Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Padrões dermatoglíficos em goleiras de handebol

Dermatoglyphic Patterns in Handball Goalkeepers

Patrones dermatoglíficos en porteras de balonmano

 

Eliton Marcio Zanoni*

elitonatletismo@hotmail.com

Tainá Francisca Arrial**

tainaarrial@gmail.com

Jéderson de Moura**

jederson.weslei@hotmail.com

Lucas Althaus**

lucasalthashow@outlook.com

Rosani Cristina Mecabô***

crismecabo.13@gmail.com

Josiane Aparecida de Jesus*

josiane.jesus@unoesc.edu.br

Eloel Benetti Zavorski*

eloel_bz@hotmail.com

Rômulo da Silva Dias+

romulotreinamento@gmail.com

Alexandre Trevisan Schneider++

trevisan@unc.br

Rudy José Nodari Júnior+++

rudy.nodarijunior@salusdermatoglifia.com.br

 

*Mestre em Biociências e Saúde (UNOESC)

**Graduação em Educação Física (UnC)

***Licenciada em Educação Física (UNOPAR)

+ Especialista em Treinamento Desportivo

Escola de goleiros de handebol de Rômulo da Silva Dias

++Mestrado Multidisciplinar em Ciências da Saúde (UnC)

+++ Doutor em Ciências da Saúde (UFRN)

Salus Dermatoglifia

(Brasil)

 

Recepção: 28/05/2022 - Aceitação: 28/10/2022

1ª Revisão: 02/09/2022 - 2ª Revisão: 25/10/2022

 

Level A conformance,
            W3C WAI Web Content Accessibility Guidelines 2.0
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

 

Creative Commons

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Zanoni, EM, Arrial, TF, Moura, J., Knob, JS, Costa, JP, Althaus, L., Mecabô, RC, Jesus, JA, Zavorski, EB, Dias, RS, Schneider AT, e Nodari Júnior, RJ (2022). Padrões dermatoglíficos em goleiras de handebol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(295) 89-102. https://doi.org/10.46642/efd.v27i295.3502

 

Resumo

    Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória de abordagem quantitativa. Tal estudo tem como objetivo identificar a individualidade biológica de goleiras de alto rendimento, bem como, caracterizar seus aspectos antropométricos. Foi realizada a mensuração da estatura e do peso a partir de uma balança com estadiômetro e a análise das impressões digitais a partir de um o leitor Dermatoglífico®. Os resultados mostraram que as goleiras de handebol que participaram do estudo apresentaram um padrão dermatoglífico voltado à capacidade motora de resistência aeróbica e velocidade e no que se refere ao perfil antropométrico, os valores de estatura e peso se diferem dos padrões de atletas de elite observados na literatura. Desta forma compreende-se que a utilização da ferramenta dermatoglífica pode auxiliar na identificação de características específicas referentes a individualidade biológica de cada modalidade esportiva.

    Unitermos: Handebol. Dermatoglifia. Goleiras. Treinamento.

 

Abstract

    This is an exploratory descriptive research with a quantitative approach. This study aims to identify the biological individuality of high-performance goalkeepers, as well as to characterize their anthropometric aspects. Height and weight were measured using a scale with a stadiometer and fingerprint analysis was performed using a Dermatoglyphic reader®. The results showed that the handball goalkeepers who participated in the study presented a dermatoglyphic pattern focused on the motor capacity of aerobic resistance and speed and with regard to the anthropometric profile, the values of height and weight differ from the patterns of elite athletes observed in the literature. In this way, it is understood that the use of the dermatoglyphic tool can help in the identification of specific characteristics referring to the biological individuality of each sport modality.

    Keywords: Handball. Dermatoglyphics. Goalkeepers. Training.

 

Resumen

    Se trata de una investigación descriptiva exploratoria con enfoque cuantitativo. Este estudio tiene como objetivo identificar la individualidad biológica de las porteras de alto rendimiento, así como caracterizar sus aspectos antropométricos. Se midieron la talla y el peso mediante una balanza con estadiómetro y el análisis de huellas dactilares mediante un lector Dermatoglyphic®. Los resultados mostraron que las porteras de balonmano que participaron en el estudio presentaron un patrón dermatoglífico centrado en la capacidad motora de resistencia aeróbica y velocidad y con respecto al perfil antropométrico, los valores de altura y peso difieren de los patrones de deportistas de élite observados en la literatura De esta forma se entiende que el uso de la herramienta dermatoglífica puede auxiliar en la identificación de características específicas referentes a la individualidad biológica de cada modalidad deportiva.

    Palabras clave: Balonmano. Dermatoglifia. Porteras. Entrenamiento.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)


 

Introdução 

 

    O handebol é uma modalidade esportiva coletiva que envolve uma variedade de movimentações associadas à manipulação de uma bola e interação com outros atletas. Jogada em uma quadra retangular de 40 x 20 metros, em que o objetivo é arremessar a bola em uma baliza que é defendida por um goleiro. (Confederação Brasileira de Handebol, 2022)

 

    As necessidades de atletas de alto nível nessa modalidade deram origem à formulação de novas técnicas que objetivaram melhorar as diversas capacidades neuromotoras, com a finalidade em obter um rendimento máximo no trabalho executado, tornando imprescindível a busca por instrumentos para avaliar os diversos níveis de desempenho. Além dos vários testes para controle da aptidão física (Greco et al., 2000). No que se refere às características antropométricas, cada modalidade esportiva requer um determinado biotipo de atleta, handebol exige atletas com morfologia específica para as diferentes posições de jogo (Peligrini, e Silva, 2006; Vasques et al., 2008), nesse sentido o excesso de gordura corporal pode interferir no deslocamento e agilidade; a massa magra de tronco, membros superiores e inferiores, assim como a estatura e envergadura, podem favorecer a eficiência dos fundamentos esportivos e desempenho motor dos atletas. (Fonseca Júnior et al., 2022)

 

    Nas várias modalidades desportivas encontramos a posição do goleiro como: futebol, futsal, beach soccer, bem como no handebol. Thiengo et al. (2006) ressalta que, para o atleta ocupante dá posição de goleiro é necessário que este possua certas características físicas, técnicas/táticas e psicológicas capazes de melhorar o desempenho das suas funções. Quanto maior for o número de atributos (capacidades) no goleiro, melhor será seu desempenho e consequentemente, maiores chances de sucesso no esporte.

 

    Nodari Júnior (2014) destaca que existem muitas dificuldades na obtenção de métodos e protocolos confiáveis para a identificação de novos talentos. Para o mesmo autor, uma das propostas é o uso da Dermatoglifia, que tem sido empregado junto a outros métodos de avaliações para auxiliar a descoberta de talentos analisando suas capacidades neuromotoras por meio da impressão digital.

 

Imagem 1. O handebol exige atletas com morfologia específica para as diferentes posições de jogo

Imagem 1. O handebol exige atletas com morfologia específica para as diferentes posições de jogo

Fonte: Pixabay.com - Foto: Balukcic

 

    Segundo Nodari Júnior, e Fin (2016), este método consiste em identificar as figuras presentes nas impressões digitais: Arco (A), Presilha (L), Verticilo S desenho (WS), Verticilo (W) e as linhas. As combinações matemáticas possíveis e a apresentação arquitetônica das impressões digitais, permitem o reconhecimento de padrões e a identificação de potencialidades físicas.

 

    De acordo com Thiengo et al. (2006), as capacidades neuromotoras as quais ganham papel de centralidade no desempenho atlético para goleiros de handebol são: coordenação, velocidade, potência, resistência aeróbica e força. Por meio de um diagnóstico antecipado é possível direcionar o jovem atleta a área onde ele apresenta maior potencialidade, encurtando dessa forma um longo caminho dentro do treinamento desportivo, acarretando mais chances do atleta vir a alcançar o alto desempenho na modalidade.

 

    Diante disso, o presente estudo tem como objetivo identificar a individualidade biológica de goleiras de alto rendimento, bem como, caracterizar seus aspectos antropométricos.

 

Métodos 

 

Amostra 

 

    A pesquisa é descritiva exploratória de abordagem quantitativa, com uma amostra composta por 16 goleiras de alto desempenho da modalidade de handebol, selecionadas entre as melhores da região Sul do Brasil, com média de idade 19±6,35 anos, para participar do 1º Acampamento de Goleiras, na cidade de Concórdia, Santa Catarina, Brasil. Foram excluídos da pesquisa indivíduos que não apresentaram impressões digitais válidas para a pesquisa, assim como não apresentar documento de identificação.

 

    Para a participação da pesquisa, todas assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) quando menor de idade e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) quando maior de 18 anos. O responsável assinou o TALE quando o participante da pesquisa era menor de idade, atendendo às Normas para Realização de Pesquisa em Seres Humanos – Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e com a Declaração de Helsinki.

 

    O presente estudo foi avaliado pelo Comitê de Ética da Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), campus Joaçaba, Brasil. Tendo sido aprovado sob nº de CAAE: 1.546.308.

 

Instrumentos 

 

    Para a mensuração dos dados de estatura e peso, utilizou-se uma balança com estadiômetro da marca Welmy® (n° de série 813, modelo 104A, máxima 300 kg e mínima 2 kg, e=d=100g). Para análise das impressões digitais foi utilizado o leitor DermatoglíficoⓇ, validado por Nodari Júnior et al. (2014), de acordo com protocolo proposto por Cummins, e Midlo (1961), onde o indivíduo apoiava a falange imediatamente (lado da ulna), rolando-se em seu eixo longitudinal até o lado lateral (rádio).

 

Análise estatística 

 

    A análise estatística foi processada no Statistical Package for the Social Science (IBM SPSS), versão 20.0. Avaliou-se as variáveis contínuas e numéricas da mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar (MESQL1), dedo 2 – indicador (MESQL2), dedo 3 – dedo médio (MESQL3), dedo 4 – anelar (MESQL4), 5 – mínimo (MESQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão esquerda (SQTLE). Na mão direita, o somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar (MDSQL1), dedo 2 – indicador (MDSQL2), dedo 3 – dedo médio (MDSQL3), dedo 4 – anelar (MDSQL4), dedo 5 – mínimo (MDSQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão direita (SQTLD); somatório da quantidade total de linhas – ambas as mãos (SQTL).

 

    Para as variáveis categóricas de Arco (A), Presilha Radial (LR), Presilha Ulnar (LU), Verticilo (W), Verticilo S desenho (WS) da mão esquerda, observou-se a frequência relativa e porcentagem em que as figuras apareciam nos dedos: dedo 1 (MET1), dedo 2 (MET2), dedo 3 (MET3), dedo 4 (MET4) e dedo 5 (MET5) e da mão direita, dedo 1 (MDT1), dedo 2 (MDT2), dedo 3 (MDT3), dedo 4 (MDT4) e dedo 5 (MDT5)

 

Resultados 

 

    A Tabela 1 representa a caracterização da amostra, sendo os valores expressos de média e desvio padrão de idade, massa corporal, e estatura.

 

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão para idade, estatura e peso dos indivíduos

Grupo

Nº Amostra

Idade (anos)

Média±dp

E statura (m)

Média±dp

Peso (kg)

Média±dp

Feminino

16

19±6,35

1,67 ± 0,05

71,3 ± 13,83

Fonte: Dados da pesquisa

 

    A somatória da quantidade de linhas dos dedos das mãos esquerda e direita e o desvio padrão são apresentados na Tabela 2.

 

Tabela 2. Média e desvio padrão da quantidade total de linhas das impressões digitais das goleiras

SQL

Goleiras

MESQL1

14±3,816

MESQL2

9±5,833

MESQL3

13±3,628

MESQL4

13±3,317

MESQL5

12±4,758

SQTLE

60±14,605

MDSQL1

17±3,751

MDSQL2

11±5,498

MDSQL3

11±4,646

MDSQL4

12±4,147

MDSQL5

12±5,046

SQTLD

63±15,203

SQTL

123±28,545

D10

12±3,135

Dedo 1 – polegar mão esquerda (MESQL1); dedo 2 – indicador mão esquerda(MESQL2), dedo 3 – dedo médio mão esquerda(MESQL3), dedo 4 – anelar mão esquerda(MESQL4), 5 – mínimo mão esquerda (MESQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão esquerda (SQTLE); linhas do dedo 1 – polegar mão direita (MDSQL1), dedo 2 – indicador polegar mão direita (MDSQL2), dedo 3 – dedo médiopolegar mão direita (MDSQL3), dedo 4 – anelar polegar mão direita (MDSQL4), dedo 5 – mínimo polegar mão direita (MDSQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão direita (SQTLD); somatório da quantidade total de linhas – ambas as mãos (SQTL). D10: nº de deltas. Fonte: Dados da pesquisa

 

    Na análise qualitativa da pesquisa, que observa a maior frequência relativa e a porcentagem das figuras dermatoglíficas correspondente à mão e dedo do atleta, é apresentado na Tabela 3.

 

Tabela 3. Figuras das impressões digitais das goleiras

 

Caracterização

A

LU

LR

W

WS

MET1

Frequência Relativa

0

9

0

2

5

Porcentagem

0%

56,3%

0%

12,5%

31,3%

MET2

Frequência Relativa

1

6

4

4

1

Porcentagem

6,3%

37,5%

25%

25%

6,3%

MET3

Frequência Relativa

0

14

0

2

0

Porcentagem

0%

87,5%

0%

12,5%

0%

MET4

Frequência Relativa

0

12

0

3

1

Porcentagem

0%

75%

0%

18,8%

6,3%

MET5

Frequência Relativa

1

15

0

0

0

Porcentagem

6,3%

93,8%

0%

0%

0%

MDT1

Frequência Relativa

0

8

0

6

2

Porcentagem

0%

50%

0%

37,5%

12,5%

MDT2

Frequência Relativa

1

6

4

4

1

Porcentagem

6,3%

37,5%

25%

25%

6,3%

MDT3

Frequência Relativa

1

9

3

3

0

Porcentagem

6,3%

56,3%

18,8%

18,8%

0%

MDT4

Frequência Relativa

0

10

0

6

0

Porcentagem

0%

62,5%

0%

37,5%

0%

MDT5

Frequência Relativa

0

15

0

1

0

Porcentagem

0%

93,8%

0%

6,3%

0%

Mão esquerda dedo 1 (MET1), dedo 2 (MET2), dedo 3 (MET3), dedo 4 (MET4) e dedo 5 (MET5); da mão direita, dedo 1 (MDT1), dedo 2 (MDT2), dedo 3 (MDT3), dedo 4 (MDT4) e dedo 5 (MDT5). Fonte: Dados da pesquisa

 

Discussão 

 

    Em relação ao perfil antropométrico (peso e estatura), para jogadoras de handebol, de modo geral, há algumas características que se fazem importantes para todas as posições de jogo. Na pesquisa de Massuça, e Fragoso (2010), ao aplicar um questionário com 71 treinadores a respeito da importância das diversas características de um jogador de handebol para atingir o alto rendimento, em escores de 1 a 5, foi elencado nível 4 (muito importante) para as variáveis percentual de massa gorda e envergadura da mão (diâmetro palmar) para todas as posições de jogo, e nível 4 para a estatura e envergadura em todas as posições exceto para os pontas, situação em que ficou estabelecido nível de importância, para ambas variáveis, e goleiros, que ficaram com grau 4 para a estatura e 5 (muitíssimo importante) para envergadura.

 

    Quando se observou os resultados antropométricos deste estudo, as goleiras apresentaram uma média de 1,67±0,05 metros de estatura e com média de idade 19±6,35. Esse resultado mostra média de estatura abaixo de outros estudos. Por exemplo, Vasques et al. (2005) investigou atletas de nível regional de Santa Catarina, que apresentaram média de 181,78±7,63 cm e Sibila, e Pori (2009) investigou atletas de elite, que tiveram média de 188±5,46 cm.

 

    No que se refere ao peso total das goleiras, observou-se uma média de 71,3±13,83 kg. Quando comparado este valor ao de Vasques et al. (2005) realizado com atletas de elite, os valores desse estudo são mais elevados, com massa corporal total (82,9±9,5 kg). Além disso, a estatura e a média de idade também foram superior (25±7 anos) ao do presente estudo.

 

    Foram realizados estudos com atletas europeus (Michalsik, Madsen, e Aagaard, 2015; Krüger et al., 2014; Massuca, e Fragoso, 2010; Nikolaidis et al., 2014) e as suas conclusões podem ser aplicados apenas em parte com atletas nacionais. A escassez de trabalhos recentes na área envolvendo atletas nacionais, principalmente com a utilização de variáveis de composição corporal, torna essa necessidade ainda mais evidente.

 

    No que diz respeito a avaliação da individualidade biológica por meio do método dermatoglífico informatizado, Gastélum-Cuadras (2022) confirmou a validade e confiabilidade do instrumento, o qual demonstrou precisão, eficiência e eficácia para estudos científicos. Seu estudo objetivou a investigar a relação hereditária entre pais e filhos através do método dermatoglífico informatizado.

 

    Nesse sentido, a partir dos resultados dermatoglíficos deste estudo, observou-se que a somatória total de linhas dos participantes foi de 123 linhas (SQTL), com DP ±28,545, sugerindo resistência aeróbica para os mesmos. Em relação aos resultados referentes às figuras, houve a predominância da presilha ulnar (LU), seguida de verticilo (W), presilha radial (LR), verticilo S desenho (WS) e arco (A), o que prediz velocidade seguida de coordenação motora aos indivíduos, como destacado na revisão sistemática de Fernández-Aljoe et al. (2020) acerca da utilização da dermatoglífica na América Latina.

 

    Da mesma maneira aos achados em nosso estudo, Fernández, Islas, e Gastelum-Cuadras (2020) avaliaram atletas do sexo masculino de handebol universitário. Os autores apresentaram como resultado, predominância do desenho de presilhas (L), seguido do padrão verticilo (W), o que nos diz sobre predisposição à velocidade e coordenação motora. Em relação aos valores quantitativos, Delta 10 (D10) e Soma Total de Linhas Dermatoglíficas (SQTL), observaram valores dos quais mostram uma predisposição à velocidade e à força explosiva. Os autores ressaltam que, para o grupo de atletas avaliados as potencialidades que mais se destacam neste grupo são a velocidade e coordenação motora, potencialidades inerentes ao handebol e aos esportes coletivos.

 

    Diferentemente de nossa pesquisa, quando analisadas as qualidades físicas da seleção brasileira de handebol feminino adulto por posição de jogo, Nogueira et al. (2005) identificaram 83,7±70,72 de SQTL para as goleiras, contudo, tal estudo utilizou o método tradicional para coleta, contando com apenas 3 participantes para amostra na posição, o que justifica o alto desvio padrão.

 

    Corroborando com a característica de resistência aeróbica para o alto rendimento, Alberti et al. (2018), em análise dermatoglífica das atletas de futsal e futebol feminino de alto rendimento, identificaram um total de 121 linhas (SQTL), com DP ±39,17, enquanto o grupo controle apresentou SQTL de 108 (±35,42),

 

    Rover, Cleithon, e Nodari Júnior (2012) observaram as capacidades biofísicas de atletas de modalidades coletivas, participantes das Olimpíadas Universitárias Brasileiras de 2011. No que se refere às atletas de handebol, o autor observou um total de 113,9±39,7 (SQTL). Quanto às figuras, a pesquisa identificou a predominância da figura da presilha (L), seguida pelo verticilo (W) e arco (A), corroborando também com o presente estudo.

 

    Ao analisar o estudo de Sena et al. (2012), observou-se que em atletas de alto rendimento de Beach Handball, a SQTL foi equivalente a 131,3±41,20, no rendimento intermediário, a SQTL foi de 118,9±48,83 e no baixo rendimento, a SQTL foi de 122,8±30,11. No que se refere aos tipos de figuras, os resultados foram a predominância de presilha (L) seguido de verticilo (W), com uma redução dos valores de arco (A).

 

    O estudo de Cunha Júnior et al. (2006) em jogadoras de handebol da seleção brasileira identificou um número elevado de presilhas, o que mostra a tendência para a capacidade neuromotora de velocidade, assemelhando-se ao presente estudo pela prevalência da figura Presilha Ulnar (LU). Gonçalves (1991) destacou a velocidade como determinante nas ações decisivas dos jogos, tais como: contra-ataques, na disputa um contra um, nos saltos, nos bloqueios e nas paradas.

 

    Cunha Júnior et al. (2006) ainda verificaram as capacidades neuromotoras por posição e visualizaram a maior porcentagem de presilha para as goleiras, com 53% de presilha, vale destacar que o autor não diferenciou Presilha Ulnar de Presilha Radial devido ao método tradicional utilizado para as coletas das impressões digitais.

 

    No que diz respeito ao basquetebol, esporte coletivo e de características intermitentes com trocas constantes de intensidade e movimentações, os quais alteram-se períodos de atividade e descanso, Henao Clavijo et al. (2021), seus resultados destacam um padrão dermatoglífico de maior número de presilhas (L), seguido por verticilo (W), no que se refere a soma total de linhas com média de 98,51 destacando as potencialidades físicas de velocidade e potência.

 

    A dermatoglifia no contexto esportivo apresenta-se como um importante componente, permitindo melhorar os processos de detecção e seleção de talentos esportivos, bem como no desenvolvimento e aperfeiçoamento das potencialidades físicas. Ao utilizar a dermatoglífica no futebol, Erazo et al. (2022) relacionaram a composição corporal, padrões dermatoglíficos e o consumo máximo de oxigênio nos jogadores de futebol sub-20, apresentando uma predominância do mesomorfo, presença elevada de presilha (L) e uma baixa presença de arcos em (A) e um consumo máximo de oxigênio de 53,76±3,73 ml/kg/min. Ademais, encontraram relações significativas entre os componentes dermatoglíficos D10-SQTL e o somatotipo endomorfo e entre VO2 máximo com somatotipo endomorfo e ectomorfo. Destacando, assim como em nosso estudo com goleiras de handebol que os jogadores de futebol são caracterizados por uma predisposição para a coordenação, resistência aeróbica e agilidade.

 

    Para Zanoni (2020), expressa que a dermatoglifia é uma ferramenta que pode contribuir na orientação aos atletas para aderirem à prática da modalidade correspondente, em análise aos padrões dermatoglíficos em atletas do atletismo de Santa Catarina,. Inclusive pode contribuir na prescrição, orientação e controle do treinamento de atletas de diferentes níveis de qualificação esportiva, bem como no handebol por posição de jogo.

 

    A nova tecnologia como destacado por Rizzi, e Marcelino (2013) apresentada é uma ferramenta real de grande importância na investigação e qualificação das pesquisas científicas. Além dessa aplicação, neste caso, os novos instrumentos colaboram na formulação dos conceitos nas observações e análises da marca de individualidade biológica impressão digital.

 

    Como limitações deste estudo, vale destacar que investigações em maiores amostras de ambos os sexos com diferentes etnias e níveis de desempenho são necessárias para identificar traços e marcas dermatoglífica em diferentes atletas de handebol, bem como por posição de jogo.

 

Conclusão 

 

    Observamos que as variáveis peso e estatura encontrados no presente estudo, diferem-se aos valores médios recomendados pela literatura especializada. No entanto, ressalta-se a importância de estudos recentes observando o padrão morfológico de atletas de handebol na atualidade.

 

    No que se refere às variáveis qualitativas, constatou-se maior frequência das figuras presilha ulnar (LU), seguida de verticilo (W), presilha radial (LR), verticilo S desenho (WS) e arco (A); nos sugerindo velocidade, coordenação motora e precisão de movimentos como a principal característica física das atletas.

 

    Desta forma, compreende-se que a utilização da ferramenta dermatoglífica pode auxiliar na identificação de características específicas referentes a individualidade biológica de cada modalidade esportiva. A dermatoglifia associada a outros meios, pode contribuir na orientação desportiva ao identificar tais padrões, direcionando os atletas ao alto rendimento das modalidades desportivas específicas.

 

    Sugere-se novas pesquisas relacionadas à dermatoglifia e as modalidades esportivas com o intuito de explorar as diferentes posições em quadra, para que assim se possa compreender as características fisiológicas envolvidas e detectar talentos para a modalidade. Ainda, se faz importante para a melhora na prescrição do treinamento específico contribuindo para uma melhor performance final.

 

Referências 

 

Alberti, A., Fin, G., Vale, R.G.S., Soares, B.H., e Nodari Júnior, R.J. (2018). Dermatoglifia: as impressões digitais como marca característica dos atletas de futsal feminino de alto rendimento do Brasil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, 10(37), 193-201. http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/575

 

Confederação Brasileira de Handebol (2022). Regras Oficiais de Handebol. Editora Sprint.

 

Cunha Júnior, A.T., Cunha, A.C.P.T., Scheneider, A.T., e Dantas, P.M.S. (2006). Características dermatoglíficas, somatotípicas, psicológicas e fisiológicas da seleção brasileira feminina adulta de handebol. Fitness & Performance Journal, 5(2), 81-86. https://www.researchgate.net/publication/28296069

 

Cummins, H., e Midlo, C. (1961). Finger Prints, palms and soles an introduction to dermatoglyphic (1st ed.). Dover Publicationes.

 

Erazo, J.S., Prado, A.Y.G., Jiménez, L.E.C., Gutiérrez, Y.P.A., e Buitrago, P.J.M. (2022). Composición corporal, dermatoglifia y resistencia aeróbica en futbolistas bogotanos categoría sub 20. MHSalud. 19(1). http://dx.doi.org/10.15359/mhs.19-1.10 

 

Fernández Aljoe, R., Gastélum-Cuadras, G., e Islas Guerra, S.A. (2020). Perfil dermatoglífico de jugadores de handball de la UACH: una primera aproximación. Revista de Ciencias del Ejercicio FOD, 15(2). https://doi.org/10.29105/rcefod15.2-16

 

Fernández-Aljoe, R., García-Fernández, D.A., e Gastélum-Cuadras, G. (2020). La dermatoglifia deportiva en América en la última década una revisión sistemática. Retos38, 831–837. https://doi.org/10.47197/retos.v38i38.76459

 

Fonseca Júnior, S.J., Souza, J.R., Oliveira, Y.G., Salloto, G.R.B., e Gama, C.O. (2022). Características antropométricas e de aptidão física de atletas cadete e juvenil de handebol feminino. Coleção de pesquisa em Educação Física, 21(1), 27-34. https://www.researchgate.net/publication/359515532

 

Gastélum-Cuadras, G. (2022). Heredabilidad de las potencialidades físico-deportivas de padres a hijos: Dermatoglifia computarizada. Revista Internacional de Medicina y Ciencias de la Actividad Física y del Deporte, 22(85), 87-106. https://doi.org/10.15366/rimcafd2022.85.007

 

Gonçalves, H., e Osieck, R. (1991). Parâmetros antropométricos, metabólicos e motores em handebolistas de alto nível. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Belo Horizonte, 5(1), 55-59. https://doi.org/10.18511/rbcm.v5i1.173

 

Greco. P.J., Ferreira Filho, E., e Vieira. M.V.G.C. (2000). Proposta científica para observação e avaliação de jogos de handebol. In: P.J. Greco, Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol (1ª Edição, pp. 149-159). Health.

 

Henao Clavijo, D.A., Ramos Parraci, C.A., e Reyes, O.F.A. (2021). El perfil dermatoglífico y nerumuscular de deportistas de baloncesto del Tolima. Revista Edu-Física, 13(28), 83-100. http://revistas.ut.edu.co/index.php/edufisica/article/view/2400

 

Herrera Romero, R., e Castro Jiménez, L. (2022). Revisión sistemática entre dermatoglifia dactilar y fuerza en el deporte a nivel mundial. Ciencias De La Actividad Física UCM, 23(1), 1-12. https://doi.org/10.29035/rcaf.23.1.7

 

Krüger, K., Pilat, C., Ückert, K., Frech, T., e Mooren, F.C. (2014). Physical Performance Profile of Handball Players is related to Playing Position and Playing class. J Strength Cond Res. 28(1): 117-125. https://doi.org/10.1519/jsc.0b013e318291b713

 

Massuça, L., e Fragoso, I. (2010). Do Talento ao Alto Rendimento: indicadores de acesso à excelência no Handebol. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 24(4), 483-91. https://doi.org/10.1590/S1807-55092010000400006

 

Michalsik, L.B., Madsen, K., e Aagaard, P. (2015). Technical match characteristics and influence of body anthropometry on playing performance in male elite team handball. J Strength Cond Res, 29(2), 416-428. https://doi.org/10.1519/jsc.0000000000000595

 

Nikolaidis, P.T., Ingebrigtsen, J., Póvoas, S.C., Moss, S., e Torres-Luque, G. (2014). Physical and Physiological characteristics in male team handball players by playing position – Does age matter? J Sports Med Phys Fitness, 55(2), 1-8. https://www.researchgate.net/publication/266746163

 

Nodari Júnior, R.J., Heberle, A., Ferreira-Emygdio, R., e Knackfuss, M.I. (2014). Dermatoglyphics: Correlation between software and traditional method in kineanthropometric application. Revista Andaluza de Medicina del Deporte, 7(2), 60-65. http://dx.doi.org/10.1016/S1888-7546(14)70063-2

 

Nodari Junior, R.J., e Fin, G. (2016). Dermatoglifia: impressões digitais como marca de desenvolvimento fetal. Editora Unoesc.

 

Nogueira, T.N., Cunha Júnior, A.T., Dantas, P.M.S., e Fernandes Filho, J. (2005). Perfil somatotípico, dermatoglífico e das qualidades físicas da Seleção brasileira de handebol feminino adulto por posição de jogo. Fitness & Performance Journal, 4(4), 236-242. https://www.researchgate.net/publication/28296150

 

Pellegrini, A., e Silva, K.E.S. (2006). Perfil antropométrico e somatotipo de atletas da seleção brasileira de handebol júnior participantes do campeonato sulamericano. Lecturas: Educación Física y Deportes, 11(101). Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd101/handebol.htm

 

Rizzi, A.E.K., e Marcelino, P.C. (2013).Algumas premissas sobre os estudos em dermatoglifia no esporte e nas áreas da saúde. Lecturas: Educación Física y Deportes, 18(184). https://efdeportes.com/efd184/dermatoglifia-no-esporte-e-saude.htm

 

Rover, C., e Nodari Júnior, R.J. (2012). Perfil dermatoglífico dos atletas participantes de modalidades coletivas dos Jogos Universitários Brasileiros - JUBs 2011. Unoesc & Ciência – ACBS, 3(2), 143-154. https://periodicos.unoesc.edu.br/acbs/article/view/1743

 

Sena, J.E.A., Gomes, A.L.M., Mimbacas, A., e Ferreira, U.M.G. (2012). Dermatoglifia, somatotipo e composição corporal no beach handball: Estudo comparativo entre diferentes níveis de qualificação esportiva. Motricidade, 8(2), 567-576. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273023568068

 

Sibila, M., e Pori, P. (2009). Morphological Characteristics of Handball Players. Coll Antropol., 33(4), 1079-1086,

 

Thiengo, C.R., Vitório, R., e Ferreira, LA. (2006). O goleiro de handebol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 11(100). https://efdeportes.com/efd100/goleiro.htm

 

Vasques, D.G., Antunes, P.C., Duarte, M.F.S., e Lopes, A.S. (2005). Morfologia dos atletas de handebol masculino de Santa Catarina. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 13(2), 49-58. https://doi.org/10.18511/rbcm.v13i2.625

 

Vasques, D.G., Mafra, L.F., Gomes, B.A., Fróes, M.Q., e Lopes, A.S. (2008). Características morfologia por posição de jogo de atletas masculinos de handebol do Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 13(2), 49-58. http://dx.doi.org/10.4025/reveducfis.v19i1.4313

 

Zanoni, E.M., e Nodari Júnior, R.J. (2020). Padrões dermatoglíficos em atletas do atletismo de Santa Catarina [Dissertação, Mestrado em Biociências e Saúde. Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde, Universidade do Oeste de Santa Catarina]. http://pergamum.unoesc.edu.br/pergamumweb/vinculos/00008d/00008d4f.pdf


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)