ISSN 1514-3465
Distúrbios cardiometabólicos em pessoas vivendo
com HIV no interior da Amazônia, Brasil
Cardiometabolic Disorders in People Living with HIV in the Interior of the Amazon, Brazil
Trastornos cardiometabólicos en personas con VIH en el interior de la Amazonia brasileña
Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva*
lfgouvea@ufj.edu.br
Lívia Garcia Silva Sousa**
livia.sousa@discente.ufj.edu.br
Talys Francisco Modesto Filho**
talys.filho@discente.ufj.edu.br
Maria Rita Ribeiro Aniceto**
maria.aniceto@discente.ufj.edu.br
Silvania Yukiko Lins Takanashi+
silvaniayukiko@hotmail.com
Marília Brasil Xavier+
mariliabrasil@terra.com.br
*Graduado em Educação Física
pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais
Mestre em Genérica e Bioquímica
pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais,
Doutor em Doenças Tropicais
pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará
Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa Morfofuncional
na Saúde e Doença - GEPEMSAD
Professor da Universidade Federal de Jataí, Jataí, Goiás
**Graduanda/o em Fisioterapia pela Universidade Federal de Jataí, Brasil
Discente do Programa de Iniciação Científica, Tecnológica e em Inovação
Membro do GEPEMSAD
+Graduada em Fisioterapia pela Universidade do Estado do Pará
Mestre em Genética e Biologia Molecular pela UFPA
Doutora em Doenças Tropicais pela Universidade Federal do Pará, Brasil
Professora da Universidade do Estado do Pará, Santarém, Pará
+Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Pará
Especialista nas áreas de Dermatologia, Infectologia e Saúde Coletiva
Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários pela UFPA
Doutora em Neurociências e Biologia Celular pela UFPA
Pós-Doutorado pela Universidade de São Paulo, Brasil
Professora do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA
(Brasil)
Recepción: 02/05/2025 - Aceptación: 04/08/2025
1ª Revisión: 02/07/2025 - 2ª Revisión: 29/07/2025
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
|
|
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Cita sugerida
: Gouvêa-e-Silva, LF, Sousa, LGS, Modesto Filho, TF, Aniceto, MRR, Takanashi, SKL, e Xavier, MB (2025). Distúrbios cardiometabólicos em pessoas vivendo com HIV no interior da Amazônia, Brasil. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(329), 77-94. https://doi.org/10.46642/efd.v30i329.8365
Resumo
Introdução: A infecção pelo HIV, juntamente ao uso da terapia antirretroviral (TARV), predispõem a pessoa vivendo com HIV (PVHIV) a desenvolver alterações metabólicas, na distribuição da gordura corporal e aumento do risco cardiovascular (RCV). Objetivo: Analisar a relação da síndrome metabólica (SM), dislipidemia, lipodistrofia e RCV com as características sociodemográficas e clínicas das PVHIV no interior da Amazônia, Brasil. Métodos: Estudo transversal, composto por 115 PVHIV, atendidas em um Ambulatório Especializado. Buscou-se informações sociodemográficas, clínicas, laboratoriais, da composição corporal, bem como da presença da SM, dislipidemia, lipodistrofia e RCV. Os dados foram analisados utilizando estatística descritiva e inferencial, adotando-se p<0,05. Resultados: O sexo masculino predominou (59,1%), bem como a dislipidemia (81,7%). Notou-se que 22,6% das PVHIV apresentaram SM, 37,4% lipodistrofia e 8,7% tinham o RCV moderado. A idade ≥40 anos associou-se com a SM e lipodistrofia; e o maior tempo de uso da TARV com a lipodistrofia (p<0,05). O tabagismo e a lipodistrofia se associaram com o RCV moderado (p<0,05). Valores alterados para circunferência abdominal, glicose, LDL-c, HDL-c, índice de massa corporal e pressão arterial se mostraram associadas com a SM (p<0,05). Conclusão: Conforme os dados, é preocupante a elevada frequência de PVHIV com dislipidemia, lipodistrofia e SM, bem como da relação da SM e lipodistrofia com o RCV moderado. Assim, ressalta-se a necessidade do monitoramento contínuo e intervenções assertivas para evitar a instalação ou o agravamento de doenças cardiometabólicas nesse público.
Unitermos:
HIV. Fatores de risco de doenças cardíacas. Síndrome metabólica. Lipodistrofia. Dislipidemias.
Abstract
Introduction: HIV infection, combined with antiretroviral therapy (ART), predisposes people living with HIV (PLHIV) to develop metabolic changes, changes in body fat distribution and increased cardiovascular risk (CVR). Objective: To analyze the relationship between metabolic syndrome (MetS), dyslipidemia, lipodystrophy, and CVR with the sociodemographic and clinical characteristics of PLHIV in the interior of the Amazon, Brazil. Methods: Cross-sectional study, composed of 115 PLHIV, treated at a Specialized Outpatient Clinic. Sociodemographic, clinical, laboratory, body composition information was sought, as well as the presence of MetS, dyslipidemia, lipodystrophy and CVR. Data were analyzed using descriptive and inferential statistics, adopting p<0.05. Results: Males predominated (59.1%), as well as dyslipidemia (81.7%). It was observed that 22.6% of PLHIV had MetS, 37.4% had lipodystrophy and 8.7% had moderate CVR. Age ≥40 years was associated with MetS and lipodystrophy; and longer duration of ART use was associated with lipodystrophy (p<0.05). Smoking and lipodystrophy were associated with moderate CVR (p<0.05). Altered values for abdominal circumference, glucose, LDL-c, HDL-c, body mass index and blood pressure were associated with MetS (p<0.05). Conclusion: According to the data, the high frequency of PLHIV with dyslipidemia, lipodystrophy and MetS is worrying, as is the relationship between MS and lipodystrophy and moderate CVR. Thus, the need for continuous monitoring and assertive interventions to prevent the onset or worsening of cardiometabolic diseases in this population is highlighted.
Keywords
: HIV. Heart disease risk factors. Metabolic syndrome. Lipodystrophy. Dyslipidemias.
Resumen
Introducción: La infección por VIH, junto con el uso de terapia antirretroviral (TAR), predispone a personas que viven con VIH (PVVIH) a desarrollar alteraciones metabólicas en la distribución de la grasa corporal y mayor riesgo cardiovascular (RCV). Objetivo: Analizar la relación entre el síndrome metabólico (SM), la dislipidemia, la lipodistrofia y el RCV con las características sociodemográficas y clínicas de las PVVIH en el interior de la Amazonia, Brasil. Métodos: Estudio transversal, compuesto por 115 PVVIH, atendidas en un Ambulatorio Especializado. Se buscó información sociodemográfica, clínica, de laboratorio, de composición corporal, así como la presencia de SM, dislipidemia, lipodistrofia y RCV. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva e inferencial, adoptando p<0,05. Resultados: Predominó el sexo masculino (59,1%), al igual que la dislipidemia (81,7%). Se observó que el 22,6% de las PVVIH tenía SM, el 37,4% lipodistrofia y el 8,7% RCV moderado. La edad ≥40 años se asoció con EM y lipodistrofia, y una mayor duración del uso de TAR se asoció con lipodistrofia (p<0,05). El tabaquismo y la lipodistrofia se asociaron con RCV moderado (p<0,05). Los valores alterados de perímetro abdominal, glucosa, c-LDL, c-HDL, índice de masa corporal y presión arterial se asociaron con EM (p<0,05). Conclusión: Según los datos, la alta frecuencia de PVVIH con dislipidemia, lipodistrofia y EM, así como la asociación de EM y lipodistrofia con RCV moderado, es preocupante. Por lo tanto, se enfatiza la necesidad de monitoreo continuo e intervenciones asertivas para prevenir la aparición o el empeoramiento de enfermedades cardiometabólicas en esta población.
Palabras clave
: VIH. Factores de riesgo de cardiopatía. Síndrome metabólico. Lipodistrofia. Dislipidemias.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 329, Oct. (2025)
Introdução
No mundo, existem mais de 39 milhões de pessoas vivendo com HIV (PVHIV) (Unaids, 2024) e, no Brasil, já foram notificadas mais de um milhão de PVHIV (Brasil, 2024). Nota-se que, além do aumento no número de notificações, as PVHIV estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida, devido à redução na taxa de mortalidade relacionada a Aids, promovida pelo uso da terapia antirretroviral (TARV). No entanto, apesar do aumento da sobrevida das PVHIV que fazem uso de TARV, alguns efeitos adversos como a dislipidemia, resistência à insulina e lipodistrofia podem ser favorecidas pelo uso dos antirretrovirais (Lagathu et al., 2019). Em adição, PVHIV enfrentam um risco mais elevado de morte súbita cardíaca, que pode ser atribuído a fatores, como a fibrose miocárdica, os fatores de risco cardiovascular tradicionais, o consumo de drogas ilícitas e a aterosclerose acelerada. (Narla, 2021)
Além disso, a presença de certas citocinas e quimiocinas em PVHIV podem prever a progressão da doença e o estado imunológico, graças as alterações no mecanismo inflamatório devido à presença do HIV (Ngcobo et al., 2022). Esse perfil inflamatório de baixo grau contribui para o desenvolvimento da síndrome metabólica (SM) (Obare et al., 2025), bem como os antirretrovirais favorecem a dislipidemia, que também eleva o risco cardiovascular (RCV). (Ray, 2009)
A lipodistrofia, em suas diferentes formas (lipoatrofia, lipohipertrofia ou mista), pode estar relacionada com um maior tempo de uso da TARV (Martinez et al., 2001). Assim, alguns antirretrovirais, como a estavudina e a didanosina, têm sido fortemente associados à toxicidade mitocondrial e à lipodistrofia (Ioannou et al., 2015). Já o tenofovir demonstrou associações com melhores perfis lipídicos e menos lipodistrofia em comparação com a estavudina (Gallant et al., 2004). Ademais, pessoas com lipodistrofia estão mais suscetíveis às doenças vasculares ateroscleróticas, devido ao aumento da prevalência de dislipidemia e diabetes mellitus. (Hussain, Patni, e Garg, 2019)
Desta forma, este manuscrito objetivou analisar a relação da síndrome metabólica, dislipidemia, lipodistrofia e risco cardiovascular com as características sociodemográficas e clínicas das PVHIV no interior da Amazônia, Brasil.
Métodos
O estudo é transversal, desenvolvido no Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço Assistencial Especializado (CTA/SAE), localizado no município de Santarém, Pará, Brasil. Foram incluídos no estudo participantes com idade ≥18 anos, de ambos os sexos e com a sorologia positiva para o HIV. Já como critérios de exclusão, não participaram do estudo gestantes, lactantes, PVHIV acamados e cadeirantes. Assim, por conveniência, a amostra foi constituída por 115 PVHIV.
Todos os participantes foram informados sobre o estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (CAAE: 27162514.9.0000.5172).
A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista (informações sociodemográficas/clínicas), avaliação física (composição corporal) e verificação de informações nos prontuários (informações clínicas e laboratoriais).
Para a realização das medidas da massa corporal utilizou-se uma balança analógica calibrada (Welmy® Indústria Comércio, Santa Bárbara D’Oeste - SP, Brasil), com precisão de 100g, e para a estatura um estadiômetro acoplado à mesma, com precisão de 0,50 cm. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado dividindo-se a massa corporal pela estatura ao quadrado. A circunferência abdominal foi aferida com uma fita antropométrica da marca Sanny® (São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil), em que a fita passou na cicatriz umbilical. (Fernandes Filho, 2003)
Com os resultados das informações acima, classificou-se o IMC conforme cortes da WHO (2000). Já para a circunferência abdominal (homens - ≥102 cm; mulheres - ≥88 cm), glicemia (≥100 mg/dL) triglicerídeos (≥150 mg/dL), HDL-c (lipoproteína de alta densidade; homens - <40 mg/dL; mulheres - <50 mg/dL), pressão arterial (sistólica ≥130 mmHg; diastólica ≥85 mmHg), bem como para a classificação para a SM, utilizou-se os cortes e orientações do National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III; Grundy et al., 2005). Os valores de referência adotados para colesterol total (<190 mg/dL) e LDL-c (lipoproteína de baixa densidade; ≥160 mg/dL) foram os sugeridos por Faludi et al. (2017).
Ressalta-se que o paciente que apresentou pelo menos uma alteração lipídica, conforme os cortes acima, foi classificado com dislipidemia. O diagnóstico da lipodistrofia foi por meio do exame clínico e do relato do paciente quanto às modificações corporais ocorridas (Sonaglio et al., 2011). O diagnóstico para Aids foi atribuído à PVHIV que apresentou contagem dos linfócitos T CD4+ <200 céls/mm3 ou história de infecção oportunista ou câncer na sua evolução clínica. (Scherzer et al., 2011)
Os dados foram tabulados e organizados para a análise da estatística descritiva (mínimo, máximo, mediana, intervalo interquartil - IIQ, frequência absoluta e relativa) e inferencial. Posteriormente a estatística descritiva, aplicou-se o teste de normalidade de D’Agostino-Pearson para avaliar a distribuição dos dados. Os dados apresentados na Figura 1 tiveram distribuição não paramétrica, assim as comparações foram realizadas com o Teste Mann-Whitney. Além disso, foi realizada a associação da SM, dislipidemia, lipodistrofia e do RCV com as variáveis apresentadas no estudo, por meio da Regressão Logística Simples, a qual forneceu o Odds Ratio (OR) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%). O programa BioEstat 5.3 foi utilizado para a realização das estatísticas e o nível de significância adotado foi de p<0,05. O programa GraphPad Prism 3.0 foi utilizado para a confecção da Figura 1.
Resultados
Destaca-se que a mediana da idade dos participantes foi de 38 anos (IIQ = 30-49 anos; mínimo = 20 anos; máximo = 68 anos), do tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV foi de 40 meses (IIQ = 20-79 meses; mínimo = 1 mês; máximo = 190 meses) e do tempo de uso da TARV foi de 28 meses (IIQ = 10-61 meses; mínimo = 0 mês; máximo = 181 meses). Com relação a distribuição das doenças, notou-se a SM em 22,6% (n=26), a lipodistrofia em 37,4% (n=43), a dislipidemia em 81,7% (n=94), o RCV moderado em 8,7% (n=10) e o baixo em 91,3% (n=105) das PVHIV.
Na Figura 1, é apresentada a comparação da idade (Figura1, A), do tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV (Figura 1, B) e do uso da TARV (Figura 1, C) em relação a SM, dislipidemia, lipodistrofia e RCV das PVHIV. Nota-se que a idade se apresentou maior nos pacientes com SM (p=0,004), lipodistrofia (p<0,001) e com RCV moderado (p<0,001). O tempo de diagnóstico foi maior apenas nas PVHIV com lipodistrofia, em relação aos sem lipodistrofia (p=0,005). Por fim, as PVHIV com diagnóstico para SM (p=0,042) ou lipodistrofia (p<0,001) apresentaram maior tempo de uso da TARV.
Figura 1. Comparação da idade (A), tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV (B) e tempo de uso da terapia antirretroviral (C) na presença ou não da síndrome metabólica, dislipidemia, lipodistrofia e risco cardiovascular de pessoas vivendo com HIV
Nota: c - com; s - sem; SM - síndrome metabólica; DIS - dislipidemia; LIPO - lipodistrofia; RCV - risco cardiovascular; b - baixo; m - moderado; TARV - terapia antirretroviral; A a C - valores em mediana (intervalo interquartil - 25%-75%; extremidade inferior e superior do box), a barra inferior e superior do box representa valores mínimos e máximos. Fonte: Dados da pesquisa
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos participantes quanto aos fatores sociodemográficos, bem como a associação destas variáveis com a SM, lipodistrofia e RCV. A dislipidemia não apresentou associação significativa com as variáveis da Tabela 1 (p>0,05), dados não apresentados. A idade ≥40 anos se associou com a presença da SM (p=0,029) e com a lipodistrofia (p<0,001). PVHIV que têm parceiro apresentaram associação com a SM (p=0,030) e as PVHIV tabagistas com a lipodistrofia (p=0,020) e com o RCV moderado (p=0,015) (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição e associação das características sociodemográficas com a presença
da síndrome metabólica, lipodistrofia e risco cardiovascular das pessoas vivendo com HIV
|
|
|
Síndrome Metabólica |
Lipodistrofia |
Risco Cardiovascular |
|||||||||
|
|
Todos |
Não |
Sim |
OR |
p |
Não |
Sim |
OR |
p |
Baixo |
Mod |
OR |
p |
|
Variáveis |
n/% |
n/% |
n/% |
IC95% |
|
n/% |
n/% |
IC95% |
|
n/% |
n/% |
IC95% |
|
|
Sexo |
|||||||||||||
|
Masculino |
68/59,1 |
55/61,8 |
13/50,0 |
1,0 |
|
45/62,5 |
23/53,5 |
1,0 |
|
58/55,2 |
10/100 |
1,0 |
|
|
Feminino |
47/40,9 |
34/38,2 |
13/50,0 |
1,61 (0,67-3,90) |
0,283 |
27/37,5 |
20/46,5 |
1,44 (0,67-3,12) |
0,342 |
47/44,8 |
0/0 |
0 (0-∞) |
0,693 |
|
Idade (anos) |
|||||||||||||
|
< 40 |
66/57,4 |
56/62,9 |
10/38,5 |
1,0 |
|
55/76,4 |
11/27,3 |
1,0 |
|
66/62,9 |
0/0 |
1,0 |
|
|
≥ 40 |
49/42,6 |
33/37,1 |
16/61,5 |
2,71 (1,10-6,68) |
0,029 |
17/23,6 |
32/72,7 |
9,41 (3,92-22,57) |
<0,001 |
39/37,1 |
10/100 |
18805,34 (0-∞) |
0,626 |
|
Escolaridade (anos de estudo) |
|||||||||||||
|
≥ 8 |
80/69,6 |
63/70,8 |
17/65,4 |
1,0 |
|
51/70,8 |
29/67,4 |
1,0 |
|
73/69,5 |
7/70,0 |
1,0 |
|
|
< 8 |
35/30,4 |
26/29,2 |
9/34,6 |
1,28 (0,51-3,25) |
0,599 |
21/29,2 |
14/32,6 |
1,17 (0,52-2,65) |
0,702 |
32/30,5 |
3/30,0 |
0,97 (0,24-4,02) |
0,975 |
|
Estado civil |
|||||||||||||
|
Sem parceiro |
70/60,9 |
59/66,3 |
11/42,3 |
1,0 |
|
44/61,1 |
26/60,5 |
1,0 |
|
64/61,0 |
6/60,0 |
1,0 |
|
|
Com parceiro |
45/39,1 |
30/33,7 |
15/57,7 |
2,68 (1,10-6,55) |
0,030 |
28/38,9 |
17/39,5 |
1,02 (0,47-2,23) |
0,945 |
41/39,0 |
4/40,0 |
1,04 (0,28-3,91) |
0,953 |
|
Renda (salário mínimo) |
|||||||||||||
|
≥ 3 |
30/26,1 |
22/24,7 |
8/30,8 |
1,0 |
|
19/26,4 |
11/25,6 |
1,0 |
|
27/25,7 |
3/30,0 |
1,0 |
|
|
< 3 |
85/73,9 |
67/75,3 |
18/69,2 |
0,73 (0,28-1,93) |
0,537 |
53/73,6 |
32/74,4 |
1,04 (0,44-2,47) |
0,924 |
78/74,3 |
7/70,0 |
0,80 (0,19-3,35) |
0,768 |
|
Consumo de bebida alcóolica |
|||||||||||||
|
Não |
84/73 |
65/73,0 |
19/73,1 |
1,0 |
|
52/72,2 |
32/72,7 |
1,0 |
|
79/75,2 |
5/50,0 |
1,0 |
|
|
Sim |
31/27 |
24/27,0 |
7/26,9 |
0,99 (0,37-2,67) |
0,996 |
20/27,8 |
11/27,3 |
0,89 (0,38-2,11) |
0,797 |
26/24,8 |
5/50,0 |
3,03 (0,81-11,33) |
0,098 |
|
Tabagismo |
|||||||||||||
|
Não |
106/92,2 |
82/92,1 |
24/92,3 |
1,0 |
|
70/97,2 |
36/83,7 |
1,0 |
|
99/94,3 |
7/70,0 |
1,0 |
|
|
Sim |
9/7,8 |
7/7,9 |
2/7,7 |
0,97 (0,19-5,01) |
0,977 |
2/2,8 |
7/16,3 |
6,8 (1,34-34,46) |
0,020 |
6/5,7 |
3/30,0 |
7,07 (1,45-34,46) |
0,015 |
Nota: IC95% - intervalo de confiança de 95%; Mod - Risco cardiovascular moderado; ∞ - infinito. Fonte: Dados da pesquisa
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos pacientes quanto ao diagnóstico de Aids, tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV e tempo de uso da TARV, bem como a associação destas variáveis com a presença da SM, lipodistrofia e RCV. Destaca-se que a lipodistrofia se associou com o tempo de uso da TARV ≥30 meses (p<0,001). A associação das variáveis presentes na Tabela 2 com a dislipidemia não apresentou significância (p>0,05), dados não apresentados.
Tabela 2. Distribuição e associação das características clínicas com a presença da
síndrome metabólica, lipodistrofia e risco cardiovascular das pessoas vivendo com HIV
|
|
|
Síndrome Metabólica |
Lipodistrofia |
Risco Cardiovascular |
|||||||||
|
|
Todos |
Não |
Sim |
OR |
p |
Não |
Sim |
OR |
p |
Baixo |
Mod |
OR |
p |
|
Variáveis |
n/% |
n/% |
n/% |
IC95% |
|
n/% |
n/% |
IC95% |
|
n/% |
n/% |
IC95% |
|
|
Diagnóstico de Aids |
|||||||||||||
|
Não |
53/46,1 |
38/42,7 |
15/57,7 |
1,0 |
|
32/44,4 |
21/48,8 |
1,0 |
|
48/45,7 |
5/50,0 |
1,0 |
|
|
Sim |
62/53,9 |
51/57,3 |
11/42,3 |
0,54 (0,23-1,32) |
0,180 |
40/55,6 |
22/51,2 |
0,83 (0,39-1,79) |
0,647 |
57/54,3 |
5/50,0 |
0,84 (0,23-3,08) |
0,795 |
|
Tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV (meses) |
|||||||||||||
|
< 40 |
56/48,7 |
47/52,8 |
9/34,6 |
1,0 |
|
40/55,6 |
16/34,0 |
1,0 |
|
52/49,5 |
4/40,0 |
1,0 |
|
|
≥ 40 |
59/51,3 |
42/47,2 |
17/65,4 |
2,11 (0,85-5,25) |
0,106 |
32/44,4 |
27/66,0 |
2,10 (0,97-4,57) |
0,058 |
53/50,5 |
6/60,0 |
1,47 (0,39-5,52) |
0,566 |
|
Tempo de uso da terapia antirretroviral (meses) |
|||||||||||||
|
< 30 |
60/52,2 |
50/56,2 |
10/38,5 |
1,0 |
|
47/65,3 |
13/30,2 |
1,0 |
|
57/54,3 |
3/30,0 |
1,0 |
|
|
≥ 30 |
55/47,8 |
39/43,8 |
16/61,5 |
2,05 (0,84-5,02) |
0,115 |
25/34,7 |
30/69,8 |
4,33 (1,93-9,77) |
<0,001 |
48/45,7 |
7/70,0 |
2,77 (0,68-11,30) |
0,155 |
Nota: IC95% - intervalo de confiança de 95%. Fonte: Dados da pesquisa
Na Tabela 3, nota-se a distribuição dos participantes quanto a circunferência abdominal, índice de massa corporal, glicose, triglicerídeos, colesterol total, LDL-c, HDL-c, pressão arterial, bem como a associação destas variáveis com a SM, lipodistrofia e o RCV. A presença da SM está associada com a circunferência abdominal elevada (p<0,001), índice de massa corporal elevado (p=0,004), glicose elevada (p=0,004), LDL-c elevada (p=0,002), HDL-c baixa (p=0,003) e com a pressão arterial elevada (p<0,001). A lipodistrofia se associou com as alterações dos triglicerídeos (p=0,001) e do colesterol total (p=0,002). Já as alterações de glicose (p=0,037) e de triglicerídeos (p=0,035) se relacionaram com o RCV moderado nas PVHIV. Ressalta-se que a dislipidemia não apresentou significância com as variáveis da Tabela 3 (p>0,05), dados não apresentados.
Tabela 3. Distribuição e associação das variáveis da composição corporal e laboratorial com a
presença da síndrome metabólica, lipodistrofia e risco cardiovascular das pessoas vivendo com HIV
|
|
|
Síndrome Metabólica |
Lipodistrofia |
Risco Cardiovascular |
|||||||||
|
|
Todos |
Não |
Sim |
OR |
|
Não |
Sim |
OR |
|
Baixo |
Mod |
OR |
|
|
Variáveis |
n/% |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
|
Circunferência abdominal |
|||||||||||||
|
Adequada |
91/79,1 |
81/91,0 |
10/38,5 |
1,0 |
|
61/84,7 |
30/69,8 |
1,0 |
|
84/80,0 |
7/70,0 |
1,0 |
|
|
Elevada |
24/20,9 |
8/9,0 |
16/61,5 |
16,2 (5,54-47,38) |
<0,001 |
11/15,3 |
13/30,2 |
2,40 (0,96-6,0) |
0,060 |
21/20,0 |
3/30,0 |
1,71 (0,41-7,20) |
0,461 |
|
Índice de massa corporal |
|||||||||||||
|
Normal |
65/59,1 |
56/66,7 |
9/34,6 |
1,0 |
|
43/63,2 |
22/52,4 |
1,0 |
|
61/61,0 |
4/40,0 |
1,0 |
|
|
Elevado |
45/40,9 |
8/33,3 |
17/65,42 |
3,77 (1,50-9,54) |
0,004 |
25/36,8 |
20/47,6 |
1,56 (0,72-3,41) |
0,261 |
39/39,0 |
6/60,0 |
2,34 (0,62-8,85) |
0,208 |
|
Glicose |
|||||||||||||
|
Adequada |
97/84,3 |
80/89,9 |
17/65,4 |
1,0 |
|
64/88,9 |
33/76,7 |
1,0 |
|
91/86,7 |
6/60,0 |
1,0 |
|
|
Elevada |
18/15,7 |
9/10,1 |
9/34,6 |
4,7 (1,63-13,61) |
0,004 |
8/11,1 |
10/23,3 |
2,42 (0,87-6,72) |
0,088 |
14/13,3 |
4/40,0 |
4,33 (1,09-17,31) |
0,037 |
|
Triglicerídeos |
|||||||||||||
|
Adequado |
55/47,8 |
55/61,8 |
0/0 |
1,0 |
|
43/59,7 |
12/27,9 |
1,0 |
|
54/51,4 |
1/10,0 |
1,0 |
|
|
Elevado |
60/52,2 |
34/38,2 |
26/100 |
56084,18 (0-∞) |
0,621 |
29/40,3 |
31/72,1 |
3,83 (1,69-8,66) |
0,001 |
51/48,6 |
9/90,0 |
9,52 (1,17-77,91) |
0,035 |
|
Colesterol total |
|||||||||||||
|
Adequado |
81/70,4 |
66/74,2 |
15/57,7 |
1,0 |
|
58/80,6 |
23/53,5 |
1,0 |
|
75/71,4 |
6/60,0 |
1,0 |
|
|
Elevado |
34/29,6 |
23/25,8 |
11/42,3 |
2,10 (0,85-5,23) |
0,109 |
14/19,4 |
20/46,5 |
3,60 (1,56-8,32) |
0,002 |
30/28,6 |
4/40,00 |
1,66 (0,44-6,33) |
0,453 |
|
LDL-c |
|||||||||||||
|
Adequada |
101/91,8 |
84/96,6 |
17/65,4 |
1,0 |
|
64/91,4 |
37/92,5 |
1,0 |
|
93/91,2 |
8/100 |
1,0 |
|
|
Elevada |
9/8,2 |
3/3,4 |
6/34,6 |
9,88 (2,25-43,44) |
0,002 |
6/8,6 |
3/7,5 |
0,86 (0,20-3,66) |
0,843 |
9/8,8 |
0/0 |
0 (0-∞) |
0,873 |
|
HDL-c |
|||||||||||||
|
Adequada |
48/41,7 |
44/49,4 |
4/15,4 |
1,0 |
|
27/37,5 |
21/48,8 |
1,0 |
|
45/42,9 |
3/30,0 |
1,0 |
|
|
Baixa |
67/58,3 |
45/50,6 |
22/84,6 |
5,37 (1,71-16,87) |
0,003 |
45/62,5 |
22/51,2 |
0,62 (0,29-1,35) |
0,234 |
60/57,1 |
7/70,0 |
1,75 (0,43-7,14) |
0,435 |
|
Pressão arterial |
|||||||||||||
|
Adequada |
92/80 |
83/93,3 |
9/34,6 |
1,0 |
|
59/81,9 |
33/76,7 |
1,0 |
|
86/81,9 |
6/60,0 |
1,0 |
|
|
Elevada |
23/20 |
6/6,7 |
17/65,4 |
26,12 (8,21-83,13) |
<0,001 |
13/18,1 |
10/23,3 |
1,37 (0,54-3,48) |
0,500 |
19/18,1 |
4/40,0 |
3,01 (0,78-11,75) |
0,111 |
Nota: IC95% - intervalo de confiança de 95%; ∞ - infinito; HDL-c - lipoproteína de alta densidade; LDL-c - lipoproteína de baixa densidade. Fonte: Dados da pesquisa
A Tabela 4 apresenta a associação entre a SM, dislipidemia, lipodistrofia e o RCV nas PVHIV. Notou-se associação apenas do RCV moderado com a presença da SM (p=0,040) e da lipodistrofia (p=0,010).
Tabela 4. Associação entre a síndrome metabólica, dislipidemia,
lipodistrofia e risco cardiovascular em pessoas vivendo com HIV
|
|
Síndrome Metabólica |
Dislipidemia |
Lipodistrofia |
|||||||||
|
|
Não |
Sim |
OR |
|
Não |
Sim |
OR |
|
Não |
Sim |
OR |
|
|
Variáveis |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
n/% |
n/% |
IC95% |
p |
|
Risco cardiovascular |
||||||||||||
|
Baixo |
84/94,4 |
21/80,8 |
1,0 |
|
20/95,2 |
85/90,4 |
1,0 |
|
70/97,2 |
35/81,4 |
1,0 |
|
|
Moderado |
5/5,6 |
5/19,2 |
4,0 (1,06-15,10) |
0,040 |
1/4,8 |
9/9,6 |
2,11 (0,25-17,69) |
0,488 |
2/2,8 |
8/18,6 |
8,0 (1,61-39,69) |
0,010 |
|
Lipodistrofia |
||||||||||||
|
Não |
60/67,4 |
12/46,2 |
1,0 |
|
15/71,4 |
57/60,6 |
1,0 |
|
-- |
-- |
-- |
-- |
|
Sim |
29/32,6 |
14/53,8 |
2,41 (0,99-5,87) |
0,052 |
6/28,6 |
37/39,4 |
1,62 (0,58-4,56) |
0,358 |
-- |
-- |
-- |
-- |
|
Dislipidemia |
||||||||||||
|
Não |
21/23,6 |
0/0 |
1,0 |
|
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
|
Sim |
68/76,4 |
26/100 |
28042,09 (0-∞) |
0,775 |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
Nota: IC95% - intervalo de confiança de 95%; ∞ - infinito. Fonte: Dados da pesquisa
Discussão
Conforme os dados apresentados, notou-se que a idade, estado civil, tabagismo, tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV, tempo de uso da TARV, diagnóstico para Aids, obesidade abdominal, sobrepeso/obesidade e valores alterados para a glicose, triglicerídeos, colesterol total, LDL-c, HDL-c e pressão arterial estão associados com pelo menos uma das doenças analisados no presente estudo.
Foi observada associação da idade ≥40 anos com a presença da SM e da lipodistrofia, bem como do maior tempo de uso da TARV com a lipodistrofia no presente estudo. A literatura já demonstra uma relação da lipodistrofia com o tempo de exposição ao HIV e uso crônico da TARV (Alikhani et al., 2019; Heath et al., 2001; Segatto et al., 2011). Além disso, a revisão sistemática de Cabrera et al. (2021), verificou que o uso de inibidores de protease, uso prolongado da TARV e do tempo de infecção pelo HIV estiveram associados ao aumento da prevalência de dislipidemia. Ainda segundo a literatura, a SM, em PVHIV, demonstra-se associada à idade avançada e ao sexo feminino (Sun, e Ren 2012; Cabrera et al., 2021). No entanto, o próprio HIV possui características específicas que aumentam a prevalência de SM, independente do sexo (Nguyen et al., 2016). Ressalta-se que no presente estudo não foi notada associação do sexo com a presença da SM, lipodistrofia, RCV e dislipidemia.
Pacientes com SM, lipodistrofia e RCV moderado apresentaram valores maiores para a idade que as PVHIV sem a presença destas doenças. Jericó et al. (2005) verificaram que, dentre as PVHIV, a SM metabólica predominou naqueles que tinham idade mais avançada, e Njelekela et al. (2017) demonstraram a maior prevalência da lipodistrofia em PVHIV de idades mais avançadas. Além disso, o envelhecimento proporciona um declínio funcional na maioria dos sistemas orgânicos, dentre eles o sistema cardiovascular, o que favorece o aumento do RCV. (Boccara, 2017)
Nesse contexto, a PVHIV e com a presença da lipodistrofia apresentaram maior tempo de diagnóstico para a infecção pelo HIV, em relação aos sem lipodistrofia. No estudo de Dos Santos et al. (2018), o maior tempo de diagnóstico foi relacionado ao desenvolvimento da lipodistrofia. Longos períodos de exposição ao HIV e à TARV, podem ser vistos como fatores de risco para o desenvolvimento da lipodistrofia (Koethe et al., 2020), bem como, o tipo de antirretroviral pode contribuir para o desenvolvimento da lipodistrofia, como os inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (NRTIs), especialmente a estavudina (d4T) (Phan et al., 2012) e a zidovudina (AZT), são frequentemente associados à lipoatrofia (Finkelstein et al., 2015). Além disso, nota-se que o uso prolongado da TARV contribui para o desenvolvimento da SM (Møller et al., 2020), como notado no presente estudo, em que as PVHIV e com a presença da SM apresentaram maior tempo de uso da TARV, em relação aos que não tinham diagnóstico para a SM. (Costa et al., 2019; Araujo et al., 2025)
Embora a TARV tenha reduzido a mortalidade associada a Aids (Dourado et al., 2006), outras comorbidades assumem destaque na vida das PVHIV (Bica et al., 2001), como as doenças cardiovasculares (Hanna et al., 2016). Apesar de não ter sido encontrada associação do RCV com o tempo de diagnóstico e uso da TARV, é visto que a TARV apesar de reduzir a inflamação crônica sistêmica, ela pode contribuir para a dislipidemia, lipodistrofia e resistência à insulina, aumentando o RCV nas PVHIV (Ballocca et. al., 2016). Além disso, foi visto em um estudo realizado na Austrália com PVHIV, que o uso de abacavir esteve associado com um aumento no risco de doença coronariana. (Trevillyan, Cheng, e Hoy, 2013)
O estudo de Kim et al. (2006), realizado com 3.142 pessoas, indicou que havia uma forte correlação entre a presença de SM em um cônjuge e a probabilidade do outro cônjuge também apresentar a condição. Isso sugere que fatores ambientais compartilhados desempenham um papel significativo no desenvolvimento da SM. Em complemento, o nível de estresse conjugal está associado a uma maior probabilidade de as mulheres atenderem aos critérios da SM, mas os homens não (Whisman, Uebelacker, e Settles, 2010). No presente estudo foi notada a associação da presença do parceiro com a SM.
O tabagismo é um fator de RCV bem estabelecido na literatura (Teixeira et al., 2021; Menezes et al., 2021; Moura et al., 2021; Silva et al., 2020; Petoumenos et al., 2011; Helleberg et al., 2013). Além disso, destaca-se que a prevalência do tabagismo em PVHIV é maior que nas pessoas sem a infecção pelo HIV (Johnston et al., 2021). O hábito tabagista gera uma maior oxidação e glicação, o que intensifica o envelhecimento celular, a aterogênese, a formação de lipoproteínas disfuncionais, reduz os valores da HDL-c, eleva as concentrações séricas da VLDL-c e LDL-c, quando comparados aos não tabagistas (Park, Shin, e Cho, 2014; Craig, Palomaki, e Haddow, 1989). Destaca-se que a interrupção do hábito tabagista é descrita como uma abordagem terapêutica para a lipodistrofia em PVHIV (Garcia-Viejo, Hernández, e Martínez, 2001). No presente estudo, tanto o RCV quanto a lipodistrofia foram associados ao tabagismo.
A adiposidade abdominal, está intimamente relacionada à resistência à insulina, hiperglicemia, dislipidemia, ao desenvolvimento da hipertensão arterial e estados pró-inflamatórios, todos fatores de risco para desenvolvimento da SM (Spinler, 2006). Nesse contexto, o presente estudo observou que tanto a circunferência abdominal quanto o IMC elevado se associaram com a presença da SM. Assim, estudos envolvendo PVHIV demonstraram esta associação, da SM com o excesso de peso (Pereira et al., 2024) e obesidade abdominal. (Watanabe et al., 2022; Pereira et al., 2024)
Além disso, a resistência à insulina, que tem relação com glicemia elevada e diabetes mellitus, é um componente central da SM e está ligada a várias anormalidades cardiometabólicas que elevam o RCV (Ciolac, e Guimarães, 2004). Em PVHIV com lipodistrofia, a resistência à insulina é comum e está associada à hipertrigliceridemia e a esteatose hepática, ambos fatores de risco para doenças cardiovasculares (Sekizkardes et al., 2020). A hipertrigliceridemia e a resistência à insulina são comuns no cotidiano da PVHIV que fazem uso da TARV, aumentando o risco RCV (Addy et al., 2003). No presente estudo se observou associação da lipodistrofia e do RCV com a hipertrigliceridemia e da hipercolesterolemia com a lipodistrofia. Por outro lado, a HDL-c baixo e a LDL-c elevada se associaram com a SM. Assim, é de suma importância a avaliação precoce desses parâmetros metabólicos (Moraes et al., 2009) para uma melhor prevenção e promoção da saúde da PVHIV.
No estudo de Zanuzzi et al. (2020), observou-se que as PVHIV apresentaram alta prevalência de hipertensão arterial (40%) e SM (38,5%), especialmente aqueles pacientes que faziam uso da TARV. Ressalta-se ainda, que o tempo de tratamento se associou positivamente com ambas as doenças. Logo, PVHIV que fazem uso da TARV, apresentam pressão arterial sistólica e diastólica mais elevadas em comparação com aqueles que não estão em tratamento, sendo essa associação indicada pelo fato de a hipertensão arterial ser um dos componentes-chave da SM (Grundy et al., 2005), assim como para um maior RCV (Bazmandegan et al., 2023; Bloomfield et al., 2011), independente da presença ou não da infecção pelo HIV (Jericó et al., 2005). Os mecanismos, geralmente associados com a elevação da pressão arterial, são a obesidade abdominal, resistência à insulina, estresse oxidativo, disfunção endotelial e o aumento dos mediadores inflamatórios (Yanai et al., 2008).
A relação entre SM e RCV existe pelas duas compartilharem fatores de risco comuns, como a sobrepeso/obesidade, obesidade abdominal, hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, glicemia elevada e HDL-c baixa (Meirelles, 2014). Além disso, a SM é ainda um importante fator de RCV (Rodrigues, e Toigo, 2015), pois a inflamação crônica de baixo grau relacionada ao HIV pode não ser totalmente predita por escores de risco tradicionais, como o Framingham Risk Score. (Nix, e Tien, 2014)
A lipodistrofia, em PVHIV, gera alterações metabólicas e hormonais que elevam o RCV (Sacilotto et al., 2021). Desse modo, a lipodistrofia nessa população, principalmente quando associada ao uso da TARV, está fortemente relacionada com a resistência à insulina (Estrada et al., 2006; Grinspoon, 2001) e dislipidemia (Mikhail, 2003), devido às alterações na distribuição da gordura corporal, ou seja, perda de gordura subcutânea e aumento da adiposidade visceral. (Estrada et al., 2006; Grinspoon, 2001)
Apesar do estudo não ter notado associação entre lipodistrofia e SM, observa-se que a lipodistrofia pode gerar resistência à insulina (Estrada et al., 2006; Grinspoon, 2001) e dislipidemia (Mikhail, 2003), fatores estes associados à SM (Grundy et al., 2005; Meirelles, 2014). Nesse contexto, destaca-se a importância do monitoramento global da saúde das PVHIV e de ações de prevenção e promoção da saúde.
Dentre as limitações do estudo, o modelo transversal e a falta de ajuste para fatores de confusão na análise de regressão logística limitam a interpretação dos resultados e a generalização dos achados. A ausência do acompanhamento longitudinal não permite gerar causalidade entre os achados. No entanto, o estudo tem grande relevância ao fornecer dados inéditos sobre a saúde metabólica de PVHIV no município de Santarém e região, contribuindo para o entendimento das particularidades regionais e a formulação de estratégias em saúde mais eficazes de prevenção e tratamento, bem como, pode servir como um guia para futuras pesquisas sobre o tema.
Conclusão
De acordo com a proposta do manuscrito, conclui-se que as PVHIV, assistidas no interior do Pará, apresentam uma preocupante prevalência de dislipidemia, lipodistrofia e SM. O RCV moderado mesmo com baixa frequência não deve passar despercebido. Nesse contexto, fatores como idade avançada, tabagismo, maior tempo de uso da TARV, valores alterados de glicose e triglicerídeos estão associados com essas disfunções. Assim, os dados regionais obtidos, como o alto índice de dislipidemia e as alterações na composição corporal, reforçam a necessidade de um acompanhamento clínico abrangente e de intervenções multiprofissionais mais eficientes para as PVHIV.
Referências
Addy, C.L., Gavrilla, A., Tsiodras, S., Brodovicz, K., Karchmer, A.W., e Mantzoros, C.S. (2023). Hypoadiponectinemia is associated with insulin resistance, hypertriglyceridemia, and fat redistribution in human immunodeficiency virus-infected patients treated with highly active antiretroviral therapy. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 88(2), 627-636. https://doi.org/10.1210/jc.2002-020795
Alikhani, A., Morin, H., Matte, S., Alikhani P., Tremblay, C., e Durand, M. (2019). Association between lipodystrophy and length of exposure to ARTs in adult HIV-1 infected patients in Montreal. BMC Infectious Diseases, 19(1), e820. https://doi.org/10.1186/s12879-019-4446-9
Araujo, I.B., Silva, C.F., Fernandes, E.V., Siqueira M.A., Xavier, M.B., e Gouvêa-e-Silva, L.F. (2025). Risk factors for metabolic syndrome are associated with low handgrip strength in people with HIV. Sport Sciences for Health, 21, 465-474. https://doi.org/10.1007/s11332-024-01278-6
Ballocca, F., Gili, S., D’Ascenzo, F., Marra, WG, Canillo, M., Calcagno, A., Bonora, S., Flammer, A., Coppola, J., Moretti, C., e Gaita, F. (2016). HIV infection and primary prevention of cardiovascular disease: lights and shadows in the HAART Era. Progress in Cardiovascular Diseases, 58(5), 565-576. https://doi.org/10.1016/j.pcad.2016.02.008
Bazmandegan, G., Abbasifar, M., Nadimi, A.E., Alinejad, H., e Kamiab, Z. (2023). Cardiovascular risk factors in diabetic patients with and without metabolic syndrome: a study based on the Rafsanjan cohort study. Scientific Reports, 13(1), e559. https://doi.org/10.1038/s41598-022-27208-5
Bica, I., McGovern, B., Dhar, R., Stone, D., McGowan, K., Scheib, R., e Snydman, D.R. (2001). Increasing mortality due to end-stage liver disease in patients with human immunodeficiency virus infection. Clinical Infectious Diseases, 32(3), 492-497. https://doi.org/10.1086/318501
Bloomfield, G.S. Hogan, J.W., Keter, A., Sang, E., Carter, E.J., Velazquez, E.J., e Kimaiyo, S. (2011). Hypertension and obesity as cardiovascular risk factors among HIV seropositive patients in western Kenya. PLoS One, 6(7), e22288. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0022288
Boccara, F. (2017). Cardiovascular health in an aging HIV population. AIDS, (31), S157-S163. https://doi.org/10.1097/qad.0000000000001384
Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico - HIV e Aids 2024 (2024). https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2024/boletim_hiv_aids_2024e.pdf/view
Cabrera, D.M., Diaz, M.M., Grimshaw, A., Salvatierra, J., Garcia, P.J., e Hsieh, E. (2021).
Aging with HIV in Latin America and the Caribbean: a systematic review. Current HIV/AIDS reports, 18(1), 1-47. https://doi.org/10.1007/s11904-020-00538-7
Ciolac, E.G., e Guimarães, G.V. (2004). Exercício físico e síndrome metabólica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 10(4), 319-324. https://doi.org/10.1590/s1517-86922004000400009
Costa, C.R.B., Melo, E.S., Antonini, M., Jesus, G.J., Pontes, P.S., Gir, E., e Reis, R.K. (2019). Associação entre fatores sociodemográficos e comportamentais com a síndrome metabólica em pessoas vivendo com HIV. Revista Gaúcha de Enfermagem, 40, e20180379. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180379
Craig, W.Y., Palomaki, G.E., e Haddow, J.E. (1989). Cigarette smoking and serum lipid and lipoprotein concentrations: an analysis of published data. BMJ, 298(6676), 784-788. https://doi.org/10.1136/bmj.298.6676.784
Dos Santos, AP, Navarro, AM, Schwingel, A., Alves, TC, Abdalla, PP, Venturini, ACR, Santana, RC, e Machado, DRL (2018). Lipodystrophy diagnosis in people living with HIV/AIDS: prediction and validation of sex-specific anthropometric models. BMC Public Health, 18(1), e806. https://doi.org/10.1186/s12889-018-5707-z
Dourado, I., Veras, M.A.S.N., Barreira, D., e Brito, A.M. (2006). Tendências da epidemia de Aids no Brasil após a terapia anti-retroviral. Revista de Saúde Pública, 40, 9-17. https://doi.org/10.1590/s0034-89102006000800003
Estrada, V., Martínez-Larrad, MT, González-Sánchez, JL, Villar, NGP, Sabena, C., Fernández, C., e Serrano-Ríos, M. (2006). Lipodystrophy and metabolic syndrome in HIV-infected patients treated with antiretroviral therapy. Metabolism - clinical and Experimental, 55(7), 940-945. https://doi.org/10.1016/j.metabol.2006.02.024
Faludi, AA, Izar, MCO, Saraiva, JFK, Chacra, APM, Bianco, HT, Afiune Neto, A., Bertolami, A., Pereira, AC, Lottenberg, AM, Sposito, AC, Chagas, ACP, Casella Filho, A., Simão, AF, Alencar Filho, AC, Caramelli, B., Magalhães, CC, Negrão, CE, Ferreira, CEDS, Scherr, C., Feio, CMA, Kovacs, C., Araújo, DB, Magnoni, D., Calderaro, D., Gualandro, DM, Mello Junior, EP, Alexandre, ERG, Sato, EI, Moriguchi, EH, Rached, FH, Santos, FCD, Cesena, FHY, Fonseca, FAH, Fonseca, HARD, Xavier, HT, Mota, ICP, Giuliano, ICB, Issa, JS, Diament, J.., Pesquero, JB, Santos, JED, Faria Neto, JR, Melo Filho, JX, Kato, JT, Torres, KP, Bertolami, MC, Assad, MHV, Miname, MH, Scartezini, M., Forti, NA, Coelho, OR, Maranhão, RC, Santos Filho, RDD, Alves, RJ, Cassani, RL, Betti, RTB, Carvalho, T., Martinez, TLDR, Giraldez, VZR, e Salgado Filho, W. (2017). Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 109(2Supl.1), 1-76. https://doi.org/10.5935/abc.20170121
Fernandes Filho, J. (2003). A prática da avaliação física (2ª ed.). Shape Editora.
Finkelstein, J.L., Gala, P., Rochford, R., Glesby, M.J., e Mehta, S. (2015). HIV/AIDS and lipodystrophy: Implications for clinical management in resource-limited settings. Journal of the International AIDS Society, 18(1), e19033. https://doi.org/10.7448/IAS.18.1.19033
Gallant, JE, Staszewski, S., Pozniak, AL, DeJesus, E., Suleiman, JMAH, Miller, MD, Coakley, DF, Lu, B., Toole, JJ, Cheng, AK, e 903 Study Group (2004). Efficacy and safety of tenofovir DF vs stavudine in combination therapy in antiretroviral-naive patients: a 3-year randomized trial. JAMA, 292(2), 191-201. https://doi.org/10.1001/jama.292.2.191
Garcia-Viejo, M.A., Hernández, L., e Martínez, E. (2001). Strategies for treating HIV-related lipodystrophy. Expert Opinion on Investigational Drugs, 10(8), 1443-1456. https://doi.org/10.1517/13543784.10.8.1443
Grinspoon, S. (2001). Insulin resistance in the HIV-lipodystrophy syndrome. Trends in Endocrinology and Metabolism, 12(9), 413-419. https://doi.org/10.1016/s1043-2760(01)00472-6
Grundy, SM, Cleeman, JI, Daniels, SR, Donato, KA, Eckel, RH, Franklin, BA, Gordon, DJ, Krauss, RM, Savage, PJ, Smith Jr, SC, Spertus, JA, e Costa F. (2005). Diagnosis and management of the metabolic syndrome: an American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific Statement. Circulation, 112(17), 2735-2752. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.105.169404
Hanna, DB, Guo, M., Buzkova, P., Miller, TL, Post, WS, Stein, JH, Currier, JS, Kronmal, RA, Freiberg, MS, Bennett, SN, Shikuma, CM, Anastos, K., Li, Y., Tracy, RP, Hodis, HN, Delaney, JA, e Kaplan, RC (2016). HIV Infection and carotid artery intima-media thickness: pooled analyses across 5 cohorts of the NHLBI HIV-CVD Collaborative. Clinical Infectious Diseases, 63(2), 249-256. https://doi.org/10.1093/cid/ciw261
Heath, KV, Hogg, RS, Chan, KJ, Harris, M., Montessori, V., O’Shaughnessy, MV, e Montaner, JSG (2001). Lipodystrophy-associated morphological, cholesterol and triglyceride abnormalities in a population-based HIV/AIDS treatment database. AIDS, 15(2), 231-239. https://doi.org/10.1097/00002030-200101260-00013
Helleberg, M., Afzal, S., Kronborg, G., Larsen, CS, Pedersen, G. Pedersen, C., Gerstoft, J., Nordestgaard, BG, e Obel, N. (2013). Mortality attributable to smoking among HIV-1-infected individuals: A nationwide, population-based cohort study. Clinical Infectious Diseases, 56(5), 727-734. https://doi.org/10.1093/cid/cis933
Hussain, I., Patni, N., e Garg, A. (2019). Lipodystrophies, dyslipidaemias and atherosclerotic cardiovascular disease. Pathology, 51(2), 202-212. https://doi.org/10.1016/j.pathol.2018.11.004
Ioannou, G.N., Bryson, C.L., Weiss, N.S., e Boyko, E.J. (2015). Associations between lipodystrophy or antiretroviral medications and cirrhosis in patients with HIV infection or HIV/HCV coinfection. European Journal of Gastroenterology & Hepatology, 27(5), 577-584. https://doi.org/10.1097/meg.0000000000000290
Jericó, C., Knobel, H., Montero, M., Ordoñez-Llanos, J., Guelar, A., Gimeno, JL, Saballs, P., López-Colomés, JL, e Pedro-Botet, J. (2005). Metabolic syndrome among HIV-infected patients. Diabetes Care, 28(1), 132-137. https://doi.org/10.2337/diacare.28.1.132
Johnston, PI, Wright, SW, Orr, M., Pearce, FA, Stevens, JW, Hubbard, RB, e Collini, PJ (2021). Worldwide relative smoking prevalence among people living with and without HIV. AIDS, 35(6), 957-970. https://doi.org/10.1097/qad.0000000000002815
Kim, H.C., Kang, D.R., Choi, K.S., Nam, C.M., Thomas, G.N., e Suh, I. (2006). Spousal concordance of metabolic syndrome in 3141 Korean couples: A nationwide survey. Annals of Epidemiology, 16(4), 292-298. https://doi.org./10.1016/j.annepidem.2005.07.052
Koethe, JR, Lagathu, C., Lake, JE, Domingo, P., Calmy, A., Falutz, J., Brown, TT, e Capeau, J. (2020). HIV and antiretroviral therapy-related fat alterations. Nature Reviews Disease Primers, 6(1), e54. https://doi.org/10.1038/s41572-020-0181-1
Lagathu, C., Béréziat, V., Gorwood, J., Fellahi, S., Bastard, JP, Vigouroux, C., Boccara, F., e Capeau, J. (2019). Metabolic complications affecting adipose tissue, lipid and glucose metabolism associated with HIV antiretroviral treatment. Expert Opinion on Drug Safety, 18(9), 829-840. https://doi.org/10.1080/14740338.2019.1644317
Martinez, E., Mocroft, A., García-Viejo, M., Pérez-Cuevas, J., Blanco, J., Mallolas, J., Bianchi, L., Conget, I., Blanch, J., Phillips, A., e Gatell, J. (2001). Risk of lipodystrophy in HIV-1-infected patients treated with protease inhibitors: a prospective cohort study. The Lancet, 357(9256), 592-598. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(00)04056-3.
Meirelles, R.M.R. (2014). Menopausa e síndrome metabólica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 58(2), 91-96. https://doi.org/10.1590/0004-2730000002909
Menezes, J.D.S., Souza, A.M., Fraga, V.T.O., e Godoy, M.F. (2021). Fatores de risco em adultos jovens para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares: o que a literatura mostra? Research, Society and Development, 10(11), e492101119949. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19949
Mikhail, N. (2003). Insulin resistance in HIV-related lipodystrophy. Current Hypertension Reports, 5(2), 117-121. https://doi.org/10.1007/s11906-003-0067-0
Møller, SP, Amare, H., Christensen, DL, Yilma, D., Abdissa, A., Friss, H., Faurholt-Jepsen, D., e Olsen, MF (2020). HIV and metabolic syndrome in an Ethiopian population. Annals of Human Biology, 47(5), 457-464. https://doi.org/10.1080/03014460.2020.1781929
Moraes, A.C.F., Fulaz, C.S., Netto-Oliveira, E.R., e Reichert, F.F. (2009). Prevalência de síndrome metabólica em adolescentes: uma revisão sistemática. Cadernos de Saúde Pública, 25(6), 1195-1202. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2009000600002
Moura, ARA, Nogueira, RT, Vasconcelos, RT, Silva, PB, Silva, CBP, Barroso, ACS, e Barros, JCM (2021). Avaliação do consumo alimentar e associação com o diagnóstico clínico e fatores de risco em pacientes cardiopatas. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 13(2), e6116. https://doi.org/10.25248/reas.e6116.2021
Narla, V.A. (2021). Sudden cardiac death in HIV‐infected patients: A contemporary review. Clinical Cardiology, 44(3), 316-321. https://doi.org/10.1002/clc.23568
Ngcobo, S., Molatlhegiet, RP, Osman, F., Ngcapu, S., Samsunder, N., Garret, N.J., Karim, SSA, Karim, QA, McKinnon, LR, e Sivro, A. (2022). Pre-infection plasma cytokines and chemokines as predictors of HIV disease progression. Scientific Reports, 12(1), e2437. https://doi.org/10.1038/s41598-022-06532-w
Nguyen, K.A., Peer, N., Mills, E.J., e Kengne, A.P. (2016). A meta-analysis of the metabolic syndrome prevalence in the global HIV-infected population. PLoS ONE, 11(3), e0150970. https://doi.org/10.1371/journal. pone.0150970
Nix, L.M., e Tien, P.C. (2014). Metabolic syndrome, diabetes, and cardiovascular risk in HIV. Current HIV/AIDS Reports, 11(3), 271-278. https://doi.org/10.1007/s11904-014-0219-7
Njelekela, M., Mpembeni, R., Muhihi, A., Ulenga, N., Aris, E., e Kakoko, D. (2017). Lipodystrophy among HIV-infected patients attending care and treatment clinics in Dar es Salaam. AIDS Research and Treatment, 2017, e3896539. https://doi.org/10.1155/2017/3896539
Obare, LM, Simmons, J., Oakes, J., Zhang, X., Nochowicz, C., Priest, S., Bailin, SS, Warren, CM, Mashayekhi, M., Beasley, HK, Shao, J., Meenderink, LM, Sheng, Q., Stolze, J., Gangula, R., Absi, T., Ru Su, Y., Neikirk, K., Chopra, A., Gabriel, CL, Temu, T., Pakala, S., Wilfong, EM, Gianella, S., Phillips, EJ, Harrison, DG, Hinton, A., Kalams, SA, Kirabo, A., Mallal, SA, Koethe, JR, e Wanjalla, CN (2025). CD3+ T-cell: CD14+ monocyte complexes are dynamic and increased with HIV and glucose intolerance. The Journal of Immunology, 214(3), 516-531. https://doi.org/10.1093/jimmun/vkae054
Park, K-H., Shin, D-G., e Cho, K-H. (2014). Dysfunctional lipoproteins from young smokers exacerbate cellular senescence and atherogenesis with smaller particle size and severe oxidation and glycation. Toxicological Sciences, 140(1), 16-25. https://doi.org/10.1093/toxsci/kfu076
Pereira, ÍI, Muto, AKTM, Dias, RFG, Menezes Filho, HR, Fernandes, EV, Gouvêa-e-Silva, LF, e Cardoso, LPV (2024). Impact of metabolic syndrome and cardiovascular risk on the quality of life of people living with HIV. Current HIV Research, 22(3),170-180. https://doi.org/10.2174/011570162X299815240507070904
Petoumenos, K., Worm, S., Reiss, P., Wit, S., d'Arminio Monforte, A., Sabin, C., Friis-Møller, N., Weber, R., Mercie, P., Pradier, C., El-Sadr, W., Kirk, O., Lundgren, J., Law, M., e D.A.D. Study Group. (2011). Rates of cardiovascular disease following smoking cessation in patients with HIV infection: results from the D:A:D study. HIV Medicine, 12(7), 412-421. https://doi.org/10.1111/j.1468-1293.2010.00901.x
Phan, V., Thai, S., Choun, K., Lynen, L., van Griensven, J., e Maartens, G. (2012). Incidence of treatment-limiting toxicity with stavudine-based antiretroviral therapy in Cambodia: A retrospective cohort study. PLoS One, 7(1), e30647. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0030647
Ray, G.M. (2009). Antiretroviral and statin drug-drug interactions. Cardiology in Review, 17(1), 44-47. https://doi.org/10.1097/crd.0b013e3181903b7f
Rodrigues, D.D.A., e Toigo, A.M. (2015). Efeitos de diferentes tipos de exercício físico em portadores de HIV/Aids com lipodistrofia. Revista de Atenção à Saúde, 13(43), 73-78. https://doi.org/10.13037/rbcs.vol13n43.2627
Sacilotto, L.B., Papini, S.J., Mendes, A.L., Gatto, M., Pereira, P.C.M., Corrente, J.E., e da Silva, J.F. (2021). Relationship between lipodystrophy, body composition, metabolic profile, and serum levels of adipocytokines. Frontiers in Nutrition, 8, e750721. https://doi.org/10.3389/fnut.2021.750721
Scherzer, R., Heymsfield, SB, Lee, D., Powderly, WG, Tien, PC, Bacchetti, P., Shlipak, MG, e Grunfeld, C. (2011). Decreased limb muscle and increased central adiposity are associated with 5 year all cause mortality in HIV infection. AIDS, 25,1405-1414. https://doi.org/10.1097/qad.0b013e32834884e6
Segatto, AFM, Freitas Junior IF, Santos, VR, Alves, KCP, Barbosa DA, Portelinha Filho, AM, e Monteiro, HL (2011). Lipodystrophy in HIV/AIDS patients with different levels of physical activity while on antiretroviral therapy. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 44(4), 420-424. https://doi.org/10.1590/s0037-86822011000400004
Sekizkardes, H., Chung, ST, Chacko, S., Haymond, MW, Startzell, M., Walter, M., Walter, PJ, Lightbourne, M., e Brown, RJ (2020). Free fatty acid processing diverges in human pathologic insulin resistance conditions. The Journal of Clinical Investigation, 130(7), 3592-3602. https://www.jci.org/articles/view/135431
Silva, K.S.C., Duprat, I.P., Dórea, S.A., Melo, G.C., e Macêdo, A.C. (2020). Emergência cardiológica: principais fatores de risco para infarto agudo do miocárdio. Brazilian Journal of Health Review, 3(4), 11252-11263. https://doi.org/10.34119/bjhrv3n4-372
Sonaglio, E.P., Pedro, F.L., Silva, Q.H., e Kirsten, V.R. (2011). Síndrome da lipodistrofia em crianças e adolescentes com HIV/Aids em uso de terapia antirretroviral. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul, 55(3), 224-228.
Spinler, S.A. (2006). Challenges associated with metabolic syndrome. Pharmacotherapy, 26(12 Pt 2), 209S-217S. https://doi.org/10.1592/phco.26.12part2.209s
Sun, A., e Ren, J. (2012). Estrogen replacement therapy and cardiac function under metabolic syndrome: a treacherous art. Hypertension, 59(3), 552-554. https://doi.org/10.1161/hypertensionaha.111.186817
Teixeira, MEF, Vitorino, PVO, Amodeo, C., Martinez, T., Brandão, AA, Barbosa, ECD, Feitosa, ADM, Souza, ALL, Jardim, PCBV, e Barroso, WKS (2021). Fatores de risco cardiovascular em cardiologistas especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 116(4), 774-781. https://doi.org/10.36660/abc.20200125
Trevillyan, J.M., Cheng, A.C., e Hoy, J. (2013). Abacavir exposure and cardiovascular risk factors in HIV-positive patients with coronary heart disease: a retrospective case-control study. Sexual Health, 10(2), 97-101. https://doi.org/10.1071/sh12081
Unaids (2024). Global HIV & AIDS statistics - Fact sheet. https://www.unaids.org/en/resources/fact-sheet
Watanabe, B.T., Araujo, I.B., Menezes Filho, H.R., Oliveira, D.M., Fernandes, E.V., e Gouvêa-e-Silva, L.F. (2022). Health condition of HIV patients: evaluation of metabolic syndrome and cardiovascular risk. Journal of Health Sciences, 24(4), 277-282. https://doi.org/10.17921/2447-8938.2022v24n4p277-282
Whisman, M.A., Uebelacker, L.A., e Settles, T.D. (2010). Marital distress and the metabolic syndrome: Linking social functioning with physical health. Journal of Family Psychology, 24(3), 367-370. https://doi.org/10.1037/a0019547
WHO (2023). Obesity: preventing and managing the global epidemic report of a WHO consultation on obesity. World Health Organization.
Yanai, H., Tomono, Y., Ito, K., Furutani, N., Yoshida, H., Tada, N. (2008). The underlying mechanisms for development of hypertension in the metabolic syndrome. Nutrition Journal, 7(1), e10. https://doi.org/10.1186/1475-2891-7-10
Zanuzzi, M.G., Cattaneo, M.J., López, S.M., Pérez Maure, M.L.A., Romero, C.A. (2020). Hipertensión y síndrome metabólico en pacientes con virus de la inmunodeficiencia-humana. Medicina (Buenos Aires), 8(5), 453-461. https://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0025-76802020000700453
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 329, Oct. (2025)