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ISSN 1514-3465

 

A corrida de orientação como objeto cognoscível prático para a formação integral

The Orienteering Race as a Practical Knowable Object for the Integral Formation

La carrera de orientación como objeto cognoscible práctico para la formación integral

 

Marcelle Karyelle Montalvão Gomes*

http://lattes.cnpq.br/1289695910245331

marcelle_karyelle@hotmail.com

Aníbal Monteiro de Magalhães Neto*

http://lattes.cnpq.br/5023174064373373

professoranibal@yahoo.com.br

Luis Carlos Oliveira Gonçalves**

http://lattes.cnpq.br/7324099711580259

luisogoncalves@yahoo.com.br

 

*Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF)

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT

**Programa de Pós-Graduação em Imunologia

e Parasitologia Básicas e Aplicadas (PPGIP)

Universidade Federal de Mato Grosso, CUA-MT

(Brasil)

 

Recepção: 10/11/2022 - Aceitação: 13/03/2023

1ª Revisão: 04/03/2023 - 2ª Revisão: 10/03/2023

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Gomes, M.K.M., Gonçalves, L.C.O., y Neto, A.M. de M. (2023). A corrida de orientação como objeto cognoscível prático para a formação integral. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(299), 180-193. https://doi.org/10.46642/efd.v28i299.3740

 

Resumo

    As atividades físicas de aventura na natureza, já há muito tempo inseridos na grade curricular do curso de educação física, propiciam o compartilhamento do conhecimento entre os sujeitos cognoscente e cognoscível, formando valores e modulando atitudes e condutas para o bem da sociedade. A presente revisão narrativa da literatura objetivou a apresentação da corrida de orientação como ferramenta de desenvolvimento holístico para indivíduos de diferentes idades, classes sociais, gêneros e estados de saúde.Em se considerando o Professor como sujeito cognoscente, este tem uma importante e atual ferramenta como objeto cognoscível prático, ou seja, a conduta ou comportamento motor que gera alterações no objeto cognoscível formal (o aluno) que é a corrida de orientação. Toda a prática física pode gerar adaptações com relação direta ao tipo, volume e intensidade do estímulo. Quando um estímulo é considerado débil ele apenas excita ou aquece o organismo, já quando o estímulo é adequado gera adaptações fisiológicas e cognitivas positivas para o desenvolvimento dos sistemas. Já quando o estímulo é excessivo para a idade, nível de treinamento ou estado de saúde, este pode gerar adaptações negativas como o overtraining. Desta forma, a corrida de orientação se apresenta como alternativa adequada a ser implantada em escolas e centros esportivos, visando a promoção da saúde física, mental, social, ambiental e proprioceptiva dos indivíduos em formação.

    Unitermos: Educação. Educação Física. Psicomotricidade. Conhecimento.

 

Abstract

    Adventure physical activities in nature, which have long been part of the curriculum of the physical education course, provide the sharing of knowledge between mindful and cognizable subjects, forming values and modulating attitudes and behaviors for the good of society. The present narrative review of the literature aimed to present the orienteering race as a holistic development tool for individuals of different ages, social classes, genders, and health states. Considering the Professor as a knowing subject, he has an essential and current tool as a practical knowable object, that is, the conduct or motor behavior that generates changes in the formal knowable object (the student) which is the orientation race. All physical practice can develop adaptations in direct relation to the stimulus's type, volume, and intensity. When a stimulus is considered weak, it only excites or warms the organism. In contrast, when the stimulus is adequate, it generates positive physiological and cognitive adaptations for the development of the systems. On the other hand, when the stimulus is excessive for age, training level, or health status, it can generate negative adaptations such as overtraining. In this way, the orienteering race is presented as an adequate alternative to be implemented in schools and sports centers, aiming to promote the physical, mental, social, environmental, and proprioceptive health of individuals in training.

    Keywords: Education. Physical Education. Psychomotricity. Knowledge.

 

Resumen

    Las actividades físicas de aventura en la naturaleza, que forman parte del currículo de los cursos de educación física desde hace mucho tiempo, permiten compartir conocimientos entre los sujetos cognoscentes y cognoscibles, formando valores y modulando actitudes y conductas para el bien de la sociedad. La presente revisión narrativa de la literatura tuvo como objetivo presentar la carrera de orientación como una herramienta de desarrollo holístico para individuos de diferentes edades, clases sociales, géneros y estado de salud. Considerando al Profesor como sujeto cognoscente, cuenta con una importante y actual herramienta como objeto cognoscible práctico, esto es, la conducta o conducta motriz que genera cambios en el objeto cognoscible formal (el alumno) que es la carrera de orientación. Toda práctica física puede generar adaptaciones directamente relacionadas con el tipo, volumen e intensidad del estímulo. Cuando un estímulo se considera débil, solo estimula o activa el organismo, mientras que cuando el estímulo es adecuado, genera adaptaciones fisiológicas y cognitivas positivas para el desarrollo de los sistemas. Cuando el estímulo es excesivo para la edad, el nivel de entrenamiento o el estado de salud, puede generar adaptaciones negativas como el sobreentrenamiento. De esta forma, la carrera de orientación se presenta como una alternativa adecuada para ser implementada en escuelas y polideportivos, reconociendo la promoción de la salud física, mental, social, ambiental y propioceptiva de las personas en formación.

    Palabras clave: Educación. Educación Física. Psicomotricidad. Conocimiento.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 299, Abr. (2023)


 

Introdução 

 

    As atividades físicas de aventura na natureza (AFAN), já há muito tempo inseridos na grade curricular do curso de educação física, propiciam o compartilhamento do conhecimento entre os sujeitos cognoscente e cognoscível, formando valores e modulando atitudes e condutas para o bem da sociedade. (Triani et al., 2021)

 

    Porém, um dos desafios que se coloca às Universidades é o de ser capaz de formar profissionais de Educação Física competentes neste campo, aptos a desenvolver o exercício da futura profissão e comprometidos com a melhoria das práticas profissionais nos contextos de atuação. (Santos et al., 2012)

 

    Entre os chamados “esportes de aventura”ou AFAN, destacam-se o parkour, skate, surfe, highline, paraquedismo, bungee jump, escaladas, trekking, arvorismo e mais recentemente o mais completo de todos, a corrida de orientação. (Spink et al., 2005; Santos et al., 2012; Kuhl et al., 2019; Triani et al., 2021)

 

    A Orientação é um esporte em que o atleta realiza um percurso com pontos de demarcados no menor tempo possível auxiliado por uma bússola e um mapa. Diferente dos esportes clássicos de rendimento com corrida, a corrida de orientação proporciona melhora das capacidades físicas, cognitivas, emocionais, sociais e afetivas (Friedmann et al., 2012), inclusive para pessoas com discapacidades. (Silva et al., 2019)

 

Imagem 1. A orientação é um esporte no qual o praticante tem por objetivo passar por pontos 

de controle marcados no terreno, no menor tempo possível, com o auxílio de mapa e bússola

Imagem 1. A orientação é um esporte no qual o praticante tem por objetivo passar por pontos de controle marcados no terreno, no menor tempo possível, com o auxílio de mapa e bússola

Fonte: Criador de imagens de Bing

 

    O trabalhou foi parte do produto final de dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT, Brasil.

 

    A presente revisão narrativa da literatura objetivou a apresentação da corrida de orientação como ferramenta de desenvolvimento holístico para indivíduos de diferentes idades, classes sociais, gêneros e estados de saúde.

 

Os aspectos básicos em aprendizagem motora 

 

    “A aprendizagem motora é um campo de investigação cuja meta é o estudo dos mecanismos e processos subjacentes às mudanças no comportamento motor de um indivíduo como resultado da prática e dos fatores que os influenciam. Em todas as áreas profissionais comprometidas com a melhoria da qualidade de movimentos das pessoas, seja na educação física escolar, não escolar, adaptada ou no treinamento de rendimento, os conhecimentos de aprendizagem motora contribuem na tomada de decisão acerca do planejamento de projetos e programas”. (Tani, e Corrêa, 2016)

 

    Já o desenvolvimento motor pode ser caracterizado como a mudança contínua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida, provocada pela interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente (Gallahue et al., 2013).

 

    Considerando-se que a aprendizagem é o centro de toda a educação, que necessita da interação entre aluno e professor, a “Gnose” (conhecimento) deverá ser transmitido pelo “Sujeito Cognoscente” (Professor), através do “Objeto Cognoscível Prático” (Conduta ou comportamento motor a ser ministrado) para atingir e modificar a Motricidade do “Objeto Cognoscível Formal” (Aluno) nos domínios cognitivo, afetivo e motor, garantindo à criança uma concepção mais ajustada sobre o mundo externo que a rodeia e melhorando a sua saúde. (Beresford, 1994; Beresford et al., 2002; Beresford et al., 2004; Beresford, e Borja, 2005; Beresford, 2008; Gallahue et al., 2013; Tani, e Corrêa, 2016)

 

    O ambiente escolar é um espaço de interações humanas e uma fonte de socialização, onde são construídos importantes relações e laços de amizade, bem como a enculturação dos jovens, permitindo que estes se apropriem de uma cultura através da relação com modelos reconhecidos, informações e feedbacks que recebem, facilitando o ensino-aprendizagem (Cunha, 2013). Além disso, a escola é vista como um ambiente propício ao desenvolvimento de atividades esportivas em diversas modalidades, diretamente nas aulas de Educação Física ou em atividades extracurriculares.

 

    A educação física possui o intuito com sua prática proporcionar a vivência com o esporte, o espírito de cooperação, superação, além dos benefícios à saúde como a condição cardiorrespiratória, melhoria da saúde mental, redução dos riscos de doenças, entre outras.

 

    O processo pedagógico com base em Sousa (2017) é ponto alvo da atenção dos professores que visam o desenvolvimento no decorrer do ano, em que a caracterização dos alunos realizado inicialmente, é diagnosticada e aprofundada em busca da garantia de aprendizagem.

 

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) determina a Educação Física como sendo disciplina obrigatória para o ensino básico, como diz em seu Art. 26, § 3º “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica [...]”

    Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que norteia a educação brasileira, a Educação Física subdivide-se em: Brincadeiras e jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura. (Brasil, 2018)

 

    Sendo assim, as práticas corporais de aventura são propostas que podem ser caracterizadas a partir das Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN). Em que a AFAN é caracterizada por ser vivenciada durante o tempo livre, permeada pelos aspectos imaginários, podendo proporcionar sensações e emoções, em contato com o ambiente natural.

 

    Assim como Silva (2011) define as AFANs, como um conjunto de atividades inseridas no meio ambiente natural, em que proporcionam estimulação, motivação, superação, sensação de liberdade, com novos desafios e explorações.

 

    Visto os aspectos definidos por AFANs e correlacionando com a prática esportiva no âmbito escolar, o esporte possui a capacidade de estimular, incentivar, inovar a partir de suas características em busca do processo ensino aprendizagem diversificado.

 

    A orientação segundo Ferguson, e Turbyfill (2013) teve início no final de 1900 na Escandinávia como treinamento militar e que seu termo referia a travessia de áreas desconhecidas com uso de mapas e bússolas. Desempenhando um papel significativo, o Major Ernest Killander na Suécia desenvolveu regras e princípios conhecidos até hoje.

 

    O desenvolvimento de sua prática no estudo de Vieira, e Silva (2010), observavam os obstáculos a serem superados, as motivações, em que Major Ernest formulou os princípios básicos e regras do esporte de orientação, que por sua vez os participantes percorreram com a posse de um mapa e uma bússola.

 

    O esporte de Orientação obteve um crescimento significativo na Europa após dez países formaram a Federação Internacional de Orientação em maio de 1961. (Ferguson, e Turbyfill, 2013)

 

    Historicamente, a prática de esporte de orientação foi desenvolvida e restrita ao âmbito militar, entretanto, ao passar dos anos, expandiu-se ao meio civil, especialmente ao ambiente escolar (Carmona et al., 2013). Para tal esporte, os conceitos baseiam-se na vivência de um jogo, interdisciplinaridade, bem como o contato com o meio externo/ambiente, ao qual o esporte pode proporcionar. A orientação é um esporte no qual o praticante tem por objetivo passar por pontos de controle marcados no terreno, no menor tempo possível, com o auxílio de ferramentas como: mapa e bússola. (Dornelles, 2005)

 

A corrida de orientação como objeto cognoscível prático 

 

    Ao longo do tempo o foco das pesquisas foram as lesões ocorridas na prática do esporte de orientação (Folan, 1982; Linde, 1986; Lian et al., 2005), apontando a frequência de lesões de tornozelo (Fong et al., 2007), osteoartrite de joelho (Driban et al., 2017; Timmins et al., 2017) e outras diferentes formas de lesões osteomioarticulares dos membros inferiores. (Vincent et al., 2022)

 

    Sendo essas lesões associadas a características do terreno, características essas que aumentam a demanda energética, o consumo de oxigênio e o raciocínio na tomada de decisão, tornado este esporte mais complexo e atraente que outros tipos de esporte que envolvem corrida. (Creagh, e Reilly, 1997)

 

    A proporção de indivíduos que atingem a velhice está aumentando em todo o mundo, levando profissionais de saúde e pesquisadores a uma busca por ferramentas que favoreçam o envelhecimento saudável. Nesse sentido, a corrida de orientação tem sido apontada como modelo ideal de melhora de bem-estar físico, mental, imunometabólico e social em idosos. (Ostlund-Lagerstrom et al., 2015)

 

    Mais recentemente essa prática tem sido apontada como uma das modalidades de exercício emergentes que integra conhecimento, competição, diversão e atributos colaborativos singulares nos esportes (Li, 2021). Se apresentando como excelente estímulo sinérgico entre parte física e mental em diferentes faixas etárias (Batista et al., 2021). Pois exige de seus praticantes habilidades perceptivo-cognitivas especiais, desde memória, leitura de mapas, conhecimento de símbolos, identificação mapa-terreno, até organização proprioceptiva. (Guzman et al., 2008)

 

    Turkmen, e Bicer (2022) indicaram que a sua prática uma vez por semana, por no mínimo 8 semanas já causa alterações positivas na composição corporal, flexibilidade, agilidade, velocidade e condicionamento cardiorrespiratório em adolescentes entre 14 e 18 anos de ambos os gêneros.

 

    Por isso, pesquisadores em todo o mundo tem buscado compreender o estresse imunometabólico gerado por este esporte em diferentes populações e seus benefícios a longo prazo.

 

    Araújo e colaboradores (2019) encontraram aumento agudo imediatamente após o término da prova, em atletas de alto nível, para cortisol, IFN-gamma, IL-6 e IL-10, de forma que os autores indicaram uma possível resposta anti-inflamatória nesses indivíduos.

 

    Mas a necessidade de outros estudos esportômicos como o anterior, visando compreender o estresse imunometabolico em diferentes populações, estados nutricionais e condições de saúde tornam ainda embrionário o conhecimento científico sobre o tema.

 

    O esporte de orientação promove inúmeras possibilidades aos alunos e professores, contribuindo para o ensino de qualidade, desenvolvimento de habilidades intelectuais, eficácia das qualidades físicas básicas e habilidades motoras, assim como aumento da capacidade do trabalho intelectual. (Blagii, 2018)

 

    O objetivo do esporte de Orientação está em percorrer por um terreno desconhecido, utilizando um mapa e uma bússola por um percurso determinado com número de pontos de controle, em que o objetivo está em encontrar os pontos o mais rápido possível e assim observa-se a necessidade do atleta de resolver problemas e tomar decisões enquanto corre no terreno, proporcionando rapidez de raciocínio, autocontrole e tomada de decisão rápida em um desafio que ocorre em ambiente natural.

 

    Além da sua importância para o ensino e aprendizagem do aluno, há também a mudança e o aumento de interesse pelo esporte alternativo, fazendo as famílias adotarem hábitos da prática de atividades físicas saudáveis.

 

A bússola 

 

    A corrida de orientação, seja na vertente competitiva, turismo, pedagógica ou ambiental requer equipamentos essenciais. Além do mapa citado anteriormente, a bússola possui papel fundamental nesta prática. (Carmona et al., 2013)

 

    Dado o seu potencial interdisciplinar, utilizando diferentes equipamentos e técnicas de aprendizagem, pode-se utilizar o esporte de orientação como ferramenta também em outros campos do conhecimento como no aprendizado da latitude, longitude, leitura cartográfica, regras de conservação do meio ambiente, ângulos, cálculos, endurance, força, velocidade, escalas, vegetação, características do relevo, entre outros. (Oliveira et al., 2008)

 

    Há relatos do uso de bússolas por diferentes povos asiáticos e europeus em tempos remotos seja para simples deslocamentos ou para estratégias militares. (Ferreira, 1999)

 

    Mesmo considerada importante ferramenta, algumas dificuldades podem ser enfrentadas pelos acadêmicos e praticantes. A aferição incorreta dos azimutes em alguns pontos, dando uma direção que não era referente ao ponto correspondente. Também, a utilização de celulares e relógios, dependendo da distância em relação à bússola, pode afetar a orientação desta, devido ao magnetismo, fazendo com que os azimutes não fiquem orientados para os prismas correspondentes. (Roza et al., 2011)

 

    Para isso, o treinamento inicial é primordial para a prática dessa atividade tão completa, atraente e desafiadora.

 

O mapa da prova 

 

    Para a prática da corrida de orientação é necessária a produção de mapas específicos, que representem fielmente o campo de jogo, possibilitando aos atletas uma competição justa e igual para todos. Com a evolução física e técnica dos atletas, tornou-se essencial o aperfeiçoamento das técnicas de mapeamento, visando à produção de mapas detalhados, de alto grau de acurácia, permitindo aos atletas de elite a identificação dos detalhes do terreno em velocidade de competição, bem como possibilitar uma leitura fácil do mapa aos atletas das demais categorias. (Santos, e Júnior, 2018)

 

    A navegação pode ser realizada com uso da maioria dos tipos de cartas. Entretanto, a competição de Orientação requer uma carta específica que possibilite aos competidores executarem uma pista com rapidez, escolhendo as melhores rotas. O advento da Cartografia Digital gerou diferentes alternativas para a construção de cartas, possibilitando o desenvolvimento do desporto orientação, essencial para desenvolver as capacidades e inteligências múltiplas, desempenhando um papel tão importante como aprender a ler, escrever e contar, tendo ainda, como ação pedagógica, um forte componente lúdico junto à natureza. (Vargas, 2018)

 

Perspectivas futuras para a ciência 

 

    Como todo esporte novo, a ciência precisa buscar conhecer e divulgar cientificamente o seu impacto em diferentes populações, em aspectos fisiológicos, bioquímicos, imunológicos, físicos, comportamentais, entre outros. (Nascimento et al., 2010)

 

    Assim, os estudos esportômicos se apresentam como a melhor ferramenta de análise para conhecer os impactos causados por este modelo de exercício nos aspectos supracitados. (Gonçalves et al., 2012a; Gonçalves et al., 2012b; Bassini, e Cameron, 2014; Gonçalves et al., 2020; Gonçalves et al., 2022a; Gonçalves et al., 2022b; Gonçalves et al., 2022c; Bachini et al., 2021)

 

    Nos próximos anos a tendência é que pesquisadores brasileiros busquem, a partir de estudos esportômicos, entender o impacto desse esporte em diferentes grupos etários, gêneros, culturas, estados de saúde física e mental, apresentando valores de referência, a segurança imunometabólica e impacto fisiológico e cognitivo, agudo e crônico, desse esporte. (Vitória et al., 2011; Verli et al., 2017; Verli et al., 2021)

 

Conclusões 

 

    Em se considerando o Professor como sujeito cognoscente, este tem uma importante e atual ferramenta como objeto cognoscível prático, ou seja, a conduta ou comportamento motor que gera alterações no objeto cognoscível formal (o aluno) que é a corrida de orientação.

 

    Toda a prática física pode gerar adaptações com relação direta ao tipo, volume e intensidade do estímulo. Quando um estímulo é considerado débil ele apenas excita ou aquece o organismo, já quando o estímulo é adequado gera adaptações fisiológicas e cognitivas positivas para o desenvolvimento dos sistemas. Já quando o estímulo é excessivo para a idade, nível de treinamento ou estado de saúde, este pode gerar adaptações negativas como o over training.

 

    Desta forma, a corrida de orientação se apresenta como alternativa adequada a ser implantada em escolas e centros esportivos, visando a promoção da saúde física, mental, social, ambiental e proprioceptiva dos indivíduos em formação.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 299, Abr. (2023)