um papel significativo na promoção da saúde humana. (Galdino et al., 2022)
Apesar de ser mais potente que o colostro humano, a produção de colostro bovino representa apenas o equivalente a 1 % da produção anual de leite no Brasil, sendo que seu excedente é frequentemente descartado devido ao desconhecimento dos produtores. Contudo, a crescente demanda por alimentos funcionais despertou na indústria o interesse em explorar o aproveitamento do colostro, em virtude de sua contribuição comprovada para a saúde humana em todas as idades (Silva et al., 2019). Embora utilizado como matéria-prima em suplementos alimentares em países, como Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos e China, no Brasil, uma legislação de 1952, proibia o consumo do colostro bovino por humanos (Brasil, 1952), restrição esta que foi revogada em 2017, permitindo, a partir de então, sua utilização em produtos alimentícios destinados ao consumo humano, como colostro em pó, suplementos, iogurtes probióticos, queijos frescos e maturados. (Brasil, 2017)
Em virtude da relevância do tema, a presente revisão de literatura teve como objetivo abordar a composição do colostro bovino e seus benefícios para a saúde humana, além de seu beneficiamento e alternativas disponíveis no mercado para o seu consumo.
Metodologia
O presente estudo consiste em uma revisão de literatura integrativa sobre o consumo de colostro bovino, com foco em seu potencial funcional para promoção da saúde humana. A análise das informações científicas incluiu a caracterização físico-química do colostro e a descrição de seus principais componentes, além de explorar seus benefícios e possíveis utilizações industriais para o desenvolvimento de produtos destinados ao consumo humano. Para a realização do estudo, foi conduzida uma busca sistematizada das informações, em janeiro a junho de 2025, nas bases de dados científicos ScienceDirect, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Portal de Periódicos CAPES/MEC, utilizando os descritores “benefits”, “bovine colostrum”, “composition”, “dairy industry”, “functional dairy products”, “human health”, “milk”, “morphology”, “nutrition” e “physical-chemical characteristics”. Ainda, aplicou-se o operador booleano “and” para o eventual cruzamento de dados.
Preconizou-se estudos publicados em língua inglesa e portuguesa, no período de 2019 a 2025, obtendo-se 3.200 publicações, que passaram por seleção criteriosa com base na presença de pelo menos um dos descritores nos seus títulos, palavras-chave e/ou resumos. Selecionou-se trabalhos na íntegra, com resumo relacionado ao tema principal desta pesquisa e de acesso digital disponível, direcionado ao público associado ao âmbito acadêmico e científico na área da Medicina Veterinária, com estudos baseados em dados experimentais e que abordaram resultados semelhantes sobre composição, processamento e formulação industrial do colostro bovino, além de fontes que apresentaram dados atualizados acerca da produção e consumo do produto. Excluiu-se editoriais, monografias, publicações de viés comercial ou publicitário e produções científicas desatualizadas, fora do escopo disciplinar, que não contribuíram para o avanço do conhecimento do tema, além de estudos que abordaram colostro de espécies além da bovina, assim como artigos duplicados em bases científicas, ou com metodologias incompletas e que não apresentaram dados originais. Portanto, selecionou-se trinta e três trabalhos para leitura e discussão do tema.
Resultados e discussão
Composição e benefícios do colostro bovino
O colostro e o leite possuem características semelhantes, contudo, o colostro apresenta preponderância em seu potencial funcional e características sensoriais distintas ao leite, uma vez que possui uma cor intensamente amarelada, viscosidade acentuada, sabor variável de acordo com a nutrição da vaca, com variação entre adocicado e levemente salgado para amargo ou metálico, além de odor característico e mais acentuado em comparação ao leite. Ainda, os componentes do colostro diferenciam-se em micronutrientes, macronutrientes e compostos bioativos, sendo estes últimos substratos para o aproveitamento de coprodutos, que conferem benefícios significativos para a saúde, como suporte imunológico para crianças e adultos. (Playford, e Weiser, 2021)
A comparação detalhada de concentração dos elementos do colostro bovino, em relação ao leite, pode ser observada e compreendida pelos dados apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Comparação entre os constituintes do colostro bovino e leite
|
Constituintes |
Colostro bovino |
Leite |
|
Sólidos totais (%) Proteínas (%) Caseína (%) Albumina (%) Gordura (%) Imunoglobulinas Totais (%) Lactose (%) Vitaminas totais Minerais totais (g/kg) Lactoferrina (g/L) Lactoperoxidase (mg/L) Lisozima (mg/L) |
24 - 28 14 - 16 4,8 6,0 6 - 7 42 - 90 2 - 3 10,93 11,72 1,5 - 5 11 - 45 0,14 - 0,7 |
12,9 3,1 - 3,2 2,5 - 2,6 0,4 - 0,5 3,6 - 4,0 0,4 - 0,9 4,7 - 5,0 3,31 4,40 0,02 - 0,75 13 - 30 0 |
Fonte: Playford, e Weiser (2021)
Proteínas
As proteínas lácteas são macronutrientes que podem ser subdivididos em três categorias. A primeira é a fração insolúvel, representada pela caseína, a qual consiste na principal proteína do leite e é conhecida por suas funções energética, antimicrobiana, anti-inflamatória e imunorreguladora no organismo. Já na fração solúvel, as proteínas constituintes do soro do leite se destacam, como as imunoglobulinas, lactoferrina, lactoperoxidase, glicomacropeptídeos, lactoalbumina, lactoglobulina, sendo essa fração ausente no leite humano. E, por fim, as citocinas de resposta pró e anti-inflamatórias, as quais são secretadas por células do sistema imunológico e identificadas no colostro bovino como interleucinas (IL), fatores de necrose tumoral (TNF), interferons e suas subdivisões (IL-1, IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL-12, IL-13, IL-16, IL-18, INF-γ, TNF-α e receptores TNF-γ) (Silva et al., 2024). O teor proteico do colostro bovino é superior ao do leite, uma vez que possuem concentração do macronutriente de 15 % e 3 %, respectivamente. (Sats et al., 2020)
A fração insolúvel do colostro possui alto valor nutricional e atividade biológica que influencia a resposta imunológica e anti-inflamatória, por exemplo, na atuação na reparação de tecidos lesados do organismo. No que concerne às imunoglobulinas, classificadas como glicoproteínas e compostos bioativos, estas podem ser identificadas como IgA (imunoglobulina A), IgD, IgE, IgG e IgM, de maneira que a imunoglobulina G (IgG) compõe, aproximadamente, 80 % destes compostos no colostro bovino, sendo essa a principal fonte de imunidade dos bezerros. Enquanto as outras, presentes no colostro em menor quantidade, possuem a capacidade de modular o sistema inato e adaptativo. (Ahmann, Steinhoff-Wagner, e Buscher, 2021)
Carboidratos
Os carboidratos encontram-se no colostro e no leite na forma de lactose, oligossacarídeos, glicoproteínas, glicolipídios e açúcares nucleotídeos. Os oligossacarídeos são componentes sólidos de classe neutra (galactossacarídeos) e ácida, com concentração total média de 1 g/L no colostro bovino, o que representa o dobro de sua quantidade no leite. Os açúcares, como prebióticos, servem de substrato metabólico para bactérias intestinais, como Bifidobacterium spp. presentes no cólon. (Bunyatratchata et al., 2021)
O açúcar mais abundante no colostro bovino é a lactose, em concentração média de 2,5 % neste e de 5 % no leite. Portanto, o consumo de colostro tem potencial para indivíduos que possuem dificuldade em digerir este nutriente. Vale destacar que a lactose possui papel na síntese de glicogênio no fígado, uma vez que sua hidrólise, mediada pela enzima lactase, no intestino delgado, forma glicose e galactose, monossacarídeos promotores de energia para o organismo. (Barone et al., 2024)
Gorduras
As gorduras representam cerca de 7 % da composição do colostro bovino. No leite, este macronutriente está em um teor de aproximadamente 3,5 % e é comumente removido de forma parcial ou total, por razões de preferências e hábitos de consumo. Os principais ácidos graxos que estão presentes em ambos os produtos são: os ácidos graxos trans e de cadeia curta, estes mais abundantes no leite; ácidos graxos saturados, monoinsaturados, poli-insaturados, linoleico, mirístico e palmítico, de forma que os três últimos possem concentrações superiores no colostro bovino. Estes nutrientes conferem ação imunomoduladora, têm papel na saúde cardiovascular, por meio do ácido oleico, na redução de processos inflamatórios, no controle da obesidade e da diabetes mellitus, sendo que o ácido linoleico conjugado se destaca nesses últimos casos. (O’Callaghan et al., 2020)
Vitaminas, minerais e hormônios
As vitaminas são compostos bioativos que podem ser categorizados e diferenciados em lipossolúveis, como o retinol (vitamina A), calciferol (vitamina D) e tocoferóis (vitamina E), e como hidrossolúveis, como o ácido ascórbico e complexo B. Os minerais do colostro bovino e do leite são, principalmente, o cálcio, cobre, ferro, zinco, magnésio, manganês e fósforo. Em geral, estes compostos possuem funções metabólicas de crescimento e fortalecimento ósseo, metabolismo de gorduras e proteínas e promoção do funcionamento adequado dos sistemas imunológico e nervoso (Poonia, e Shiva, 2022). Já os hormônios que constituem o leite e o colostro são o liberador de hormônio luteinizante (GnRH), hormônio de crescimento (GH), prolactina, leptina, somatostatina, ocitocina, tiroxina, estrogênio, progesterona, hormônio estimulante de tireoide (TSH) e calcitonina. (Scammell, e Billakanti, 2022)
Fatores de crescimento
Os fatores de crescimento são polipeptídeos que estimulam processos celulares, como a proliferação, migração e diferenciação. Estes são classificados como fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), o mais abundante no colostro bovino e associado à promoção do crescimento e reparo tecidual; transformador α (TGF - α) e β (TGF - β), que possuem, respectivamente, ações de proliferação celular e suporte imunológico; de crescimento epidérmico (EGF), associado à proliferação e diferenciação celular; endotelial vascular (VEGF); e derivado de plaquetas (PDGF), que, por sua vez possuem poucos estudos referentes a sua concentração e ação no colostro e leite bovinos (Zheng et al., 2022). Especificamente, no que diz respeito aos fatores de crescimento semelhante à insulina e transformadores, por suas ações reparadora de tecidos lesados, suporte imunológico e multiplicação celular, há motivos para a utilização do colostro bovino como fonte de suplementação para o suporte de funções orgânicas humanas. (Yalçın et al., 2024)
Os valores de referência da concentração dos fatores de crescimento semelhante à insulina, transformador e de crescimento epidérmico no colostro bovino, em comparação ao leite, podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2. Comparação entre as concentrações de fatores de crescimento presentes no colostro bovino e no leite
|
Fator de crescimento |
Colostro bovino (ng/mL) |
Leite (ng/mL) |
|
EGF IGF - 1 IGF - 2 TGF - β TGF - α |
324,2 870 206 100,7 200 |
155 (leite pasteurizado) 150 2 - 6 4,3 (leite pasteurizado) - |
Fonte: Yalçin et al. (2024)
Processamento e aplicações industriais
Apesar do colostro bovino ser rico em nutrientes benéficos para os seres humanos, estes também são aproveitados como substrato por microrganismos. A microbiota do colostro é composta por microrganismos funcionais e patogênicos, oriundos do animal, ambiente e ser humano. Há relatos de contaminação por Escherichia coli, indicadora de contaminação de origem fecal, no colostro bovino, além de bactérias psicotróficas, deteriorantes, que podem resistir às temperaturas de refrigeração do alimento. (Yasir et al., 2024)
Portanto, para que o colostro possa ser beneficiado e seja apresentado como produto lácteo para consumo humano, na forma, por exemplo, de suplementos ou como terapêutico, é imprescindível seu processamento adequado para a conservação de suas propriedades microbiológicas, físico-químicas e sensoriais. Este processamento inicia-se com práticas higiênico-sanitárias nas propriedades rurais, por meio da manutenção de instalações, equipamentos, utilização de mão de obra treinada e manutenção da saúde animal. Os cuidados sanitários devem se estender para os meios de transporte, incluindo o armazenamento, a fim de garantir a qualidade do produto final. (Duan et al., 2024)
Em virtude da importância dos produtos lácteos, legislações foram mundialmente elaboradas para estabelecer os tratamentos necessários para a comercialização e aproveitamento dos subprodutos oriundos do leite e seus semelhantes (Fasse et al., 2021). Diante disso, tecnologias de processamento foram desenvolvidas com o objetivo de superar os desafios impostos pelo beneficiamento do colostro, devido ao seu perfil nutricional, a fim de manter suas propriedades e prolongar sua vida útil (Kraus et al., 2021). Inicialmente, a preservação do colostro pode ser realizada com refrigeração ou congelamento, por adição de conservantes químicos ou de culturas bacterianas, que desencadeiam fermentação aeróbica ou anaeróbica, com a finalidade de reduzir a proliferação de microrganismos patogênicos, além de modificar as características físico-químicas do produto. (Denholm, 2022)
Após a conservação sob baixas temperaturas, a pasteurização é o tratamento térmico que pode ser realizado para garantir a qualidade do colostro. Este processo é feito por meio de pasteurizadores, utilizados sob controle preciso do binômio tempo - temperatura, essencial para eliminar microrganismos patogênicos presentes no colostro, como Mycobacterium paratuberculosis, Salmonella spp. e diferentes gêneros de Mycoplasma, a fim de garantir um alimento seguro. Dessa forma, o colostro bovino deve ser aquecido a 60 °C por um período de 30 a 90 minutos, o que consiste na fase de manutenção térmica, que visa preservar os compostos bioativos sensíveis do produto, os quais podem ser desnaturados em temperaturas elevadas. Por isso, admite-se uma oscilação máxima de ± 0,5 °C durante a pasteurização, para assegurar a eficácia da inativação microbiana sem comprometer a integridade nutricional e funcional do colostro. (Hesami et al., 2020)
Ainda, como método de processamento e conservação, destaca-se a secagem do colostro, conversão do produto líquido em pó, sem perda dos compostos bioativos e com redução da carga microbiana, enzimática e química, permitindo prolongar seu tempo de armazenamento (Kandasamy, e Naveen, 2022). Por serem termolábeis, é comum evitar a pasteurização antes da secagem, pelo risco de degradação de compostos funcionais do colostro. Porém, esta prática não garante a qualidade microbiológica do produto. (Borad et al., 2019)
Com intuito de preservar as substâncias termolábeis e desejáveis do colostro, que poderiam ser prejudicadas pelos métodos de processamento convencionais, outras tecnologias vêm sendo aplicadas no beneficiamento colostro bovino, como a irradiação com luz ultravioleta e o processo de alta pressão (HPP), que se baseia na exposição dos alimentos a altas pressões, objetivando a destruição microbiana sem deterioração dos compostos de baixa densidade molecular. (Kaplan et al., 2021)
As aplicações industriais do colostro possuem alvo pessoas de todas as idades e as opções de consumo são alimentos, suplementos e nutracêuticos. Salienta-se, por exemplo, a aplicação do colostro bovino como um antimicrobiano em determinadas situações, como a sua adição no leite humano para a amamentação de crianças recém nascidas (Gao et al., 2021). A adoção de colostro como suplemento pode ser indicada no âmbito esportivo, devido a sua ação de aumentar a tolerância ao exercício e a imunidade, além do benefício de não ser classificado como uma forma de doping. (Davison et al., 2019)
Sobre as apresentações, a suplementação de colostro pode ser fornecida pelo produto em pó, que pode ser incorporado em sachês, cápsulas e comprimidos. Da mesma forma, o colostro bovino também pode ser empregado como ingrediente funcional em bebidas prontas, queijos, iogurtes e barras nutritivas. Já como imunomodulador, pode ser combinado com diferentes alimentos, como ovo, ou com nutrientes, como carboidratos, proteínas, vitaminas e, ainda, com probióticos. (Playford, e Weiser, 2021)
O queijo de colostro é um derivado lácteo que merece destaque, classificado como queijo fresco e caracterizado por baixos teores de lactose, o que o torna uma excelente opção alimentar para os intolerantes a este carboidrato. Porém, é necessário aprimorar suas características sensoriais, como a textura, para atender adequadamente às demandas do mercado consumidor. (Simon et al., 2022)
Desafios e perspectivas
Apesar da ampla diversidade de benefícios e aplicações, o colostro ainda é um produto pouco explorado no Brasil, no contexto da indústria de produtos lácteos, devido às limitações que envolvem a falta de conhecimento, deficiência de infraestrutura e mão de obra qualificada na cadeia produtiva, além de dificuldades de aplicação das técnicas de processamento e preservação do produto e seus derivados. (Linehan et al., 2023)
Entretanto, a inclusão do colostro como insumo na indústria e mercado brasileiros apresenta um horizonte promissor, com expectativas de crescimento significativos, que se baseiam na crescente conscientização e influência estrangeira dos consumidores brasileiros, quanto ao bem-estar mental e físico. Além disso, o constante progresso científico e investimentos em pesquisas que envolvem alimentos nutracêuticos naturais têm contribuído para a validação do consumo do colostro bovino, exploração de suas características associadas à promoção do equilíbrio do organismo e ampliação do conhecimento sobre a funcionalidade deste produto. Estes fatores associados a técnicas inovadoras irão permitir a versatilidade do aproveitamento do colostro e sua inclusão na dieta humana. (Business Research Insights, 2024)
Conclusões
O colostro bovino, com sua composição única, destaca-se como um produto promissor, podendo superar os benefícios do leite. Apesar dos desafios e da complexidade em seu processamento, sua exploração crescente em outros países influencia diretamente o mercado brasileiro, impulsionando seu aproveitamento industrial. O colostro bovino pode ser consolidado como um alimento funcional e presente no cotidiano dos consumidores de produtos lácteos, a partir do proveito de suas diversas formas de apresentação para consumo.
Referências
Ahmann, J., Steinhoff-Wagner, J., e Buscher, W. (2021). Determining immunoglobulin content of bovine colostrum and factors affecting the outcome: a review. Animals, 11(12), 3587. https://doi.org/10.3390/ani11123587
Barone, A., Silva, M., Oliveira, I., e Araújo, F. (2024). Intolerância à lactose e má absorção: manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(10), 707-720. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n10p707-720
Borad, S.G., Singh, A.K., Kapila, S., Behare, P., Arora, S., e Sabikhi, L. (2019). Influence of unit operations on immunoglobulins and thermal stability of colostrum fractions. International Dairy Journal, 93(1), 85-91. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2019.02.007
Brasil (2017). Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017. Atualiza as normas sobre a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, incluindo a permissão do uso de colostro bovino em alimentos destinados ao consumo humano. Diário Oficial da União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9013.htm
Brasil (1952). Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952. Aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), estabelecendo, entre outras disposições, a proibição do uso de colostro bovino para alimentação humana. Diário Oficial da União. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-1959/decreto-30691-29-marco-1952-339586-normaatualizada-pe.pdf
Bunyatratchata, A., Weiborn, V., e Barile, D. (2021). Bioactive oligosaccharides in colostrum and other liquid feeds for calf’s early life nutrition: a qualitative and quantitative investigation. International Dairy Journal, 121(1), 105100. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2021.105100
Business Research Insights (2024). Bovine and capra colostrum market size, share, growth, and industry analysis, by type (bovine colostrum & capra colostrum), by application (powder, capsules & tablets) and regional insights and forecast to 2032. https://www.businessresearchinsights.com/market-reports/bovine-and-capra-colostrum-market
Kraus, RB, Santos, PR, Krummernauer, A., Palhares, KE, Lima, HG, Ladeira, SRL, Pereira, GM, Dors, GC, Nascente, OS, e Lund, RG (2021). Bovine colostrum silage: physicochemical and microbiological characteristics at different fermentation times. Frontiers in Microbiology, 12(1), 708189. https://doi.org/10.3389/fmicb.2021.708189
Davison, G., Jones, A.W., Marchbank, T., e Playford, R.J. (2019). Oral bovine colostrum supplementation does not increase circulating insulin-like growth factor-1 concentration in healthy adults: results from short- and long-term administration studies. European Journal of Nutrition, 59(4), 1473-1479. https://doi.org/10.1007/s00394-019-02004-6
Denholm, K. (2022). A review of bovine colostrum preservation techniques. Journal of Dairy Research, 89(4), 345-354. https://doi.org/10.1017/S0022029922000711
Duan, H., Sun, Q., Chen, C., Wang, RC, e Yan, W. (2024). A review: the effect of bovine colostrum on immunity in people of all ages. Nutrients, 16(13). https://doi.org/10.3390/nu16132007
Fasse, S., Alarinta, J., Frahm, B., e Wirtanen, G. (2021). Bovine colostrum for human consumption-improving microbial quality and maintaining bioactive characteristics through processing. Dairy, 2(4), 556-575. https://doi.org/10.3390/dairy2040044
Galdino, ABS, Silva, O., Anaya, K., Macêdo, CS, Barbosa, IM, Ribeiro, CVDM, Borba, LHF, Gomes, EG, Oliveira, JPF, e Rangel, HN (2022). Nutritional and physicochemical quality of formulations based on colostrum and bovine whey. PLoS ONE, 17(5), e0267409. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0267409
Gao, X., Li, Y., Olin, A. B., e Nguyen, D.N. (2021). Fortification with bovine colostrum enhances antibacterial activity of human milk. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, 45(7), 1417-1424. https://doi.org/10.1002/jpen.2060
Godden, S.M., Lombard, J.E., e Woolumns, A.R. (2019). Colostrum management for dairy calves. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, 35(3), 535-556. https://doi.org/10.1016/j.cvfa.2019.07.005
Hesami, S., Shahraki, A.D.F., Zakian, A., e Ghalamkari, G. (2020). The effect of various heat - treatment methods on colostrum quality, health and performance of dairy calves. Acta Scientiarum Animal Sciences, 43(1), e49844. https://doi.org/0.4025/actascianimsci.v43i1.49844
Kandasamy, S., e Naveem, E.R. (2022). A review on the encapsulation of bioactive components using spray-drying and freeze-drying techniques. Journal of Food Process Engineering, 45(8), e14059. https://doi.org/10.1111/jfpe.14059
Kaplan, M., Arslan, A., Duman, H., Karyeloglu, M., Baydemir, B., Gunar, BB, Alkan, M., Bayraktar, A., Tosun, HI, Erturk, M., Eskici, G., Duar, RM, Henrink, BM, Frese, SA, e Karav, S. (2021). Production of bovine colostrum for human consumption to improve health. Frontiers in Pharmacology, 12(1), 796824. https://doi.org/10.3389/fphar.2021.796824
Khan, T.S., Akram, N., Faisal, S., Saeed, F., Rasheed, A., Ahmed, F., e Afzaal, M. (2024). Bovine colostrum: therapeutic potential and clinical evidence. International Dairy Journal, 157(1), 105996. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2024.105996
Linehan, K., Ross, O., e Stanton, C. (2023). Bovine colostrum for veterinary and human health applications: a critical review. Annual Review of Food Science and Technology, 14(1), 387-410. https://doi.org/10.1146/annurev-food-060721-014650
O’ Callaghan, TF, O’ Donovan, M., Murphy, HP, Sugrue, K., Mannion, D., McCarthy, WP, Timilin, M., Kilcawley, KN, Hickey, RM, e Tobin, JT (2020). Evolution of bovine milk fatty acid profile - from colostrum to milk five days after calving. International Dairy Journal, 104(1), 104655. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2020.104655
Oliveira, F., Reis, N., e Santos, R. (2024). Influence of the calving season of Girolando calves on development in the initial phase after birth, reproductive performance, and productive performance. Ciência Animal Brasileira, 1(1), 1-13. https://doi.org/10.1590/1809-6891v25e-78655E
Playford, R.J., e Weiser, M.J. (2021). Bovine colostrum: its constituents and uses. Nutrients, 13(1), 265. https://doi.org/10.3390/nu13010265
Poonia, A., Shiva (2022). Bioactive compounds, nutritional profile and health benefits of colostrum: a review. Food Production, Process and Nutrition, 4(26), 1-21. https://doi.org/10.1186/s43014-022-00104-1
Ramani, A., Taherabbas, S., e Manik, S. (2024). Bovine colostrum as a promising nutraceutical: a systematic review. Sustainable Food Technology, 2(3), 531-547. https://doi.org/10.1039/d3fb00256j
Sats, A., Kaarts, T., Poikalainen, v., Aare, A., Lepasalu, L., Andreson, H., e Jõudu, I. (2020). Bovine colostrum whey: postpartum changes of particle size distribution and immunoglobulin G concentration at different filtrations pore sizes. Journal of Dairy Science, 103(8), 6810-6819. https://doi.org/10.3168/jds.2019-17604
Scammell, A.W., e Billakanti, J. (2022). Manufacture of milk and whey products: colostrum. Encyclopedia of Dairy Sciences, 3(3), 18-30. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-818766-1.00329-9
Silva, E.G.D.S.O., Rangel, A.H.D.N.M., Murmam, L., Bezerra, M.F., e Oliveira, J.P.F. (2019). Bovine colostrum: benefits of its use in human food. Food Science and Technology, 39(2), 355-362. https://doi.org/10.1590/fst.14619
Silva, F., Silva, S., Pereira, A., Cerqueira, J., e Conceição, C. (2024). A comprehensive review of bovine colostrum components and selected aspects regarding their impact on neonatal calf physiology. Animals, 14(7), 1130. https://doi.org/10.3390/ani14071130
Simon, R., Gennari, A., Kuhn, D., Rama, G.R., e Souza, C. (2022). Making a fresh cheese using the colostrum surplus of dairy farms: an alternative aiming to minimize the waste of this raw material. Brazilian Journal of Food Technology, 25(1), 2022125. https://doi.org/10.1590/1981-6723.12521
Yalçin, YM, Duman, H., López, JMM, Portocarrero, ACM, Lombardo, M., Khallouki, F., Koch, W., Bordiga, M., El-Seedi, H., Raposo, A., Alves. JLB, e Karav, S. (2024). Revealing the potency of growth factors in bovine colostrum. Nutrients, 16(14), 2359. https://doi.org/10.3390/nu16142359
Yasir, M., Al-Zahrani, IA, Khan, R., Soliman, SA, Turkistani, SA, Alawi, M., e Azhar, EI (2024). Microbiological risks assessment and resistome analysis from shotgun metagenomics of bovine colostrum microbiome. Saudi Journal of Biological Sciences, 31(4), 103957. https://doi.org/10.1016/j.sjbs.2024.103957
Zheng, X., Wu, Y., Bi, J., Huang, Y., Cheng, Y., Li, Y., Wu, Y., Cao, G., e Tian, Z. (2022). The use of supercytokines, immunocytokines, engager cytokines and other synthetic cytokynes in immunotherapy. Cellular and Molecular Immunology, 19(1), 192-209. https://doi.org/10.1038/s41423-021-00786-6
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 331, Dic. (2025)