Análise da flexibilidade em escolares

Flexibility analysis in schoolchildren

Análisis de la flexibilidad en escolares

 

Denis Augusto de Camargo*

denisdecamargo@gmail.com

Daniel de Oliveira Eberhardt**

danieleberh@gmail.com

 

*Formado em Educação Física, Mestre em Educação

Professor da Universidade Regional de Blumenau

e Centro Universitário Claretiano

**Graduado em Educação Física/Licenciatura pela UNICNE

(Centro Universitário Cenecista de Osório/RS)

Pós-Graduado em Educação Infantil e Séries Iniciais/UNIASSELVI/SC

Professor Efetivo no Centro Integrado de Ensino Fundamental

Profª Mirian Geny Friedrichsen - CIEF (Balneário Piçarras/SC)

(Brasil)

 

Recepção: 21/03/2018 - Aceitação: 15/08/2018

1ª Revisão: 25/07/2018 - 2ª Revisão: 12/08/2018

 

Resumo

    A flexibilidade sendo um importante componente da aptidão física relacionada à saúde tem o presente estudo como objetivo, analisar pesquisas sobre os níveis de flexibilidade de crianças e adolescentes escolares. O estudo trata-se de uma revisão de literatura. A busca dos artigos foi realizada na base de dados Google Acadêmico, por meio dos unitermos: aptidão física, saúde de escolares e flexibilidade, no período de 2006 a 2015. Após a eliminação dos artigos que não versavam sobre o tema, foram selecionados 16 estudos, os quais compuseram essa revisão. Na literatura encontrada os escolares tiveram valores médios crescentes de estatura e massa corporal ao longo das idades. Ainda, a flexibilidade apontou tendência de declínio ao longo das idades, tanto para o sexo masculino quanto para o feminino. Além disso, essa revisão confirma que a flexibilidade demonstra ser um importante componente da aptidão física relacionada a indicadores de saúde de crianças e adolescentes. Também, na fase adulta os escolares se tornam menos ativos e sedentários, consequentemente diminuem a flexibilidade do corpo, prejudicando assim a sua saúde. Espera-se que as informações reunidas sobre as características da qualidade física da flexibilidade de escolares, proporcionem melhor compreensão da relação do crescimento durante a fase escolar com as mudanças desta qualidade física, bem como ampliar o conhecimento de educadores na área escolar e cientifica sobre a condição de saúde de estudantes.

    Unitermos: Aptidão física. Saúde de escolares. Flexibilidade.

 

Abstract

    Flexibility being an important component of physical fitness related to health has the present study as an objective, to analyze research on the levels of flexibility of school children and adolescents. The study is a review of the literature. The search for articles was carried out in the Google Academic database, through the following parameters: physical fitness, school health and flexibility, between 2006 and 2015. After the elimination of the articles that did not deal with the topic, 16 studies were selected, who composed this review. In the literature, the students had mean values ​​of height and body mass over the ages. Still, the flexibility showed tendency of decline throughout the ages, for the masculine sex as for the feminine one. In addition, this review confirms that flexibility is an important component of physical fitness related to health indicators for children and adolescents. Also, in the adult phase the schoolchildren become less active and sedentary, consequently they reduce the flexibility of the body, thus harming their health. It is hoped that the information gathered on the characteristics of the physical quality of the flexibility of schoolchildren, provide a better understanding of the relation of growth during the school phase with the changes of this physical quality, as well as to increase the knowledge of educators in the school and scientific area on the health status of students.

    Keywords: Physical aptitude. School health. Flexibility.

 

Resumen

    La flexibilidad es un importante componente de la aptitud física relacionada con la salud. El presente estudio tiene como objetivo analizar investigaciones sobre los niveles de flexibilidad de niños y adolescentes escolares. El estudio aborda una revisión de literatura. La búsqueda de los artículos fue realizada en la base de datos Google Académico, por medio de las palabras clave: aptitud física, salud de escolares y flexibilidad, en el período de 2006 a 2015. Tras la eliminación de los artículos que no versaban sobre el tema, se seleccionaron 16 estudios, que conformaron esta revisión. En la literatura encontrada los escolares tuvieron valores medios crecientes de estatura y masa corporal a lo largo de las edades. Además, en la flexibilidad se produjo una tendencia de declinación a lo largo de las edades, tanto para el sexo masculino como para el femenino. Además, esta revisión confirma que la flexibilidad demuestra ser un importante componente de la aptitud física relacionada con indicadores de salud de niños y adolescentes. También, en la fase adulta los escolares se vuelven menos activos y sedentarios, consecuentemente disminuye la flexibilidad del cuerpo, perjudicando así su salud. Se espera que las informaciones reunidas sobre las características de la calidad física de la flexibilidad de los escolares, proporcionen una mejor comprensión de la relación del crecimiento durante la fase escolar con los cambios de esta calidad física, así como ampliar el conocimiento de los educadores en el área escolar y científica sobre la condición de salud de los estudiantes.

    Palabras clave: Aptitud física. Salud de escolares. Flexibilidad.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 243, Ago. (2018)


 

Introdução

 

    A influência da flexibilidade na aptidão física de crianças e adolescentes vêm sendo investigada por diversos pesquisadores na área escolar e científica, principalmente por ser uma importante variável da aptidão física relacionada a indicadores de saúde (Arruda e Oliveira, 2012; Minatto et al., 2010; Fonseca et al., 2010; Moreira et al., 2009). Além disso, entende-se que o ambiente escolar pode ser considerado uma instituição privilegiada no centro das preocupações em fazer educação para a saúde, devido à intervenção das aulas de educação física.

 

    A flexibilidade sofre mudanças e influência de acordo com as fases do desenvolvimento humano, que vão desde a concepção até a idade adulta (Gallahue, Ozmun, Goodway, 2013). Também, a criança durante a infância é mais flexível e com o passar dos anos e a falta de exercícios torna-se menos flexível possibilitando maiores chances de lesões musculares, dores e problemas posturais (Alter, 2010).

 

    Neste contexto, crianças e adolescentes fisicamente ativas tem menos probabilidades de se tornarem adultos sedentários com possíveis problemas de saúde como hipertensão, obesidade, diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares, dentre tantas outras (Haskell et al., 2007). Além, da limitação de movimentos na realização de atividades desportivas e de recreação, ou de uma simples atividade do cotidiano, decorrentes da atrofia pelo pouco uso articular e aumento da idade (Araújo, 2008).

 

    Igualmente, os baixos níveis de flexibilidade durante a fase escolar são preocupantes, principalmente pelos riscos à saúde associados a mudanças que ocorrem na postura, devido ao crescimento, a dores na região lombar e também devido à demanda escolar que lhe são apresentados (Alter, 2010). Desse modo, saber como estão os escolares em relação a indicadores de saúde, tais como, composição corporal e flexibilidade, variáveis estas que estão fortemente atreladas ao ambiente, melhorando, assim, o diagnóstico e o acompanhamento do estado de saúde dessa população.

 

    Finalmente, é de fundamental importância reunir informações que descrevam o desenvolvimento dos níveis da flexibilidade de escolares em relação a parâmetros de indicadores de saúde como determinantes para uma melhor aptidão física, contribuindo para um estilo de vida mais ativo e saudável.

 

    Dando importância a flexibilidade dos escolares, este estudo tem como objetivo uma revisão de literatura, para poder analisar os estudos da última década sobre os níveis de flexibilidade na aptidão física de crianças e adolescentes escolares.

 

Metodologia

 

    O estudo trata-se de uma revisão de literatura sobre pesquisas realizadas com foco em Flexibilidade de escolares. Esta busca foi realizada na base de dados do Google Acadêmico. Para as buscas nessa base de dados foram utilizados os seguintes unitermos: aptidão física, saúde de escolares e flexibilidade.

 

    Foram incluídos na pesquisa artigos originais e na íntegra. Publicados entre os anos 2006 e 2015, escritos na língua portuguesa. Da pesquisa eletrônica inicial resultaram em 31 artigos, os quais foram analisados primeiramente os títulos para esclarecimento a respeito dos temas estudados e selecionados dentre estes 20 artigos.

 

    A seleção foi baseada nos títulos que abordassem como ideia principal: indicadores antropométricos em relação à variável flexibilidade de escolares do ensino fundamental e médio.

 

    Em seguida foi realizada uma leitura de resumo de 20 artigos selecionados, onde foram excluídos 4, por causa da ausência de informações na metodologia utilizada para medir as variáveis dos escolares, porque, comprometeria os quadros de análises propostos pelo presente estudo. A partir de então, os 16 artigos restantes foram analisados na integra e compuseram esta revisão.

 

Resultados e discussão

 

    Analisando os resultados dos artigos, obtidos na procura de dados sobre indicadores antropométricos em relação à variável flexibilidade no período entre os anos de 2006 a 2015, encontramos estudos que tratam sobre a influência da idade, sexo e morfologia na flexibilidade de escolares, conforme abaixo. Os estudos até então realizados apontam resultados satisfatórios para a qualidade física de flexibilidade.

 

Comparação da flexibilidade em relação à idade

 

Quadro 1. Análise de estudos sobre avaliação da flexibilidade em escolares em relação à idade

Autores

Amostra

Metodologia

Resultados

Maio et al.

(2011)

Escolares

7-10 anos

Escola pública (n=49)

Escola particular (n=35)

Total: 84

- Corte Transversal

- Teste de flexibilidade: teste de sentar e alcançar adaptado PROESP-BR

- Influência dos hábitos diários nos níveis de flexibilidade muscular: questionário fechado

- Flexibilidade na escola Pública: 90% níveis variando entre bom e excelente e 10% entre fraco e razoável

- Flexibil. escola Particular: 30% níveis variando entre Muito Fraco e Razoável e 70% variam entre Bom e Excelente

- Alunos da escola pública – 9% mais ativas que as da escola particular

Rassilan e Guerra

(2006)

Escolares

7-14 anos

Sexo masculino (n=100)

Sexo feminino (n=108)

Total: 208

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: teste de sentar e alcançar

- Aumentos signific.: IMC masc. 9 anos e fem. 11 anos; Flexib.: meninas 11-12 anos

- Meninas mais flexív., menos aos 10 anos

- Idade X Flexibilidade: masculino correlação negativa de 5%

- Redução significativa PROESP-BR: feminino 26,8% e masculino 56%, abaixo do recomendável para boa saúde

Filho et al.

(2013)

Escolares

7-16 anos

Grupo1 (G1) de sete a nove anos (n=112)

Grupo 2 (G2) de 10 a 13 anos (n=168)

Grupo 3 (G3) de 14 a 16 anos (n=91)

Total: 371 meninas

- Corte transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Dobras cutâneas de tríceps e subescapular para avaliar o percentual de gordura (% G)

- teste sentar e alcançar: Banco de Wells

- Teste de velocidade de deslocamento de 20 metros.

- Classif. estado nutric. pontos de corte propostos pela (OMS)

- O cálculo do percentil de gord. protoc. Slaughter e Deurenberg

- 41,4 % das escolares encontraram-se com sobrepeso ou obesidade:

- 66,1 % no G1, 34,5 % no G2 e 25,3 %

no G3.

- % Gordura, 29,1 % estão acima dos níveis adequados, sendo para G1 23,3 %, para G2 23,8% e para G3 35,2 %.

- Teste de sentar e alcançar: G1-27,5±5,1 Bom; G2-25,9±5,9 Razoável; G3-28,3±6,4 Razoável; signif. 0,004*

- Teste de velocidade: G1-5,2±0,6 Fraco; G2-4,6±0,9 Fraco; G3-4,5±0,7 Fraco; signif. 0,000*

 

    Quanto à idade, os estudos revisados demonstram dados semelhantes. Crianças pré-púberes apresentam a flexibilidade maior que outras mais maduras, tendo um declínio da flexibilidade conforme o aumento da idade. O estudo de Maio et al. (2011), por exemplo, comparando a flexibilidade de 84 alunos de ambos os sexos entre 7 e 10 anos, relatou que cerca de 20% das crianças avaliadas através do teste, sentar e alcançar adaptado, apresentou o nível de flexibilidade variando entre Muito Fraco (4,8%), Fraco (4,8%) e Razoável (9,5%) e pelo menos 80% variavam entre Bom (17,9%) e Excelente (13%), estando à maioria no nível Muito Bom (50%).

 

    Corroborando com a ideia, Rassilan e Guerra (2006) avaliaram a evolução da flexibilidade, através do banco de Wells, segundo a idade e o sexo de escolares com 7 a 14 anos. Do total de crianças, 100 eram do sexo masculino e 108 do sexo feminino. As meninas demonstraram tendência a apresentar valores relativamente menores de flexibilidade dos 9 aos 10 anos de idade e, na sequencia, 11 e 12 anos houve aumento significativo, aumentando variavelmente até aos 14 anos de idade. Já os meninos, mostraram declínio da flexibilidade dos 9 aos 13 anos, seguido por uma ascensão aos 14 anos de idade. Também, em outro estudo Filho et al. (2013) em uma pesquisa com 371 meninas divididas em 3 faixas etárias apresentaram no Grupo1 (G1) de sete a nove anos (n=112) boa flexibilidade, já no Grupo 2 (G2) de 10 a 13 anos (n=168) houve diminuição da flexibilidade e no Grupo 3 (G3) de 14 a 16 anos (n=91) aumento da mesma.

 

    Assim, os escolares apresentaram maior flexibilidade na fase pré-púbere, que são os anos que antecedem o estirão do crescimento. Nesta fase, os níveis de flexibilidade tendem a um decréscimo devido ao rápido aumento nas estruturas corporais, ocasionando o encurtamento de diversos grupos musculares como os da região lombar, do quadril e dos músculos ísquios-tibiais, indo ao encontro de outros estudos encontrados na literatura (Gallahue, Ozmun, Goodway, 2013; Alter, 2010).

 

Comparação da flexibilidade em relação ao sexo

 

Quadro 2. Análise de estudos sobre avaliação da flexibilidade em escolares em relação ao sexo

Autores

Amostra

Metodologia

Resultados

Pereira et al.

(2014)

Escolares

13-14 anos

Sexo masculino (n=29)

Sexo feminino (n=27)

Total: 56

- Corte transversal

- Peso, estatura e IMC

- Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e da frequência cardíaca (FC) de repouso.

- Dobras cutâneas de tríceps braquial e perna média

- Teste de flexibilidade: sentar e alcançar banco de Wells

- Força/resistência abdominal (ABD)

- Força de membros superiores (MMSS)

- Aptidão cardiorrespiratória (ACR)

- Questionário estruturado adaptado do ENEM 2009: extrato socioeconômico familiar e o nível de escolaridade dos pais.

- IMC, média de 18,75 ± 3,14 Kg/m

sem diferença significativa entre os sexos.

- %GC apresentou valores superiores nas meninas (p<0,001)

- Pressão arterial, sem difer. entre os sexos.

- FC apresentou média de 78,86 ± 13,97 bpm, sem diferenças signif. entre os sexos.

- Flexibil. sem difer. signific. entre sexos

- ABD foram de 42,48 ± 8,79 repetições para os meninos e 33,07 ± 9,80 repetições para as meninas, sendo maior para os meninos (p<0,001).

- MMSS sendo maior nos meninos,

- ACR apresentou médias de 38,78 ± 4,19 ml/Kg. min. para os meninos e 36,82 ± 3,09 ml/Kg. min. para as meninas, sem diferenças entre os sexos,

- Escolaridade dos pais não influenciou na AFRS, exceção da força de MMSS, %GC e força abdominal. A renda familiar não influenciou na presente amostra.

Andreasi et al. (2010)

Escolares

7-15 anos

Sexo masculino (n=522)

Sexo feminino (n=466)

Total: 988

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Circunferência Abdominal CA

- Dobras cutâneas tricipital e subescapular

- Flexibilidade: teste de sentar e alcançar

- Força/resistência abdominal: teste abdominal em 1 minuto

- Resistência aeróbia: teste de correr/andar por 9 minutos

- Excesso de peso foi de 32,8% (15,9% sobrepeso e 16,9% obesidade)

- CA: alterada em 42,5%, e o excesso de adiposidade corpórea, em 45,4%

- Desemp. fraco: força/resist. abdom. 52,9%, resist. aerób. 42,4%, flexib. 28,4%

- Desemp. bom: flexib. 37,7%, força/ resist. abdom. 20,4%, resist. aerób. 10%

- Aptid. físicas: significativ. influenciadas por idade (todas), sexo (força/ resist. abd.), obes. (todas), adipos. corpórea (flexib., força/resist. abd.), adipos. abd. (força/ resist. abdominal e resistência aeróbia).

Dumith, Azevedo e Rombaldi

(2008)

Escolares

7-15 anos

Ambos os sexos

Total: 665

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Flexibil: teste sentar e alcançar

- Resist. muscular localizada (RML): teste abdom. 1 min

- Capacidade aeróbica: teste de corrida de 9 minutos

- Valores médios dos componentes de AFRS, o IMC teve correlação negativa com a RML (r = -0,18; p < 0,001) e com a capacidade aeróbia (r = -0,24; p < 0,001), a RML e a capacidade aeróbia estiveram positivamente correlacionadas entre si (r = 0,50; p < 0,001)

Ulbrich et al.

(2007)

Escolares

6-16 anos

Sexo masculino (n=196)

Sexo feminino (n=79)

Total: 257

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Estágio maturac. de Tanner

- Flexibilidade banco de Wells

- Força de preensão manual (FPM): dinamômetro manual

- Resistência muscular localiz. (RML) abdominal e quadril: teste de resist. abdom. l min.

- Força explos: teste salto horiz.

- Velocidade em 50m potência anaerób: teste corrida de 50m.

- Consumo Max. oxigênio (VO2máx): teste aptidão aerób 20m

Diferenças entre os estágios maturacionais:

- Masculino FPM, força explosiva, RML, velocidade de 50 metros e VO2 máx. absoluto. Flex e VO2 máx relativo sign.

- Feminino: diferença significativa em todas as variáveis.

Rassilan e Guerra

(2006)

Escolares

7-14 anos

Sexo masculino (n=100)

Sexo feminino (n=108)

Total: 208

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: teste de sentar e alcançar

- Aumentos signific.: IMC masc. 9 anos e fem. 11 anos; Flexib.: meninas 11-12 anos

- Meninas mais flexív., menos aos 10 anos

- Idade X Flexibilidade: masculino correlação negativa de 5%

- Redução significativa PROESP- BR: feminino 26,8% e masculino 56%, abaixo do recomendável para boa saúde

Fonseca et al. (2010)

Escolares

8-10 anos

Sexo masculino (n=47)

Sexo feminino (n=57)

Total: 104

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: sentar e alcançar

- Teste de aptidão cardiorrespiratória: corrida ou caminhada de 9 minutos

- Resistência muscular localizada (RML): teste de abdominal

Diferenças entre os sexos:

- Flexibilidade na faixa etária de oito anos

- Abdominais oito e nove anos

- Teste de 9 minutos, no grupo de 10 anos

- Feminino, maiores características de sobrepeso do que o masculino

- Resultados não apresentaram níveis satisfatórios de aptidão física relacionada à saúde de escolares.

Werk et al.

(2009)

Escolares

7-10 anos

Sexo masculino (n=123)

Sexo feminino (n=157)

Total: 280

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Força/resistência abdominal: teste de 1 min.

- Flexibilidade: banco de Wells

- Aptidão cardiorrespiratória: teste de corrida ou caminhada de nove minutos

- Resistência muscular localizada (RML): teste de abdominais

- IMC acima da zona saud. na massa corporal ZSAF: meninas: 38,84% e meninos 27,64%. IMC normal ZSAF: meninas: 59,87% e meninos 71,54%.

- Força/resist. abdom.: Zona SAF 78,34% meninas e meninos 71,98%; Abaixo ZSAF 21,65% meninas e 26,01% meninos

- Flexibilidade: ZSAF 82,15% meninas e 91,05% meninos; Abaixo ZSAF meninas 17,83% e meninos 8,94%

- Excesso de massa corporal: sobrepeso e obesidade (33,24%) e abaixo da ZSAF na força/resist. Abd. (23,83%) ambos sexos.

Penha e João

(2008)

Escolares

7-8 anos

Sexo masculino (n=100)

Sexo feminino (n=130)

Total: 230

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: teste da distância do 3º dedo ao solo

- Diferença significante de sexo (p=0,05), tendo as meninas apresentado maior distância (29,15±8,80 cm) 3º dedo-solo que os meninos (27,41±10,01 cm).

- Não houve diferenças entre as idades (p=0,725).

 

    Em relação à diferença da flexibilidade entre os sexos, parece haver uma diferença entre os resultados encontrados nos estudos. Conforme alguns autores (Pereira et al., 2014; Andreasi et al., 2010; Dumith, Azevedo, Rombaldi, 2008; Ulbrich et al., 2007; Rassilan e Guerra, 2006), a flexibilidade foi maior para o sexo feminino, no entanto outros estudos (Fonseca et al., 2010; Werk et al., 2009; Penha e João, 2008) encontraram maior flexibilidade no sexo masculino. Conforme os autores Gallahue, Ozmun, Goodway (2013), esses resultados encontrados podem ser explicados pelo período maturacional que se encontram as crianças avaliadas, que sofrem alterações rápidas no tamanho (físico) e composição corporal (biológico).

 

    Autores sugerem que o sexo feminino possui maior flexibilidade que o masculino devido a diferenças anatômicas e fisiológicas, sendo que o sexo feminino possui quadris mais largos, o que possibilita maior flexibilidade nessa região; diferenças hormonais, por possuírem um alto nível de estrógenos que leva a retenção de água; maior capacidade de estiramento, elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos por apresentar menor massa muscular e menor densidade tecidual (Alter, 2010; Weineck, 2003).

 

Comparação da flexibilidade em relação à morfologia

 

Quadro 3. Análise de estudos sobre avaliação da flexibilidade em escolares em relação à morfologia

Autores

Amostra

Metodologia

Resultados

Maziero et al.

(2015)

Escolares

10 a 16 anos

Sexo masculino (n=309)

Total: 309

- Corte transversal

- Peso, estatura e IMC

- Aptidão cardiorrespiratória: teste de Cooper de 12 minutos

- Dobras cutâneas de tríceps braquial e perna média

- Teste de flexibilidade: sentar e alcançar banco de Wells

- Força/potência abdom: teste de flexão abdom. em um minuto

- Correlações significativas do IMC com a resistência abdominal (r= -0,242) e com o VO2máx (r = -0,223), indicando que quanto maior o IMC, menores os valores de resistência abdominal e VO2máx.

- Não houve relação significativa entre o IMC e a flexibilidade (p=0,81).

Filho et al.

(2013)

Escolares

7-16 anos

Grupo1 (G1) de sete a nove anos (n=112)

Grupo 2 (G2) de 10 a 13 anos (n=168)

Grupo 3 (G3) de 14 a 16 anos (n=91)

Total: 371 meninas

- Corte transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Dobras cutâneas de tríceps e subescapular para avaliar o percentual de gordura (% G)

- teste sentar e alcançar: Banco de Wells

- Teste de velocidade de deslocamento de 20 metros.

- Classif. estado nutric. pontos de corte propostos pela (OMS)

- O cálculo do percentil de gord. protoc. Slaughter e Deurenberg

- 41,4 % das escolares encontraram-se com sobrepeso ou obesidade:

- 66,1 % no G1, 34,5 % no G2 e 25,3 %

no G3.

- % Gordura, 29,1 % estão acima dos níveis adequados, sendo para G1 23,3 %, para G2 23,8% e para G3 35,2 %.

- Teste de sentar e alcançar: G1-27,5±5,1 Bom; G2-25,9±5,9 Razoável; G3-28,3±6,4 Razoável; signif. 0,004*

- Teste de velocidade: G1-5,2±0,6 Fraco; G2-4,6±0,9 Fraco; G3-4,5±0,7 Fraco; signif. 0,000*

Minatto et al.

(2010)

Escolares

8-17 anos

Sexo feminino (n=2.604)

Total: 2.604

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: banco de Wells

- Maturação sexual: critérios de estágios puberais propostos por Tanner para mamas (M1 a M5)

- M/DP por idade das variáveis de peso, estatura, IMC e flexibilidade: significância 8 a 13 anos para peso, estatura e IMC.

- M/DP estágios maturacionais das variáveis de peso, estatura, IMC e flexibilidade: não houve diferença significativa para flexibilidade. Para peso, estatura e IMC diferenças inferiores e significativas em todos os estágios.

Penha e João

(2008)

Escolares

7-8 anos

Sexo masculino (n=100)

Sexo feminino (n=130)

Total: 230

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: teste da distância do 3º dedo ao solo

- Diferença significante de sexo (p=0,05), tendo as meninas apresentado maior distância (29,15±8,80 cm) 3º dedo- solo que os meninos (27,41±10,01 cm).

- Sem diferenças entre as idades (p=0,725).

Ulbrich et al.

(2007)

Escolares

6-16 anos

Sexo masculino (n=196)

Sexo feminino (n=79)

Total: 257

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Estágio maturac. de Tanner

- Flexibilidade banco de Wells

- Força de preensão manual (FPM): dinamômetro manual

- Resistência muscular localiz. (RML) abdominal e quadril: teste de resist. abdom. l min.

- Força explos: teste salto horiz.

- Velocidade em 50m potência anaerób: teste corrida de 50m.

- Consumo Max. oxigênio (VO2máx): teste aptidão aerób 20m

Diferenças entre os estágios maturacionais:

- Masculino FPM, força explosiva, RML, velocidade de 50 metros e VO2 máx. absoluto. Flex. e VO2 máx. relativo sign.

- Feminino: diferença significativa em todas as variáveis.

Rassilan e Guerra

(2006)

Escolares

7-14 anos

Sexo masculino (n=100)

Sexo feminino (n=108)

Total: 208

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: teste de sentar e alcançar

- Aumentos signific.: IMC masc. 9 anos e fem. 11 anos; Flexib.: meninas 11-12 anos

- Meninas mais flexív., menos aos 10 anos

- Idade X Flexibilidade: masculino correlação negativa de 5%

- Redução significativa PROESP-BR: feminino 26,8% e masculino 56%, abaixo do recomendável para boa saúde

Andreasi et al. (2010)

Escolares

7-15 anos

Sexo masculino (n=522)

Sexo feminino (n=466)

Total: 988

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Circunferência Abdominal CA

- Dobras cutâneas tricipital e subescapular

- Flexibilidade: teste de sentar e alcançar

- Força/resistência abdominal: teste abdominal em 1 minuto

- Resistência aeróbia: teste de correr/andar por 9 minutos

- Excesso de peso foi de 32,8% (15,9% sobrepeso e 16,9% obesidade)

- CA: alterada em 42,5%, e o excesso de adiposidade corpórea, em 45,4%

- Desemp. fraco: força/resist. abdom. 52,9%, resist. aerób. 42,4%, flexib. 28,4%

- Desemp. bom: flexib. 37,7%, força/ resist. abdom. 20,4%, resist. aerób. 10%

- Aptid. físicas: significativ. influenciadas por idade (todas), sexo (força/ resist. abd.), obes. (todas), adipos. corpórea (flexib., força/resist. abd.), adipos. abd. (força/ resist. abdominal e resistência aeróbia).

Fernandes et al. (2012)

Escolares

6-10 anos

Sexo masculino (n=112)

Sexo feminino (n=124)

Total: 236

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Aptidão aeróbia: teste do vaivém (20m)

- Força e flexibilidade:

teste de extensão do tronco, flexibilidade de ombros e teste do sentar e alcançar

- 16% abaixo da zona saudável (flex.)

- 63% na zona saudável

- 21% acima da zona saudável

- Atividade física nas aulas de educação física influencia a aptidão física dos alunos

- Alunos que não praticam qualquer tipo de ativ. fís. apresentam resultados inferiores aos que praticam ativid. física

 

    Quanto à morfologia dos escolares, de acordo com os resultados dos estudos encontrados (Maziero et al., 2015; Filho et al., 2013; Minatto et al., 2010; Penha e João, 2008; Ulbrich et al., 2007; Rassilan e Guerra, 2006), observou-se que a massa corporal, estatura, IMC e % de gordura sofreram aumento crescente com o avanço da idade e estágios maturacionais, não ocorrendo alterações significativas na flexibilidade dos estudantes em relação a essas variáveis. Porém, em outros estudos (Andreasi et al., 2010; Fernandes et al., 2012) os escolares com o IMC sendo classificados com sobrepeso apresentaram menores níveis de flexibilidade, ou seja, o aumento do IMC influenciou na diminuição da flexibilidade dos alunos tanto para o sexo masculino como para o feminino.

 

    Essas mudanças na qualidade física de flexibilidade podem ocorrer em ambos os sexos devido a alterações metabólicas em idades precoces, ao estágio maturacional que a criança se encontra, ao estirão do crescimento, ao aumento da gordura corporal que pode antecipar a maturação sexual e devido a atividades físicas realizadas dentro e fora da escola (Minatto et al., 2010; Ulbrich et al., 2007).

 

    Desse modo, analisar os componentes motores e antropométricos relacionados à saúde de escolares de diferentes regiões e populações, é de fundamental importância, principalmente porque, diversos estudos mostram a relação existente entre os níveis de componentes da Aptidão Física e Saúde.

 

Flexibilidade e a saúde de crianças e adolescentes

 

Quadro 4. Análise de estudos sobre a flexibilidade e a saúde de escolares

Autores

Amostra

Metodologia

Resultados

Coledam, Arruda

e Oliveira

(2012)

Escolares do 5º ano

GCM Grupo contr. masc n=15

GIM-Grupo intervenção masculino (n=15)

GCF Grupo contr. Fem. n=15

GIF - Grupo intervenção feminino (n=16)

Total: 61

- Corte Longitudinal

- Peso, Estatura e IMC

- Teste de flexibilidade: sentar e alcançar (pré e pós)

- Potência muscular: teste de impulsão vertical (pré e pós)

- GIF e o GIM aumentaram significativamente o desempenho nos testes de impulsão vertical e “sentar e alcançar” (P<0,05).

- GCM e GCF não foram verificadas diferenças significativas no desempenho do teste de impulsão vertical e sentar e alcançar (P>0,05).

Maio et al.

(2011)

Escolares

7-10 anos

Escola pública (n=49)

Escola particular (n=35)

Total: 84

- Corte Transversal

- Teste de flexibilidade: teste de sentar e alcançar adaptado PROESP-BR

- Influência dos hábitos diários nos níveis de flexibilidade muscular: questionário fechado

- Flexibilade na escola Pública: 90% níveis variando entre bom e excelente e 10% entre fraco e razoável

- Flexibil. escola Particular: 30% níveis variando entre Muito Fraco e Razoável e 70% variam entre Bom e Excelente

- Alunos da escola pública – 9% mais ativas que as da escola particular

Melo, Oliveira e Almeida

(2009)

Escolares

15-19 anos

Sexo masculino (n=22)

Sexo feminino (n=71)

Total: 93

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Nível de atividade física: questionário Internacional Ativ. Física (IPAQ)

- Teste de flexib.: flexiteste 20m

Grupo insuficientemente ativo, ativo e muito ativo, p=0,142: não houve significância no nível de atividade física sobre o flexíndice (54,3±1,1; 55,9±1,1 e 56,1±2,1 pontos), respectivamente

Maziero et al.

(2015)

Escolares

10 a 16 anos

Sexo masculino (n=309)

Total: 309

- Corte transversal

- Peso, estatura e IMC

- Aptidão cardiorrespiratória: teste de Cooper de 12 minutos

- Dobras cutâneas de tríceps braquial e perna média

- Teste de flexibilidade: sentar e alcançar banco de Wells

- Força/potência abdom: teste de flexão abdom. em um minuto

- Correlações significativas do IMC com a resistência abdominal (r= -0,242) e com o VO2máx (r = -0,223), indicando que quanto maior o IMC, menores os valores de resistência abdominal e VO2máx.

- Não houve relação significativa entre o IMC e a flexibilidade (p=0,81).

Fernandes et al. (2012)

Escolares

6-10 anos

Sexo masculino (n=112)

Sexo feminino (n=124)

Total: 236

- Corte Transversal

- Peso, Estatura e IMC

- Aptidão aeróbia: teste do vaivém (20m)

- Força e flexibilidade:

teste de extensão do tronco, flexibilidade de ombros e teste do sentar e alcançar

- 16% abaixo da zona saudável (flex.)

- 63% na zona saudável

- 21% acima da zona saudável

- Atividade física nas aulas de educação física influencia a aptidão física dos alunos

- Alunos que não praticam qualquer tipo de ativ. fís. apresentam resultados inferiores aos que praticam ativid. física

 

    Finalmente, com o objetivo de observar a qualidade de aptidão física “flexibilidade” sobre critérios relacionados a condições de saúde de escolares em relação a indicadores antropométricos e motores, diversos estudos encontrados, conforme o quadro acima, apontaram uma relação direta. Assim como, um bom nível de flexibilidade pode reduzir a probabilidade do desenvolvimento de inúmeras disfunções de caráter crônico-degenerativo, sendo fator importante na prevenção e recuperação de eventuais lesões lombares e desvios posturais e que pode ser melhorada através de um programa de alongamentos.

 

    De acordo com o estudo de Coledam, Arruda e Oliveira (2012), que realizaram um programa de intervenção sobre a flexibilidade e impulsão vertical de 61 crianças, pelo meio de exercícios durante as aulas de Educação Física escolar, com dois grupos controles de ambos os sexos, verificando que o grupo controle sem a intervenção não obtiveram aumento no desempenho no teste de impulsão vertical e sentar-e-alcançar. Porém, para o grupo controle com intervenção aumentou significativamente o desempenho nos dois testes, proporcionando uma melhora na qualidade de aptidão física de flexibilidade e força muscular, podendo ser benéfico para saúde dos escolares.

 

    Apoiando essa ideia, o estudo de Maio et al. (2011) expôs que 100% das crianças afirmaram ter atividades de flexibilidade nas aulas de Educação Física, entretanto, com o tempo limitado das aulas, o educador físico expôs que não tem como propor um treinamento de flexibilidade de eficiência. Dessa forma, é imprescindível que haja maior preocupação e disponibilidade de horários no calendário escolar, para as aulas de educação física, voltadas para a promoção da saúde física de escolares.

 

    Para os autores Melo, Oliveira e Almeida (2009), ao utilizarem o flexiteste para verificar a relação entre sedentarismo e o nível de atividade física com a flexibilidade de 93 escolares, com idade entre 15 e 19 anos de ambos os sexos. Constataram que não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos (54,3±1,1; 55,9±1,1 e 56,1±2,1 pontos, para insuficientemente ativo, ativo e muito ativo, respectivamente; p=0,142), também, concluíram que o nível de atividade física não prediz bons níveis de flexibilidade, mas sim o movimento específico de um padrão de atividade física.

 

    Do mesmo modo, os autores Maziero et al. (2015) verificaram a relação do índice de massa corporal - IMC com a flexibilidade, resistência abdominal e VO2máx de 309 escolares do sexo masculino entre 10 a 16 anos de idade, e não encontraram diferenças significativas (r=0,071; p=0,81) para a variável flexibilidade. Apesar dos resultados encontrados por esses autores para outras variáveis notou-se que a obesidade pode contribuir para a diminuição dos níveis de aptidão física dos indivíduos jovens, que, por sua vez, acarreta em uma condição inferior de saúde e qualidade de vida.

 

    Logo, pressupõe-se que o IMC não interfere na qualidade física de flexibilidade de crianças e adolescentes e que não é preciso ter um nível de atividade física elevada para ter uma boa flexibilidade, basta incorporar a prática de alongamentos como atividade física regular e se adequarem de acordo com suas atividades cotidianas, sejam elas desportivas ou não. Diminuindo assim a probabilidade do risco de lesões por conta de instabilidade articular geradas pela própria inatividade física.

 

    Fernandes et al. (2012) avaliaram a aptidão física de 236 alunos de ambos os sexos do 1º ciclo do ensino básico, com idade entre 6 e 10 anos, e constataram que os alunos que praticavam atividades físicas fora da escola e nas aulas de educação física ficaram acima da zona saudável (21%) e na zona saudável (63%) de aptidão física, já os alunos com maior sobrepeso e que não praticavam atividades físicas houve uma insuficiência para composição corporal, aptidão aeróbia e aptidão muscular (resistência e flexibilidade), ficando abaixo da zona saudável (16%) de aptidão física.

 

    A diferença entre os resultados encontrados na literatura (Maziero et al., 2015; Melo, Oliveira e Almeida, 2009 e Andreasi et al., 2010; Fernandes et al., 2012) no presente estudo em relação ao IMC, aos níveis de atividade física e flexibilidade sugere maiores estudos com análise mais detalhada, facilitando a busca de informações relacionadas a essas variáveis.

 

    Esses resultados obtidos através de escores aceitáveis servem como forma de comparação de um padrão desejável de saúde sobre a qualidade física “flexibilidade”, podendo auxiliar educadores físicos na manutenção, proteção, prevenção de doenças, recuperação de eventuais lesões lombares, desvios posturais e simetria corporal de escolares.

 

Conclusão

 

    A flexibilidade, sendo um importante componente da aptidão física relacionada a indicadores de saúde de crianças e adolescentes, deve ser vista com preocupação, uma vez que baixos níveis de flexibilidade, principalmente durante a fase escolar, podem resultar em maiores riscos de doenças hipocinéticas a curto, médio e a longo prazo.

 

    De acordo com as informações obtidas, os escolares tiveram valores médios crescentes de estatura e massa corporal ao longo das idades. A flexibilidade aponta tendência de declínio ao longo das idades, tanto para o sexo masculino quanto para o feminino. Também, na fase adulta os escolares se tornam menos ativos e sedentários, consequentemente diminuem a flexibilidade do corpo, prejudicando assim a sua saúde.

 

    Espera-se que as informações reunidas sobre a influência da flexibilidade na aptidão física de escolares, proporcionem melhor compreensão da relação do crescimento durante a fase escolar com as mudanças desta qualidade física. Ampliando assim, o conhecimento de educadores na área escolar e cientifica sobre a condição de saúde de estudantes.

 

Referências

 

    Alter, M. J. (2010). Ciência da flexibilidade. (3ª ed.) Porto Alegre: Artmed.

 

    Andreasi, V. et al. (2010). Aptidão física associada às medidas antropométricas de escolares do ensino fundamental. J. Pediatr., v. 86, n. 6, p. 497-592. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v86n6/v86n6a09.pdf, Acesso em: 06 jun., 2017.

 

    Araújo, C. G. S. (2008). Avaliação da Flexibilidade: Valores normativos do flexiteste dos 5 aos 91 anos de idade. Arq. Bras. Cardiol., v. 90, n. 4, p. 280-287, abr.. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v90n4/v90n4a08.pdf, Acesso em: 30 jun., 2017.

 

    Arruda, G. A.; Oliveira, A. R. (2012). Concordância entre os critérios para flexibilidade de crianças e adolescentes estabelecidos pela Physical Best e Fitnessgram. Rev. Educ. Fís./UEM, v. 23, n. 2, p. 183-194, 2. trim. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/refuem/v23n2/03.pdf, Acesso em: 26 mai., 2017.

 

    Coledam, D. H. C.; Arruda, G. A.; Oliveira, A. R. (2012). Efeitos de um programa de exercícios no desempenho de crianças nos testes de flexibilidade e impulsão vertical. Motriz, v. 18, n. 3, p. 515-525. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/motriz/v18n3/a12v18n3.pdf, Acesso em: 13 mai., 2017.

 

    Dumith, S. C.; Azevedo, M. R. J.; Rombaldi, A. J. (2008). Aptidão Física Relacionada à Saúde de Alunos do Ensino Fundamental do Município de Rio Grande, RS, Brasil. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 14, n. 5. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbme/v14n5/11.pdf, Acesso em: 26 mai., 2017.

 

    Fernandes, N. et al. (2012). Avaliação da aptidão física dos alunos do 1º ciclo do ensino básico. Lecturas: Educación Física y Deportes, v. 17, n. 170. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd170/avaliacao-da-aptidao-fisica-dos-alunos.htm, Acesso em: 29 mai., 2017.

 

    Filho, N. J. B. A. et al. (2013). Composição corporal e desempenho motor em escolares da rede pública de ensino. Rev. Salud Pública. 15 (6): 859-866. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/rsap/v15n6/v15n6a06.pdf, Acesso em: 18 mai., 2017.

 

    Fonseca, H. A. R. et al. (2010). Aptidão física relacionada à saúde de escolares de escola pública de tempo integral. Acta Scientiarum, Health Sciences, v. 32, n. 2, p. 155-161, 2010. Disponível em: http://eduem.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/ article/view/6873/6873, Acesso em: 05 jun., 2017.

 

    Gallahue, D. L.; Ozmun, J. C.; Goodway, J. D. (2013). Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. (7ª ed.) Porto Alegre: Amgh.

 

    Haskell, W. L. et al. (2007). Physical activity and public health: updated recommendation for adults from the American College of Sports Medicine and the American

 

    Heart Association. Medicine Science Sports and Exercise, v. 39, n. 8, p. 1423-1434. Disponível em: https://scholarcommons.sc.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1117&context=sph_physical_activity_public_health_facpub, Acesso em: 14 dez., 2017.

 

    Maio, R. C. G. et al. (2010). Comparação entre os níveis de flexibilidade de crianças entre 7 e 10 anos de uma escola pública e uma particular do município de Porto Velho. Anais da Semana Educa, v. 1, n. 1. Disponível em: http://www.periodicos.unir.br/index.php/semanaeduca/article/view/133/174, Acesso em: 10 mai., 2017.

 

    Maziero, R. S. B. et al. (2015). Correlação do Índice de Massa Corporal com as Demais Variáveis da Aptidão Física Relacionada à Saúde em Escolares do Sexo Masculino de Curitiba-PR, Brasil. UNOPAR Cient. Ciênc. Biol. Saúde, 17(1):9-12. Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/JHealthSci/article/view/314/295, Acesso em: 13 out., 2017.

 

    Melo, F. A. P.; Oliveira, F. M. F.; Almeida, M. B. (2009). Nível de atividade física não identifica o nível de flexibilidade de adolescentes. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 14, n. 1. Disponível em: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/753/763, Acesso em: 15 abr., 2017.

 

    Minatto, G. et al. (2010). Idade, maturação sexual, variáveis antropométricas e composição corporal: influências na flexibilidade. Rev. Bras. de Cineantropom. e Desempenho Humano, v. 12, n 3, p. 151-158. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n3/a03v12n3, Acesso em: 30 mai., 2017.

 

    Moreira, R. B. et al. (2009). Teste de sentar e alcançar sem banco como alternativa para a medida de flexibilidade de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.14, n. 3. Disponível em: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/773/782, Acesso em: 21 mai., 2017.

 

    Penha, P. J.; João, S. M. A. (2008). Avaliação da flexibilidade muscular entre meninos e meninas de 7 e 8 anos. Fisioterapia e Pesquisa, v. 15, n. 4, p. 387-391. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/fp/v15n4/12.pdf, Acesso em: 30 mai., 2017.

 

    Pereira, E. S. et al. (2014). Aptidão Física relacionada à saúde em escolares de município de pequeno porte do interior do Brasil. Rev. Educ. Fís/UEM, v. 25, n. 3, p. 459-468. Disponível em: http://ojs.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/23193/13991, Acesso em: 15 mai., 2017.

 

    Rassilan, E. A.; Guerra, T. C. (2006). Evolução da flexibilidade em crianças de 7 a 14 anos de idade de uma escola particular do município de Timóteo-MG. MOVIMENTUM -Revista Digital de Educação Física, v. 1, p. 1-13. Disponível em: http://www.unilestemg.br/movimentum/Artigos_V1N1_em_pdf/movimentum_rassilan_eluana.pdf, Acesso em: 05 mai., 2017.

 

    Ulbrich, A. Z. et al. (2007). Aptidão física em crianças e adolescentes de diferentes estágios maturacionais. Fit. Perf. J., v. 6, n. 5, p. 277-282. Disponível em: http://fpjournal.org.br/painel/arquivos/550-1%20Criancas%20e%20adolescentes%20 Rev%205%202007.pdf, Acesso em: 15 abr., 2017.

 

    Weineck, J. O. (2003). Treinamento ideal. (9ª ed.) São Paulo: Manole.

 

    Werk, R. et al. (2009). Aptidão física relacionada à saúde de crianças de uma escola estadual de Campo Grande/MS. Ciênc., Cuid. e Saúde, v. 8, n. 1, p. 42-47. Disponível em: http://eduemojs.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/7771/4407, Acesso em: 07 jun. 2017.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 243, Ago. (2018)