Análise do efeito da diatermia por ondas curtas nas cervicalgias de universitários

Analysis of the effect of short-wave diathermy on cervicalgias of university students

Análisis del efecto de la diatermia por ondas cortas en las cervicalgias de universitarios

 

Caren Thais Bulow*

caren_bullow@hotmail.com

Fernanda Peron Hubner*

ferphubner@hotmail.com

Tacyane Carla Kroth*

tacyane_ck@hotmail.com

Maria das Graças Anguera**

graca.anguera@bol.com.br

Gladson Ricardo Flor Bertolini***

gladsonricardo@gmail.com

 

*Graduanda em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

**Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Doutora em em Medicina Preventiva

pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

***Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor

pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP

(Brasil)

 

Recepção: 24/04/2018 - Aceitação: 28/02/2019

1ª Revisão: 24/11/2018 - 2ª Revisão: 25/02/2019

 

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

 

Resumo

    Introdução: A dor na região cervical, denominada cervicalgia, é comum em diversas faixas etárias, possuindo elevada predominância nas síndromes dolorosas corporais, sendo considerada a segunda maior causa de dor na coluna vertebral. Uma das possibilidades terapêuticas para tal algia é a aplicação de calor via equipamentos de ondas curtas, sendo que um dos efeitos fisiológicos é a dilatação dos vasos sanguíneos que favorece a eliminação de catabólitos. Objetivo: Verificar possíveis alterações na dor cervical em universitários, utilizando a diatermia por ondas curtas contínuas com técnica indutiva. Métodos: Vinte universitários foram divididos em dois grupos de dez participantes em cada, sendo um grupo tratado (GT) e o outro placebo (GP), os participantes foram avaliados por meio da Escala Visual Analógica de Dor (EVA) e por meio do Índice de Incapacidade Relacionada ao Pescoço (NDI).Resultados: Ambos os grupos apresentaram redução da dor pela EVA, bem como redução em alguns subtópicos e escore total da NDI. Conclusão: A utilização da diatermia por ondas curtas contínuas de forma indutiva não proporcionou melhora da dor cervical superior ao placebo.

    Unitermos: Ondas de rádio. Cervicalgia. Medição da dor.

 

Abstract

    Introduction: Neck pain, is common in several age groups, with a high prevalence in painful body syndromes, being considered the second major cause of pain in the spine. One of the therapeutic possibilities for such pain is the application of heat through short-wave equipment, one of the physiological effects being the dilation of the blood vessels that favors the elimination of catabolites. Objective: To verify possible alterations in cervical pain in college students, using continuous short-wave diathermy with inductive technique. Methods: Twenty students were divided into two groups of ten participants each, being one treated group and the other placebo, the participants were evaluated through the Visual Analogue Pain Index (VAS) and through the Index Neck Disability (NDI). Results: Both groups presented pain reduction by VAS, as well as reduction in some subtopics and total NDI score. Conclusion: The use of continuous short-wave diathermy inductively did not improve cervical pain better than placebo.

    Keywords: Radio waves. Neck pain. Pain measurement.

 

Resumen

    El dolor en la región cervical, denominada cervicalgia, es común en diversas franjas etarias, con elevada predominancia en los síndromes dolorosos corporales, siendo considerada la segunda mayor causa de dolor en la columna vertebral. Una de las posibilidades terapéuticas para tal algia es la aplicación de calor vía equipos de ondas cortas, siendo que uno de los efectos fisiológicos es la dilatación de los vasos sanguíneos que favorece la eliminación de catabolitos. Objetivo: Verificar posibles alteraciones en el dolor cervical en universitarios, utilizando la diatermia por ondas cortas continuas con técnica inductiva. Métodos: Veinte universitarios fueron divididos en dos grupos de diez participantes en cada uno, siendo un grupo tratado (GT) y el otro placebo (GP). Los participantes fueron evaluados por medio de la Escala Visual Analógica de Dolor (EVA) y por medio del Índice de la discapacidad relacionada con el cuello (NDI). Resultados: Ambos grupos presentaron reducción del dolor por EVA, así como reducción en algunos subtópicos y puntuación total de la NDI. Conclusión: La utilización de la diatermia por ondas cortas continuas de forma inductiva no proporcionó una mejora del dolor cervical superior al placebo.

    Palabras clave: Ondas de radio. Cervicalgia. Medición del dolor.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 250, Mar. (2019)


 

Introdução

 

    A dor na região cervical, conhecida como cervicalgia, é uma grande causa de incapacidade funcional, e é relacionada com altas cargas laborais e problemas emocionais (Keown & Tuchin, 2018). A coluna cervical é composta por sete vértebras, as duas primeiras são distintas das seguintes, sendo responsáveis por grande parte do movimento da coluna cervical, sendo mantida estabilidade por diversos ligamentos, a partir da 3ª, as vértebras são mais homogêneas, com corpos vertebrais separados pelos discos intervertebrais, responsáveis pela absorção de impacto e dispersão de energia. Estas estruturas são importantes alvos de processos degenerativos, direcionando à formação de hérnias discais, osteófitos e esclerose subcondral. A dor cervical tem como causas mais comuns as origens mecânicas (uso excessivo de determinado segmento ou trauma) e reumáticas (Antônio & Pernambuco, 2001). São considerados locais fontes de dor cervical, os músculos, articulações zigapofisárias, ligamentos, dura-máter, artérias vertebrais e discos intervertebrais (Bogduk, 2011), e a anteriorização da cabeça é associada com incapacidade e intensidade de dor cervical (Soares, Weber, Trevisan, Trevisan, & Rossi, 2012). Mattos et al. (2009) apontam uma alta incidência em universitários, que foi associada ao sexo, uso diário de computador e sedentarismo.

 

    A cervicalgia é um problema comum e com altos custos na sociedade ocidental, com a prevalência variando entre 20 a 50%, sendo muito frequente a recorrência dos sintomas (Cohen, 2015; Genebra, Maciel, Bento, Simeão, & Vitta, 2017; Soares et al., 2012). As formas terapêuticas mais comuns são o uso de antiinflamatórios não hormonais (AINH) e narcóticos, além do tratamento fisioterapêutico, no qual o uso de calor, eletroterapia, tração cervical são os mais frequentes (Choi et al., 2017).

 

    Chou et al. (2018) e Côté et al. (2016) em trabalho de revisão apontam que para casos de cervicalgia crônica, opções primárias de tratamento são: exercício, yoga, terapias comportamentais cognitivas, acupuntura, biofeedback, relaxamento, massagem, terapia manual, reabilitação interdisciplinar, AINH e antidepressivos. Porém, baseados na pequena literatura disponível, desencorajam o uso de determinadas terapias, como toxina botulínica, corticóides sistêmicos, colar cervical, eletroestimulação e diatermia por ondas curtas.

 

    O uso da radiofrequência tem se apresentado como alternativa para tratamentos de disfunções álgicas na coluna vertebral, como apresentado por Alessandro et al. (Alessandro, Lorenzo, Maria, & Grazia, 2018) em indivíduos com dor lombar crônica inespecífica. Mais especificamente para a diatermia por ondas curtas, a qual é um campo eletromagnético com frequência de 27,12 MHz (Sousa, Guirro, Calió, Queluz, & Guirro, 2017), há relatos de efeitos positivos com relação à dor e desempenho muscular em indivíduos com osteoartrite de joelho (Laufer & Dar, 2012), e também em indivíduos com dor lombar crônica inespecífica (Gibson et al., 1985). A elevação da temperatura produz aumento do fluxo sanguíneo e seus consequentes efeitos terapêuticos (Sousa et al., 2017), como aumento na taxa metabólica e consequente fornecimento de oxigênio (Zavarize, Martelli, & Fisiológicas, 2014), o que aumenta a velocidade de condução nervosa, remoção de catabólitos e subprodutos causadores de dor (Braz, 2005).

 

    Existem duas formas diferentes de expor o paciente à radiofrequência, na diatermia por ondas curtas: a forma capacitiva, na qual a parte a ser tratada fica entre dois eletrodos, formando o material dielétrico entre duas placas capacitivas; e a indutiva, na qual um emissor é colocado próximo ao corpo, produzindo fluxo magnético (Martin, McCallum, & Heaton, 1990). Visto que a segunda parece produzir menores riscos ocupacionais para terapeutas e pessoas ao redor (Karpowicz & Gryz, 2013; Shields, O’Hare, & Gormley, 2004), e até pela facilidade de uso, tem aumentado o interesse por esta forma de aplicação.Assim, o objetivo desta pesquisa foi verificar variações na dor cervical em universitários tratadas com diatermia por ondas curtas contínuas e técnica indutiva.

 

Métodos

 

    Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de caráter quantitativo. A amostra de 20 voluntários (apenas um homem) foi selecionada por conveniência, e distribuída em dois grupos, por sorteio utilizando envelope opaco: grupo placebo (GP) e grupo tratado (GT), com 10 participantes em cada grupo. A pesquisa foi realizada nas dependências do Centro de Reabilitação Física (CRF) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), após aprovação do trabalho no comitê de ética em Pesquisa com seres humanos (CEP) sob parecer nº 2.166.060.

 

    Os participantes da pesquisa foram estudantes universitários do campus,de Cascavel – PR, de cursos das áreas de saúde, que relataram cervicalgia por um período superior a três meses, com faixa etária entre 18 e 30 anos e que concordaram em participar da pesquisa. Os critérios de exclusão foram: lesão de pele, gestantes, neoplasia, edema ou hemorragia, diagnóstico prévio de hérnia de disco, traumas e procedimentos cirúrgicos na região cervical. O convite para participação foi realizado por mídias sociais e contato direto entre os pesquisadores e acadêmicos da instituição.

 

    Foram feitas avaliações ao início do protocolo (AV1) e ao término (AV2) do mesmo. Os indivíduos responderam à uma anamnese detalhada para caracterização do grupo de estudo quanto à dor cervical e submetidos às avaliações clínicas por meio do Índice de Incapacidade Relacionada ao Pescoço – Neck Disability Index (NDI) -questionário que avalia a incapacidade na região cervical, composto por 10 questões referentes à atividade geral e dor, com resultados variando entre 0% (sem incapacidade) a 100% (incapacidade completa) (Falavigna et al., 2011), e pela Escala Visual Analógica (EVA), com auxílio de um instrumento de madeira, com cursor móvel ao longo de 10 cm, no qual existia a anotação de zero (sem dor) e 10 (máximo de dor), sendo solicitado ao participante indicar o nível de dor no momento da avaliação. Na parte de trás do dispositivo havia uma régua milimetrada, na qual o examinador anotava o valor exato apontado pelo paciente, sendo graduada de acordo com pontuações ordinais: nenhuma dor (0), dor leve (10 a 29), moderada (30 a 59) e intensa (60 a 100) (Melzack, 2005).

 

    A intervenção foi realizada com equipamento de diatermia por ondas curtas (DOC) da marca IBRAMED®, no modo contínuo e forma indutiva, com aplicador posicionado diretamente sobre a transição cervicotorácica, para tal o voluntário foi posicionado em decúbito dorsal com apoio na região occipital por cunha de espuma. Foram realizados dois procedimentos por semana, com duração de 20 minutos cada, com intervalos de no mínimo de 48 horas e máximo de 72 horas (excluído o tempo do final de semana), durante quatro semanas.

 

    Para determinar a intensidade da dose, foi utilizada a escala de Schliephack (Rosa, 2007) em seu Grau III, o que representou para o paciente um calor agradável, iniciando com o equipamento na dose de 80 W, diminuindo a potência de acordo com o indicado pelo participante.

 

    A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Bioestat 5.0, utilizando-se inicialmente o teste de Shapiro-Wilk, visando analisar a normalidade dos dados. Sendo apresentada média e desvio-padrão para a EVA, com análise inferencial pelo teste t (pareado e não pareado), ainda foi realizado o cálculo de tamanho de efeito de Cohen. Para o NDI os dados foram apresentados em mediana e quartis, com comparação entre os grupos pelo teste de Kruskal-Wallis e comparações dentro dos grupos pelo teste de Wilcoxon, em ambos os casos o nível de significância aceito foi 5%.

 

Resultados

 

    A Tabela 1 apresenta os resultados da amostra pela Escala Visual Analógica (EVA). Foi observado que na comparação entre os grupos, tanto para AV1 (p=0,3176) quanto para AV2 (p=0,1290) não houve diferenças significativas. A comparação entre os grupos mostrou-se com médio tamanho de efeito, inicialmente entre os grupos foi de 0,46 e ao final 0,71. Avaliando apenas o grupo placebo o tamanho de efeito foi grande (1,36) e médio (0,43) para o grupo tratado.

 

Tabela 1.Valores em média e desvio padrão, encontrados para o grupo placebo (GP) e para o grupo tratado (GT), observados na Escala Visual Analógica (EVA), para a avaliação inicial (AV1) e final (AV2).

 

GP

GT

 

AV1

AV2

AV1

AV2

Média

48 ± 24

17 ± 22

58 ± 19

30 ± 14

p-valor (intragrupo)

0,0103

<0,0001

 

 

    Na tabela 2, encontra-se a Avaliação do Índice de Incapacidade Relacionada ao Pescoço, Neck Disability Index (NDI) para ambos os grupos e avaliações. Considerou-se o escore para cada questão de zero a cinco, sendo “0” nenhuma dificuldade e “5” incapacidade. Na comparação entre os grupos, apenas para o subitem “Levantar Coisas” houve diferenças significativas em AV1, em nenhuma outra avaliação ou subitem ocorreram tais diferenças. Mas, dentro do grupo placebo houve diferenças para os subitens: intensidade da dor, dores de cabeça, trabalho, dirigir automóveis, e no escore final. Para o grupo tratado ocorreram diferenças em: intensidade da dor, leitura, dores de cabeça, e escore final.

 

Tabela 2. Avaliação do Índice de Incapacidade Relacionada ao Pescoço – Neck Disability Index (NDI), para os grupos Placebo (GP) e Tratado (GT); nos diferentes momentos de avaliação (AV1: avaliação inicial; AV2:avaliação ao término do tratamento). Os dados são apresentados em mediana (Md) e quartis (Q).

   

GP

GT

   

AV1

AV2

AV1

AV2

Intensidade da dor

Md

1º e 3º Q

2 - 2

0,25-2

1,25-2

0-1

Cuidado pessoal

Md

1º e 3º Q

0

0-1

0

0-0

0

0-0

0

0-0

Levantar coisas

Md

1º e 3º Q

1*

1-1

1

0,25-1

0*

0-1

0

0-0,75

Leitura

Md

1º e 3º Q

2

2-3

1.5

1-2

2-2,75

1-2

Dores de cabeça

Md

1º e 3º Q

2-3,75

2.5ө

1,25-3

2.5ө

2-3,75

1.5ө

1-2,75

Prestar atenção

Md

1º e 3º Q

1

0,25-1,75

1

0,25-1

1

1-2

1

0-2

Trabalho

Md

1º e 3º Q

0-1,75

0-0

0

0-1

0

0-0

Dirigir automóveis

Md

1º e 3º Q

1-1,75

0,25-1

1

1-1,5

0

0-1

Dormir

Md

1º e 3º Q

1

0,25-1,75

1

0-1

1

1-2

1

0,25-1,75

Diversão

Md

1º e 3º Q

1

1-1

1

0,25-1

1

1-1

1

0-1

Escore final

Md

1º e 3º Q

27ө

22,6-34,8

15ө

12,3-29

25,2ө

24-26

14.4ө

8,5-19,4

*Diferença significativa ao comparar os grupos para a mesma avaliação. ө diferença significativa ao comparar com AV1, dos mesmos grupos.

 

Discussão

 

    Os resultados indicam que a modalidade terapêutica de diatermia por ondas curtas contínua indutiva não teve influência na redução da dor, mostrando, segundo a EVA, que os grupos inicialmente caracterizavam-se como dor moderada e após a oitava sessão evidenciou-se que os pacientes do grupo placebo obtiveram melhora da mesma, passando a ser classificada como dor leve, e para o grupo tratado, apesar de também ter ocorrido diminuição significativa, continuou classificada como moderada.A EVA, apesar de avaliar unidimensionalmente a dor, é um instrumento simples e confiável, tanto em situações clínicas quanto em pesquisas, podendo assim assegurar os resultados encontrados nas avaliações (Jensen, Chen, & Brugger, 2003).

 

    Uma das principais causas de incapacidade funcional e física é a dor crônica que afeta de forma significativa os indivíduos em tarefas como lazer, relações sociais, laborativas e familiares (Schmitt et al., 2009). Como demostrado no presente estudo, pelo NDI, grande parte da amostra era afetada pela intensidade da dor, além de dificuldades na leitura, no trabalho, ao dirigir automóveis, levantar coisas entre outras atividades, sendo um instrumento importante na avaliação dos resultados (Falavigna et al., 2011).

 

    A amostra no presente estudo foi composta basicamente por mulheres, visto que a maior incidência de cervicalgia crônica é apresentada por tal gênero (Leboeuf-Yde, Nielsen, Kyvik, Fejer, & Hartvigsen, 2009), mas, também entende-se que pode ter sido um achado aleatório, dentro dos discentes dos cursos de saúde convidados. Para o tratamento desta disfunção álgica, a fisioterapia dispõe de vários recursos eletrotermofototerapêuticos e manuais,que melhoram o condicionamento muscular, a flexibilidade e direta ou indiretamente o quadro álgico, promovendo um benefício na qualidade de vida (Gross et al., 2010; von Trott et al., 2009). Apesar de controversos, são utilizados equipamentos de radiofrequência, como ondas curtas e micro-ondas, visando terapia por meio dos efeitos térmicos (Andrade Ortega, Cerón Fernández, García Llorent, Ribeiro González, & Delgado Martínez, 2014; Lauche et al., 2016; Laufer & Dar, 2012).

 

    O presente estudo não apontou vantagens para o uso de ondas curtas em pacientes com cervicalgia, isto vai de encontro ao observado por Dziedzic et al. (2005) que não observaram vantagens clínicas ao se associara diatermia por ondas curtas pulsado com cinesioterapia na dor cervical ao longo de seis semanas. Semelhante ao observado para outra forma de radiofrequência, o micro-ondas, que não mostrou-se superior no alívio da dor cervical ao utilizar associado ou apenas a cinesioterapia e estimulação elétrica, em indivíduos com dor cervical inespecífica (Andrade Ortega et al., 2014).

 

    Como citado, apesar de seu amplo uso e longo histórico, é limitada a literatura quanto ao uso de diatermia por ondas curtas na forma indutiva em quadros álgicos e na latência do limiar doloroso, sendo necessários mais estudos que reforcem a sua eficácia (Al-Mandeel & Watson, 2010; Incebiyik, Boyaci, & Tutoglu, 2015). Dentre as limitações do presente estudo, pode-se citar a falta de análise de estresse emocional, visto que a amostra utilizada foi de universitários, e tanto o estresse aumenta a atividade da musculatura cervical (Eijckelhof et al., 2013), quanto a dor cervical leva a condições de estresse emocional (Borges, Borges, Silva, Castellano, & Cardoso, 2013), assim indica-se tal análise em futuros estudos. Bem como apresenta-se interessante o uso de grupos com maior número de amostra.

 

Conclusão

 

    No presente estudo não foi possível observar efeitos vantajosos da terapia por ondas curtas indutivo em universitários com cervicalgia.

 

Referências

 

    Al-Mandeel, M. M., & Watson, T. (2010). The thermal and nonthermal effects of high and low doses of pulsed short wave therapy (PSWT). Physiotherapy Research International, 15(4), 199–211. https://doi.org/10.1002/pri.460

 

    Alessandro, Z., Lorenzo, C., Maria, C. B. C., & Grazia, B. M. (2018). Deep heating therapy via MF radiowaves versus superficial heating therapy in the treatment of nonspecific chronic low back pain: A double blind randomized trial. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation, 31(5), 963–971. https://doi.org/10.3233/BMR-170944

 

    Andrade Ortega, J. A., Cerón Fernández, E., García Llorent, R., Ribeiro González, M., & Delgado Martínez, A. D. (2014). Microwave diathermy for treating nonspecific chronic neck pain: A randomized controlled trial. Spine Journal, 14(8), 1712–1721. https://doi.org/10.1016/j.spinee.2013.10.025

 

    Antônio, S. F., & Pernambuco, R. de A. (2001). Diagnóstico diferencial das cervicalgias. Revista Brasileira de Medicina, 10–17. Retrieved from http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1434

 

    Bogduk, N. (2011). The anatomy and pathophysiology of neck pain. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America, 22(3), 367–382. https://doi.org/10.1016/j.pmr.2011.03.008

 

    Borges, M. de C., Borges, C. dos S., Silva, A. G. J., Castellano, L. R. C., & Cardoso, F. A. G. (2013). Avaliação da qualidade de vida e do tratamento fisioterapêutico em pacientes com cervicalgia crônica. Fisioterapia Em Movimento, 26(4), 873–881. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000400016

 

    Braz, J. R. C. (2005). Fisiologia da termorregulação normal. Revista Neurociências, 13(3), 12–17. https://doi.org/10.5007/1980-0037.2009v11n1p94

 

    Choi, A. R., Shin, J.-S., Lee, J., Lee, Y. J., Kim, M., Oh, M., … Ha, I.-H. (2017). Current practice and usual care of major cervical disorders in Korea. Medicine, 96(46), e8751. https://doi.org/10.1097/MD.0000000000008751

 

    Chou, R., Côté, P., Randhawa, K., Torres, P., Yu, H., Nordin, M., … Cedraschi, C. (2018). The Global Spine Care Initiative: applying evidence-based guidelines on the non-invasive management of back and neck pain to low- and middle-income communities. European Spine Journal, In press(0123456789), 1–10. https://doi.org/10.1007/s00586-017-5433-8

 

    Cohen, S. P. (2015). Epidemiology, diagnosis, and treatment of neck pain. Mayo Clinic Proceedings, 90(2), 284–299. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2014.09.008

 

    Côté, P., Wong, J. J., Sutton, D., Shearer, H. M., Mior, S., Randhawa, K. et al. (2016). Management of neck pain and associated disorders: A clinical practice guideline from the Ontario Protocol for Traffic Injury Management (OPTIMa) Collaboration. European Spine Journal, 25(7), 2000–2022. https://doi.org/10.1007/s00586-016-4467-7

 

    Dziedzic, K., Hill, J., Lewis, M., Sim, J., Daniels, J., & Hay, E. M. (2005). Effectiveness of manual therapy or pulsed shortwave diathermy in addition to advice and exercise for neck disorders: A pragmatic randomized controlled trial in physical therapy clinics. Arthritis Care and Research, 53(2), 214–222. https://doi.org/10.1002/art.21087

 

    Eijckelhof, B. H. W., Huysmans, M. A., Bruno Garza, J. L., Blatter, B. M., Van Dieën, J. H., Dennerlein, J. T. et al. (2013). The effects of workplace stressors on muscle activity in the neck-shoulder and forearm muscles during computer work: A systematic review and meta-analysis. European Journal of Applied Physiology, 113(12), 2897–2912. https://doi.org/10.1007/s00421-013-2602-2

 

    Falavigna, A., Teles, A. R., De Braga, G. L., Barazzetti, D. O., Lazzaretti, L., & Tregnago, A. C. (2011). Instrumentos de avaliação clínica e funcional em cirurgia da coluna vertebral. Coluna/Columna, 10(1), 62–67. https://doi.org/10.1590/S1808-18512011000100012

 

    Genebra, C. V. D. S., Maciel, N. M., Bento, T. P. F., Simeão, S. F. A. P., & Vitta, A. De. (2017). Prevalence and factors associated with neck pain: a population-based study. Brazilian Journal of Physical Therapy, 21(4), 274–280. https://doi.org/10.1016/j.bjpt.2017.05.005

 

    Gibson, T., Harkeness, J., Blagrave, P., Grahame, P., Woo, P., & Hills, R. (1985). Controlled comparison of whort-wave diathermy treatment with osteopathic treatment in non-specific low back pain. The Lancet, 1(8440), 1258–1261.

 

    Gross, A., Miller, J., D’Sylva, J., Burnie, S. J., Goldsmith, C. H., Graham, N. et al. (2010). Manipulation or mobilisation for neck pain: A Cochrane Review. Manual Therapy, 15(4), 315–333. https://doi.org/10.1016/j.math.2010.04.002

 

    Incebiyik, S., Boyaci, A., & Tutoglu, A. (2015). Short-term effectiveness of short-wave diathermy treatment on pain, clinical symptoms, and hand function in patients with mild or moderate idiopathic carpal tunnel syndrome. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation, 28(2), 221–228. https://doi.org/10.3233/BMR-140507

 

    Jensen, M. P., Chen, C., & Brugger, A. M. (2003). Interpretation of visual analog scale ratings and change scores: A reanalysis of two clinical trials of postoperative pain. Journal of Pain, 4(7), 407–414. https://doi.org/10.1016/S1526-5900(03)00716-8

 

    Karpowicz, J., & Gryz, K. (2013). An assessment of hazards caused by electromagnetic interaction on humans present near short-wave physiotherapeutic devices of various types including hazards for users of electronic active implantable medical devices (AIMD). BioMed Research International, 2013, 150143. https://doi.org/10.1155/2013/150143

 

    Keown, G. A., & Tuchin, P. A. (2018). Workplace factors associated with neck pain experienced by computer users: a systematic review. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, 41(6), 508–529. https://doi.org/10.1016/j.jmpt.2018.01.005

 

    Lauche, R., Schuth, M., Schwickert, M., Lüdtke, R., Musial, F., Michalsen, A. et al. (2016). Efficacy of the Alexander Technique in treating chronic non-specific neck pain: A randomized controlled trial. Clinical Rehabilitation, 30(3), 247–258. https://doi.org/10.1177/0269215515578699

 

    Laufer, Y., & Dar, G. (2012). Effectiveness of thermal and athermal short-wave diathermy for the management of knee osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis. Osteoarthritis and Cartilage, 20(9), 957–966. https://doi.org/10.1016/j.joca.2012.05.005

 

    Leboeuf-Yde, C., Nielsen, J., Kyvik, K. O., Fejer, R., & Hartvigsen, J. (2009). Pain in the lumbar, thoracic or cervical regions: Do age and gender matter? A population-based study of 34,902 Danish twins 20-71 years of age. BMC Musculoskeletal Disorders, 10, 1–12. https://doi.org/10.1186/1471-2474-10-39

 

    Martin, C. J., McCallum, H. M., & Heaton, B. (1990). An evaluation of radiofrequency exposure from therapeutic diathermy equipment in the light of current recommendations. Clinical Physics and Physiological Measurement, 11(1), 53–63. https://doi.org/10.1088/0143-0815/11/1/005

 

    Mattos, G. D. L., Leite, C., Milman, L. M., Souza, L. D. M., Amaral, B., Lüdtke, I. et al. (2009). Cervicalgia em estudantes universitários do Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Medicina de Reabilitação, 28(1), 15–20.

 

    Melzack, R. (2005). The McGill pain questionnaire. From description to measurment. Anesthesiology, 103(1), 199–202. https://doi.org/10.1097/00000542-200507000-00028

 

    Rosa, R. dos S. (2007). Avaliação morfológica do colágeno após aquecimento induzido in vivo. Universidade de São Paulo.

 

    Schmitt, M. A., van Meeteren, N. L., de Wijer, A., van Genderen, F. R., van der Graaf, Y., & Helders, P. J. (2009). Patients with chronic whiplash-associated disorders. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, 88(3), 231–238. https://doi.org/10.1097/PHM.0b013e318198b684

 

    Shields, N., O’Hare, N., & Gormley, J. (2004). An evaluation of safety guidelines to restrict exposure to stray radiofrequency radiation from short-wave diathermy units. Physics in Medicine and Biology, 49(13), 2999–3015. https://doi.org/10.1088/0031-9155/49/13/016

 

    Soares, J. C., Weber, P., Trevisan, M. E., Trevisan, C. M., & Rossi, A. G. (2012). Correlação entre postura da cabeça, intensidade da dor e índice de incapacidade cervical em mulheres com queixa de dor cervical. Fisioterapia e Pesquisa, 19(1), 68–72. https://doi.org/10.1590/S1809-29502012000100013

 

    Sousa, N. T. A. de, Guirro, E. C. de O., Calió, J. G., Queluz, M. C. de, & Guirro, R. R. de J. (2017). Application of shortwave diathermy to lower limb increases arterial blood flow velocity and skin temperature in women: a randomized controlled trial. Brazilian Journal of Physical Therapy, 21(2), 127–137. https://doi.org/10.1016/j.bjpt.2017.03.008

 

    von Trott, P., Wiedemann, A. M., Lüdtke, R., Reißhauer, A., Willich, S. N., & Witt, C. M. (2009). Qigong and exercise therapy for elderly patients with chronic neck pain (QIBANE): A randomized controlled study. Journal of Pain, 10(5), 501–508. https://doi.org/10.1016/j.jpain.2008.11.004

 

    Zavarize, S. F., Martelli, A., Machado, S.A. & Sant'Ana, E.M.C. (2014). Diatermia por ondas curtas: análise da temperatura corporal superficial por termografia. Perspectiva Online: Ciências Biológicas e Da Saúde, 12(4), 35–47.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 250, Mar. (2019)