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ISSN 1514-3465

 

O exercício físico combinado e a rigidez arterial em 

indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Revisão sistemática

Combined Physical Exercise and Arterial Stiffness in Hypertensive 

and Pre-Hypertensive Individuals. A Systematic Review

Ejercicio físico combinado y rigidez arterial en personas 

hipertensas y prehipertensas. Revisión sistemática

 

Marckson da Silva Paula*

profmarckson@gmail.com

Rodrigo Gomes de Souza Vale**

rodrigogsvale@gmail.com

Jani Cléria Pereira Bezerra+

j.cleria@gmail.com

Estélio Henrique Martin Dantas++

estelio.dantas@unirio.br

 

*Pós-graduado em treinamento desportivo

e fisiologia do exercício

Universidade Castelo Branco (UCB)

**Doutor em Ciências da Saúde

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

+Doutora em Enfermagem e Biociências

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutora em Medicina do Esporte

Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción

Doutora em Saúde Pública

Universidad Internacional Tres Fronteras

++Doutor em Educação Física

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

(Brasil)

 

Recepción: 02/03/2025 - Aceptación: 01/07/2025

1ª Revisión: 15/05/2025 - 2ª Revisión: 27/06/2025

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Cita sugerida: Paula, M. da S., Vale, R.G. de S., Bezerra, J.C.P., e Dantas, E.H.M. (2025). O exercício físico combinado e a rigidez arterial em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Revisão sistemática. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(327), 247-269. https://doi.org/10.46642/efd.v30i327.8160

 

Resumo

    A rigidez arterial é um importante indicador do envelhecimento vascular, estando associada ao risco de doenças cardiovasculares e à mortalidade. Diversas intervenções têm sido propostas para sua redução, especialmente em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Nos últimos anos, o exercício físico combinado tem sido investigado quanto ao seu impacto sobre esse marcador. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do exercício físico combinado sobre a rigidez arterial em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática, conforme as diretrizes PRISMA, nas bases de dados PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, LILACS e Google Acadêmico. Ao todo, foram identificados 2.675 artigos, dos quais apenas três atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos na análise. A velocidade da onda de pulso (VOP) foi a principal medida utilizada para avaliação da rigidez arterial, estando presente em 66,7% dos estudos. Os resultados indicaram que, em dois dos três estudos (66,7%), o exercício físico combinado não foi eficaz na redução da rigidez arterial em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Diante disso, conclui-se que são necessários novos estudos experimentais com intervenções combinadas de exercícios resistidos e aeróbicos, conduzidos com maior rigor metodológico, a fim de verificar se há, de fato, uma redução significativa da rigidez arterial nesses grupos específicos.

    Unitermos: Hipertensão. Pré-hipertensão. Exercício físico. Rigidez vascular.

 

Abstract

    Arterial stiffness is an important indicator of vascular aging and is associated with the risk of cardiovascular diseases and mortality. Several interventions have been proposed to reduce arterial stiffness, especially in hypertensive and prehypertensive individuals. In recent years, combined physical exercise has been investigated for its impact on this marker. The aim of this study was to evaluate the effects of combined physical exercise on arterial stiffness in hypertensive and prehypertensive individuals. To this end, a systematic review was conducted following the PRISMA guidelines, searching the PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, LILACS, and Google Scholar databases. A total of 2,675 articles were identified, of which only three met the eligibility criteria and were included in the analysis. Pulse wave velocity (PWV) was the primary measure used to assess arterial stiffness, being present in 66.7% of the studies. The results indicated that in two out of the three studies (66.7%), combined physical exercise was not effective in reducing arterial stiffness in hypertensive and prehypertensive individuals. Therefore, it is concluded that further experimental studies involving combined resistance and aerobic exercise interventions, conducted with greater methodological rigor, are needed to verify whether a significant reduction in arterial stiffness can indeed be achieved in these specific groups.

    Keywords: Hypertension. Pre-hypertension. Exercise. Vascular stiffness.

 

Resumo

    La rigidez arterial es un indicador importante del envejecimiento vascular y se asocia con el riesgo de enfermedad cardiovascular y mortalidad. Se han propuesto diversas intervenciones para reducirla, especialmente en personas hipertensas y prehipertensas. En los últimos años, se ha investigado el ejercicio físico combinado por su impacto en este marcador. El objetivo de este estudio fue evaluar los efectos del ejercicio físico combinado sobre la rigidez arterial en personas hipertensas y prehipertensas. Para ello, se realizó una revisión sistemática, de acuerdo con las directrices PRISMA, en las bases de datos PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, LILACS y Google Scholar. Se identificaron 2675 artículos, de los cuales solo tres cumplieron los criterios de elegibilidad y se incluyeron en el análisis. La velocidad de la onda de pulso (VOP) fue la principal medida utilizada para evaluar la rigidez arterial, presente en el 66,7% de los estudios. Los resultados indicaron que, en dos de los tres estudios (66,7%), el ejercicio físico combinado no fue eficaz para reducir la rigidez arterial en personas hipertensas y prehipertensas. Por lo tanto, se concluye que se necesitan más estudios experimentales con intervenciones combinadas de ejercicio de resistencia y aeróbico, realizados con mayor rigor metodológico, para determinar si existe, de hecho, una reducción significativa de la rigidez arterial en estos grupos específicos.

    Palabras clave: Hipertensión. Prehipertensión. Ejercicio físico. Rigidez vascular.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 327, Ago. (2025)


 

Introdução 

 

    A rigidez arterial (RA) é um indicador do envelhecimento vascular e está fortemente associada ao risco de doenças cardiovasculares, bem como à mortalidade. Meta-análises sugerem que a velocidade da onda de pulso (VOP), um método não invasivo para medir a RA, pode ser um bom preditor de risco cardiovascular. Um aumento de 1 m/s na VOP está relacionado a um risco 35-54% maior de eventos como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) (Saz-Lara et al., 2021; Evans et al., 2018). Além disso, a VOP é considerada o principal marcador da RA e está associada à mortalidade por eventos cardiovasculares (Lopes et al., 2020). Embora o teste de VOP seja considerado o padrão-ouro para a medição não invasiva da RA, outras abordagens estão sendo testadas. (Dumor et al., 2018)

 

    Embora diversos fatores contribuam para o aumento da RA, ela também está relacionada à hipertensão arterial sistêmica (HAS). Em um estudo, foi observado que a taxa da VOP aórtica em homens com mais de 60 anos, hipertensos (PA sistólica ≥140 mmHg) ou pré-hipertensos (PA sistólica 120-139 mmHg), foi maior quando comparada à de homens normotensos (PA sistólica <120 mmHg) da mesma faixa etária. No entanto, os valores da VOP em mulheres hipertensas e pré-hipertensas não apresentaram correlação com a pressão arterial, uma vez que essa taxa foi semelhante àquela observada em mulheres normotensas (Pierce, 2017). A avaliação da RA tem se mostrado relevante, pois alterações nesse fator hemodinâmico podem acarretar complicações cardiovasculares, como hipertrofia ventricular esquerda e insuficiência cardíaca. (Namba et al., 2019)

 

    O exercício físico tem se mostrado eficaz na redução da RA, pois aumenta a atividade do óxido nítrico e reduz o estresse oxidativo. Existem diversas intervenções que podem favorecer a diminuição tanto da RA quanto da pressão arterial em indivíduos hipertensos, como os exercícios aeróbicos, resistidos e combinados. (Saz-Lara et al., 2021; Lopes et al., 2020)

 

    O treinamento resistido não reduz a RA, mas é indicado por promover alterações musculoesqueléticas. Já o treinamento aeróbico pode impactar a distensibilidade arterial, o que é atribuído à remodelação arterial, à melhora da função endotelial e a outras alterações importantes nos fatores de circulação sanguínea. O exercício físico combinado tem sido sugerido como uma intervenção eficaz para reduzir a RA, pois promove a combinação dos benefícios de ambos os métodos, tanto para as funções cardiovasculares quanto musculoesqueléticas. (Montero, Vinet, e Roberts, 2015)

 

    Quanto à ordem dos exercícios — seja aeróbico seguido de resistido ou resistido seguido de aeróbico — um estudo indicou que não há alterações significativas na RA, sugerindo que a ordem não seja um fator relevante na prescrição para redução da RA. Esse estudo foi realizado com indivíduos normotensos; no entanto, há uma lacuna de estudos com populações hipertensas ou pré-hipertensas nesse contexto. (Domingues et al., 2020)

 

    Portanto, o objetivo do presente estudo é investigar os efeitos do exercício físico combinado sobre a RA em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos.

 

Metodologia 

 

    A presente revisão sistemática foi conduzida conforme as diretrizes PRISMA (Page et al., 2021) e o Handbook da Cochrane (Higgins et al., 2024). O protocolo de busca foi registrado na plataforma PROSPERO sob o número CRD42024616353.

 

    A questão de pesquisa formulada foi: “O exercício físico combinado pode contribuir para a redução da rigidez arterial (RA) em idosos pré-hipertensos ou hipertensos?”

 

    Para desenvolver uma estratégia de busca de alta sensibilidade, utilizou-se o acrônimo PICO (Santos, Pimenta, e Nobre, 2007), em que: P representa População; I, Intervenção; C, Comparador; e O, Outcomes ou Desfecho. Assim, neste estudo: P: indivíduos hipertensos e/ou pré-hipertensos, de ambos os sexos e quaisquer idades; I: exercício físico combinado, compreendendo treinamento resistido e aeróbico — o treinamento resistido poderia ser realizado em circuito, enquanto o aeróbico deveria ser de intensidade moderada e contínuo; C: grupo controle ou intervenções alternativas para melhorar a rigidez arterial; O: melhora da rigidez arterial, mensurada pela velocidade de onda de pulso (VOP) ou outras medidas de desfecho que mensurem a rigidez ou elasticidade arterial.

 

    As buscas foram realizadas em seis bases de dados: PubMed, Embase, Web of Science, Scopus, LILACS e Google Acadêmico, abrangendo publicações desde as mais antigas até 24 de novembro de 2024. As palavras-chave foram selecionadas após consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e ao Medical Subject Headings (MeSH), incluindo sinônimos relacionados. Os descritores utilizados foram: “hipertensão”, “pré-hipertensão”, “exercício físico” e “rigidez arterial”. Para refinar a estratégia, empregaram-se operadores booleanos, como OR e AND, sem restrições de data ou idioma.

 

    Os critérios de inclusão foram: estudos realizados com hipertensos (≥140/90 mm Hg, segundo Elliott, 2007) e/ou pré-hipertensos (120 a 139 mm Hg, segundo Fernandez, Sander e Giles, 2015) de ambos os sexos, sem restrição de idade; intervenções com treinamento combinado (resistido e aeróbico); desfechos relacionados à melhoria da rigidez arterial, mensurada pela VOP ou outras medidas de desfecho que mensurem a rigidez ou elasticidade arterial; ensaios clínicos randomizados (ECR’s); intervenções que incluíssem grupo controle e/ou outras intervenções alternativas focadas na rigidez arterial. Os critérios de exclusão foram: revisões bibliográficas, artigos de opinião, resumos; estudos longitudinais ou transversais; pesquisas não publicadas em periódicos revisados por pares; estudos sem grupo controle ou intervenções alternativas para rigidez arterial; estudos com animais; artigos restritos e/ou incompletos; intervenções de treinamento resistido e aeróbico isoladas; indivíduos com outras patologias que não hipertensão arterial sistêmica.

 

    Após as buscas, os resultados foram avaliados de forma independente por dois revisores por meio da plataforma Rayyan (Ouzzani et al., 2016), visando a seleção dos estudos para esta revisão sistemática. Os títulos e resumos foram analisados e, caso não houvesse elementos suficientes para exclusão ou inclusão, os estudos foram mantidos para avaliação do texto completo. Posteriormente, os estudos selecionados foram revisados integralmente para confirmação da elegibilidade. Também foram examinadas as referências dos artigos incluídos para identificar estudos elegíveis por meio de busca manual. Eventuais discordâncias entre os revisores quanto à inclusão ou exclusão foram resolvidas por consenso ou, em última instância, pela decisão de um terceiro revisor.

 

    Após a seleção final e o acesso completo aos artigos, a extração de dados foi realizada em dezembro de 2024, abrangendo informações sobre fonte, métodos, intervenções, desfechos, resultados, participantes e outros aspectos relevantes, como conclusões e limitações. Os dados foram analisados e agrupados conforme suas características para facilitar a discussão.

 

    A qualidade metodológica dos estudos selecionados foi avaliada por meio da escala de risco de viés Tool for the Assessment of Study Quality and Reporting in Exercise - TESTEX (Smart et al., 2015), desenvolvida especificamente para Ensaios Clínicos Randomizados (ECR’s) na área de exercício físico. Essa escala é composta por 12 critérios, com pontuação total que varia de 0 a 15 pontos, sendo 5 pontos destinados à avaliação da qualidade metodológica do estudo (critérios 1 a 5) e 10 pontos à avaliação da qualidade do relato (critérios 6 a 12). Os critérios 1 a 5, 7 e 9 a 12 podem receber até 1 ponto cada; o critério 8, até 2 pontos; e o critério 6, até 3 pontos. Os critérios considerados na avaliação incluíram: elegibilidade dos estudos; geração da sequência de randomização; sigilo da alocação; similaridade dos grupos na linha de base; cegamento do avaliador para pelo menos um desfecho-chave; mensuração dos desfechos em pelo menos 85% dos participantes; análise por intenção de tratar; comparações estatísticas entre os grupos; relato de medidas pontuais e de variabilidade para todos os desfechos; monitoramento das atividades nos grupos controle; manutenção da intensidade relativa do exercício; descrição das características do volume de exercício; e estimativa do gasto energético.

 

Resultados 

 

    A Figura 1 apresenta o fluxograma de seleção dos estudos dessa revisão sistemática. Ao todo, foram encontrados 2675 após consultas nas seis bases de dados: PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, LILACS e Google acadêmico. Após exclusão de 436 duplicatas, 53 pré-prints e 1 resultado de acesso restrito por erro no link de acesso, foram encontrados 2185 resultados para serem verificados quanto à elegibilidade dos estudos.

 

    Dos 2.185 resultados encontrados, todos foram analisados com base nos critérios de elegibilidade estabelecidos nesta revisão sistemática. Foram excluídos: 528 estudos por terem sido realizados com populações diferentes da pretendida, 1.110 por utilizarem intervenções distintas, 189 por apresentarem desfechos não relacionados à rigidez arterial e 355 por se tratarem de tipos de estudo diferentes do desejado, que era o ensaio clínico randomizado (ECR).

 

    Ao final da triagem, apenas três artigos atenderam a todos os critérios de elegibilidade pré-estabelecidos e foram incluídos na análise final.

 

Figura 1. Fluxograma de seleção de estudos

Figura 1. Fluxograma de seleção de estudos

Fonte: Adaptado de Page et al. (2021)

 

    A Tabela 1 apresenta as características de identificação dos estudos. As pesquisas se concentraram nos seguintes locais de intervenção: Brasil, Coreia do Sul e Estados Unidos. O instrumento e medida de desfecho utilizados nos estudos analisados foram: a velocidade de onda de pulso (VOP) e a Compliance Carotídea (CC).

 

Tabela 1. Características de identificação dos estudos

Referência

Local de intervenção

Fonte

Objetivo

Instrumento/medida de desfecho

Sardeli et al. (2021)

Campinas, São Paulo, Brasil

Revista Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública (ISSN 1660-4601). Qualis CAPES: A1

Identificar se 16 SEM de TC reduzem a PA de IH, verificando os mediadores de aptidão, hemodinâmicos, autonômicos, inflamatórios, oxidativos, glicêmicos e/ou lipídicos dessa intervenção

CC (Ultrassom)

Son et al. (2016)

Busan, Coreia do Sul

Revista Menopausa: A Revista da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (ISSN 1072-3714, 1530-0374). Qualis CAPES: A2

Examinar o impacto do TC na VOP (BRAQ-TORN), PA e AC em mulheres pós-menopáusicas com HAS estágio 1

VOP (BRAQ-TORN)

Stewart et al. (2005)

Baltimore, Maryland, Estados Unidos

Arquivos de medicina interna

(ISSN 0003-9926, 1538-3679). Qualis CAPES: sem informações

Determinar se IH podem reduzir significativamente a PA por meio de 6 meses de TC.

VOP (AOR-FEM)

Legenda: TC: treinamento combinado; ECR: ensaio clínico randomizado; HAS: hipertensão arterial sistêmica; PA: pressão arterial; SEM: semana (s); IH: idosos hipertensos; AC: aptidão cardiorrespiratória; CC: compliance carotídea; VOP: velocidade de onda de pulso; BRAQ-TORN: braquial-tornozelo; AOR-FEM: aorto-femoral. Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 2 apresenta as características dos estudos analisados. Devido à perda amostral em alguns estudos, a amostra total foi de 170 indivíduos, sendo 82 homens e 88 mulheres, com idades entre 55 e 85 anos.

 

Tabela 2. Características das amostras dos estudos

Referência

Amostra

Características da população

GI x GC ou IA

Critérios de elegibilidade

Sardeli et al. (2021)

N=52; 46 completaram o estudo

AS; >60 anos; inativos fisicamente (<150 min exercícios/sem)

GI: N=23; 69,6%M e 30,4%F; X̄: 65,4 ± 4,3 anos e GC: N=23; 65,2%M e 34,8%F; X̄: 65,2 ± 4,6 anos

Inclusão: AS, >60 anos, HIP CONT. Exclusão: uso de beta-bloqueadores, IMC >35 kg/m², PAS >170 mmHg ou PAD >110 mmHg, DAC, DM tipo 1, DPOC, DO limitantes e TAB

Son et al. (2016)

N=20; X̄: 75 ± 2 anos; PAS: 152 ± 2 mm Hg; PAD: 95 ± 3 mm Hg

F; idades entre 72 e 85 anos; pós-menopáusicas, hipertensas e não obesas

GI: N=10; X̄: 76 ± 5 anos e GC: N=10; X̄: 74,7 ± 2 anos

Inclusão: F, sedentárias (< 60 min exercício/sem), com HAS estágio 1 (PAS: 140-159 e PAD: 90-99 mm Hg), sem menstruar ≥ 1 ano, IMC <25 kg/m², não fumantes, sem DPSICO, SUM ou TH. Exclusão: N/E

Stewart et al. (2005)

N=115; 104 completaram o estudo; X̄: 63,6 ± 5,7 anos

51M e 53F; idades entre 55 e 75 anos; 87% eram brancos não hispânicos, 11% afro-americanos, 1% asiáticos americanos e 1% hispânicos.

GI: N=51; 25M e 26F; X̄: 63 anos (61,5 a 64,5 anos) e GC: N=53; 26M e 27F; X̄: 64,1 anos (62,4 a 65,8 anos)

Inclusão: idades entre 55 e 75 anos, HAS leve não tratada. Exclusão: DCV, anormalidades eletrocardiográficas, TAB, DM e PREXE intensidade moderada (> 3-6 MET por mais de 90 minutos/sem)

Legenda: X̄: média; GI: grupo intervenção; GC: grupo controle; IA: intervenções alternativas; M: masculino; F: feminino; AS: ambos os sexos; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; IMC: Índice de Massa Corporal; MET: Metabolic Equivalent of Task ou Equivalente Metabólico da Tarefa; ABD: abdominal; PRÉ HIP: pré-hipertensos; HIP CONT: hipertensos controlados; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: Diabetes Mellitus; DCV: doenças cardiovasculares; DPSICO: doenças psicológicas; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; DAC: doença arterial coronariana; DO: doenças osteoarticulares; PREXE: prática regular de exercícios; TAB: tabagismo; SUM: sem uso de medicamentos; TH: terapia hormonal; sem: semana (s); min: minutos; N/E: não especificado. Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 3 apresenta os protocolos de treinamento combinado, organizados de forma separada para facilitar a compreensão dos componentes do treinamento resistido e aeróbico. O grupo controle, por sua vez, permaneceu sem realizar exercícios físicos e, em alguns casos, recebeu orientações relacionadas à prática de atividades físicas e alimentação.

 

    As intervenções tiveram duração entre 12 e 26 semanas, com frequência semanal de 2 a 3 sessões. O componente de treinamento resistido teve duração de 15 a 20 minutos, enquanto o aeróbico variou entre 30 e 50 minutos.

 

    A intensidade dos exercícios resistidos foi avaliada por meio da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), da Frequência Cardíaca de Reserva (FCR) e do teste de uma repetição máxima (1RM). Já a intensidade dos exercícios aeróbicos foi monitorada por indicadores como o consumo máximo de oxigênio (VO₂máx), PSE, FCR e Frequência Cardíaca Máxima (FCMáx).

 

Tabela 3. Protocolos de treinamento

Referência

DI

TR

TA

GC

 

Sardeli et al. (2021)

16 sem

FS: 2x/sem (seg e qui); DS: 15’; NE: 7 (EJ, FJ; LP; FP; SUP; PUX e ABD) 1x15 repetições; INT: 5-6 PSE (10 pontos).

FS: 3x/sem (seg, qui e sex); DS: 50’. Descrição: caminhada e/ou corrida contínua em esteira. INT: 63%VO2Máx, com ajustes após 8 sem. Às sextas, o TA era realizado isolado e não como TC

SE, dieta e medicamentos durante as 16 sem.

 

Son et al. (2016)

12 sem

FS: 3x/sem; DS: 20’; NE: 10 (R SENT, R BIC, FLEX OMB, FLEX CTV, FLEX; FLEX QD, EXT QD, FP, LP, AGACH com bandas elásticas. INT: 40-50%FCR e 11-12 PSE (1-4 sem), 50-60%FCR e 13-14 PSE (5-8 sem) e 60-70%FCR e 15-16 PSE (9-12 sem)

FS: 3x/sem; DS: 30’. Descrição: caminhada. INT: 40-50%FCR e 11-12 PSE (1-4 sem), 50-60%FCR e 13-14 PSE (5-8 sem) e 60-70%FCR e 15-16 PSE (9-12 sem)

SE

 

Stewart et al. (2005)

26 sem

FS: 3x/sem; DS: N/I; NE: 7 (PUX, EJ, FJ, SUP, LP, DES OMB e R SENT). 2x10-15 repetições. INT: 50%1RM

FS: 3x/sem; DS: 45’. Descrição: caminhada na esteira, bicicleta ergométrica ou stepper. INT: 60-90%FCMÁX. INT ajustada conforme melhoria da capacidade cardiorrespiratória

SE, orientações sobre exercício físico e dieta

 

Legenda: TR: treinamento resistido; TA: treinamento aeróbico; TC: treinamento combinado; GC: grupo controle; VO2 Máx: consumo máximo de oxigênio; FCMÁX: frequência cardíaca máxima; FCR: frequência cardíaca reserva; DI: duração da intervenção; FS: frequência semanal; DS: duração da sessão; NE: número de exercícios; INT: intensidade do exercício; PSE: percepção subjetiva de esforço; AGACH: agachamento; EJ: extensão de joelhos; FJ: flexão de joelhos; LP: leg press; FP: flexão plantar; SUP: supino; PUX: puxada no pulley; R SENT: remada sentada; R BIC: rosca bíceps; FLEX: flexões de braço; FLEX OMB: flexão de ombros; DES OMB: desenvolvimento para ombros; FLEX CTV: flexão de cotovelos; FLEX QD: flexão de quadril; EXT QD: extensão de quadril; ABD: abdominais; sem: semana (s); SE: sem exercícios físicos; N/I: não informado. Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 4 apresenta os resultados dos estudos analisados. Em resumo, o treinamento combinado não foi eficiente em melhorar a RA de indivíduos pré-hipertensos e hipertensos em dois estudos (Sardeli et al., 2021; Stewart et al., 2005) e obteve resultados positivos em outro (Son et al., 2016).

 

Tabela 4. Resultados dos estudos

Referência

Síntese dos resultados

Conclusões

Limitações do estudo

Sardeli et al. (2021)

CC (%/10 mmHg):
Valor de p = 0.05 indica uma DS entre os grupos. No GI, a CC diminui de 1,05 para 0,84 na sem 16, sugerindo uma redução da EA. Enquanto no GC, há um aumento de 0,87 para 1,24. A maior diferença no TE (0,9) ocorre na sem 16, destacando uma melhoria expressiva da RA no GC.

O TC não foi eficiente em produzir alterações positivas na CC, tendo o GC alcançado maior EA após a sem 16, quando comparado ao GI.

Falta de mudanças significativas em marcadores sanguíneos e efeitos cardiometabólicos, provavelmente devido ao bom controle da PA no início; amostra pequena e o poder estatístico reduzido afetaram a precisão das análises; mudanças nas doses de medicação podem ter influenciado os resultados, especialmente no GC; heterogeneidade nas respostas dos participantes destaca a necessidade de uma prescrição individualizada de TC.

Son et al. (2016)

Não houve DS na linha de base entre os grupos. A VOP aumentou no GC (D1,08 ± 0,37 m/s, p<0,05) após 12 sem de sedentarismo, enquanto a VOP foi significativamente reduzida (D-1,11 ± 0,63 m/s, p<0,05) após 12 sem de TC

Este estudo mostrou que 12 sem de TC melhoram a RA, a PA, a FM e a CF em mulheres pós-menopáusicas com HAS estágio 1

Tamanho relativamente reduzido da amostra, o que pode dificultar a generalização dos resultados para outras populações.

Stewart et al. (2005)

Não houve DS na linha de base entre os grupos. A VOP não apresentou mudanças significativas dentro dos grupos ou entre os grupos.

Um programa de 6 meses de TC reduziu a PAD em idosos com HAS leve, mas não a PAS, em comparação com o GC. A falta de melhoria na RA sugere que idosos podem ser resistentes à redução da PAS por exercício.

A redução da PAS no GC dificultou a atribuição da redução da PAS exclusivamente ao exercício; a monitorização contínua no GC pode ter causado um efeito placebo, influenciando as mudanças na PA, o que reduziu o poder do estudo; não houve melhorias na RA, sugerindo que os idosos podem ser resistentes a reduções na PAS induzidas pelo TC. O mecanismo exato das reduções de PA ainda não foi totalmente esclarecido, dificultando a compreensão do papel do exercício.

Legenda: DS: diferença significativa; TE: tamanho de efeito; TC: treinamento combinado; GI: grupo intervenção; GC: grupo controle; HAS: hipertensão arterial sistêmica; PA: pressão arterial; RA: rigidez arterial; EA: elasticidade arterial; CC: compliance carotídea; VOP: velocidade de onda de pulso; FM: força muscular; CF: capacidade funcional; sem: semana (s). Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 5 apresenta a avaliação da qualidade metodológica dos artigos incluídos na análise. Dois estudos obtiveram 12 pontos (Sardeli et al., 2021; Son et al., 2016), enquanto um estudo alcançou 10 pontos. (Stewart et al., 2005)

 

    Todos os estudos descreveram claramente os critérios de elegibilidade adotados. Em relação à aleatorização dos participantes, apenas Stewart et al. (2005) não especificou como o procedimento foi conduzido.

 

    A similaridade dos grupos na linha de base foi verificada em quase todos os estudos, com exceção de Sardeli et al. (2021), que não obteve pontuação nesse item. O estudo de Stewart et al. (2005) foi o único a atingir a pontuação máxima (3 pontos) no item 6, que avalia a aderência superior a 85% dos participantes, o relato de eventos adversos e a frequência de participação.

 

    Todos os artigos analisados obtiveram a pontuação máxima (2 pontos) no item 8, referente à realização de comparações estatísticas entre os grupos de intervenção e controle (ou grupos comparativos). Em todos os casos, essas comparações foram apresentadas tanto para os desfechos primários quanto para os secundários.

 

Tabela 5. Avaliação do risco de viés, escala Testex (Smart et al., 2015)

Referência

C1

C2

C3

C4

C5

C6

C7

C8

C9

C10

C11

C12

PT

Sardeli et al. (2021)

1

1

1

0

0

2

1

2

1

1

1

1

12

Son et al. (2016)

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

0

12

Stewart et al. (2005)

1

0

0

1

0

3

0

2

1

0

1

1

10

Legenda: C1-C12 (pontuação do critério): critérios da escala de avaliação de risco de viés da escala Testex; PT: pontuação total. Fonte: Elaboração própria

 

Discussão 

 

    A presente revisão sistemática teve como objetivo investigar os efeitos do exercício físico combinado sobre a rigidez arterial (RA) em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Entre os estudos analisados, dois não apresentaram melhora significativa na RA após a intervenção (Sardeli et al., 2021; Stewart et al., 2005), enquanto um demonstrou resultados positivos (Son et al., 2016). A literatura reconhece uma associação direta entre RA e hipertensão arterial sistêmica (HAS), sendo a RA um fator importante na progressão da HAS e no risco de doenças cardiovasculares. (Xuereb, Magri, e Xuereb, 2023; Zaman et al., 2023)

 

    Diversos estudos investigaram os efeitos isolados do treinamento resistido (TR) sobre a RA. De modo geral, os resultados apontam que o TR não é eficaz na redução da RA (Ceciliato et al., 2020; Lopes et al., 2021; Zhang et al., 2021). Ainda assim, há evidências de que esse tipo de exercício pode promover adaptações fisiológicas benéficas à função vascular, como aumento da produção de óxido nítrico (NO), melhora no metabolismo e na composição corporal, modulação do tônus vascular e maior sensibilidade à insulina. (Devallance et al., 2016; Gholami et al., 2021; Croymans et al., 2014; Banks et al., 2024)

 

    No entanto, em determinadas condições, o TR pode até aumentar a RA. Exercícios de alta intensidade, com poucas repetições e uso da manobra de Valsalva podem gerar elevações agudas na pressão arterial, impondo estresse às paredes arteriais (Failla et al., 1999; Mak, e Lai, 2015; Tabaie et al., 2021). Além disso, a ativação do sistema nervoso simpático e respostas inflamatórias desencadeadas pelo TR podem agravar a rigidez arterial, principalmente em indivíduos com predisposição ou hábitos inadequados. (Calle, e Fernandez, 2010; Miyachi, 2013)

 

    Em contraste, os benefícios do treinamento aeróbico (TA) sobre a RA são bem estabelecidos na literatura. Estudos apontam reduções consistentes na velocidade da onda de pulso (VOP), um marcador de rigidez arterial, após intervenções com TA (Ashor et al., 2014; Lopes et al., 2021; Saz-Lara et al., 2021). Embora o TR isolado não promova reduções significativas na VOP, tampouco há evidência sólida de efeitos deletérios, o que justifica sua inclusão como estratégia complementar, dado seu impacto positivo em aspectos como força muscular, composição corporal e saúde metabólica.

 

    O treinamento combinado, que integra simultaneamente exercícios aeróbicos e resistidos, tem ganhado atenção como estratégia promissora. Sardeli et al. (2021) observaram redução significativa na RA após a intervenção combinada. No entanto, os autores alertam que fatores externos, como o envelhecimento, podem influenciar os resultados e nem sempre podem ser controlados em ensaios clínicos. Lan, Khong, e Yusof (2023) confirmam essa relação, mostrando que a prevalência de RA elevada aumenta com a idade: 10,6% em indivíduos com menos de 29 anos, 40,1% entre 30 e 49 anos e 91,5% em pessoas acima dos 50 anos.

Stewart et al. (2005), por sua vez, não observaram melhora na RA com o treinamento combinado em adultos e idosos. Eles destacam que alterações estruturais nas grandes artérias, como substituição de fibras elásticas por colágeno e cálcio, tornam as artérias menos distensíveis, o que pode limitar os efeitos do exercício físico. Esse entendimento é corroborado por Manojlović et al. (2021), que explicam que a RA depende de componentes funcionais (como o endotélio e as células musculares lisas) e estruturais (elastina, colágeno e tecido conjuntivo), os quais influenciam diretamente a velocidade da onda de pulso.

 

    Son et al. (2016) encontraram melhora na RA após intervenção com treinamento combinado, associando esse efeito à melhora da função endotelial. O exercício físico pode aumentar o estresse de cisalhamento sobre as artérias, estimulando a liberação de substâncias vasodilatadoras como o óxido nítrico (NO) e a prostaciclina (PGI2). Esses mediadores favorecem a vasodilatação, reduzem o tônus vascular e contribuem para a queda da pressão arterial sistólica e diastólica. Pal, Radavelli-Bagatini, e Ho (2013) também destacam essa associação entre função endotelial aprimorada e controle da pressão arterial.

 

    A síntese de NO ocorre a partir da L-arginina por meio da enzima óxido nítrico sintase endotelial (eNOS), com participação de cofatores como oxigênio, NADPH e tetra-hidrobiopterina. A disfunção endotelial, associada ao envelhecimento, pode ocorrer devido ao desequilíbrio entre vasodilatadores e vasoconstritores, resultando em menor biodisponibilidade de NO. (Kozakova, e Palombo, 2021; Tsai, e Hsu, 2021)

 

    Além disso, o aumento da atividade do sistema nervoso simpático, comum em indivíduos hipertensos, pode intensificar a rigidez arterial e elevar a pressão arterial. O treinamento combinado, ao reduzir a frequência cardíaca de repouso, sugere melhora no tônus parassimpático e redução do tônus simpático, o que pode explicar os efeitos observados sobre a PA e a RA, embora os mecanismos ainda não estejam completamente elucidados. (Son et al., 2016)

 

    A idade é um fator determinante na elevação da RA, com mudanças estruturais e funcionais nas artérias tornando-as menos complacentes. Essas alterações, nem sempre reversíveis, podem limitar os efeitos do exercício físico em populações idosas. No entanto, o treinamento combinado já demonstrou benefícios em outros grupos populacionais além de hipertensos, incluindo mulheres pós-menopáusicas (Sun, Han, e Gu, 2024; Figueroa et al., 2011), indivíduos com doença cardiovascular (Zhang et al., 2018), homens saudáveis (Park et al., 2020) e adolescentes obesas. (Wong et al., 2018)

 

    Esta revisão apresenta limitações, principalmente quanto à escassez de estudos experimentais com intervenção combinada voltada a indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. A amostra reduzida de estudos incluídos dificulta a generalização dos achados para outras populações. Entretanto, essa limitação reflete a carência de pesquisas que abordem especificamente o tema.

 

    Ainda assim, os estudos analisados apresentaram boa qualidade metodológica, com dois alcançando 12 pontos e um com 10 pontos na escala TESTEX (máximo de 15 pontos). Para futuras investigações, recomenda-se o desenvolvimento de novos ensaios clínicos com treinamento combinado em populações hipertensas e pré-hipertensas, a fim de melhor compreender seus efeitos sobre a rigidez arterial e a saúde cardiovascular como um todo.

 

Conclusão 

 

    Esta revisão sistemática aponta que os efeitos do exercício físico combinado sobre a rigidez arterial (RA) em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos ainda não são conclusivos, em razão da escassez de estudos de alta qualidade metodológica e da heterogeneidade dos resultados disponíveis. Enquanto alguns trabalhos não identificaram melhorias significativas na RA após a prática de exercícios combinados, outros indicam potenciais benefícios, especialmente relacionados à melhora da função endotelial e à redução do tônus simpático.

 

    A associação entre rigidez arterial e hipertensão arterial está bem estabelecida, o que reforça a importância de investigar estratégias capazes de reduzir a RA como forma de mitigar o risco cardiovascular nesses indivíduos.

 

    Diante das limitações dos estudos atuais, destaca-se a necessidade de novas pesquisas com maior rigor metodológico. Essas investigações devem incluir amostras mais representativas, alocação aleatória adequada dos participantes, períodos de intervenção mais longos, além de controle rigoroso sobre o uso de medicamentos e possíveis fatores de confusão. Estudos com esse perfil permitirão uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos fisiológicos envolvidos nos efeitos do exercício físico sobre a rigidez arterial, contribuindo para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes voltadas à saúde cardiovascular de indivíduos hipertensos e pré-hipertensos.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 327, Ago. (2025)