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ISSN 1514-3465

 

Melhora da marcha por intermédio de ginástica laboral

Improvement Walk Through Labor Gymnastics

Mejora de la caminata mediante la gimnasia laboral

 

Marco Antonio Uzunian*
uzunian.ma@gmail.com

Marcelo Luis Marquezi**
mlmqzz@gmail.com
Bruno Leonardo Ugolini***
ugolini.bl@gmail.com

Juliana Monique Lino Aparecido+
jmonique.lino@gmail.com
Ubiratan Silva Alves++
biralves03@gmail.com
Felipe Borges Trama+++
felipe.trama@hotmail.com

 

*Técnico em Treinamento de Força

pela Federação Paulista de Musculação
Licenciado e Bacharel em Educação Física

pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Pós-Graduado em Fisiologia do Exercício pela UNICID
**Licenciado em Educação Física

pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

com Mestrado em Biodinâmica do Movimento Humano

pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo

e Doutorado em Biologia Funcional e Molecular

pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professor e pesquisador líder do grupo

de pesquisa em Fisiologia e Metabolismo Aplicados à Atividade Física

do Laboratório de Fisiologia e Metabolismo da UNICID
***Professor Licenciado e Bacharel em Educação Física

Pós-Graduado em Futebol e Futsal

Pós-Graduado em Fisiologia e Prescrição do Exercício

Professor da Rede Pública Municipal e Estadual de São Paulo
+Mestre em Ciências da Saúde

pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Especialista em Fisiologia do Exercício da Reabilitação ao Treinamento

pela Universidade Cidade de São Paulo

Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória
pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Mogi das Cruzes
++Docente da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
no Colegiado de Educação Física

Graduado na Licenciatura plena em Educação Física

pela Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (USP)

Graduado em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE)

Especialista em Educação Motora pela Faculdade
de Educação Física da UNICAMP
Especialista em Formação a Distância pela Universidade Paulista (UNIP)
Mestre em Educação na área de Psicologia e Educação

pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)

Doutor na área de Atividade Física, Adaptação e Saúde,

subárea de Antropologia, pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP
+++Graduado em Licenciatura em Educação Física pela UNICID

Graduação em Bacharelado em Educação Física pela UNICID

Especializado em Musculação e Condicionamento Físico

pela Universidade Gama Filho

Preparador Físico da Editora FTD

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID): Laboratório de Pesquisa em
Educação Física (LAPEF). Departamento de Fisiologia do Exercício

(Brasil)

 

Recepção: 25/05/2023 - Aceitação: 25/02/2024

1ª Revisão: 22/01/2024 - 2ª Revisão: 21/02/2024

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Uzunian, M.A., Marquezi, M.L., Ugolini, B.L., Aparecido, J.M.L., Alves, U.S., e Trama, F.B. (2024). Melhora da marcha por intermédio de ginástica laboral. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(310), 76-87. https://doi.org/10.46642/efd.v28i310.7048

 

Resumo

    Os programas de atividade física no trabalho são relativamente antigos e existem registros desse tipo de atividade desde 1925. E o objetivo foi verificar a influência da ginástica laboral na melhora do desempenho da caminhada prolongada. Para tanto, foram selecionados 16 voluntários, sendo 8 participantes de ginástica laboral por 8 semanas e 8 pertencentes ao Grupo Controle submetidos à caminhada de 5 km. Foram observadas diferenças significativas na “Percepção Subjetiva de Esforço” (PSE) do Grupo Laboral para “Aquecimento” e “Pós-Exercício” respectivamente (1,9±1,36 e 4,1 ±0,99). A Ginástica Laboral promoveu melhora no desempenho da caminhada relativa à 5 km (quilômetros).

    Unitermos: Ginástica laboral. Desempenho. Caminhada.

 

Abstract

    Physical activity programs at work are relatively old and there are records of this type of activity since 1925. The object was to verify the influence of labor gymnastics on the performance of prolonged walking. The method was 16 volunteers were selected, 8 participants in labor gymnastics for 8 weeks and 8 belonging to the Control Group submitted to a 5 km walk. Significant differences were observed in the “Subjective Perception of Effort (SPE) in the Labor Group for “Warm-up” and “Post-Exercise” respectively (1.9±1.36 and 4.1 ±0.99). Labor Gymnastics promoted improvement in walking performance relative to 5 km (kilometers).

    Keywords: Labor gymnastic. Performance. Walk.

 

Resumen

    Los programas de actividad física en el trabajo son relativamente antiguos y existen registros de este tipo de actividad desde 1925. El objetivo fue comprobar la influencia de la gimnasia laboral en la mejora del rendimiento de la caminata prolongada. Para ello se seleccionaron 16 voluntarios, 8 participando en gimnasia laboral durante 8 semanas y 8 pertenecientes al Grupo Control realizando una caminata de 5 km. Se observaron diferencias significativas en la “Percepción Subjetiva del Esfuerzo” (PSE) del Grupo Laboral. para “Calentamiento” y “Post-Ejercicio” respectivamente (1,9±1,36 y 4,1±0,99). La Gimnasia Laboral promovió una mejora en el rendimiento de la caminata en 5 km (kilómetros).

    Palabras clave: Gimnasia laboral. Rendimiento. Caminata.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 310, Mar. (2024)


 

Introdução 

 

    Os programas de atividade física no trabalho são relativamente antigos e existem registros desse tipo de atividade desde 1925, na Polônia, Bulgária, Alemanha Oriental, Holanda e Rússia, quando era chamada de “Ginástica de Pausa”. (Cañete, 1996)

 

    De acordo Cañete (1996), na mesma época, impulsionada pela cultura e tradição oriental, a prática de atividade física no trabalho foi implantada no Japão. Inicialmente, era destinada a algumas atividades ocupacionais e após a Segunda Guerra Mundial, foi difundida por todo o país. A grande propagação desses programas na cultura japonesa é atribuída à veiculação de “Rádio Taissô” (Ginástica transmitida através do rádio), em geral, com movimentos corporais lentos e compassados, preparatórios a atividades da vida diária (AVD) em casa ou no trabalho. (Polito, e Bergamaschi, 2002)

 

    A Federação de Rádio Taissô no Brasil coordena mais de 5000 praticantes ligados a 30 entidades em quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. (Polito, e Bergamaschi, 2002)

 

    São sugeridos à ginástica laboral sessões de 5, 10 ou 15 minutos de intervenção, tendo como principais objetivos a prevenção das LER/DORT e a diminuição do estresse, através de estímulos físicos diversos. (Martins, 2001; Maciel, Costa Albuquerque, e Melzer, 2005)

 

    Para Polito, e Bergamaschi (2002), tais exercícios podem também enfatizar a compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas ocupacionais diárias. De acordo com estes autores, Picoli, e Guastelli (2002) definem a ginástica laboral como um exercício elaborado à compensação e prevenção de dores na coluna e desvios de postura.

 

    Ela deve ser realizada coletivamente durante a jornada de trabalho, prescrita de forma específica, de acordo com a função exercida pelo trabalhador, visando prevenir doenças ocupacionais e promovendo o bem-estar individual, por intermédio da consciência corporal em quatro pilares: “conhecer, respeitar, amar e estimular o seu próprio corpo”. (Lima, 2004; Revuelto-Taboada, 2018)

 

    Segundo Figueiredo, e Mont’Alvão (2005), a Ginástica Laboral compensa movimentos repetitivos, hábitos hipocinéticos e posturas desconfortáveis assumidas durante o período de trabalho, além da redução do estresse, com intervenções realizadas antes, durante ou após a jornada de trabalho. Já relatado por estes autores, é sabido que a Ginástica Laboral pode ser classificada em três tipos: Preparatória, Compensatória e Relaxante.

 

    A “Ginástica Laboral Preparatória” é realizada antes da jornada de trabalho, aquecendo e despertando o funcionário, com o objetivo de prevenir acidentes de trabalho, distensões musculares, doenças ocupacionais e, em adição, aumentar a disposição do funcionário. (Dias, 1994; Alves, e Vale, 1999; Oliveira, 2006)

 

    Definida por Kolling (1980), um dos precursores da Ginástica Laboral no Brasil, seu viés compensatório tem por objetivo, precisamente, fazer trabalhar os músculos correspondentes e relaxar os músculos que estão em contração durante a maior parte da jornada de trabalho. Portanto, em um programa de “Ginástica Laboral Compensatória” é necessário fortalecer os músculos menos usados durante a jornada de trabalho, além de alongar os mais solicitados, proporcionando a compensação dos músculos agonistas e antagonistas, de forma equilibrada. (Kolling, 1980).

 

    Em adição, ações compensatórias devem ser realizadas durante o expediente de trabalho, de forma terapêutica, exercitando músculos que foram recrutados em excesso durante a jornada de trabalho, proporcionando um bem-estar físico, mental e social ao funcionário. (Cañete, 2001; Cuello, Fructus, e Aquilar Panduro, 2020)

 

    Esta intervenção, normalmente, é aplicada por intermédio de uma “pausa ativa” de 3 a 4 horas após o início do expediente, tendo como objetivo aliviar tensões e fortalecer os músculos do trabalhador. (Mendes, 2000; Martins, e Duarte, 2001)

 

    Já a “Ginástica Laboral Relaxante”é de grande importância, pois desenvolve exercícios específicos de relaxamento, principalmente em trabalhos com excesso de carga horária ou em serviços de cunho intelectual, portanto, praticada ao final do expediente, tem como objetivo relaxar o corpo e extravasar tensões das regiões que acumulam mais estresse. (Mendes, 2000; Oliveira, 2007, Quispe, Sánchez, Saavedra, Rosales, e García, 2020)

 

    Vale salientar que todas estas intervenções devem proporcionar ações corretivas, visando combater e, principalmente, atenuar as consequências decorrentes de aspectos ergonômicos inadequados ao ambiente de trabalho, em conjunto multidisciplinar com a área da medicina do trabalho, enfermagem e fisioterapia. (Pimentel, 1999)

 

    No Brasil, após algumas experiências isoladas durante os anos '70, houve um período em que essas práticas caíram no esquecimento devido à carência de resultados que servissem de base para a sua disseminação. (Polito, e Bergamaschi, 2002)

 

    Porém, a negação da existência dos distúrbios musculoesqueléticos, o pouco valor atribuído às queixas dos auxiliares de produção e a falta de reflexão voltada para as características do trabalho, prejudicam o desenvolvimento da prática de ginástica laboral como uma ferramenta de prevenção de doenças ocupacionais. (Longen, 2003)

 

    Porém, estudos confirmam melhora da qualidade de vida no trabalho (QVT), por efeito da liberação de endorfina, conhecida como o neurotransmissor do bem-estar, reduzindo os níveis de estresse e contribuindo para o aumento da produção na jornada profissional. (Arantes, 2020)

 

    Reconhecendo a importância da ginástica laboral e sua relevante contribuição à ciência, o objetivo do estudo foi averiguar sua influência na melhora do desempenho da caminhada prolongada.

 

Métodos 

 

    Todos os procedimentos propostos foram submetidos e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Cidade de São Paulo (Protocolo nº. 36864314.2.0000.0064).

 

    Os participantes selecionados assinaram um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (TCLE) referente à participação após concordarem com os objetivos, riscos e benefícios relacionados ao estudo.

 

Amostra 

 

    Participaram do estudo 16 indivíduos, oito do sexo masculino e oito do sexo feminino. (Dados antropométricos apresentados nos “Resultados”; Tabela 1).

 

    Desses, oitos compuseram o Grupo Laboral (H:4; M:4) e os outros Oito, o Grupo Controle (H:4; M:4).

 

    Para critério à inclusão, foram aceitos participantes que estiveram presentes em todas as aulas de ginástica laboral oferecidas durante oito semanas, pré-prova de cinco quilômetros. Como fatores de exclusão, não foram aceitas participações de colaboradores com histórico de lesão ou que impossibilitavam realizar marcha em longa distância.

 

Delineamento experimental 

 

    O Fluxograma 1 representa a construção do estudo.

 

Fluxograma 1. Construção do estudo

Fluxograma 1. Construção do estudo

Fonte: Autores

 

Ginástica Laboral 

 

    Todas as aulas de ginástica laboral ocorreram dentro de uma empresa, localizada no Centro da Cidade de São Paulo, com intervenções práticas contendo 15 minutos de duração. As ações sugeridas tinham característica de treinamento em “full-body”, com exercícios para membros superiores, inferiores e tronco, na mesma sessão.

 

    Foram executados gestos que reproduziram fundamentos de diversos esportes, como por exemplo: Saque por cima (Voleibol), Passe (Futebol), Arremesso (Basquetebol), Toque (Esgrima) e,em adição, gestos referentes ao Treinamento de Força (Elevação Lateral e Agachamento) todos com o peso do corpo e sem uso de quaisquer implementos.

 

    Os exercícios supracitados eram reproduzidos três vezes por semana, no mesmo horário, em 3 (três) séries, com 10 a 15 repetições voluntárias, sem falha concêntrica com 1” (um segundo) de contração concêntrica e 1” (um segundo) de contração excêntrica.

 

    O tempo de pausa, entre cada série, correspondia a 15” (quinze segundos) e entre os exercícios, com temas diferentes em cada sessão, 3’ (três minutos).

 

    Todos os participantes receberam estímulos verbais e foram orientados quanto à correta execução dos exercícios, respeitando seus limites de ADM (Amplitude de Movimento), bem como, intensidade das ações propostas.

 

Prova de Caminhada 

 

    A marcha (caminhada) com percurso de 5 km (cinco quilômetros) foi realizada à noite, no Campus de uma Universidade Pública, em São Paulo.

 

Aquecimento 

 

    O aquecimento foi realizado pela empresa organizadora da Prova e teve duração de 10’ (dez minutos).

 

    As ações aplicadas foram nomeadas, segundo os Organizadores do Evento, de “Polichinelo”, “Saltos Verticais Curtos”, “Alongamento de Membros Superiores” e “Alongamento de Membros Inferiores”.

 

    Logo após esta intervenção, os voluntários realizaram o percurso sem quaisquer desistências, com tempo de prova concluído em aproximadamente 75’ (setenta e cinco minutos).

 

    A “Volta à Calma” (Alongamento), também promovida pela Organização do Evento, ocorreu de forma branda, sem intervenções significativas, em período pré-determinado e, devido aos distintos tempos de prova de cada indivíduo, não contemplou os participantes do estudo.

 

Percepção Subjetiva de Esforço 

 

    Para monitorar a intensidade da sessão na Prova de Caminhada foi utilizada uma escala de percepção subjetiva de esforço (PSE). A PSE é entendida como a integração de sinais periféricos (músculos e articulações) e centrais (ventilação) que, interpretados pelo córtex sensorial, produzem a percepção geral ou local do empenho para a realização de uma determinada tarefa. (Nakamura, Moreira, e Aoki, 2010)

 

    Segundo este modelo, a PSE seria gerada a partir da interpretação de estímulos sensoriais, por meio do mecanismo de retroalimentação (feedback), modelo aceito pela maioria dos pesquisadores e profissionais do esporte.

 

    Em três momentos (Pré-Prova, Pós-Aquecimento e Pós-Prova), todos os voluntários foram submetidos a classificar sua Nota de Estresse Físico, por intermédio da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço proposta por Foster (0 a 10), com o número “0” representando Repouso e o “10”, Fadiga Máxima (Figura 1).

 

Figura 1. Escala de Foster (PSE)

Figura 1. Escala de Foster (PSE)

Fonte: Nakamura et al. (2010)

 

Tratamento estatístico 

 

    Os resultados estão apresentados como média±desvio padrão e o nível de significância adotado foi de p<0,05.

O tratamento estatístico foi realizado através do software Statistica for Windows (versão 5.0; Statsoft, Inc., Estados Unidos).

 

Resultados 

 

    Os dados de caracterização da amostra (antropométricos) e obtidos nos períodos pré-prova, pós-aquecimento e pós-prova constam nas tabelas abaixo, apresentados por média e desvio padrão.

 

Tabela 1. Dados antropométricos

n (16)

Controle

Laboral

Média  dp

Média  dp

Idade (anos)

39,6 ± 5,10

40,6  ± 3,20

Peso (kg)

67,3 ± 12,62

72,4 ± 9,05

Estatura (cm)

166 ,3 ± 11,72

167,9  ± 8,10

Fonte: Dados de pesquisa

 

Tabela 2. Percepção subjetiva de esforço

PSE

Laboral

Controle

t

média

dp

média

dp

Repouso

0,5

0,93

0,8

0,71

0,299

Aquecimento

1,9

1,36*

2,4

1,19

0,204

Pós exercício

4,1

0,99*

4,6

2,50

0,251

Nota: *p<0,05 Indicando diferenças estatisticamente 

significativas entre os grupos. 

Fonte: Dados de pesquisa

 

Discussão 

 

    Respeitando o protocolo de uso da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço, a coleta de dados ocorreu 10 minutos após a chegada dos participantes do estudo, evitando assim subestima ou hiper-estima da escala, na atribuição de nota realizada pelos indivíduos.

 

    Os dados Pré Prova apontaram igualdade de condições em ambos grupos. Todos, então, iniciaram a caminhada alegando estarem aptos e sem cansaço.

 

    O Grupo Controle (GC) apresentou maior desgaste no período pós- aquecimento (r = 0,19). Isto sugere que o Aquecimento (Carga Externa) produziu maior desgaste ocasionando, possivelmente, um déficit de energia ao longo da prova.

 

    O abalo orgânico (Carga Interna) gerado pelo aquecimento, apontado na escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) mostrou-se relevante e, futuramente, ao final da prova, reforçou o desgaste deste mesmo grupo (r = 0,10).

 

    Mesmo de forma subjetiva, porém, validada cientificamente, os dados mostraram melhor recuperação após o aquecimento e maior desempenho do Grupo Laboral (GL), atribuindo à prática da ginástica, não somente benefícios ocupacionais, mas também, oportunizando aos praticantes a melhora no desempenho da marcha em longa distância. O desempenho apresentado pelo Grupo Laboral pode ser explicado devido à resistência muscular esquelética, estimulada durante as sessões de ginástica.

 

    O estímulo supracitado elevou a capacidade de trabalho muscular com predominância de contribuição das fibras musculares de coloração vermelha, com capacidade de contração lenta e via oxidativa de substrato energético, proporcionando maior resistência à fadiga, aumentado o desempenho durante a caminhada prolongada. (Minamoto, 2004)

 

    A predominância de fibras musculares do tipo 1 (vermelhas) no tríceps sural (perna), sob intervenção de estímulo laboral, pode ter resultado também na melhora do retorno venoso ao Grupo Laboral (GL), favorecendo o aporte de nutrientes e remoção de metabólitos.

 

    Foi encontrado um baixo, porém presente, Tamanho do Efeito (Valor de “r”), justificado devido a uma possível subestima da percepção subjetiva de esforço (PSE) interpretada pelo Grupo Controle, algo não raro devido à perda de status social ao assumirem a “derrota” pelo baixo rendimento.

 

    A variação do desvio padrão (Valor de t; Tabela 2), na ausência da análise de marcadores bioquímicos e metabólicos (Concentração de lactato sanguíneo, Imunoglobulina IgA, Consumo máximo de oxigênio e Quociente respiratório), sugere a interpretação da subestima na Escala PSE de forma imparcial.

 

    O estudo apresenta limitações, como a não realização de análises sanguíneas, além de biópsia muscular, mas espera-se que estimule a produção de novas pesquisas correlacionando a ginástica laboral e o desempenho físico.

 

Conclusão 

 

    Além de benefícios no combate à DOMART (Distúrbios Osteomioarticulares Relacionados ao Trabalho), a Ginástica Laboral Preparatória foi eficaz na promoção da melhora do desempenho numa Prova de Caminhada relativa ao trajeto de 5 Km (cinco quilômetros), credenciando esta intervenção como promotora de aumento do desempenho em ações de marcha prolongada.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 310, Mar. (2024)