ISSN 1514-3465
Efeitos da massoterapia desportiva nos indicadores de recuperação
muscular de membros superiores após treinamento resistido
Effects of Sports Massage Therapy on Upper Limb Muscle Recovery Indicators after Resistance Training
Efectos de la terapia de masaje deportivo sobre los indicadores de recuperación
muscular de las extremidades superiores después del entrenamiento de resistencia
Loruama Almeida da Silva
*lorru.las05@gmail.com
Livia Pimenta Rennó Gasparotto
**livia.gasparotto@ifpr.edu.br
Guilherme da Silva Gasparotto
***guilherme.gasparotto@ifpr.edu.br
*Graduada em Tecnologia em Massoterapia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
**Doutora em Gerontologia. Docente do curso de Tecnologia em Massoterapia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
**Doutor em Educação Física. Docente do IFPR
(Brasil)
Recepción: 24/10/2024 - Aceptación: 11/04/2025
1ª Revisión: 17/03/2025 - 2ª Revisión: 08/04/2025
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
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Cita sugerida
: Silva, L.A. da, Gasparotto, L.P.R., y Gasparotto, G. da S. (2025). Efeitos da massoterapia desportiva nos indicadores de recuperação muscular de membros superiores após treinamento resistido. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(324), 111-120. https://doi.org/10.46642/efd.v30i324.7970
Resumo
O treinamento resistido visa a hipertrofia muscular, porém esse processo pode desencadear tensão e diminuição da elasticidade músculo-tendínea, comprometendo a amplitude de movimento e gerando dor. A massagem desportiva aumenta a circulação tecidual e atua drenando os fluidos intersticiais, moderando assim o nível de tensão muscular e o tempo de recuperação. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da massagem desportiva em praticantes de treinamento resistido, analisando a flexibilidade e a dor em membros superiores. Trata-se de um estudo quase-experimental do tipo ensaio clínico não controlado aplicado a 8 homens adultos, com idade média de 38,6 anos, que praticam musculação há pelo menos seis meses. A dor e a flexibilidade foram avaliadas antes e após o treino, 24 horas após e após a massagem desportiva nos membros superiores. Os resultados indicaram que a massagem desportiva aplicada 24 horas após o treino foi efetiva na recuperação da amplitude articular de todos os pontos avaliados, com valores de p entre <0,001 e 0,04. Também houve redução média no escore da Escala Visual Analógica de dor, de 3,75 (DP=2,2) para 2,0 (DP=1,4). Diante dos resultados, sugere-se que a massoterapia esportiva em ambientes de treinamento resistido, como academias, pode ser uma aliada na recuperação pós-treino e prevenção de lesões em praticantes de musculação.
Unitermos:
Massagem desportiva. Dor. Flexibilidade. Treinamento de resistência.
Abstract
Resistance training aims at muscular hypertrophy, however this process can trigger tension and decrease muscle-tendon elasticity, compromising range of movement and generating pain. Sports massage increases tissue circulation and works to drain interstitial fluids, thus moderating the level of muscle tension and recovery time. This study aims to evaluate the effects of sports massage on resistance training practitioners, analyzing flexibility and pain in the upper limbs. This is a quasi-experimental study of an uncontrolled clinical trial applied to 8 adult men, with an average age of 38.6 years, who have been practicing bodybuilding for at least six months. Pain and flexibility were assessed before and after training, 24 hours after and after sports massage on the upper limbs. The results indicated that the sports massage applied 24 hours after training was effective in recovering joint range of motion in all points evaluated, with p values between <0.001 and 0.04. There was also a mean reduction in the Visual Analogue Scale pain score, from 3.75 (SD=2.2) to 2.0 (SD=1.4). Given the results, it is suggested that sports massage therapy in resistance training environments, such as gyms, can be an ally in post-workout recovery and injury prevention in bodybuilders.
Keywords
: Sports massage. Flexibility. Pain. Resistance training.
Resumen
El entrenamiento de resistencia tiene como objetivo la hipertrofia muscular, sin embargo este proceso puede desencadenar tensión y disminución de la elasticidad músculo-tendón, comprometiendo el rango de movimiento y generando dolor. El masaje deportivo aumenta la circulación de los tejidos y actúa drenando los líquidos intersticiales, moderando así el nivel de tensión muscular y el tiempo de recuperación. Este estudio tiene como objetivo evaluar los efectos del masaje deportivo en practicantes de entrenamiento de resistencia, analizando la flexibilidad y el dolor en los miembros superiores. Se trata de un estudio cuasiexperimental del tipo ensayo clínico no controlado aplicado a 8 hombres adultos, con edad promedio de 38,6 años, que practican fisicoculturismo desde hace al menos seis meses. Se evaluó el dolor y la flexibilidad antes y después del entrenamiento, 24 horas después y después del masaje deportivo en los miembros superiores. Los resultados indican que el masaje deportivo aplicado 24 horas después del entrenamiento mejora la movilidad articular y reduce el dolor. La terapia de masaje deportivo en entornos de entrenamiento de resistencia como gimnasios puede ser un aliado para la recuperación post-entrenamiento y la prevención de lesiones en los fisicoculturistas.
Palabras clave:
Masaje deportivo. Flexibilidad. Dolor. Entrenamiento de resistencia.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 324, May. (2025)
Introdução
O treinamento com pesos contribui para a hipertrofia muscular, pois a ação de sobrecarga mecânica na fase excêntrica faz com que o músculo alongue sob tensão, ou contração isométrica, provocando microlesões nas fibras musculares, incitando uma resposta inflamatória. Como resposta ao dano muscular, ocorrem alterações na produção de hormônios e fatores de crescimento GH (hormônio do crescimento - growth hormone), IGF 1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1- insulin-like growth factor-1) e testosterona, modulando o processo anabólico e contribuindo para a plasticidade muscular, ou seja, a adaptação do tecido muscular na fase crônica, hipertrofia. (Cahue et al., 2020)
O treinamento resistido realizado na musculação, a depender de sua intensidade, pode gerar desequilíbrio entre os músculos agonistas e antagonistas, causando tensão e diminuição da elasticidade músculo-tendão, fato este que implica na função articular, comprometendo a amplitude de movimento. Essa restrição articular relaciona-se ainda com a presença da dor muscular de início tardio, mecanismo de resposta metabólica adaptativa às microlesões oriundas das contrações resistidas. (Wilke, e Behringer, 2021)
Aliado à negligência de estímulos para desenvolvimento da flexibilidade, Ylinen (2009) sugere que o desequilíbrio muscular causado pela hipertrofia de um ou mais grupos musculares e a hipertonia (aumento do tônus muscular) são alguns dos fatores que contribuem para a tensão e encurtamento muscular, causando disfunção locomotora (limitação da mobilidade) e, gradualmente, dor na região músculo-tendínea.
A flexibilidade é a capacidade do alongamento muscular que permite maior amplitude de movimento articular (ativo ou passivo), permitindo a mobilidade plena em cada articulação. Esta característica varia de pessoa para pessoa, levando em consideração a idade, sexo, condição física, hábitos de vida e fatores exógenos (fatores externos) como temperatura e horário. (Warneke et al., 2023; Nunes Filho et al., 2022)
A massagem desportiva é uma prática terapêutica dentro da massoterapia destinada a atletas ou praticantes de atividade física, que visa proporcionar benefícios na diminuição da dor e edema, melhora do fluxo circulatório, redução de espasmos, cãibras e pontos gatilhos, além de atuar na diminuição da ansiedade, na melhora da concentração e prevenção de áreas tensionadas. Esta técnica tem registros na Grécia antiga, na época dos jogos olímpicos, onde gregos e romanos enfatizavam a importância da aplicação para a prevenção e promoção da saúde do atleta. (Ribeiro et al., 2023)
A aplicação da massagem desportiva promove benefícios voltados à prevenção, performance e promoção da saúde de atletas ou praticantes de atividades físicas em geral. Exerce importante atuação sobre os tecidos conjuntivos (fáscia muscular), contribuindo para a melhora na flexibilidade, circulação sanguínea, alívio de dores e tensões musculares, diminuição de espasmos, cãibras e fadiga. (Souza et al., 2020)
Uma revisão recente demonstrou que técnicas massoterapêuticas realizadas com diferentes instrumentos tiveram efeitos positivos na dor e mobilidade de esportistas de variadas modalidades (Ferreira et al., 2023). Entretanto, na revisão foram incluídos estudos com diferentes práticas esportivas, praticantes do sexo masculino e feminino e idades bastante distintas. Verifica-se ainda, em buscas nas bases de dados de artigos científicos que, outros trabalhos priorizam intervenções com massoterapia em amostras de atletas (Carvalho et al., 2024; Garcia-Sillero et al., 2021). Intervenções realizadas em praticantes amadores de treinamento de força em academia são incipientes na literatura. Esse tipo de estudo pode auxiliar no entendimento da eficiência da massagem para recuperação muscular desse público.
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da massagem desportiva em praticantes de treinamento resistido, analisando a flexibilidade e a dor em membros superiores.
Método
Este trabalho passou pela aprovação do comitê de ética e pesquisa do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) obtendo o parecer número 6.814.242 e CAAE: 78596024.3.0000.8156.
Trata-se de um estudo quase-experimental do tipo ensaio não controlado, segundo Thomas, Nelson, e Silverman (2012). O estudo foi realizado nas dependências de uma academia de musculação da cidade de Pinhais, Paraná, Brasil, e contou com uma amostra, selecionada por conveniência, de oito adultos do sexo masculino com idades entre 30 a 45 anos. Como critério de inclusão os praticantes de treinamento resistido (musculação) deveriam estar ativos nesta atividade há pelo menos 6 meses, sendo excluído aqueles com histórico de lesão na área de ombro, membro superior e/ou tronco no último mês.
O protocolo de treinamento resistido consistiu em 9 exercícios, executados em 4 séries de 8 repetições máximas, com intervalo de 1 minuto e 15 segundos entre cada série. Os grupos musculares trabalhados foram: peitoral maior (supino reto na barra, supino inclinado com halteres, voador peck-deck); deltoides (elevação lateral com halteres, elevação frontal com halteres, remada alta na barra); e músculos dorsais (puxada alta, remada fechada, remada aberta com barra).
A amplitude de movimento articular do ombro foi avaliada por meio de goniometria considerando os movimentos de rotação medial e lateral, flexão e extensão, adução e abdução. Para a avaliação de dor utilizou-se a Escala Visual Analógica (EVA). Estes procedimentos de avaliação foram realizados em três momentos: 1) antes do treinamento resistido; 2) 24 horas pós-treino e; 3) após a massagem desportiva.
A técnica foi aplicada pela pesquisadora principal, massoterapeuta habilitada, com três anos de experiência profissional e graduada em Massoterapia. A massagem foi aplicada 24 horas após o treinamento resistido, pelo tempo aproximado de 20 minutos, por meio de técnicas de deslizamento superficial e profundo, amassamento e fricção nas áreas de membro superior, ombro e tronco superior, associando movimentos de decoaptação articular.
Os dados foram tabulados e analisados por meio do software SPSS 24.0. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Tukey. A análise descritiva foi exposta em média e desvio padrão. A comparação entre as medidas angulares e da EVA, dos três momentos (repouso, após 24 horas e após massagem desportiva) foi verificada por meio da análise de variância (ANOVA) para medidas pareadas. A significância estatística foi assumida para p < 0,05.
Resultados
A análise descritiva permitiu verificar que os participantes tinham idade similar no momento da intervenção, o que demonstra importância para esse fator, já que, indica homogeneidade da amostra. De forma similar, é possível se verificar na prática semanal de exercícios físicos semanais, já que todos os participantes apresentaram regularidade de treinos. As informações descritivas dessas duas variáveis estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Análise descritiva referente à idade e número de sessões de exercício físico sistematizado por semana
Variável |
Média |
DP |
Mediana |
Mínimo |
Máximo |
Idade
(anos) |
38,6 |
3,1 |
39 |
34 |
43 |
EFS
(sessões) |
4,9 |
0,9 |
4,5 |
4 |
6 |
Legenda: EFS: Número de sessões de Exercício Físico Semanal; DP: Desvio Padrão
A Tabela 2 apresenta a análise comparativa dos valores angulares das articulações avaliadas nos três momentos do estudo, em repouso, após 24 horas da sessão de treinamento e após os participantes receberem a massagem desportiva. Nessa tabela também é apresentada a comparação da medida de escala de dor após 24 horas da sessão de treinamento e após a sessão de massagem desportiva.
A análise de variância (ANOVA) identificou diferenças nas médias das amplitudes angulares nos três momentos de avaliação. A partir da aplicação do teste de comparações múltiplas (Post Hoc), foi possível perceber que, comparado à medida de 24 horas após o treinamento, a média angular de repouso foi significativamente superior somente para a Flexão Lateral de Ombro (FXLO). Essa comparação também demonstrou que a média angular após a massagem foi significativamente superior comparado ao momento 24 horas após a sessão de treinamento para todas as medidas de amplitude angular.
Tabela 2. Análise comparativa da amplitude articular nos três momentos, repouso, após 24 horas e após a massagem
desportiva, bem como a comparação da medida da escala de dor após 24 horas e após a massagem desportiva
Amplitude
articular em graus |
Repouso Média (DP) |
Após
24h Média
(DP) |
Após
massagem
desportiva Média
(DP) |
F ou
t* |
P |
ABO |
158
(6,3) |
151
(7,1) |
160
(8,6)c |
8,61 |
0,004 |
ADO |
38
(11,7) |
33
(12,3) |
39
(12,7)c |
4,40 |
0,033 |
FXLO |
157
(8,3)a |
151
(10,1) |
163
(11,7)b |
11,8 |
<0,001 |
EXTO |
32,9
(11,6) |
29,5
(12,1) |
37,8
(12,6)c |
5,99 |
0,013 |
ROTL |
60,5
(21,7) |
55,8
(20) |
66,3
(16,5)c |
4,25 |
0,036 |
ROTM |
58,5
(13,2) |
54,1
(12,5) |
66,3
(14,8)d |
9,29 |
0,003 |
EVA |
---- |
3,75
(2,2) |
2,0
(1,4) |
2,41 |
0,041 |
Legenda: ABO: Abdução de ombro; ADO: Adução de ombro; FXLO: Flexão de ombro; EXTO: Extensão de ombro;
ROTL: Rotação lateral; ROTM: Rotação medial; EVA: Escala visual analógica de dor; p<0,05.
Houve diferença entre o momento repouso e após 24 horas do treino, e sem alteração quando comparado ao pós massagem;
Houve diferença entre o momento após massagem desportiva e após 24 horas do treino, e sem alteração quando comparado ao repouso;
Houve diferença entre o momento após massagem desportiva e após 24 horas do treino, e não houve diferença com o momento repouso;
Houve diferença entre o momento após massagem desportiva e repouso e também entre massagem desportiva e após 24 horas.
*t: Teste t utilizado para comparação das médias da EVA.
Neste estudo, os oito participantes eram do sexo masculino e tinham uma idade média de 38,6 anos, com idades variando de 34 a 43 anos, o que coloca todos em um grupo populacional similar em termos de idade. Esses indivíduos mantinham uma rotina de treino ativa, com sessões variando entre 4 a 6 por semana, o que reforça a homogeneidade da pesquisa.
Os resultados indicam que a massagem desportiva aplicada 24 horas após o treino melhorou a condição articular angular prejudicada pelo treinamento de resistência e reduziu o limiar de dor dos participantes. Ylinen (2009) aponta que a hipertrofia e hipertonia (aumento do tônus muscular) podem causar tensão muscular, encurtando as fibras e alterando a flexibilidade, mas essas condições podem ser mitigadas com alongamento e massagem. White et al. (2020) também observa que a massagem e movimentos suaves podem interromper o ciclo dor-espasmo-dor, frequentemente causado pela dor e tensão muscular durante o processo inflamatório, que restringe o movimento articular e encurta os tecidos fasciais.
Ao comparar a escala de dor, observou-se uma diminuição significativa nos valores médios após a massagem em relação ao momento anterior à massagem. Paz et al. (2021) explica que exercícios que envolvem grupos musculares diferentes dos usados habitualmente podem causar traumas agudos no tecido muscular, resultando em dor e desconforto que podem durar de 48 a 72 horas.
A tensão muscular devido à hipertrofia ou hipertonia pode levar ao encurtamento muscular, aumentando a pressão intramuscular, afetando o metabolismo e resultando em má circulação, edema e inflamação, ativando os receptores de dor no tecido muscular (Ylinen, 2009). Segundo White et al. (2020), a massagem de recuperação visa restabelecer o fluxo sanguíneo, eliminar resíduos metabólicos acumulados, melhorar a oxigenação celular, interromper o ciclo de dor após o treino e restaurar o equilíbrio e bem-estar.
Archer (2008) reforça que técnicas de massagem desportiva têm efeitos estruturais e sistêmicos. A técnica de effleurage (deslizamento superficial e profundo) foi a mais usada neste estudo, estimulando a circulação do sangue nas veias superficiais, melhorando o fluxo venoso, causando hiperemia tecidual e diminuindo a dor.
Os resultados também mostraram que a média angular após a massagem foi significativamente maior em comparação com o momento 24 horas após a sessão de treinamento, para todas as medidas de amplitude angular. A massagem desportiva oferece benefícios terapêuticos fisiológicos, com efeitos positivos nos sistemas musculoesquelético e miofascial, aumentando a amplitude de movimento, flexibilidade tecidual e promovendo o relaxamento muscular. (Archer, 2008)
Um estudo realizado por Oliva et al. (2012) em academia de musculação revelou que mais de 55% dos entrevistados relataram algum tipo de lesão associada ao treino, sendo o ombro a área mais afetada, seguido pela coluna lombar e músculos dorsais. Além disso, 36% dos praticantes relataram afastamento dos treinos por motivo de lesão ou durante período de maior sensibilidade dolorosa. Considerando esses achados, a massoterapia desportiva em frequentadores de academia pode colaborar na recuperação e prevenção de lesões, uma vez que sua técnica atua sobre as áreas sensíveis, os pontos de tensão, visando rapidez na recuperação muscular e sensação de bem-estar ao praticante.
O resultado do estudo aponta que a recuperação pós treino pode ser alcançada através da massagem desportiva permitindo ao praticante o retorno ao treinamento resistido com redução de dor, melhora da flexibilidade, além dos efeitos fisiológicos viabilizados pela adequação do fluxo circulatório e nutrição tecidual.
Embora neste estudo o protocolo de intervenção tenha demonstrado resultados favoráveis da massagem desportiva sobre os indicadores de percepção de dor e amplitude articular em praticantes de treinamento resistido, o número reduzido da amostra (n=8) e falta de um grupo controle não permite afirmar que os resultados possam ser generalizados, sendo, portanto, necessários novos trabalhos com amostra maior de participantes e grupo controle.
Conclusão
A massagem desportiva administrada no dia seguinte ao treino intenso pode auxiliar na amplitude muscular e no alívio da dor, sendo, portanto, uma opção a ser oferecida nas academias de musculação visando a acelerada recuperação pós-treino nos praticantes de treinamento resistido. O alívio da dor associado à melhora da flexibilidade impacta positivamente na sensação de bem-estar dos praticantes, colaborando para a aderência destes ao espaço de treino, maior motivação gerada pela sensação de bem-estar ao longo da prática e possivelmente na performance do praticante.
Referências
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