ISSN 1514-3465
Prevalência de lesões isquiotibiais em velocistas: estudo
transversal retrospectivo em diferentes exposições atléticas
Prevalence of Hamstring Injuries in Sprinters: A Retrospective
Cross-Sectional Study across Different Athletic Exposures
Prevalencia de lesiones isquiotibiales en velocistas: estudio
transversal retrospectivo en diferentes exposiciones atléticas
Vidal Palacios Calderón
*palacios@ufpr.br
Lúcio Flávio Soares Caldeira
**luciocaldeira@yahoo.com.br
João Guilherme Brizola
***boltestudos@gmail.com
Ana Carolina Vieira Delfino
***acvd661@gmail.com
*Graduado em Educação Física
pelo Instituto Central de Cultura Física (Moscou)
Doutor em Ciências da Cultura Física
pelo Instituto Superior de Cultura Física Manuel Fajardo (Havana)
Técnico Nível I da World Athletics
**Programa de Pós-Graduação em Exercício Físico
na Promoção da Saúde pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
***Graduado em Educação Física
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
(Brasil)
Recepción: 30/05/2025 - Aceptación: 02/10/2025
1ª Revisión: 07/08/2025 - 2ª Revisión: 28/09/2025
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
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Cita sugerida
: Calderón, V.P., Caldeira, L.F.S., Brizola, J.G., e Delfino, A.C.V. (2025). Prevalência de lesões isquiotibiais em velocistas: estudo transversal retrospectivo em diferentes exposições atléticas. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(331), 100-117. https://doi.org/10.46642/efd.v30i331.8408
Resumo
As lesões na musculatura posterior da coxa são comuns entre velocistas. No entanto, estudos sobre a prevalência dessas lesões raramente investigam sua ocorrência nos membros dominante e não dominante durante as diferentes fases do treinamento. O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de lesões nos músculos isquiotibiais do membro dominante e não dominante em diferentes exposições atléticas entre velocistas. Trata-se de um estudo observacional, analítico e transversal, com delineamento de coorte retrospectiva. Participaram do estudo 42 velocistas do sexo masculino, com idade média de 22,5 ± 4,52 anos, que responderam a um questionário retrospectivo baseado no método do Inquérito de Morbidade Referida. O membro dominante apresentou maior número e prevalência de lesões em comparação ao membro não dominante, com diferença estatisticamente significativa entre as diferentes exposições atléticas [χ²(2) = 6,53; p < 0,05]. No entanto, no membro não dominante, não foram observadas diferenças significativas entre as exposições [χ²(2) = 4,08; p > 0,05]. Conclui-se que o membro dominante é mais propenso a lesões nas diferentes exposições atléticas e que a fase de preparação exerce um efeito significativo sobre a ocorrência de lesões nesse membro, mas não no membro não dominante.
Unitermos
: Inquéritos de morbidade. Musculatura posterior da coxa. Traumatismos em atletas.
Abstract
Hamstring injuries are common among sprinters. However, studies on the prevalence of these injuries rarely investigate their occurrence in the dominant and non-dominant limbs during different training phases. The aim of this study was to analyze the prevalence of hamstring injuries in the dominant and non-dominant limbs across different athletic exposures in sprinters. This is an observational, analytical, and cross-sectional study with a retrospective cohort design. The study included 42 male sprinters with a mean age of 22.5 ± 4.52 years, who answered a retrospective questionnaire based on the Referred Morbidity Survey method. The dominant limb showed a higher number and prevalence of injuries compared to the non-dominant limb, with a statistically significant difference across the different athletic exposures [χ²(2) = 6.53; p < 0.05]. However, no significant differences were observed in the non-dominant limb across exposures [χ²(2) = 4.08; p > 0.05]. It is concluded that the dominant limb is more prone to injury across different athletic exposures and that the preparation phase has a significant effect on the occurrence of injuries in this limb, but not in the non-dominant limb.
Keywords:
Morbidity surveys. Hamstring muscles. Sports injuries.
Resumen
Las lesiones en la musculatura posterior del muslo son comunes entre los velocistas. Sin embargo, los estudios sobre la prevalencia de estas lesiones rara vez investigan su ocurrencia en los miembros dominante y no dominante durante las diferentes fases del entrenamiento. El objetivo de este estudio fue analizar la prevalencia de lesiones en los músculos isquiotibiales del miembro dominante y no dominante en diferentes exposiciones atléticas entre velocistas. Se trata de un estudio observacional, analítico y transversal, con un diseño de cohorte retrospectiva. Participaron en el estudio 42 velocistas masculinos, con una edad media de 22,5 ± 4,52 años, quienes respondieron a un cuestionario retrospectivo basado en el método de Encuesta de Morbilidad Referida. El miembro dominante presentó un mayor número y prevalencia de lesiones en comparación con el miembro no dominante, con una diferencia estadísticamente significativa entre las distintas exposiciones atléticas [χ²(2) = 6,53; p < 0,05]. Sin embargo, en el miembro no dominante no se observaron diferencias significativas entre las exposiciones [χ²(2) = 4,08; p > 0,05]. Se concluye que el miembro dominante es más propenso a lesiones en las diferentes exposiciones atléticas, y que la fase de preparación ejerce un efecto significativo sobre la ocurrencia de lesiones en dicho miembro, pero no en el miembro no dominante.
Palabras clave
: Encuestas de morbilidad. Musculatura posterior del muslo. Traumatismos en atletas.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 331, Dic. (2025)
Introdução
As lesões esportivas estão mais comumente associadas ao sistema musculoesquelético. Em provas de velocidade que exigem arranques rápidos e acelerações de alta intensidade, os músculos da região posterior da coxa (isquiotibiais) estão entre os mais frequentemente lesionados em atletas profissionais. (Afonso et al., 2021)
As lesões musculares nos isquiotibiais são comuns entre atletas de elite do atletismo (Pastre et al., 2005), apresentando alta prevalência nas provas de velocidade, nas quais correspondem a 31,1% dos casos. Em atletas corredores de provas de velocidade, esse número pode chegar a aproximadamente 50%, sendo responsáveis por cerca de 12% a 26% de todas as lesões associadas à prática esportiva. (Ferreira, et al., 2012)
Ao investigarem a incidência de lesões em atletas da National Collegiate Athletic Association (NCAA) ao longo de cinco temporadas, Hopkins et al. (2022) identificaram alta prevalência de distensões nos isquiotibiais em provas de velocidade, as quais representaram 32% das lesões musculares registradas nesse grupo.
Outra preocupação a considerar seria que, as lesões nos isquiotibiais, em diferentes modalidades esportivas, ocorrem em distintas exposições atléticas (fases de preparação), sessões de treinamento e competições. Neste sentido, o estudo de Elliott et al. (2011) mostrou que as lesões nos isquiotibiais foram mais frequentemente registradas na pré-temporada, ocorrendo durante as sete semanas de preparação (julho a agosto), em comparação com a temporada regular de 16 semanas (45,7%; n = 785) em atletas de futebol americano.
Além disso, Ekstrand et al. (2016) também observaram maior ocorrência de lesões em atletas profissionais de futebol durante as sessões de treinamento em comparação com as atividades competitivas. De forma semelhante, na National Football League (NFL), a maioria das lesões nos isquiotibiais tende a ocorrer na pré-temporada, sendo as distensões musculares as mais comuns e severas. (Silvers-Granelli et al., 2021)
Recentemente, dois estudos sobre a epidemiologia das lesões no atletismo concluíram que o risco de lesões durante competições foi maior do que durante os treinos, sendo a gravidade das lesões sofridas em competição também superior, assim como o tempo necessário para o retorno ao esporte (Hopkins et al., 2022; Boltz et al., 2021). No entanto, outro estudo, conduzido por Pollock et al. (2022) ao longo de quatro anos, e o estudo de Édouard et al. (2023), que analisou toda a carreira de atletas de elite no atletismo, revelaram maior ocorrência de lesões durante as sessões de treinamento em comparação com as competições. Corroborando esse dado, em atletas de atletismo, um estudo transversal que investigou os padrões de lesões em 278 atletas (143 homens e 135 mulheres) mostrou maior ocorrência de lesões durante os treinamentos em comparação com as competições (Lambert et al., 2020). Mas ainda não um corpo de evidências que possam afirmar se o risco de lesões no atletismo possa ser maior durante as etapas de treinamento ao se comparar com os eventos competitivos.
Além disso, observa-se uma escassez de estudos retrospectivos, com um período de cinco anos, que investiguem a relação entre assimetrias de produção de força entre os membros inferiores, bem como a prevalência de lesões em corredores velocistas, levando em consideração os diferentes níveis de exposição atlética, como as fases de preparação geral, específica e competitiva. Por outro lado, os estudos sobre assimetria conduzidos por Madruga-Parera et al. (2020), Bishop et al. (2021a, 2021b, 2021c, 2021d) não consideraram a ocorrência de lesões nos membros com maior produção de força/lado dominância em função dessas diferentes fases de exposição.
Hipotetiza-se que o membro autorreferido como menos forte (não dominante) apresenta maior propensão à ocorrência de lesões, independentemente do nível de exposição atlética. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de lesões nos músculos isquiotibiais dos membros dominante e não dominante em diferentes exposições atléticas entre velocistas.
Método
Participantes
O delineamento do estudo é observacional, analítico e transversal, com uma coorte retrospectiva. Participaram do estudo 42 velocistas do sexo masculino, com idade média de 22,5 ± 4,52 anos, todos praticantes de atletismo e especializados em provas de velocidade, variando de 200 a 400 metros. Os atletas apresentavam experiência prévia na prática esportiva e histórica de participação em competições de destaque no cenário nacional, e estadual como Campeonatos Nacionais e Estaduais das regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Critérios éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Paraná (CEP/SD), sob o parecer nº 7.172.756. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os participantes, após serem informados os procedimentos e objetivos do estudo.
Procedimentos
A percepção subjetiva de força entre os membros inferiores foi avaliada por meio da seguinte pergunta: “Qual membro inferior você considera ser o mais forte?”. Com base na resposta fornecida, os membros foram classificados como “mais forte” (dominante) ou “mais fraco” (não dominante). Ressalta-se que essa categorização foi baseada exclusivamente na autoavaliação dos atletas, sem a aplicação de testes objetivos de força muscular.
Para fins deste estudo, a definição de dominância foi baseada na autorreferência dos atletas quanto ao membro percebido como funcionalmente mais forte e mais utilizado, segundo a própria percepção do participante, sendo este adotado como referência para a análise da prevalência de lesões. Dessa forma, a força percebida foi utilizada como um possível indicador indireto da função e da sobrecarga mecânica exercida sobre o membro.
A prevalência de lesões refere-se à proporção de indivíduos (ou membros corporais) em uma determinada população que apresentam uma lesão em um dado momento ou período. Para estimar a prevalência retrospectiva ao longo dos últimos cinco anos, considerou-se como lesão no atletismo, como: qualquer condição musculoesquelética que tenha levado o atleta a se afastar parcial ou totalmente dos treinos ou competições por um período mínimo de três semanas. (Jacobsson, 2010)
A razão de prevalência (RP) total foi calculada dividindo-se o número de atletas com lesões nos músculos isquiotibiais tanto no membro dominante (mais forte) quanto no não dominante (menos forte) pelo número total de atletas no período determinado, multiplicando-se o resultado por 100, como apresentado na equação 1 utilizada foi:
Equação 1
A RP de lesões por membro foi calculada dividindo-se o número de lesões ocorridas naquele membro pelo número total de atletas (ou membros) avaliados, multiplicando-se o resultado por 100, conforme apresentado nas equações 2a e 2b:
Equação 2a
Equação 2b
Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário retrospectivo, no qual os atletas relataram lesões ocorridas nos últimos cinco anos. O instrumento foi convertido em um formulário digital utilizando a plataforma Google Forms®.
A segunda seção do formulário incluiu perguntas relacionadas aos dados demográficos, como sexo, idade, região, estado, provas em que compete e membro dominante (mais forte). Já a terceira seção abordou questões sobre as características das lesões, baseando-se no método do Inquérito de Morbidade Referida (IMR), validado por Pastre et al. (2004) e adaptado às especificidades das lesões relacionadas às provas de velocidade. Nesse método, o próprio atleta relata a ocorrência da lesão, retroagindo a um período predeterminado.
Embora o período de cinco anos possa parecer extenso, é importante destacar que, para atletas de alto rendimento, as lesões representam eventos significativamente marcantes, o que favorece a recordação dos agravos ocorridos. Por exemplo, um estudo recente de Édouard et al. (2023) investigou a prevalência de lesões em velocistas ao longo de toda a carreira atlética.
Procedimentos de análise e tratamento dos dados
A análise descritiva e de frequência foi realizada inicialmente para caracterizar o perfil dos atletas investigados. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk.
Para avaliar a diferença na prevalência de lesões entre os membros dominante e não dominante, utilizou-se o teste não paramétrico de Wilcoxon para amostras pareadas.
Para a comparação da ocorrência de lesões em um mesmo
membro nas diferentes exposições atléticas, utilizou-se o teste não
paramétrico de Friedman. Quando foram identificadas diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos, aplicou-se o teste de
Comparações Múltiplas de Durbin-Conover.
Adicionalmente, as comparações entre os membros, considerando as diferentes exposições atléticas, também foram realizadas por meio do teste de Wilcoxon para amostras relacionadas.
O tamanho de efeito foi calculado pelo r de efeito (ou r de Rosenthal), obtido a partir do valor de Z do teste de Wilcoxon. A interpretação do tamanho de efeito seguiu os critérios propostos por Cohen (1988), que classifica os valores de r como pequeno (0,10 ≤ r < 0,30), médio (0,30 ≤ r < 0,50) e grande (r ≥ 0,50).
Além disso, o teste do qui-quadrado (χ²), a razão de prevalência e a razão de chances de Poisson foram aplicados para verificar o grau de associação e a significância em relação à ocorrência de lesões considerando a dominância.
Todas as análises estatísticas foram conduzidas utilizando os softwares SPSS (versão 25.0), Jamovi (versão 2.3.38) e GraphPad Prism (versão 9.5.1), este último empregado para a elaboração dos gráficos. Adotou-se um nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados
Quarenta e dois velocistas do sexo masculino, das regiões Sul (33 velocistas, 78,57%) e Sudeste do Brasil (9 velocistas, 21,43%), responderam a um formulário composto por 14 questões de formato fechado e múltipla escolha. A maior parte dos velocistas é do estado do Paraná, representando 61,9%.
Um maior número de atletas participou da prova de 200 metros, seguido pela prova de revezamento 4x400 metros. A maioria dos respondentes indicou de forma autorreferida o membro direito como o mais forte, totalizando 35 (83,33%). Por outro lado, o membro esquerdo foi mencionado por apenas sete velocistas (16,67%).
A Figura 1 apresenta os dados da estatística descritiva referentes às lesões na musculatura posterior da coxa em cada membro. Observa-se uma média superior de lesões no membro dominante, considerando o número de lesões ocorridas nas diferentes exposições atléticas.
Figura 1. Estatística descritiva das lesões em cada membro em todas as exposições atléticas
Nota: MD = membro dominante; MND = membro não dominante. Os dados representam a média e desvio padrão das lesões baseados em dados de 42 atletas velocistas. Fonte: Dados de pesquisa
A Figura 2 mostra o total de lesões em cada membro corporal nas diferentes exposições atléticas. Observou-se um maior número de lesões no membro dominante ao longo de todas as fases. Ademais, os resultados indicaram diferenças estatisticamente significativas no número de lesões entre os membros.
A comparação entre o membro dominante e o não dominante por meio do teste de Wilcoxon revelou diferença estatisticamente significativa (Z = -2,786; p < 0,01). O tamanho de efeito obtido (r = 0,43) indica que essa diferença possui relevância prática considerável, sugerindo que a dominância influencia de forma consistente o desempenho observado.
Figura 2. Distribuição do total de lesões por membro em cada uma das exposições observadas
Nota: MD = membro dominante; MND = membro não dominante. Os dados representam o número total de lesões de cada membro nas diferentes exposições atléticas com base em dados de 42 atletas velocistas. Fonte: Dados de pesquisa
Além disso, o teste de Friedman indicou que o número de lesões no membro dominante difere significativamente entre as fases geral, específica e competitiva [χ²(2) = 6,53; p < 0,05], demonstrando que a fase de preparação exerce um efeito relevante sobre a ocorrência de lesões em velocistas.
O teste de comparações múltiplas de Durbin-Conover revelou que o número de lesões no membro dominante foi significativamente diferente entre as fases geral e específica, bem como entre as fases geral e competitiva (p < 0,05). No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre as fases específica e competitiva (p > 0,05).
Em contrapartida, no membro não dominante, o número de lesões não apresentou diferenças significativas entre as distintas fases de preparação [χ²(2) = 4,08; p > 0,05], sugerindo que a fase de treinamento não exerce influência relevante sobre o número de lesões nesse membro.
A Figura 3 apresenta a comparação da prevalência de lesões entre as diferentes fases de preparação, independentemente do membro lesionado. Observa-se que as fases específica e competitiva apresentaram a maior prevalência, com 76,1%.
Figura 3. Prevalência de lesões nas diferentes exposições, independentemente do membro lesionado
Fonte: Dados de pesquisa
A Figura 4 apresenta a prevalência de lesões por membro ao longo das diferentes exposições. Observa-se que o membro dominante apresentou maior prevalência de lesões em todas as exposições.
Figura 4. Prevalência de lesões nos membros dominante e não dominante nas diferentes exposições
Nota: MD = membro dominante; MND = membro não dominante. A figura mostra a prevalência de lesões em cada membro nas fases geral, específica e competitiva da preparação. Fonte: Dados de pesquisa
Discussão
O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de lesões nos músculos isquiotibiais do membro dominante e não-dominante em diferentes exposições atléticas nos diferentes períodos do treinamento entre corredores velocistas. Inicialmente, supunha-se que o membro não-dominante pudesse apresentar maior prevalência de lesões; no entanto, essa a hipótese não foi confirmada, uma vez que o membro dominante apresentou número e prevalência significativamente maiores.
Há poucos estudos que comparam a prevalência de lesões entre o membro dominante e não dominante na ciência do esporte em corredores velocistas do atletismo, ao longo das diferentes exposições atléticas.
O membro dominante apresentou maior número e prevalência de lesões em comparação ao membro não dominante, com diferença estatisticamente significativa na ocorrência de lesões entre as diferentes exposições atléticas. Por outro lado, no membro não dominante, não foram observadas diferenças significativas entre as exposições, sugerindo que essa variável não exerce influência relevante sobre a frequência de lesões nesse membro. Os principais achados do estudo indicam que as fases específica e competitiva apresentaram a maior prevalência de lesões o que sugere que, à medida que o treinamento se torna mais intenso e especializado, aumenta a probabilidade de ocorrência de lesões. Esse dado ainda não pôde ser observado em estudos científicos realizados com o perfil da população estudado.
Um dos achados do estudo foi que o membro dominante apresentou maior número e prevalência de lesões em todas as exposições analisadas e comparadas. Esse resultado permite levantar a hipótese de uma possível assimetria funcional entre os membros, refletida na maior incidência de lesões no membro dominante, e está em consonância com os achados de Bishop et al. (2018), que concluíram que diferenças significativas na força muscular dos membros inferiores podem comprometer o desempenho atlético e aumentar o risco de lesões.
Outro estudo comparou assimetrias morfológicas, de salto e cinemáticas de sprint em atletas de atletismo destacou a importância de avaliar e abordar assimetrias entre os membros para potencialmente reduzir o risco de lesões (Gonzalez et al., 2023). Esses dados sugerem que a dominância, isoladamente, pode não ser um fator determinante para o desenvolvimento de lesões, mas que possíveis assimetrias funcionais entre os membros podem exercer influência relevante. Neste sentido, há que considerar com um fator limitante considerar como dominância de membros inferiores o autorrelato.
A maior prevalência e número de lesões apresentados pelo membro dominante provavelmente se devem à sobrecarga funcional a que esse membro é submetido, especialmente nas fases específica e competitiva da preparação. Isso ocorre porque, de acordo com o princípio da especificidade, essas fases demandam conteúdos de treinamento de alta intensidade e esforços máximos, com ênfase no desenvolvimento da velocidade, o que intensifica a solicitação do membro dominante. Tal achado pode ser explicado pelo fato de que esse membro, geralmente mais forte, é mais utilizado durante a execução de movimentos explosivos, como sprints, saltos hops, esforços all-out e outras tarefas unilaterais. Consequentemente, tende a sofrer maior estresse mecânico, favorecendo o acúmulo de microlesões.
Outro possível fator de influência a considerar, em uma hipótese inicial, é a utilização preferencial do membro mais forte pode provocar desequilíbrios musculares e assimetrias biomecânicas, aumentando o risco de lesões. Contudo, não há evidências científicas que possam suportar tal suposição para explicar o resultado encontrado, embora seja uma linha de raciocino interessante a se considerar. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias de prevenção voltadas para o equilíbrio da carga entre os membros e para a correção de assimetrias, especialmente durante os períodos com maior ênfase em conteúdos específicos no treinamento de velocistas.
Além disso, outra hipótese a se considerar, seria o maior número de saídas com a perna mais forte posicionada no bloco dianteiro, uma vez que muitos velocistas demonstram preferência por utilizar esse membro nessa posição, o que leva a um uso repetitivo e, portanto, a uma sobrecarga adicional pode ser outro fator que poderia influenciar.
Embora esse membro seja percebido como mais forte isso não implica necessariamente maior resistência a lesões, especialmente se não houver equilíbrio na distribuição das cargas de treino entre os membros. Esses achados destacam a importância de considerar a simetria funcional e o uso equilibrado dos membros inferiores na periodização do treinamento de força dos velocistas.
Sugere-se a adoção de estratégias de treinamento que considerem o equilíbrio funcional e o uso bilateral dos membros inferiores, com o objetivo de prevenir lesões e otimizar o desempenho. Apesar da existência de diversos estudos sobre assimetria (Madruga-Parera et al., 2020; Bishop et al., 2021a, 2021b, 2021c, 2021d), essa ainda representa uma área promissora para investigações que busquem verificar possíveis associações entre desequilíbrios entre os membros e a prevalência de lesões em diferentes contextos atléticos.
Estudos futuros que incorporem testes de força unipodais com componente horizontal, como o triple hop (sequência de três saltos em uma das pernas), o salto quíntuplo e o décuplo, poderão investigar com maior precisão a relação entre a dominância dos membros inferiores, a assimetria funcional e o risco de lesões em velocistas, considerando as diferentes exposições atléticas e as variações sazonais das assimetrias. Essas variações podem ser influenciadas por fatores como carga de treinamento, fadiga acumulada e recuperação. (Bishop et al. 2021)
Cabe ressaltar que a maior parte das comparações é feita com base no número de lesões e na prevalência geral nas diferentes exposições atléticas, ou seja, na pré-temporada para esportes como o futebol, treinamento e competição. Apesar de, em nosso estudo, as comparações terem sido realizadas entre os membros nas diferentes exposições, foi possível estabelecer valores totais de lesões, o que permite a comparação com outros estudos da literatura.
Os nossos resultados mostraram que as fases específica e competitiva apresentaram a maior prevalência de lesões, o que sugere que, supostamente, à medida que o treinamento se torna mais intenso e especializado, a probabilidade de ocorrência de lesões aumenta. Em contraste com os achados de Elliott et al. (2011), nos quais as lesões nos isquiotibiais foram mais frequentemente registradas durante a pré-temporada, nas sete semanas de preparação (julho a agosto), em comparação com a temporada regular de 16 semanas (45,7%; n = 785), nossos resultados indicaram uma maior prevalência de lesões durante as fases específica e competitiva.
Além disso, nossos achados também mostram divergências em relação aos resultados de Silvers-Granelli et al. (2021) em um estudo realizado na National Football League (NFL) com atletas de futebol americano, no qual a maioria das lesões nos isquiotibiais ocorreu com maior frequência na pré-temporada, sendo as distensões musculares as mais comuns e severas. Nossos achados também apresentam resultados divergentes dos de Pollock et al. (2022), que investigaram lesões nos isquiotibiais em atletas de elite e revelaram uma maior ocorrência dessas lesões durante os treinamentos (71%) em comparação com as competições (24%).
De maneira análoga, um estudo transversal que investigou os padrões de lesões em atletas de atletismo demonstrou que 75% das lesões ocorreram durante os treinamentos, enquanto apenas 25% ocorreram em competições (Lambert et al., 2020). Apesar dessa semelhança, o estudo apresenta divergências em relação aos nossos achados, uma vez que os treinamentos analisados foram realizados durante fases competitivas da preparação. Esse resultado, pode ser devido a maior exposição de dias ou sessões de treinamento em seus respectivos períodos comparados aos dias/etapas dos eventos de competição.
Por outro lado, uma investigação que apresenta achados semelhantes aos nossos foi conduzida entre 2010 e 2014 sobre a epidemiologia das lesões no atletismo, a qual relatou que o risco de lesões durante competições foi 71% maior do que durante os treinos, com uma taxa de perda de tempo 59% superior. Isso indica que a gravidade das lesões sofridas em competições, bem como o tempo necessário para o retorno ao esporte, foi significativamente maior. (Hopkins et al., 2022)
O número de lesões no membro dominante apresentou diferenças significativas entre as fases geral, específica e competitiva, indicando que a fase de preparação exerce um efeito relevante sobre a ocorrência de lesões em corredores velocistas. Em contrapartida, no membro não-dominante, não foram observadas diferenças significativas no número de lesões entre as distintas fases de preparação, o que sugere que o estágio do treinamento não influencia de forma expressiva a ocorrência de lesões nesse membro. Esses achados para o membro dominante estão em consonância com a pesquisa de Gamonales et al. (2024), que demonstrou que o contexto em que as lesões ocorrem (treinamento ou competição) exerce influência significativa sobre a parte do corpo afetada.
A maior prevalência de lesões nos músculos isquiotibiais durante as fases específicas e competitivas da preparação pode ser justificada pela elevada intensidade dos esforços exigidos nas atividades realizadas nesses períodos de treinamento do velocista. Nessa etapa, os principais objetivos do treinamento concentram-se no desenvolvimento das capacidades físicas de velocidade, resistência de velocidade e potência muscular. Os exercícios aplicados geralmente são realizados com intensidades que variam entre 90% e 100% do desempenho máximo do atleta na distância, ou com a máxima potência muscular durante trabalhos pliométricos de caráter balístico. É provável que o elevado volume de trabalho anaeróbio, com ênfase nos sistemas alático e lático, aliado à limitada ênfase no fortalecimento dos isquiotibiais, aumente a propensão a lesões nesses músculos, especialmente em função do alto nível de fadiga muscular. Por esse motivo, sugere-se que os treinadores devam priorizar estratégias que promovam o aprimoramento das capacidades funcionais do organismo e a otimização do sistema neuromuscular, por meio de um volume adequado de exercícios de força com baixa intensidade.
Vale destacar algumas limitações deste estudo. Em primeiro lugar, não foi possível testar diretamente a assimetria de força entre os membros por meio de avaliações objetivas, como testes de força, para determinar qual era o membro mais forte. Entretanto, a avaliação autorreferida demonstrou-se confiável, uma vez que os próprios atletas já conheciam previamente o membro de maior força, identificado durante os treinamentos.
Este estudo registrou as lesões ocorridas nas diferentes exposições atléticas (fases geral, específica e competitiva), sem distinção entre situações de treinamento ou competição, como abordado em outros trabalhos. Essa escolha se justifica pelo fato de que, mesmo na fase competitiva, os treinamentos específicos continuam sendo realizados, e a competição, embora distinta, pode ocorrer ainda durante a fase específica da preparação.
Apesar dessas limitações, considera-se que elas tiveram impacto reduzido sobre os resultados da pesquisa, uma vez que se trata de um estudo piloto voltado para essa população específica, com foco na comparação da ocorrência de lesões entre os membros mais forte e mais fraco em velocistas.
Conclusões
O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de lesões nos músculos isquiotibiais dos membros dominante e não dominante em diferentes exposições atléticas entre corredores velocistas. Os resultados indicaram que o membro dominante apresentou maior número e prevalência de lesões em comparação ao membro não dominante, com diferença estatisticamente significativa na ocorrência de lesões entre as diferentes exposições atléticas. Por outro lado, no membro não-dominante, não foram observadas diferenças significativas entre as exposições, o que sugere que essa variável não exerce influência relevante sobre a incidência de lesões nesse membro.
No entanto, a hipótese inicial de que o membro menos forte apresentaria maior número e prevalência de lesões não foi confirmada pelos achados do estudo. Ao contrário, o membro dominante, geralmente mais forte, apresentou maior prevalência de lesões, possivelmente devido à sua maior solicitação funcional durante as fases específicas e competitivas.
Esses achados sugerem que o membro dominante, por ser mais utilizado em movimentos explosivos, está sujeito a uma maior sobrecarga funcional, uma vez que, nas corridas de velocidade, os atletas tendem a empregá-lo com mais intensidade durante as fases de impulsão e aceleração. Como consequência, pode ocorrer um aumento no estresse mecânico e no risco de lesões, mesmo que o músculo apresente maior força. Além disso, o uso frequente do membro dominante na posição à frente do bloco de partida, como prática comum entre corredores velocistas de atletismo que demonstram preferência por iniciar a corrida com a suposta perna mais forte, pode contribuir para uma sobrecarga repetitiva, intensificando ainda mais o risco de lesão neste membro.
Conclui-se que o membro dominante apresenta maior risco de as lesões dos isquiotibiais nas diferentes exposições atléticas, e que a fase de preparação exerce um efeito significativo sobre a ocorrência de lesões nesse membro, mas não no membro não-dominante.
Referências
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 331, Dic. (2025)