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ISSN 1514-3465

 

Periodização específica para o voleibol: 

cálculo da carga antes da sessão com bola

Specific Periodization for the Volleyball: 

Calculation of the Load before of the Ball Session

Periodización específica para el voleibol: 

cálculo de la carga antes de la sesión con balón

 

Nelson Kautzner Marques Junior

kautzner123456789junior@gmail.com

 

Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela Universidade Castelo Branco (UCB)

Graduado em Educação Física

pela Faculdade Estácio de Sá (UNESA)

(Brasil)

 

Recepción: 16/12/2024 - Aceptación: 17/04/2025

1ª Revisión: 25/02/2025 - 2ª Revisión: 14/04/2025

 

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Cita sugerida: Marques Junior, N.K. (2025). Periodização específica para o voleibol: cálculo da carga antes da sessão com bola. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(325), 243-263. https://doi.org/10.46642/efd.v30i325.8066

 

Resumo

    A carga de treino até os anos 40 era estruturada empiricamente, mas nos anos 50 a carga foi estruturada cientificamente com a supercompensação para entender a adaptação crônica e baseada na adaptação biológica do atleta. Os estudos sobre a carga continuaram evoluindo nos anos 70 a 2000 com a criação de outras periodizações. De 2011 a 2022, foram escritos 14 artigos sobre a periodização específica para o voleibol, a carga do treino com bola foi elaborada com o novo conteúdo da intensidade subjetiva através do esforço do fundamento pela frequência cardíaca e pelo nível de lesão de cada fundamento. O objetivo do artigo foi de apresentar uma maneira de calcular a carga do treino com bola antes da sessão da periodização específica para o voleibol. Os artigos científicos foram identificados em onze base de dados eletrônicas durante agosto a outubro de 2024. Nos resultados, o gráfico da intensidade subjetiva do treino com bola foi atribuído valores de 1 a 10 para melhorar o uso desse conteúdo. A intensidade subjetiva de cada tipo de treino, da sessão e do microciclo foi calculada através da média antes de ocorrer o treinamento. O volume do treino com bola foi estabelecido pela duração da sessão, através de uma regra de três foi determinada a classificação do volume (baixo, médio e alto). Em conclusão, o cálculo da carga de treino antes do treino com bola é importante para o técnico estruturar as sessões do microciclo.

    Unitermos: Treinamento. Esporte. Desempenho atlético. Adaptação fisiológica. Habilidades motoras.

 

Abstract

    Training load was structured empirically until the 1940s, but in the 1950s the load was structured scientifically with super-compensation to understand chronic adaptation and based on the athlete's biological adaptation. Studies on load continued to evolve from the 1970s to 2000 with the creation of other periodizations. From 2011 to 2022, 14 articles were written on specific periodization for the volleyball, the training load with the ball was developed with the new content of subjective intensity through the effort of the skill by heart rate and the level of injury of each skill. The objective of the article was to present a way to calculate the load of the ball training before of the session of the specific periodization for the volleyball. Scientific articles were identified in eleven electronic databases during August to October 2024. In the results, the graph of the subjective intensity of ball training was assigned values from 1 to 10 to improve the use of this content. The subjective intensity of each type of training, session, and micro-cycle was calculated through of the average before of the training occurred. The volume of ball training was established by the duration of the session, using a rule of three to determine the volume classification (low, medium, and high). In conclusion, calculating the training load before of the ball training is important for the coach to structure the micro-cycle sessions.

    Keywords: Training. Sport. Athletic performance. Physiological adaptation. Motor skills.

 

Resumen

    La carga de entrenamiento hasta la década de 1940 estaba estructurada empíricamente, pero en la década de 1950 la carga se estructuró científicamente con supercompensación para entender la adaptación crónica y en base a la adaptación biológica del deportista. Los estudios sobre la carga continuaron evolucionando en la década de 1970 a 2000 con la creación de otras periodizaciones. Del 2011 al 2022 se escribieron 14 artículos sobre periodización específica para voleibol; se desarrolló la carga de entrenamiento con balón con el nuevo contenido de intensidad subjetiva a través del esfuerzo del fundamento por frecuencia cardíaca y el nivel de lesión de cada fundamento. El objetivo del artículo fue presentar una forma de calcular la carga de entrenamiento con balón antes de la sesión de periodización específica para voleibol. Se identificaron artículos científicos en once bases de datos electrónicas durante agosto a octubre de 2024. En los resultados, al gráfico de intensidad subjetiva del entrenamiento con balón se le asignaron valores del 1 al 10 para mejorar el uso de este contenido. La intensidad subjetiva de cada tipo de entrenamiento, sesión y microciclo se calculó utilizando el promedio antes de que ocurriera el entrenamiento. El volumen de entrenamiento con balón se estableció según la duración de la sesión, utilizando una regla de tres para determinar la clasificación del volumen (bajo, medio y alto). En conclusión, calcular la carga de entrenamiento antes del entrenamiento con balón es importante para que el entrenador pueda estructurar las sesiones del microciclo.

    Palabras clave: Entrenamiento. Deporte. Rendimiento deportivo. Adaptación fisiológica. Habilidades motoras.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 325, Jun. (2025)


 

Introdução 

 

    A carga de treino é um conteúdo muito estudado na literatura do treinamento esportivo (Bondarchuk, 2016; Kalinin, e Ozolin, 1976; Marques Junior, 2014, 2017a; Ozolin, 1987). Até os anos 40, a carga de treino dos microciclos era estruturada de maneira empírica para os esportistas (Marques Junior, 2023a). Nos anos 50, vários cientistas soviéticos efetuaram diversos estudos sobre a carga de treino dos microciclos (Verkhoshanski, 1996), mas o russo Lev Pavilovch Matveev foi muito importante nos anos 50 para embasar cientificamente a carga de treino (Marques Junior, 2024a). Matveev teve acesso aos estudos do russo Yakovlev sobre a supercompensação e foi influenciado pelos pesquisadores soviéticos Letunov, e Prokop sobre a adaptação biológica do ser humano (Verkhoshanski, 1999). A supercompensação foi utilizada por Matveev para o entendimento sobre a adaptação crônica da carga de treino, sendo evidenciado o pico da forma esportiva. Em 1958, os períodos da periodização de Matveev passaram a ser organizados baseado na adaptação biológica do atleta que está relacionado com a carga de treino. (Tschiene, 2000)

 

    Os estudos sobre a carga de treino continuaram evoluindo, isso ocorreu com a criação de novas periodizações (Costa, 2022; Forteza, 2001). Por exemplo, em 1971 foi elaborada a periodização pendular que ocorre alternância entre carga geral e especial, em 1977 foi criada a periodização do esquema estrutural de cargas de alta intensidade com carga de treino regular de alta intensificação (Marques Junior, 2022a; Tschiene, 1985), de 1978 a 1984 foi desenvolvida a periodização individualizada, a carga dessa concepção é estruturada conforme a complexidade do exercício e especificidade da tarefa e outras periodizações (Marques Junior, 2023a; Tschiene, 1985). Em 1979, foi escrito o primeiro trabalho sobre a periodização em bloco, sendo uma novidade a carga concentrada de força no bloco A. (Verkhoshanski, 1979a, 1979b, 1981, 1982)

 

    Essa evolução sobre a carga de treino aconteceu no treino com bola durante a criação da periodização específica para o voleibol (Marques Junior, 2021a), isso ocorreu em 14 artigos publicados, o primeiro foi escrito em 2011, o segundo em 2014 e 12 trabalhos foram realizados em 2017 a 2022 (Marques Junior, 2021b, 2022b). A intensidade do treino com bola dessa periodização é o nível de lesão do fundamento e o esforço do fundamento pela frequência cardíaca que determinam a intensidade subjetiva de cada fundamento do exercício do treino técnico antes da sessão e a intensidade subjetiva de cada fundamento do exercício do treino em situação de jogo antes da sessão (Marques Junior, 2019a, 2020a, 2022b). O treino de jogo é mais difícil utilizar esse conteúdo (esforço e lesão) por causa da complexidade da tarefa, mas o treinador merece utilizar esse conteúdo nesse treinamento. Porém, essa maneira de estabelecer a intensidade subjetiva do treino com bola antes da sessão possui uma limitação, o treinador não consegue determinar a intensidade subjetiva do treino com bola (baixa, média e alta) da sessão – isso é antes da sessão, somente é possível identificar a intensidade subjetiva de cada fundamento do treino técnico e do treino em situação de jogo.

 

    Então, como estabelecer a intensidade subjetiva do treino com bola antes da sessão da periodização específica para o voleibol?

 

    A literatura da periodização não possui essa informação (Bondarchuk, 2016; Costa, 2022; Marques Junior, 2024b; Tschiene, 2000). Baseado nessa limitação, o objetivo do artigo foi de apresentar uma maneira de calcular a carga do treino com bola antes da sessão da periodização específica para o voleibol.

 

Método 

 

    Os artigos científicos foram identificados em onze base de dados eletrônicas (1. Google Acadêmico, 2. Research Gate, 3. PubMed, 4. Scielo, 5. Redalyc, 6. Scopus, 7. DOAJ, 8. ScienceDirect, 9. Semantic Scholar, 10. J-Stage e 11. Latindex) com três palavras chaves em inglês (1. sportive periodization, 2. sports periodization, e 3. periodization and volleyball periodization) durante agosto a outubro de 2024. Os artigos incluídos eram referentes a periodização e sobre a periodização específica para o voleibol. Os artigos que não tiveram esses critérios foram excluídos. Também foram enviados diversos artigos e livros de periodização.

 

Resultados 

 

Fundamentos do voleibol e treino com bola 

 

    Os fundamentos do voleibol possuem certas características, são executados em alta velocidade, em um tempo breve no rali, geralmente pela força rápida e no metabolismo anaeróbio aláctico e outros (Arruda, e Hespanhol, 2008). Os fundamentos do voleibol são habilidades motoras para a execução das tarefas do jogo através do comando do sistema nervoso central que sofre influência das capacidades motoras condicionantes (força, velocidade e outras) e coordenativas (ritmo, antecipação, controle motor, tempo de reação e outras) (Barbanti, 2010; Marques Junior, 2023b; Schmidt, 1975; Tani, 2002). As habilidades motoras são classificadas pelos grupos musculares envolvidos na tarefa (fina e grossa ou também chamada de global), pela organização da tarefa (seriada, discreta e contínua ou também chamada de cíclica) e pela estabilidade do ambiente (aberta e fechada). (Magill, 2000; Schmidt, e Wrisberg, 2010; Teixeira, 2006)

 

    Os fundamentos do voleibol são realizadas através das habilidades motoras grossas porque as ações ocorrem com grandes músculos que geralmente possuem menor nível de precisão do que as habilidades motoras finas (Magill, 2000). Os fundamentos do voleibol são efetuados pela habilidade motora contínua, discreta e seriada. A habilidade motora contínua possui movimento repetitivo, não sendo possível identificar o início e o fim da ação (Teixeira, 2006), essa habilidade acontece na corrida defensiva quando o jogador corre em direção a bola que bateu no bloqueio. A habilidade motora discreta ocorre com início e fim definido e costuma ter uma breve duração (Schmidt, e Wrisberg, 2010), podendo ser observado no saque tipo tênis do voleibol. A habilidade motora seriada é complexa porque acontece uma combinação de duas ou mais habilidades motoras contínuas e/ou discretas, podendo ser evidenciado no saque suspensão e na cortada (corrida, salto, golpe na bola e aterrissagem), no bloqueio, no levantamento com salto e na defesa. (Teixeira, 2006)

 

    As habilidades motoras do voleibol podem ser classificadas conforme a estabilidade ambiental (Magill, 2000). A habilidade motora aberta acontece em um ambiente não previsível, ou seja, o ambiente pode interferir na execução do fundamento. Por exemplo, a recepção, o levantamento, o ataque, o bloqueio e a defesa são habilidades motoras abertas. A habilidade motora fechada ocorre em um ambiente previsível e o ambiente não interfere na execução do fundamento do voleibol, podendo ser observada no saque tipo tênis e no saque com salto. A Tabela 1 resume a classificação das habilidades motoras de cada fundamento do voleibol.

 

Tabela 1. Habilidade motora de cada fundamento

Fundamentos

Habilidade Motora Grossa

Habilidade Motora Seriada

Habilidade Motora Discreta

Habilidade Motora Aberta

Habilidade Motora Fechada

Saque Tipo Tênis

X

 

X

 

X

Saque em Suspensão

X

X

 

 

X

Recepção

X

 

X

X

 

Recepção com deslocamento

X

X

 

X

 

Levantamento

X

 

X

X

 

Levantamento com deslocamento

X

X

 

X

 

Levantamento com salto

X

X

 

X

 

Levantamento com deslocamento e salto

X

X

 

X

 

Ataque (cortada)

X

X

 

X

 

Bloqueio

X

X

 

X

 

Defesa

X

X

 

X

 

Fonte: Elaborado baseado em Magill (2000), Schmidt e Wrisberg (2010), Teixeira (2006)

 

    Os fundamentos do voleibol com maiores esforços ocorrem com salto (saque, levantamento de toque, bloqueio e ataque) (Horta et al., 2017) e através da corrida de velocidade durante a defesa (Eira, e Janeira, 2003; Resende, e Soares, 2003), em seguida são os demais fundamentos (Arruda, e Hespanhol, 2008). Essas afirmações foram evidenciadas pela frequência cardíaca (FC), os fundamentos com salto e a corrida de velocidade durante a defesa possuem uma FC média a forte de 150 a 200 batimentos por minuto (bpm) (Marques Junior, 2016). Depois são os fundamentos sem salto (defesa, levantamento e recepção) com FC leve a média de 120 a 160 bpm e por último o saque tipo tênis com FC leve de 104 a 130 bpm (Marques Junior, 2017b). Também foi detectado que os fundamentos com salto e a defesa acontecem mais lesões, depois as contusões mais frequentes são da recepção e do saque tipo tênis. (Marques Junior, 2014, 2019a, 2019b)

 

    A lesão dos fundamentos do voleibol foi considerada intensidade subjetiva porque ela acontece durante o esforço do treino com bola ou da disputa no momento da prática da técnica esportiva (Marques Junior, 2014, 2019a, 2021b). Essas afirmações foram evidenciadas na literatura do voleibol (American Volleyball Coaches Association, 1997; Chiappa, 2001; Yugantara, e Rahman, 2024; Zhao et al., 2024). Intensidade é o esforço despendido durante a tarefa de treino ou da competição que causa estresse no organismo do atleta, podendo ser positivo ou negativo, depende do tipo de estímulo (Matveev, 1991). Então, a lesão pertence a intensidade através do estímulo negativo por acidente durante a execução do fundamento ou por causa do treino excessivo que resultou em uma contusão no momento da prática do fundamento. Na síndrome de adaptação geral (SAG) investigada por Selye, o treinador pode observar a lesão, ela ocorre na fase de exaustão a última da cinética trifásica da SAG – a 1ª é a reação de alarme e depois a fase de resistência (Marques Junior, 2023c). A SAG foi estudada principalmente em ratos, um dos experimentos pesquisados foi a lesão desses animais, (Marques Junior, 2024a; Selye, 1936)

 

    O esforço dos fundamentos pela FC e a lesão dos fundamentos é um dos componentes da carga do treino com bola, sendo a intensidade subjetiva (Marques Junior, 2021a). Enquanto que o volume do treino com bola é a duração de cada exercício (tempo das tarefas), a quantidade dos exercícios, o número de repetições de cada exercício e a duração da sessão (Forteza, 2004; Tubino, e Moreira, 2003). A intensidade subjetiva e o volume podem ser mensurados no treino técnico e no treino em situação de jogo (Marques Junior, 2018). O treino de jogo o volume é facilmente determinado através da duração dessa sessão, mas a intensidade é difícil de ser estabelecida. (Marques Junior, 2022b; Zakharov, 1992)

 

    Apesar dessa limitação do treino de jogo, conforme o momento da temporada (período de treino, período competitivo e período recuperativo) o treinador pode determinar a intensidade dessa sessão subjetivamente, por exemplo, uma equipe de voleibol está se preparando para a final do campeonato, existe uma tendência do treino de jogo ser em alta intensidade por causa da motivação dos atletas, mas no fim da temporada, devido ao cansaço da disputa, o jogo costuma ser de baixa intensidade. Embora o treinador estabeleça com menos precisão a intensidade subjetiva do treino de jogo do que o treino técnico e do treino em situação de jogo é importante mensurar essa variável. (Gomes, 1999; Marques Junior, 2023b)

 

    Visando facilitar o treinador em estruturar e determinar a intensidade subjetiva (composta pelo esforço e lesão do fundamento) de cada fundamento do exercício do treino com bola antes da sessão, foi elaborado o gráfico da intensidade subjetiva do treino com bola (baixa, média e alta), sendo exposto na Figura 1 (Marques Junior, 2020a, 2020b). Lembrando, o volume e a intensidade do treino com bola (técnico, situacional e jogo) merecem estar relacionados com o objetivo da sessão e de preferência, a maioria dos exercícios do treino com bola devem ser estruturados com os três conteúdos interconectados (sequência definida dos fundamentos, esforços dos fundamentos e nível de lesão dos fundamentos) para a tarefa ser mais específica e saudável para o atleta (Marques Junior, 2019a, 2019b, 2021b). Logo, a ênfase do trabalho merece ser com o treino em situação de jogo (usa os três conteúdos interconectados), ocorrendo em segundo o treino de jogo (usa a sequência definida dos fundamentos) e por último o treino técnico (usa os esforços e lesão dos fundamentos). O treino técnico acontece através da execução de um fundamento, por exemplo somente o saque ou praticando apenas o levantamento e outros, enquanto que o treino em situação de jogo o exercício é efetuado com no mínimo dois fundamentos, por exemplo com saque e recepção ou através do levantamento de toque seguido do ataque e outros (Bizzocchi, 2004). Para o treino em situação de jogo ser específico, merece ser praticado com a sequência definida dos fundamentos do voleibol que ocorre na partida – saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio, defesa e o ciclo se repete. (Marques Junior, 2019a)

 

    O leitor pode observar na Figura 1 que os fundamentos possuem intensidade subjetiva pré estabelecida (alta: saque com salto, ataque e outros, média: levantamento e defesa e baixa: saque tênis e recepção) para estruturar o treino técnico e o treino em situação de jogo (Marques Junior, 2021a). Enquanto que o treino de jogo ou o jogo do campeonato o treinador determina a intensidade subjetiva conforme o período (treino, competitivo e recuperativo) da temporada. Porém, para o treinador conseguir calcular a intensidade da sessão, o ideal é estabelecer valores para cada intensidade subjetiva do treino com bola (Padilla, 2017). Então, adaptado da escala de Foster (1998) é atribuída uma intensidade subjetiva alta para o valor 8 a 10, média de 4 a 7 e baixa de 1 a 3.

 

Figura 1. Gráfico da intensidade subjetiva do treino com bola conforme o fundamento para o

responsável pela sessão elaborar o treino técnico, o treino em situação de jogo e o treino de jogo

Figura 1. Gráfico da intensidade subjetiva do treino com bola conforme o fundamento para o responsável pela sessão elaborar o treino técnico, o treino em situação de jogo e o treino de jogo

Fonte: Adaptado de Marques Junior (2020a)

 

    Então, anteriormente o treinador conseguia estabelecer a carga (o volume e a intensidade) de cada fundamento antes do treino com bola, mas não era possível estabelecer a intensidade subjetiva do tipo de treino (técnico e em situação de jogo) e da sessão antes do treinamento, somente da duração de cada tipo de treino e da sessão (é o volume) (Marques Junior, 2022b). Mas atribuindo valores para cada intensidade subjetiva do treino com bola, o treinador pode calcular esse componente da carga do tipo de treino (técnico, situacional e jogo) e da sessão. Logo, essa limitação dessa concepção tende acabar.

 

Cálculo da carga do treino com bola 

 

    A Tabela 2 apresenta todas as possíveis maneiras de organizar o treino com bola (Bizzocchi, 2004; Marques Junior, 2014). Nessa Tabela 2 são expostos os tipos de treino técnico (somente 1 fundamento é exercitado), os tipos de treino em situação de jogo (2 a 7 fundamentos são exercitados) e o treino de jogo. Esse conteúdo é importante para o treinador conhecer para facilitar na estruturação do treino com bola. O leitor pode observar na tabela 2 duas linhas cinzas e outras duas linhas brancas. Existe em cada linha (branca ou cinza) o item tipo de treino (técnico, situacional e jogo) e o item fundamentos (exercícios). No item tipo de treino é exposto o treino com bola que pode ser praticado no voleibol e no item fundamentos são apresentados os exercícios que podem ser efetuados nos tipos de treino. A numeração dos exercícios no item fundamentos é a quantidade de exercícios que podem ser praticados.

 

Tabela 2. Tipos de treino com bola

Tipo de Treino

Fundamentos (exercícios)

Tipo de Treino

Fundamentos (exercícios)

Treino técnico (1 fundamento é exercitado)

1) saque tipo tênis, 2) saque com salto, 3) saque (tênis e com salto), 4) recepção (passe), 5) levantamento (toque), 6) levantamento com salto (toque), 7) levantamento (sem e com salto), 8) ataque e 9) bloqueio

Treino técnico com plataforma (1 fundamento é exercitado)

1) recepção do saque da plataforma, 2) bloqueio do ataque da plataforma e 3) defesa do ataque da plataforma

Treino em situação de jogo (2 fundamentos são exercitados)

1) saque (tênis e com salto) e recepção, 2) levantamento e ataque, 3) ataque e bloqueio e 4) ataque e defesa

Treino em situação de jogo (5 fundamentos são exercitados)

1) saque, recepção, levantamento, cobertura de ataque e ataque, 2) saque, recepção, levantamento, ataque e bloqueio, 3) levantamento, cobertura de ataque, ataque, bloqueio e defesa

Treino em situação de jogo (3 fundamentos são exercitados)

1) saque, recepção e levantamento, 2) levantamento, ataque e bloqueio, 3) levantamento, ataque e defesa, 4) ataque, bloqueio e defesa e 5) ataque, cobertura de ataque e bloqueio

Treino em situação de jogo (6 fundamentos são exercitados)

1) saque, recepção, levantamento, cobertura de ataque, ataque e bloqueio (quase jogo)

Treino em situação de jogo (4 fundamentos são exercitados)

1) saque, recepção, levantamento e cobertura de ataque, 2) saque, recepção, levantamento e ataque, 3) levantamento, cobertura de ataque, ataque e bloqueio, 4) levantamento, cobertura de ataque, ataque e defesa, 5) levantamento, ataque, bloqueio e defesa e 6) ataque, cobertura de ataque, bloqueio e defesa

Treino em situação de jogo (7 fundamentos são exercitados)

1) saque, recepção, levantamento, cobertura de ataque, ataque, bloqueio e defesa (quase jogo)

Treino de jogo

Exercita todos os fundamentos na partida

 

 

Fonte: Elaborado pelo autor

 

    O treinador de voleibol merece começar estruturar o treino com bola (técnico, situacional e jogo) consultando a Figura 1 e a Tabela 2, isso deve ser efetuado antes de ocorrer a sessão. Então, utilizando como exemplo, uma equipe de voleibol máster que treina de 1 a 2 horas (60 a 120 minutos) por três vezes na semana e possui o objetivo no microciclo de melhorar a recepção e o bloqueio com a prática em bloco da aprendizagem motora. Caso o leitor não saiba o que é prática em bloco, basta consultar Marques Junior (2014).

 

    Esse treinador elaborou para essa equipe de voleibol máster na 2ª feira o treino em situação de jogo e o treino de jogo com duração da sessão de 120 minutos, que corresponde um volume alto de 100% porque é o tempo máximo de treino que essa equipe se exercita. Esse treino de 2ª feira, e de 4ª e 6ª feira foram planejados antes de ocorrer a sessão.

 

    Na 2ª feira, o treino em situação de jogo foi elaborado por 30 minutos, sendo o volume. Através de uma regra de três é possível estabelecer o volume em percentual desse treino em situação de jogo, sendo o seguinte: 120 minutos = 100% e 30 minutos = x, logo temos x = (30.100): 120 = 25% do volume. Então, baseado na literatura do treinamento esportivo, um volume de 75 a 100% é alto, de 50 a 70% é médio e de 10 a 40% é baixo (Bompa, 2002; Marques Junior, 2014, 2023c; Zakharov, 1992). Logo, o 1º exercício possui um baixo volume de 25%, ocorrendo em uma duração de 30 minutos.

 

    O treino em situação de jogo de 2ª feira foi o saque com salto e a recepção, esse exercício visou melhorar a recepção. Após estabelecer esse exercício o treinador consultou a Figura 1 e atribuiu um valor 10 para o saque com salto que corresponde a uma intensidade subjetiva alta e para a recepção o valor 3 que é uma intensidade subjetiva baixa. Para saber a intensidade subjetiva (IS) desse treino em situação de jogo basta calcular a média, sendo: IS = 10 do saque com salto + 3 da recepção = 13 da soma: 2 fundamentos = 6,5, sendo uma intensidade subjetiva média – veja essa classificação na Figura 1.

 

    O 2º treino em situação de jogo de 2ª feira foi planejado com uma duração de 60 minutos, fazendo a regra de três o volume em percentual é de 50%, sendo um volume médio. Esse treino em situação de jogo foi composto pelo levantamento, seguido do ataque e por último o bloqueio, esse exercício visou melhorar o bloqueio. O treinador ao consultar a figura 1 estabeleceu uma intensidade subjetiva de 7 para o levantamento, de 10 para o ataque e de 10 para o bloqueio. Efetuando o cálculo da média, foi encontrada uma intensidade subjetiva alta de valor 9. Por último na 2ª feira, o treinador prescreveu para ser realizado o treino de jogo por 30 minutos que corresponde 25%, sendo um baixo volume – foi estabelecido pela regra de três. O treino de jogo o treinador estabeleceu consultando a figura 1 uma intensidade subjetiva alta de valor 8.

 

    Após a leitura do treino de 2ª feira, o leitor observou que ocorreu uma ondulação da carga (volume e intensidade) do treino com bola, recomendação indicada por vários pesquisadores do treinamento esportivo. (Bondarchuk, 2016; Matveev, 1991; Tschiene, 1985; Verkhoshanski, 1979a)

 

Qual é o volume e a intensidade subjetiva da sessão de 2ª feira? 

 

    O volume da sessão foi alto porque a duração do treino foi de 120 minutos (foi 100%), sendo o tempo máximo de treino dessa equipe do voleibol máster. A intensidade subjetiva da sessão foi alta com valor 8 que foi estabelecida pela média, onde foi utilizado a intensidade subjetiva com todos os fundamentos de 2ª feira – IS da Sessão = 10 do saque com salto + 3 da recepção + 7 do levantamento + 10 do ataque + 10 do bloqueio + 8 do jogo = 48 da soma: 6 fundamentos = 8, sendo uma intensidade subjetiva alta, veja essa classificação na Figura 1.

 

    A Tabela 3 resume carga de treino de 2ª feira.

 

Tabela 3. Ondulação da carga de treino de cada exercício de 2ª feira e a carga da sessão

Semana

Exercício e Intensidade Subjetiva (IS)

Intensidade Subjetiva

Volume em Minutos (min)

2ª feira

1º exercício: saque com salto com IS de 10 e recepção com IS de 3

6,5 (média)

30 min (25% é baixo)

2ª feira

2º exercício: levantamento com IS de 7, ataque com IS de 10 e bloqueio com IS de 10

9 (alta)

60 min (50% é médio)

2ª feira

3º exercício: jogo com IS de 8

8 (alta)

30 min (25% é baixo)

 

Sessão

8 (alta)

120 min (100% é alto)

Fonte: Elaborado pelo autor

 

    A Figura 2 apresenta como foram estruturados os exercícios de 4ª e 6ª com a intensidade subjetiva de cada fundamento.

 

Figura 2. Intensidade subjetiva de cada fundamento de 4ª e 6ª feira. As cores das barras representam o nível da

intensidade subjetiva, o vermelho é alta (valor de 8 a 10), o verde é média (valor de 4 a 7) e o roxo é baixa (valor de 1 a 3)

Figura 2. Intensidade subjetiva de cada fundamento de 4ª e 6ª feira. As cores das barras representam o nível da intensidade subjetiva, o vermelho é alta (valor de 8 a 10), o verde é média (valor de 4 a 7) e o roxo é baixa (valor de 1 a 3)

Fonte: Elaborado pelo autor

 

    O cálculo da carga do treino com bola de 4ª e 6ª feira foi realizado com os mesmos procedimentos da sessão de 2ª feira. O volume foi estabelecido com a regra de três e a intensidade subjetiva foi determinada consultando a figura 1 e depois foi calculada a média. A Tabela 4 apresenta a intensidade subjetiva e o volume de 4ª e 6ª feira de cada exercício da sessão.

 

Tabela 4. Ondulação da carga de treino de cada exercício de 4ª e 6ª feira e a carga da sessão

Semana

Exercício

Intensidade Subjetiva

Volume em Minutos (min)

Semana

Exercício

Intensidade Subjetiva

Volume em Minutos (min)

4ª feira

6,5 (média)

30 min (25% é baixo)

6ª feira

3 (baixa)

30 min (25% é baixo)

4ª feira

2 (baixa)

10 min (8,33 é baixo)

6ª feira

10 (alta)

30 min (25% é baixo)

4ª feira

9 (alta)

30 min (25% é baixo)

6ª feira

2 (baixa)

5 min (4,16 é baixo)

4ª feira

3 (baixa)

5 min (4,16 é baixo)

6ª feira

4 (baixa)

5 min (4,16 é baixo)

4ª feira

5º (jogo)

10 (alta)

30 min (25% é baixo)

6ª feira

5º (jogo)

10 (alta)

20 min (16,6% é baixo)

 

Sessão

6,87 (média)

105 min (87,5% é alto)

 

Sessão

5,50 (média)

90 min (75% é alto)

Fonte: Elaborado pelo autor

 

    O leitor observou que o cálculo do volume e da intensidade subjetiva do treino com bola ocorreu maior carga de treino na 2ª feira (volume alto de 120 minutos e intensidade subjetiva alta de 8), depois a segunda maior carga foi 4ª feira (volume alto de 105 minutos e intensidade subjetiva média de 6,87) e por último foi a carga de 6ª feira (volume alto de 90 minutos e intensidade subjetiva média de 5,50) - ver na Tabela 3 e 4. Lembrando, a intensidade subjetiva está relacionada com o nível de esforço da resposta da frequência cardíaca do fundamento e da probabilidade de lesão do fundamento (Marques Junior, 2019a, 2022b), sendo alto na 2ª feira e diminuindo essas variáveis (esforço e lesão) da intensidade subjetiva de 4ª e 6ª feira. Portanto, essa iniciativa do cálculo da carga do treino com bola permite maior controle da carga da sessão. (Marques Junior, 2018)

 

    Caso o treinador queira fazer um tratamento estatístico com a intensidade subjetiva, é possível por causa dos valores numéricos que foram estabelecidos nesse artigo científico (Thomas, e Nelson, 2002). A mesma inciativa o treinador pode efetuar com o volume e minutos do treino com bola.

 

    Essas três sessões de 2ª, 4ª e 6ª feira são de um microciclo, usando todos os dados da intensidade subjetiva e do volume em minutos das Tabelas 3 e 4, o treinador pode determinar o valor dessas variáveis do microciclo. O resultado através da média do microciclo com três sessões é de uma intensidade subjetiva média de 6,80 (ver Figura 1) e de um volume baixo de 24,2 minutos (20,16% é um volume baixo). Esse valor do volume de 20,16% foi calculado com uma regra de três, sabendo que 120 minutos corresponde a 100%. Lembrando, volume de 75 a 100% é alto, de 50 a 70% é médio e de 10 a 40% é baixo. (Bompa, 2002; Marques Junior, 2014, 2023c; Zakharov, 1992)

 

    O treinador pode realizar uma análise estatística mais robusta, podendo ser aplicada a estatística inferencial no volume e na intensidade subjetiva do treino com bola (Pompeu, 2006). Então, através do pacote estatístico BioEstat 5.0, Belém do Pará, Brasil, todos os dados foram tratados. O teste Shapiro Wilk detectou distribuição não normal dos dados do volume em minutos e da intensidade subjetiva. A ANOVA de Kruskal Wallis foi utilizada para detectar a diferença entre os dados (p≤0,05), sendo o seguinte: volume em minutos com H (2) = 3,70, p = 0,15 e intensidade subjetiva com H (2) = 1,29, p = 0,52. A estatística descritiva do volume e da intensidade subjetiva através da média e desvio padrão é exposta na Tabela 5.

 

Tabela 5. Dados do volume e da intensidade subjetiva do treino com bola

Semana

Intensidade Subjetiva

Volume em Minutos (minutos)

2ª feira

8±2,75 (alta)

40±17,32

4ª feira

6,87±3,64 (média)

21±12,44

6ª feira

5,50±3,61 (média)

18±12,54

Fonte: Elaborado pelo autor

 

Discussão 

 

    A elaboração de uma teoria de treino de uma periodização requer diversos estudos para fundamentar cientificamente esse conteúdo (Marques Junior, 2025; Verkhoshanski, 1979a, 1979b, 1981, 1982). Por esse motivo foi efetuado mais um artigo de revisão sobre a periodização específica para o voleibol, mas nesse trabalho o foco foi o cálculo da carga (do volume e da intensidade subjetiva) do treino com bola antes de ocorrer a sessão.

 

    O cálculo da carga de treino é fácil de ser mensurado nas modalidades cíclicas e nos esportes de força e velocidade por causa de poucas técnicas esportivas executadas e devido a uma pequena quantidade de capacidades motoras condicionantes envolvidas na prática desses esportes (Havinga et al., 2025; Marques Junior, 2022a; Zakharov, 1992). Como o voleibol é um jogo esportivo coletivo, ele é classificado como um esporte complexo, sendo difícil de mensurar a carga do treino com bola (Grisi et al., 2023; Monge da Silva, 1988; Oliveira, 2003). Mas através desse artigo foi possível de ser efetuado o cálculo da carga do treino com bola antes da sessão.

 

    Entretanto, nos jogos esportivos coletivos, o volume é facilmente mensurado do treino com bola – duração da sessão, quantidade de fundamentos, repetições de cada exercício e outros (Costa, 2022; Padilla, 2017), isso também acontece com o voleibol (Lima et al., 2021; Lin et al., 2024). Nesse artigo, o volume foi estabelecido através da duração dos exercícios e da sessão, ocorrendo uma classificação do volume (baixo, médio e alto). Essa classificação do volume é importante para o treinador saber o efeito dessa carga no organismo do jogador de voleibol. (Matveev, 1991; Tschiene, 2000)

 

    A intensidade costuma ser difícil de ser mensurada do treino com bola dos jogos esportivos coletivos e esse mesmo problema acontece com o voleibol (Arruda, e Hespanhol, 2008; Tubino, e Moreira, 2003). Apesar dessa dificuldade, o artigo ensinou como identificar e calcular a intensidade subjetiva do treino com bola que foi embasado no esforço do fundamento durante a resposta da frequência cardíaca e na lesão do fundamento. Em outros artigos, a intensidade subjetiva do treino com bola foi mais explicada (Marques Junior, 2019a, 2020b), mas nesse trabalho foi atribuído valores de 1 a 10 para esse componente da carga, esse novo conteúdo permite que o treinador efetue um tratamento estatístico, sendo um avanço no estudo dessa variável.

 

    Apesar dessa evolução, sobre intensidade subjetiva, o autor dessa concepção precisa validar esse conteúdo através da relação entre frequência cardíaca e o os valores do gráfico da intensidade subjetiva do treino com bola da Figura 1 e o nível de lesão do fundamento com o mesmo gráfico durante um estudo de campo de várias temporadas das equipes de voleibol de diversas categorias (iniciação, amador e profissional). Portanto, essa é uma limitação da teoria dessa periodização, merecendo ser realizado estudo de campo em um futuro próximo.

 

    Outra limitação, foi estabelecer a intensidade subjetiva do treino de jogo e do jogo de voleibol na competição, estabelecer essa variável na partida antes, durante e após esse evento é muito difícil, depende das condições técnicas e táticas das equipes que estão se enfrentando. Porém, até o momento é um dos poucos estudos que tenta mensurar a intensidade do jogo de voleibol.

 

    Visando futuras investigações, torna necessário calcular o volume e a intensidade subjetiva do treino com bola em equipes de voleibol e de dupla na areia de diferentes níveis de performance, de categorias diferentes (mirim, infantil ou sub 15, sub 17 e outros), em diferentes períodos (de treino, de competição e recuperativo) da periodização específica para o voleibol e até com diferentes tipos de periodização (tradicional de Matveev, bloco, bloco ATR e outros) porque esse cálculo matemático possibilita usar em outras concepções.

 

Conclusões 

 

    A carga do treino com bola é difícil do treinador de voleibol mensurar e de utilizar no treinamento. Porém, através de um conteúdo de baixo custo financeiro e com o uso de um simples cálculo matemático o técnico do voleibol estabelece a intensidade subjetiva de cada fundamento, dos tipos de treino (técnico, situacional e jogo), da sessão com bola e do microciclo antes de ocorrer o treinamento. Esse conteúdo da periodização específica para o voleibol o treinador possui um parâmetro durante a estruturação da carga do treino com bola antes de ocorrer a sessão ao longo do microciclo.

 

    Outra vantagem de estabelecer a intensidade subjetiva, essa variável foi elaborada baseada no esforço do fundamento e na lesão do fundamento, então quando o técnico organiza o treino com bola ele se preocupa com o estímulo de treino que causa fadiga e com a possibilidade de lesão do fundamento, sendo importante para a saúde do jogador de voleibol. Apesar dessas afirmações, ainda os conteúdos dessa periodização são uma teoria, merecendo estudo de campo para verificar os benefícios e limitações dessa concepção.

 

    Em conclusão, o cálculo da carga de treino antes do treino com bola é importante para o técnico estruturar as sessões do microciclo.

 

Agradecimentos 

 

    Ao amigo italiano G.B. pelo envio de vários artigos e livros.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 325, Jun. (2025)