ISSN 1514-3465
Efeitos da prática de MuayThai nas capacidades
físicas e aspectos comportamentais de mulheres
Effects of Practicing MuayThai on the Physical Capabilities and Behavioral Aspects of Women
Efectos de la práctica del MuayThai en las capacidades físicas y aspectos comportamentales de mujeres
Anna Victoria Almeida Viana Campello
*anna.campello@upe.br
Maria Clara Alves de Souza
**clara.alvess@upe.br
Jullyana Myllena Santos Brito de Sá
***jullyana.myllena@upe.br
Heloisa Kawany de Souza Gomes
+heloisa.kawany@upe.br
Yuri Coelho de Moura Teixeira
++yuri.moura@upe.br
Davy Clementino de Vasconcelos
+++davy.vasconcelos@upe.br
Emanuelle Francine Detogni Schmit
++++emanuelle.schmit@upe.br
*Graduanda em Fisioterapia
pela Universidade de Pernambuco
**Graduanda em Fisioterapia pela UPE campus Petrolina
Integrante do Grupo de Pesquisa e Estudo
do Desenvolvimento Infantojuvenil (GRUPEDI)
Pesquisadora do Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RBPC)
***Graduanda em Fisioterapia pela UPE Campus Petrolina
Técnica em Edificações pelo Instituto Federal do Sertão Pernambucano
(IF Sertão Campus Santa Maria da Boa Vista)
Membro do Grupo de Estudos em Sexualidade Feminina (GESFe)
Integra o Grupo de Estudos em Oncologia (GEONCO)
+Graduanda em Fisioterapia pela UPE - Campus Petrolina
Técnica em Edificações pelo Instituto Federal do Sertão Pernambucano
(IF Sertão - Campus Santa Maria da Boa Vista)
Integra o projeto PRÓ ATLETA UPE
e o projeto de extensão Viva Pilates na UPE
Membro do GEFESPI (Grupo de Estudos em Fisioterapia Esportiva Intergeracional)
e do GESFe (Grupo de Estudos em Sexualidade Feminina)
++Graduando em Fisioterapia pela UPE - Campus Petrolina
Bolsista do Programa PET-Saúde: Equidade
Integra o Grupo de Estudos em Fisioterapia Esportiva Intergeracional (GEFESPI)
+++Graduando em Fisioterapia pela UPE - Campus Petrolina
Monitor bolsista no PET-Saúde: Informação e Saúde Digital
++++Professora Adjunta do Colegiado de Fisioterapia da UPE - campus Petrolina
Presidente do Núcleo Docente Estruturante (NDE)
Bacharela em Fisioterapia (UFPB)
Pós-graduada em Reeducação Postural Global e Pilates
e em Fisioterapia Dermatofuncional
Mestre e Doutora em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Integra o Laboratório de Biomecânica e Atividade Funcional Humana (LABIAFH)
e coordena o Laboratório de Fisioterapia 1 (UPE, campus Petrolina)
(Brasil)
Recepción: 18/03/2025 - Aceptación: 09/08/2025
1ª Revisión: 24/07/2025 - 2ª Revisión: 04/08/2025
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
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Cita sugerida
: Campello, AVAV, Souza, MCA, Sá, JSMV, Gomes, HKS, Teixeira, YCM, Vasconcelos, DC, e Schmit, EFD (2025). Efeitos da prática de MuayThai nas capacidades físicas e aspectos comportamentais de mulheres. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(329), 95-109. https://doi.org/10.46642/efd.v30i329.8180
Resumo
Introdução: O MuayThai é um esporte de luta que envolve movimentos do corpo, técnicas de concentração e filosofias próprias, ainda pouco praticado por mulheres. Objetivo: Verificar os efeitos da prática de MuayThai nas capacidades físicas e aspectos comportamentais em mulheres. Métodos: Estudo quase-experimental, caracterizado por intervenção com MuayThai em grupo de mulheres adultas saudáveis. Foram avaliadas a resistência muscular abdominal (máximo de repetições em um minuto), a flexibilidade da cadeia muscular posterior (teste de sentar e alcançar), a imagem corporal (Escala de Imagem Corporal) e os comportamentos e fatores de risco associados ao surgimento de dores (questionário BackPEI-A). Realizada análise estatística descritiva e inferencial (testes t e Qui-quadrado de amostra emparelhadas, teste de McNemar, p<0,05). Resultados: A amostra foi composta por nove mulheres (idade=21,6±1,67 anos; massa corporal=66,4±15,1 kg; estatura=1,64±0,06 m). Houve diferença significativa na resistência muscular abdominal relacionada aos valores escalares (t (8) =-3,615, p=0,007, d de Cohen=0,042) e classificatórios (χ2(9) =17,100, p=0,047; V de Cramer=0,796). Não houve diferença significativa para a flexibilidade da cadeia muscular posterior ((t (8) =1,523, p=0,166, d de Cohen=-0,39); (χ2(9) =6,750, p=0,345; V de Cramer=0,612)). Acerca dos fatores de risco que predispõem o surgimento de dores foi observada uma piora (t (8) =1,414, p=0,195, d de Cohen=-0,48). Conclusão: A prática de MuayThai, realizada com frequência de duas vezes semanais, pelo período aproximado de dois meses, foi capaz de surtir efeito significativo na melhora da resistência muscular abdominal. Contudo, em demais variáveis relacionadas a capacidades físicas e aspectos comportamentais, não apresentou contribuições.
Uniteros
: Mulheres. Artes marciais. Aparência física.
Abstract
Introduction: MuayThai is a combat sport that involves body movements, concentration techniques and its own philosophies, and is still rarely practiced by women. Objective: To verify the effects of MuayThai practice on physical abilities and behavioral aspects in women. Methods: Quasi-experimental study, characterized by intervention with MuayThai in a group of healthy adult women. Abdominal muscle endurance (maximum repetitions in one minute), flexibility of the posterior muscle chain (sit and reach test), body image (Body Image Scale) and behaviors and risk factors associated with the onset of pain (BackPEI-A questionnaire) were evaluated. Descriptive statistical analysis and inferential statistical analysis (t-test and paired sample chi-square test, McNemar test, p<0.05) were performed. Results: The sample consisted of nine women (age=21.6±1.67 years; body mass=66.4±15.1 kg; height=1.64±0.06 m). There was a significant difference in abdominal muscle resistance related to scalar (t(8)=-3.615, p=0.007, Cohen's d=0.042) and classificatory values (χ2(9)=17.100, p=0.047; Cramer's V=0.796). There was no significant difference for the flexibility of the posterior muscle chain ((t (8) =1.523, p=0.166, Cohen's d=-0.39); (χ2(9)=6.750, p=0.345; Cramer's V=0.612)). Regarding the risk factors that predispose to the onset of pain, a worsening was observed (t (8)=1.414, p=0.195, Cohen's d=-0.48). Conclusion: The practice of MuayThai, performed twice a week for approximately two months, was able to have a significant effect on improving abdominal muscle resistance. However, in other variables related to physical capacities and behavioral aspects, it did not present contributions.
Keywords
: Women. Martial arts. Physical appearance.
Resumen
Introducción: El MuayThai es un deporte de combate que involucra movimientos corporales, técnicas de concentración y filosofías propias, aún poco practicado por mujeres. Objetivo: Verificar los efectos de la práctica del MuayThai sobre las capacidades físicas y aspectos comportamentales en mujeres. Métodos: Estudio cuasi-experimental, caracterizado por una intervención con MuayThai en un grupo de mujeres adultas sanas. Se evaluó la resistencia muscular abdominal (máximas repeticiones en un minuto), la flexibilidad de la cadena muscular posterior (test de sentarse y alcanzar), la imagen corporal (Body Image Scale) y los comportamientos y factores de riesgo asociados a la aparición del dolor (cuestionario BackPEI-A). Se realizó análisis estadístico descriptivo e inferencial (prueba t y prueba de chi-cuadrado para muestras pareadas, prueba de McNemar, p<0,05). Resultados: La muestra estuvo compuesta por nueve mujeres (edad=21,6±1,67 años; masa corporal=66,4±15,1 kg; altura=1,64±0,06 m). Hubo una diferencia significativa en la resistencia muscular abdominal relacionada con los valores escalares (t(8)=-3,615, p=0,007, d de Cohen=0,042) y los valores clasificatorios (χ2(9)=17,100, p=0,047; V de Cramer=0,796). No hubo diferencia significativa para la flexibilidad de la cadena muscular posterior ((t(8)=1,523, p=0,166, d de Cohen=-0,39); (χ2(9)=6,750, p=0,345; V de Cramer=0,612)). En cuanto a los factores de riesgo que predisponen a la aparición del dolor, se observó un empeoramiento (t(8)=1,414, p=0,195, d de Cohen=-0,48). Conclusión: La práctica de MuayThai, realizada dos veces por semana durante aproximadamente dos meses, mejoró significativamente la resistencia muscular abdominal. Sin embargo, no mejoró significativamente otras variables relacionadas con la capacidad física y los aspectos conductuales.
Palabras clave
: Mujeres. Artes marciales. Apariencia física.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 329, Oct. (2025)
Introdução
As artes marciais encontram-se entre as modalidades de exercícios físicos que envolvem movimentos do corpo, técnicas de concentração e filosofias próprias. Dentre os potenciais benefícios associados à prática estão alterações na composição corporal, aumento de controle do equilíbrio, aptidão cardiorrespiratória, força e resistência muscular, potência aeróbica, flexibilidade, agilidade, mobilidade e qualidade de vida. (Rapkiewicz et al., 2018; Rios et al., 2018; Croom, 2022; Sun et al., 2024)
O MuayThai é um esporte de luta caracterizado por movimentos que englobam os membros inferiores e superiores, e normalmente disputas por rounds de três a cinco minutos (Turner, 2009), o que sujeita ao praticante uma boa resistência muscular e cardiorrespiratória além de capacidades diversas (Sun et al., 2024). No entanto, os adeptos são na maioria das vezes homens, afirmativa evidenciada pela proporção de participantes em pesquisas envolvendo a modalidade. Em um estudo com 195 participantes, apenas 14,1% eram mulheres (Strotmeyer et al., 2016), em outro estudo publicado no Clinical Journal of Sport Medicine houve apenas 11% de participantes mulheres (Gartland et al., 2005). Uma das justificativas para a baixa representação feminina, pode se dar pela perspectiva de ainda ser considerado um esporte que requer força para realizar movimentos intensos.
Nesse sentido, são diversos os desafios enfrentados por mulheres praticantes de lutas, e mesmo em meio ao combate do preconceito de gênero e discriminação na luta (dentro e fora dos tatames), ainda há pressões causadas por sobrecargas externas, referentes aos diversos papéis que a mulher exerce na sociedade. (Mocarzel, 2021)
Outras perspectivas para realizar o MuayThai tratam da sua importância para a socialização e estabelecimento de rede de apoio e defesa pessoal das mulheres. Segundo dados da Secretaria de Defesa Social do estado de Pernambuco (SDS-PE), o número de registros de casos de violência contra a mulher em Petrolina, município do sertão, cresceu cerca de 109% nos últimos dez anos. Tal indicador serve tanto de alerta quanto de fator motivacional para o desenvolvimento de projetos com olhar voltado especificamente para este público.
No entanto, carece na literatura científica investigações acerca dos efeitos do MuayThai nas capacidades físicas e comportamentais de mulheres. Por isso, o conhecimento sobre os benefícios da prática de artes marciais é de extrema necessidade, para desmistificar padrões sociais e para que a presença da mulher nessas práticas seja cada vez mais incentivada e abordada. Logo, entende-se como pertinente investigar essa população e temática.
Com base no exposto, o problema de pesquisa deste estudo se estabeleceu como: Quais são os efeitos da prática de MuayThai nas capacidades físicas e aspectos comportamentais em mulheres? Tendo como hipótese que a prática do MuayThai é capaz de promover efeitos positivos nas variáveis de estudo. E, o objetivo geral foi verificar os efeitos da prática de MuayThai nas capacidades físicas e aspectos comportamentais em mulheres, mais especificamente, no que tange a resistência muscular abdominal, a imagem corporal, a flexibilidade da cadeia muscular posterior e a exposição a fatores de risco para o surgimento de dores nas costas.
Métodos
Estudo de delineamento quase-experimental, caracterizado por programa de intervenção com MuayThai pelo período aproximado de três meses, com apenas um grupo submetido a três avaliações, sendo elas avaliação 1 (antes de iniciar a intervenção), avaliação 2 (após metade do período de intervenção) e avaliação 3 (ao finalizar a intervenção). Foram respeitados todos os preceitos éticos para realização de estudos com seres humanos (Resolução 466/12 CNS e declaração de Helsinki) (World Medical Association, 2025), sendo somente iniciadas as atividades após apreciação favorável do projeto (CAAE: 77630624.1.0000.5191, nº 6.832.527), e obtenção do consentimento das participantes por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A população do estudo consistiu em mulheres adultas saudáveis com vínculo no projeto de extensão Mulheres na Luta, desenvolvido na Universidade de Pernambuco, Campus Petrolina. A amostra foi obtida por conveniência e de forma voluntária, considerando cálculo do tamanho amostral pela fórmula desenvolvida por Santos et al., (2007) com base dados de medida de tendência central (média) e de dispersão (desvio-padrão) publicados previamente por Rapkiewicz et al. (2018), e um valor de alfa de 0,05. O tamanho da amostra calculada foi de 08 (oito), e, considerando possíveis perdas amostrais (20%), totalizou 10.
O convite para a participação se deu por abordagem direta pessoal e por redes sociais. Foram adotados como critérios de inclusão, verificados por meio de anamnese, não ter contraindicações médicas para prática de exercícios (doenças cardiovasculares, osteomioarticulares e neurológicas), não ter contato prévio com o MuayThai, e não ter tido parto ou gestação nos últimos seis meses. E, como critérios de exclusão, casos de gravidez ou aparecimento de alguma das contraindicações anteriormente citadas e assiduidade ao projeto de extensão: mais de duas faltas consecutivas e/ou três faltas esporádicas (espaçadas).
As avaliações foram realizadas nas dependências do Laboratório de Fisioterapia I e os treinos foram conduzidos por instrutores capacitados pela Thai Combat da equipe Ragnarok, com frequência de duas vezes semanais e duração de 50 minutos, na Quadra Poliesportiva da Universidade de Pernambuco - Campus Petrolina.
A estatura foi aferida por meio de fita métrica fixa a uma parede, onde a participante foi posicionada de costas com os pés unidos, sendo orientada a direção do olhar na linha do horizonte, e, além disso, aferida a massa corporal por meio de uma balança digital. Para avaliação da flexibilidade da musculatura da cadeia posterior, foi usado como instrumento o Banco de Wells, por meio do teste de sentar e alcançar. Para realização desse teste, a participante sentou sobre um tatame emborrachado com as pernas plenamente estendidas e plantas dos pés contra a caixa usada para a realização do teste, flexionando o tronco sobre o quadril, e, projetar-se para frente até onde fosse possível, deslizando os dedos ao longo da fita métrica milimetrada sobre a caixa utilizada. Foi realizado três vezes este procedimento, sendo considerada a maior distância atingida, interpretada conforme estabelecido pela Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF) (1986).
Para avaliação da resistência muscular abdominal foi aplicado o teste de resistência abdominal de um minuto. O movimento iniciou com a participante na posição deitada, em decúbito dorsal sobre um colchonete, com os joelhos flexionados, os braços cruzados em frente ao peito, pés apoiados pelo avaliador, sendo solicitada a flexão completa do tronco e cotovelos tocando os joelhos, para considerar uma repetição. Foi estimulada a realização da maior quantidade de repetições no período proposto e registrado o número final (Barbanti, 1979). A interpretação do desempenho teve como base a tabela de interpretação de testes em avaliação muscular localizada. (Pollock, e Wilmore, 1993)
No que diz respeito a imagem corporal, foi aplicada a Escala de Imagem Corporal, onde foi solicitado que a participante identificasse a imagem que mais representava seu corpo no momento da avaliação e qual imagem representa o corpo que gostaria de ter. A interpretação foi dada pela discrepância entre as duas classificações, a qual representa uma medida da insatisfação com o corpo. (Souza et al., 2017)
Acerca dos hábitos posturais e dor no pescoço e dor nas costas, estes foram avaliados através do questionário BackPEI-A (Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Adults - Instrumento de Avaliação Postural e Dor nas Costas para Adultos), o qual consiste em 23 questões (Candotti et al., 2018; 2023). O instrumento tem um sistema de pontuação, onde o máximo de pontos é 10, quanto mais alta a pontuação obtida menor a exposição aos fatores de risco de dor. (Candotti et al., 2023)
A intervenção realizada foi atrelada ao projeto de extensão Mulheres na Luta, o qual funciona com oferta para turmas de forma semestral e prática em dois dias da semana com duração de 50 minutos cada, sob a supervisão das professoras responsáveis e condução dos treinos por instrutores capacitados da Thai Combat e equipe Ragnarock. O período de treinos da oferta relacionada ao projeto de pesquisa atrelado ao presente estudo ficou compreendido entre 18 de setembro e 08 de dezembro de 2024, totalizando 24 treinos.
O protocolo de treinamento foi composto por aquecimento e desaquecimento com exercícios globais combinando mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e equilíbrio. Nos primeiros três treinos, após o contato inicial com a modalidade, foram introduzidos os conceitos básicos de guarda e base para canhotas e destras, com ênfase no aprendizado dos gestuais de membros superiores, denominados “golpes de linha”, combinando progressivamente com movimentos de membros inferiores (joelhadas, chutes frontais e circulares de esquerda e de direita) executados primeiro no ar e depois nos materiais específicos em formato de duplas ou trios.
A partir do quarto treino, as combinações de movimentos passam a ser maiores, envolvendo movimentos simultâneos de membros superiores e inferiores. Do 7º ao 10º treino, foram apresentados os movimentos de cotoveladas e transpasse de base, e a fim de evoluir na técnica, os treinos passam a mesclar todo o conhecimento, e aprimoração do gestual.
A análise estatística Field foi realizada no software SPSS (v. 20.0) conforme as recomendações de Field (2013). As variáveis foram analisadas por meio de estatística descritiva (distribuição de frequências, média, desvio padrão, mínimo e máximo) e inferencial. O teste de Shapiro-Wilk foi realizado para avaliar a normalidade dos dados escalares.
A fim de comparar o efeito do MuayThai relacionado ao fator tempo (momentos avaliativos), foram realizados testes t de amostra em pares para as variáveis escalares, tendo em vista a distribuição normal dos dados, e calculado o tamanho de efeito utilizando a estatística d de Cohen (valores < 0,2 indicam um efeito pequeno, ≥ 0,2 e < 0,5 indicam um efeito médio e ≥ 0,5 indicam um efeito grande). Já, para análise das variáveis categóricas, foram realizados testes Qui-quadrado para amostras emparelhadas em caso de mais de duas categorias, e calculado o tamanho de efeito utilizando a estatística V de Cramer (valores ≤ 0,1 indicam um efeito pequeno, > 0,1 e ≤ 0,4 indicam um efeito médio e > 0,4 ou mais indicam um efeito grande). E, para variáveis categóricas com apenas duas categorias, foi aplicado o teste de McNemar calculado seu tamanho de efeito. O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%.
Resultados
A amostra foi composta por nove mulheres (idade=21,6±1,67 anos; massa corporal=66,4±15,1 kg; estatura=1,64±0,06 m). No que diz respeito a adesão e frequência a intervenção, apenas cumpriram pelo período relacionado a 12 treinos. Diante do cenário exposto, somente foi possível realizar as avaliações 1 e 2, uma vez que não houve adesão e continuidade para realização da avaliação 3.
No que tange a resistência muscular abdominal, houve diferença estatisticamente significativa, relacionada aos valores escalares (dados brutos em centímetros) (t(8)=-3,615, p=0,007, d de Cohen=0,042) ao comparar a avaliação 1 (20,56±7,23 repetições; mínimo=13 repetições; máximo=32 repetições) e avaliação 2 (22,89±7,51 repetições; mínimo=15 repetições; máximo=35 repetições), assim como para informações classificatórias (categorias) (χ2(9)=17,100, p=0,047; V de Cramer=0,796) (Tabela 1). Acerca da imagem corporal, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (χ2(0) =1,000, p=1,000, d=0,000) (Tabela 2).
Tabela 1. Resultados da intervenção com MuayThai na categorização da resistência muscular abdominal
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Classificação |
Avaliação 1 (n=9) |
Avaliação 2 (n=9) |
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Excelente |
0 |
0 |
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Acima da média |
1 |
1 |
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Média |
1 |
2 |
|
Abaixo da média |
2 |
2 |
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Ruim |
5 |
4 |
Nota: houve diferença estatisticamente significativa na comparação entre as avaliações (χ2(9) =17,100, p=0,047; V de Cramer=0,796). Fonte: Elaboração própria
Tabela 2. Resultados da intervenção com MuayThai na categorização da imagem corporal
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Classificação |
Avaliação 1 (n=9) |
Avaliação 2 (n=9) |
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Silhueta do corpo atual é menor do que a silhueta desejada |
1 |
1 |
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Não alterada |
1 |
1 |
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Silhueta do corpo atual é maior do que a silhueta desejada |
7 |
7 |
Fonte: Elaboração própria
Não houve diferença significativa para a flexibilidade da cadeia muscular posterior relacionada aos valores escalares (dados brutos em centímetros) (t(8)=1,523, p=0,166, d de Cohen=-0,39) ao comparar a avaliação 1 (28,1±8,36 cm; mínimo=17 cm; máximo=38 cm) e avaliação 2 (25,33±7,33 cm; mínimo= 16 cm; máximo= 37 cm), nem para informações classificatórias (categorias) (χ2(9)=6,750, p=0,345; V de Cramer=0,612) (Tabela 3).
Tabela 3. Resultados da intervenção com MuayThai na categorização da flexibilidade
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Classificação |
Avaliação 1 (n=9) |
Avaliação 2 (n=9) |
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Excelente |
0 |
0 |
|
Acima da média |
2 |
1 |
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Média |
1 |
0 |
|
Abaixo da média |
2 |
4 |
|
Ruim |
4 |
4 |
Fonte: Elaboração própria
Acerca dos fatores de risco que predispõem o surgimento de dores no pescoço e nas costas foi observada uma piora (score BACKPEI-A pré-intervenção=4,00±1,41, mínimo=2, máximo=6; score BACKPEI-A pós-intervenção= 3,33±1,66, mínimo=2, máximo=6) (t (8) =1,414, p=0,195, d de Cohen=-0,48).
Discussão
O efeito do treinamento apresentou-se significativo quanto a resistência abdominal, que elucida e reforça os benefícios da prática do MuayThai por mulheres quanto a essa capacidade física. Corroborando com os achados prévios obtidos por Rapkiewicz et al. (2018), os quais observaram melhora após treze semanas, realizadas com frequência tanto de duas quanto de três vezes semanais. Somado a isso, é importante salientar que o treinamento isométrico e dinâmico do core aumenta a força durante os treinos de MuayThai. (Luo et al., 2022)
Referente a flexibilidade da cadeia posterior, nossos achados não apresentaram significância, apontando para necessidade de condução de mais estudos, levando em consideração a pequena amostra e período curto de intervenção. Ademais, a intencionalidade dos treinos voltada para o ganho de resistência também é um fator que pode ter influenciado na quantidade insuficiente de alongamentos, influenciado na diminuição da flexibilidade (Nóbrega et al., 2005). Para além desse fator, é válido considerar que pode ter acontecido de, no dia da avaliação, as participantes estarem com dor muscular tardia acarretado pelo estresse muscular do exercício, fator esse que interfere na flexibilidade muscular. (Patel et al., 2019)
Ainda que as participantes tenham obtido ganho de resistência abdominal significativo, não foram observadas modificações na percepção de imagem corporal, que pode estar atrelado ao fato de talvez o treinamento não ter ocasionado alterações de massa corporal e medidas, tendo em vista que para isso é recomendado associar uma dieta de déficit ou superávit calórico (Ghannadiasl et al., 2020). Rapkiewicz et al. (2018), não observaram melhora após 26 e nem após 39 treinos na composição corporal, indo ao encontro da repercussão dos nossos achados, apesar de tal variável não ter sido investigada em nosso estudo. Além disso, a frequência reduzida dos treinos em nosso estudo, limitada a apenas dois dias por semana, pode ter influenciado no resultado observado, uma vez que uma prática esportiva mais frequente está associada a uma imagem corporal mais positiva. (Pop, e Pop, 2017)
Ademais a análise presente dos fatores de risco para dor indica um leve declínio na pontuação do escore BackPEI-A, acompanhado por um efeito médio, de modo que sugere um impacto adverso moderado nos fatores de risco para a dor. Esse achado suscita reflexões relacionadas à múltiplos fatores determinantes envolvidos abrangendo tanto variáveis intrínsecas e extrínsecas às participantes do estudo.
Embora a prática do MuayThai possua benefícios amplamente documentados para o aprimoramento das capacidades físicas, a interferência de fatores externos, como a falta de progressão adequada em aspectos posturais no cotidiano podem ter influenciado os desfechos observados. Pesquisas conduzidas em diferentes regiões do mundo mostram que as taxas de prevalência de comportamentos de risco à saúde em estudantes universitários são, às vezes, maiores do que aquelas encontradas em populações não universitárias (Guedes et al., 2024). A literatura corrobora a hipótese de que a exposição prolongada a posturas inadequadas, especialmente em decorrência do uso excessivo de dispositivos eletrônicos (computador e celular), apresenta correlação significativa com o aumento dos índices de dor musculoesquelética em estudantes. (Oliveira et al., 2020)
Considerando que o presente estudo não realizou um monitoramento dos hábitos posturais extrínsecos à intervenção, torna-se impraticável inferir que a prática do MuayThai tenha sido o único vetor determinante para a piora dos escores do BackPEI-A. Vale-se destacar que, no início do programa de treinamento, as participantes encontravam-se no início do semestre acadêmico, período em que a carga de estudos e trabalho tende a ser mais equilibrada. No entanto, à medida que o semestre progrediu, especialmente em sua fase final, as exigências acadêmicas e profissionais se intensificaram, levando a um aumento significativo do tempo despendido em posturas sedentárias, como longas horas sentadas estudando ou trabalhando.
Estudantes universitários com altas demandas cognitivas, alto estresse psicológico autorrelatado e alto tempo de sedentarismo semanal, podem constituir um grupo de risco na prevenção de cuidados primários de saúde, que pode se beneficiar de intervenções de exercícios tanto no curto quanto no longo prazo. (Nóbrega, Paula, e Carvalho, 2005)
Sob essa perspectiva, tal modificação no padrão de comportamento diário de ter exercido influência na piora dos escores do BackPEI-A, refletindo um aumento na exposição a fatores de risco posturais. Adicionalmente, as participantes relataram um aumento no tempo de sono ao longo do estudo, chegando a ultrapassar 10 horas diárias. Embora o sono adequado seja essencial para a recuperação muscular e o bem-estar geral, períodos excessivos de inatividade podem contribuir para o comprometimento postural, possivelmente predispondo à dor. (Allouch et al., 2023)
Outrossim, durante o curso dos treinos, foi percebido que algumas participantes apresentavam dificuldades em ir até o local de treinamento, o que impactou diretamente na adesão do mesmo. A quantidade de mulheres praticantes de atividade física conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde diminuiu 0,81 pessoas por ano no período de 2013 a 2023 (Vigitel, 2023). Esse fator pode se dar por questões demográficas, como idade, número de filhos, estado civil, escolaridade, renda e situacionais como moradia, emprego, turno de trabalho e entre outros (Sosa, Sethares, e Chin, 2021). Durante os treinos, foi relatado pelas participantes que a necessidade de deslocamento até a Universidade por vezes tornou-se uma barreira para a frequência dos treinos, logo, supõe que a possibilidade da oferta de treinos em localidade próximo de suas residências, poderia aumentar a adesão à atividade. Essa manifestação comportamental ocorre pela proximidade do local de prática de atividades físicas que pode influenciar diretamente a adesão, especialmente entre mulheres, que tendem a valorizar alternativas próximas devido a restrições de tempo e acessibilidade (Gil Solá, e Vilhelmson, 2022). Como um dos fatores limitantes da pesquisa que podem ter acarretado a baixa adesão, é o perfil da amostra escolhida. Mulheres sedentárias e que não possuíam anteriormente vínculo com a modalidade podem ter maiores dificuldades em aderir um programa de treinamento duas vezes na semana. No que tange a coleta de dados, ainda que sejam realizadas capacitações aos pesquisadores na tentativa de minimizar eventuais falhas no processo, é válido ressaltar que pode haver em alguma das etapas de avaliação e reavaliação o viés do avaliador (os avaliadores também participaram de atividades relacionadas a intervenção, contribuindo com a condução dos aquecimentos e desaquecimentos). Um dos pontos fortes do presente estudo reside na credibilidade dos instrumentos de avaliação utilizados, os quais possuem validação científica e são amplamente empregados em pesquisas relacionadas à saúde. (CSTF, 1986; Pollock, e Wilmore, 1993; Souza et al., 2017; Candotti et al., 2023)
Devido a participação recente das mulheres em modalidades esportivas de luta, ainda existe uma baixa quantidade de estudos voltados a essa população e suas peculiaridades no cenário biopsicossocial. A fim de dirimir esta lacuna e incentivar a pesquisa voltada a mulher e sua complexidade no esporte, esperamos que esse estudo seja esclarecedor e indique os benefícios da prática entre mulheres, sendo ainda necessário estudo complementares explorando demais variáveis, por mais tempo e com maior número de participantes.
Conclusão
A prática de MuayThai, realizada com frequência de duas vezes semanais, pelo período aproximado de dois meses, foi capaz de surtir efeito significativo na melhora da resistência muscular abdominal. Contudo, em demais variáveis relacionadas a capacidades físicas (flexibilidade da cadeia muscular posterior) e aspectos comportamentais (imagem corporal e exposição a fatores de risco para o surgimento de dores nas costas), não apresentou contribuições.
Referências
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