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ISSN 1514-3465

 

Efeito de um protocolo de treinamento em dupla 

tarefa na funcionalidade de idosos fisicamente ativos

Effect of a Dual Task Training Protocol on the Functionality of Physically Active Elderly

Efecto de un protocolo de entrenamiento en doble tarea sobre 

la funcionalidad de personas mayores físicamente activas

 

Jéssica Karen Alves Nogueira*

jkanogueira@hotmail.com

Thiago Henrique Ferreira Vasconcellos**

thiagov@unipam.edu.br

Luciane Aparecida Pascucci Sande de Souza+

lucianesande@gmail.com

Lislei Jorge Patrizzi Martins++

lispatrizzi@gmail.com

 

*Possui graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário de Patos de Minhas (UNIPAM)

Mestrado em Fisioterapia pela UFTM

Professora no curso de Fisioterapia do UNIPAM

**Possui graduação em Psicologia pelo UNIPAM

Mestrado em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Atualmente é doutorando em gerontologia pela UNICAMP

Professor do curso de psicologia do UNIPAM

+Possui graduação em Fisioterapia pela UFSCAR

Mestrado no Programa de Pós Graduação em Fisioterapia pela UFSCAR

Doutorado em Biologia Funcional e Molecular pela UNICAMP

Atualmente é docente associada da UFTM e docente dos cursos

de Pós graduação Stricto Sensu em Educação Física e em Fisioterapia

++Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)

Especialista em Fisioterapia Motora Hospitalar e Ambulatorial pela UNIFESP

Mestre em Reabilitação pela UNIFESP)

Doutora em Ciências Médicas pelo Departamento de Clínica Médica da USP

Atualmente é Professora Associada do Curso de Fisioterapia da UFTM

Tutora da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde

Professora do Programa de Pós graduação

Stricto Sensu - Mestrado em Fisioterapia UFTM/UFU

Coordenadora dos Programas de Pós Graduação Stricto Sensu da UFTM

(Brasil)

 

Recepção: 29/09/2021 - Aceitação: 25/11/2022

1ª Revisão: 12/11/2022 - 2ª Revisão: 22/11/2022

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Nogueira, J.K.A., Vasconcellos, T.H.F., Souza, L.A.P.S. de, e Martins, L.J.P. (2023). Efeito de um protocolo de treinamento em dupla tarefa na funcionalidade de idosos fisicamente ativos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(296), 101-121. https://doi.org/10.46642/efd.v27i296.3207

 

Resumo

    Introdução: Idosos fisicamente ativos possuem capacidades físicas e mentais mais conservadas, diante disso, as intervenções propostas para esse grupo devem ser mais desafiadoras. Objetivo: Avaliar o efeito de um treinamento funcional, baseado nos conceitos de dupla tarefa, na funcionalidade de idosos fisicamente ativos. Método: Ensaio clínico controlado com alocação aleatória de 11 idosos fisicamente ativos, divididos entre grupo de intervenção convencional (CON) (n=4) e grupo de intervenção sensório-cognitivo-motora (SMC) (n=7), desenvolvida em uma pista com múltiplos estímulos. As intervenções foram realizadas em dois encontros semanais de 40 minutos, durante nove semanas. Foram avaliados os aspectos físicos da funcionalidade pela aplicação do Timed up and go Test simples e modificado (dupla tarefa), Escala de Equilíbrio de Berg, Short Physical Performance Battery, Falls Efficacy Scale, dinamometria, manovacuometria, distância dedo-chão e Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária. A comparação entre os grupos foi realizada por meio do teste t de Student (distribuição normal) e do teste U de Mann-Whitney (distribuição não normal). Resultado: Houve diferença significativa e clinicamente relevante entre os grupos para Escala de Equilíbrio de Berg (p=0,03; d=1,42) e Força de Preensão Palmar (p=0,03; d=-1,66); e diferença clinicamente relevante entre grupos nas pressões respiratórias (inspiratória: p=0,07; d=1,29 / expiratória: p=0,07; d=1,29). Conclusão: Os efeitos da atividade sensório-cognitiva-motora demonstraram maior potencial de eficácia para o condicionamento respiratório e para o equilíbrio de idosos fisicamente ativos, quando comparado a uma intervenção convencional. Enquanto para a funcionalidade os efeitos são positivamente semelhantes entre as duas propostas utilizadas.

    Unitermos: Idoso. Terapia por exercício. Funcionalidade. Promoção da saúde.

 

Abstract

    Introduction: Physically active elderly people have more conserved physical and mental capacities, so interventions proposed for this group should be more challenging. Objective: To evaluate the effect of functional training based on dual task concepts on the functionality of physically active elderly people. Method: It`s a controlled clinical trial with random allocation of 11 physically active elderly, who were divided into two intervention groups: the conventional (CON) one (n=4) and the sensory-cognitive-motor (SMC) one (n=7), which carried out on a track with multiple stimuli. The interventions were performed twice a week lasting 40 minutes, for nine weeks. The physical aspects of functionality were evaluated by applying the simple Timed Up and Go Test, modified Timed Up and Go (dual-task), Berg Balance Scale, Short Physical Performance Battery, Falls Efficacy Scale, dynamometry, manovacuometry, fingertip-to-floor distance and the Instrumental Activities of Daily Living Scale. Comparison between groups was performed using the Student's t test (normal distribution) and the Mann-Whitney U test (non-normal). Results: There was a significant and clinically relevant difference between the groups for the Berg Balance Scale (p=0.03; d=1.42), and Grip Force (p=0.03; d=-1.66); and a clinically relevant difference between groups for respiratory pressures (inspiratory: p=0.07; d=1.29 / expiratory: p=0.07; d=1.29). Conclusion: The effects of sensory-cognitive-motor protocol demonstrated greater potential for effectiveness on respiratory conditioning and balance of physically active elderly, when compared to a conventional intervention. While for the functionality, the effects are positively similar between the two proposals used.

    Keywords: Elderly. Exercise therapy. Functionality. Health promotion.

 

Resumen

    Introducción: Adultos mayores físicamente activos tienen capacidades físicas y mentales más conservadas, por lo que las intervenciones propuestas para este grupo deben ser más desafiantes. Objetivo: Evaluar el efecto del entrenamiento funcional, basado en conceptos de tarea dual, sobre la funcionalidad de personas mayores físicamente activas. Método: Ensayo clínico controlado con asignación aleatoria de 11 adultos mayores físicamente activos, divididos en grupo de intervención convencional (CON) (n=4) y grupo de intervención sensorio-cognitivo-motora (SCM) (n=7), desarrollados en una pista con múltiples estímulos. Las intervenciones se realizaron en dos encuentros semanales de 40 minutos, durante nueve semanas. Los aspectos físicos de funcionalidad se evaluaron mediante la aplicación del Timed up and go Test simple y modificado (tarea dual), Escala de Equilibrio de Berg, Short Physical Performance Battery, Falls Efficacy Scale, manovacuometría, distancia dedo-suelo y Escala de Actividades Instrumentales de la Vida Diaria. La comparación entre grupos se realizó mediante la prueba t de Student (distribución normal) y prueba U de Mann-Whitney (distribución no normal). Resultado: Hubo una diferencia significativa y clínicamente relevante entre grupos para la Escala de Equilibrio de Berg (p=0,03; d=1,42) y Fuerza de Prensión (p=0,03; d=-1,66); y diferencia clínicamente relevante entre los grupos en las presiones respiratorias (inspiratoria: p=0,07; d=1,29 / espiratoria: p=0,07; d=1,29). Conclusión: Los efectos de la actividad sensorio-cognitiva-motora mostraron una mayor efectividad potencial para el acondicionamiento respiratorio y el equilibrio en personas mayores físicamente activas en comparación con una intervención convencional. Mientras que para la funcionalidad los efectos son positivamente similares entre las dos propuestas utilizadas.

    Palabras clave: Personas mayores. Terapia de ejercicios. Funcionalidad. Promoción de la salud.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 296, Ene. (2023)


 

Introdução 

 

    A integridade dos componentes sensoriais, cognitivo e motor do sistema neural são necessárias à habilidade de realizar diversas atividades do dia a dia do idoso (Duran-Badillo et al., 2020). O bom funcionamento desta habilidade, denominada Funcionalidade Global, exige também o desempenho adequado dos sistemas funcionais principais (cognição, humor, mobilidade e comunicação) (Moraes, 2012). Com o envelhecimento, os sistemas motor e cognitivo, dentre outros, sofrem alterações e passam a trabalhar em constante concorrência, em nível cortical, para o processamento das tarefas diárias. (Agmon, Belza, Nguyen, Logsdon, e Kelly, 2014)

    

    Visando o treinamento desses sistemas, as intervenções baseadas em dupla tarefa já têm apresentado evidências na melhora do desempenho físico de idosos que apresentam comprometimentos cognitivos (Gallou-Guyot, Mandigout, Combourieu-Donnezan, Bherer, e Perrochon, 2020), assim como para indivíduos com comprometimento neurológico como a Doença de Parkinson (Kalyani et al., 2019). Por outro lado, na população de idosos saudáveis e fisicamente ativos, as pesquisas são escassas. Essa postura deve ser reconsiderada, já que, de acordo com os dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coletados entre os anos de 2015 e 2016, esse grupo compõe uma parte importante (67,0%) da população de idosos em geral. (Peixoto et al., 2018)

 

    Além disso, idosos fisicamente ativos se destacam por apresentarem capacidades funcionais mais conservadas (Rodríguez-Berzal, Royo, Ávila, e Jódar, 2012), e isso torna a obtenção de ganhos funcionais mais desafiadora, já que as intervenções propostas devem exceder suas capacidades. Logo, sugere-se que protocolos mais complexos sejam criados e utilizados no desenvolvimento de treinamentos de duplas tarefas e multitarefas para essa população em expansão.

 

    Pretendeu-se, com este estudo, avaliar o efeito de um treinamento funcional envolvendo os componentes sensoriais, cognitivos e motores, com base nos conceitos de dupla tarefa, nos aspectos físicos da funcionalidade de idosos fisicamente ativos.

 

Métodos 

 

    Trata-se de um ensaio clínico randomizado-controlado paralelo com dois braços, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (Número do Parecer: 2.068.662) da instituição proponente. O recrutamento foi realizado em um centro de convivência para a terceira idade. Todos os idosos interessados em participar da pesquisa passaram por triagem, e o número de participantes foi determinado como sendo o máximo para as reais condições de completar com segurança o protocolo de nove semanas de intervenção e as avaliações.

 

    Para serem elegíveis, os participantes deveriam ter idade igual ou superior a 60 anos; serem fisicamente ativos seguindo os critérios de Matsudo et al. (2002) - Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) -; não apresentarem déficit cognitivo grave sugestivo de demência, ou seja, escore maior que 22 pontos no Mini Exame do Estado Mental (MEEM); terem habilidade autorrelatada de caminhar em velocidade normal por 50 metros ou mais, sem se sentar ou usar apoio.

 

    Não foram incluídos na pesquisa idosos com alterações significativas da motricidade, da fala ou da cognição, que poderiam dificultar a realização dos procedimentos, ou portadores de graves déficits de audição ou de visão, que dificultassem fortemente a comunicação.

 

    Da amostra de conveniência, os 14 participantes incluídos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e foram alocados de forma aleatória em dois grupos: grupo intervenção, que participou de um programa de treinamento sensório-cognitivo-motor (SCM), e grupo convencional, que participou de uma intervenção motora convencional (CON). Ambas as intervenções foram aplicadas durante nove semanas (três fases de três semanas), com duas sessões semanais de 40 min/dia. Durante o período de treinamento, os participantes foram orientados a manterem suas atividades habituais e não iniciarem outros programas de exercício físico.

 

    A randomização foi realizada por um indivíduo não vinculado à equipe de pesquisa, por meio do programa Microsoft Excel, que gerou um número aleatório (entre um e dois) para cada participante da pesquisa, aqueles com o número um participaram do grupo SCM e aqueles com o número dois participaram do CON.

 

    Durante o protocolo, foram excluídos da pesquisa dois participantes que apresentaram alterações significativas de saúde (não relacionadas à intervenção) e um participante que abandonou o treinamento por questões pessoais. O procedimento, através das fases de triagem, alocação em grupos, seguimento e análises dos dados, está representado na Figura 1.

 

Figura 1. Fluxograma CONSORT de alocação, seguimento e análise dos participantes da pesquisa

Figura 1. Fluxograma CONSORT de alocação, seguimento e análise dos participantes da pesquisa

Fonte: Elaborado pelos autores

 

    O grupo intervenção participou de um treinamento SCM, desenvolvido pelos autores com base nos conceitos de dupla tarefa (Nogueira, Patrizzi, Vasconcellos, e Carvalho, 2019), envolvendo, assim, a execução de múltiplas tarefas de forma simultânea (Figura 2A-D). Tais tarefas envolveram exercícios que estimulavam componentes sensoriais (equilíbrio, percepção, orientação no espaço etc.), componentes motores (força, flexibilidade, equilíbrio, condicionamento respiratório etc.) e componentes cognitivos (memória, processamento de informação, fluência etc.).

 

    O treinamento SCM foi desenvolvido dentro de uma pista com área total de 20x30m, dividida em blocos, dentre os quais foram formados caminhos de um metro de largura, por onde os participantes trafegaram (Figura 2-A). Os trajetos executados na pista foram informados por meio de placas com desenho de setas, que faziam a indicação da próxima direção a ser seguida (Figura 2-B). Em cada semana de treinamento, as placas eram realocadas, alterando o trajeto e evitando a memorização do caminho. Os trajetos tiveram em média 60 metros com aproximadamente seis placas direcionais, e o caminho era executado três vezes em cada sessão.

 

Figura 2. Esquema de representação do treinamento SCM: (A) Representação da pista de dupla tarefa com um

exemplo de trajeto; (B) Placas direcionais; (C) Exercícios sensório-motores; (D) Tarefas cognitivas simultâneas

Figura 2. Esquema de representação do treinamento SCM: (A) Representação da pista de dupla tarefa com um exemplo de trajeto; (B) Placas direcionais; (C) Exercícios sensório-motores; (D) Tarefas cognitivas simultâneas

Fonte: Elaborado pelos autores

 

    Na pista haviam placas coloridas e cada cor representava um exercício diferente (Figura 2-C): verde (exercício de alongamento da cadeia posterior); vermelho (agachamento e flexão de ombro até 90º); amarelo (freno labial); azul (ponta dos pés e flexão de cotovelo); marrom (elevação de joelho). Em cada trajeto, os estímulos coloridos eram distribuídos de forma diferente, e cada exercício foi feito em três séries, já que o participante executava o trajeto três vezes em cada sessão.

 

    Na primeira fase de treinamento, as placas coloridas estavam acompanhadas dos desenhos do exercício proposto; nas semanas seguintes, os desenhos foram retirados e o participante deveria se lembrar de qual exercício seria executado para cada cor. Na última fase, placas de cores diferentes (rosa, laranja, preta e branca) foram adicionadas como distratores.

 

    Além disso, em cada uma das três voltas dadas no trajeto, um tipo diferente de tarefa cognitiva foi realizado simultaneamente aos exercícios motores de agachamento, ponta dos pés e elevação de joelho (Figura 2-D). Na primeira volta foram feitas tarefas de fluência verbal, na segunda volta tarefas de memória e na terceira volta os exercícios eram realizados simultaneamente às tarefas aritméticas.

 

    No início do treinamento, os participantes receberam informações sobre as placas direcionais e os exercícios propostos foram explicados e demonstrados. Eles também foram informados que as placas com desenho seriam retiradas em algum momento e que eles deveriam resgatar pela memória o exercício relacionado a cada cor e como ele deveria ser executado.

 

    Com um terço do trajeto já percorrido por um participante, outro participante iniciava sua tarefa, desta maneira sempre havia três participantes executando o treinamento no mesmo ambiente, simultaneamente, com isso, os idosos poderiam interagir entre si de forma similar ao convencional. A intervenção ocorreu em grupo, evitando vieses referentes ao bem-estar pela socialização.

 

    O treinamento convencional (Tabela 1) foi realizado em grupo e o protocolo foi elaborado a partir da adaptação e complementação de protocolos utilizados em idosos saudáveis (Ide, 2004; Pichierri, Murer, e Bruin, 2012)

 

Quadro 1. Esquema de organização do treinamento convencional desenvolvido.

Classe

Exercícios

Progressão

Alongamentos

Cadeia posterior, anterior e lateral de tronco; extensores e flexores de cotovelo, punho e dedos; flexores e extensores de joelho.

Posições mantidas por 30 segundos na primeira fase, por 40 segundos na segunda fase e por 50 segundos na terceira fase.

Resistência

Agachamentos; exercícios de panturrilha; flexão de tronco; em apoio unipodal realizaram flexão e extensão de quadril, abdução e adução de quadril; com as mãos espalmadas na parede, realizaram flexão de membros superiores.

Primeira fase com três séries de oito repetições, dez repetições na segunda fase e 12 repetições na terceira fase (Pichierri et al., 2012).

Equilíbrio

Posturas mantidas por 30 segundos: apoio unipodal; permanecer na ponta dos pés com ombros em extensão e palmas das mãos unidas acima do corpo; ficar com os pés juntos realizando extensão de tronco.

Os exercícios foram realizados com os olhos fechados na segunda fase e na terceira fase com olhos fechados e com movimentos de cervical (Shumway-Cook, e Woollacott, 2010).

Respiratórios

Realizados nos intervalos dos outros exercícios: respiração diafragmática com freno-labial; exercícios de suspiros (fazer três inspirações curtas e uma expiração forçada); exercícios com língua-de-sogra e balão.

 

Fonte: Elaborado pelos autores

 

    As sessões envolveram alongamentos, fortalecimentos, treinos de equilíbrio e exercícios respiratórios, seguindo uma linha geral de treinamento convencional. A intervenção também foi dividida em três fases de três semanas com progressão dos exercícios. (Pichierri et al., 2012; Shumway-Cook, e Woollacott, 2010)

 

Desfechos e instrumentos 

 

    As avaliações foram realizadas nos dois grupos antes do início do tratamento (linha de base), ao fim da nona e última semana (pós-intervenção) e dois meses após o término da intervenção (follow-up).

 

    Para a medida dos aspectos físicos da funcionalidade, foram utilizadas as seguintes ferramentas: Teste Timed Up and Go (TUG) para avaliação da mobilidade (Fatori, Leite, Souza, e Patrizzi, 2015); Teste TUG modificado com dupla tarefa motora (TUG motor) e cognitiva (TUG cognitivo) para avaliação da habilidade em realizar dupla tarefa (Barbosa, Prates, Gonçalves, Aquino, e Parentoni, 2008); custo da dupla tarefa (CDT), calculado com a fórmula 100 x (TUG DT - TUG simples) / TUG simples, para avaliação da interferência da tarefa cognitiva (CDT cognitivo) e motora (CDT motor) sobre o TUG simples (Ramos, 2012), que é usado para avaliação da automaticidade (Paul, Ada, e Canning, 2005); Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) para avaliação do equilíbrio (Miyamoto, Lombardi Jr, Berg, Ramos, e Natour, 2004); bateria de testes Short Physical Performance Battery (SPPB) para avaliação do desempenho físico (Nakano, 2007); Escala de Eficácia de Quedas (FES I) para avaliação do medo de cair (Delbaere, Smith, e Lord, 2011); dinamômetro de força para coleta da Força de Preensão Palmar (FPP) da mão direita que prediz a força global; manovacuometria para medir Pressão Inspiratória Máxima (PImax) e Pressão Expiratória Máxima (PEmax), avaliando o condicionamento respiratório (Montemezzo, Velloso, Britto, e Parreira, 2010); distância dedo-chão (DC) para avaliação da flexibilidade. (Magnusson et al., 1997)

 

    Por fim, foi utilizada a Escala de Atividade Instrumental de Vida Diária (EAIVD) para a avaliação da funcionalidade global (Lawton, e Brody; 1969; Moraes, 2012) e o instrumento WHOQOL-BREF (Resumido) de 26 itens para avaliação da qualidade de vida. (Chachamovich, 2005)

 

Análise dos dados 

 

    Foram realizados os procedimentos de estatística descritiva, distribuição da frequência (absoluta e relativa), cálculo de medida de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio-padrão e intervalo interquartil) de acordo com a normalidade dos dados. Para testar a normalidade dos dados foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk.

 

    A análise estatística da linha de base para avaliação da homogeneidade dos grupos foi feita com teste t para amostras independentes, no caso de variáveis com distribuição normal,ou teste de Wilcoxon pareado, se a distribuição fosse não normal.

 

    As variações nas medidas do início e ao final do tempo de intervenção (pré x pós), assim como as variações das medidas do fim da intervenção ao final do tempo de acompanhamento (pós x follow-up), foram expressas como valores delta (∆).

 

    A comparação entre os grupos foi realizada por meio do teste t de Student para as variáveis com distribuição normal e do teste U de Mann-Whitney para aquelas com distribuição não normal. Um nível de significância bicaudal de 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

    

    Foi analisada a estimativa de tamanho de efeito entre os grupos calculando o d de Cohen para amostras independentes, utilizando os valores delta (∆). A interpretação dos valores foi realizada segundo Cohen (1977), sendo os valores acima de 0,20 considerados como uma pequena diferença, entre 0,50 e 0,80 considerados como uma diferença moderada e os valores acima de 0,80 considerados uma grande diferença.

 

Resultados 

 

    As características demográficas da população estudada (n = 11) estão apresentadas na Tabela 1, mostrando um grupo de idosos com média de idade 69,3±6,1 anos, composto principalmente de mulheres (72,7%). Em relação ao estado civil, o grupo é composto por cinco viúvos(as) (45,5%), quatro idosos(as) casados(as) (36,4%) e dois solteiros(as) (18,2%). A escolaridade foi de 5,0±1,9 anos, todos são aposentados e vivem com uma renda média de 1,3 ±0,5 salário-mínimo. Toda a população estudada foi classificada como ativa pelo IPAQ e sem déficits cognitivos identificados pelo MEEM.

 

    Após a distribuição (Tabela 1), consideraram-se dois grupos de intervenção (SCM e COM), que se mostraram homogêneos quanto à idade (SCM 68,0±4,5 anos, CON 71,5±8,6 anos, p = 0,504); teste TUG (SCM 11,9±4,5 segundos, CON 9,9±1,8 segundos, p = 0,340), EEB (SCM 53,9±2,1 pontos, CON 55,8±0,5 pontos, p = 0,058), SPPB (SCM 9,1±2,0 pontos, CON 9,8±1,7 pontos, p = 0,607) e EAIVD (SCM 19,1±2,0 pontos, 20,5±0,6 pontos, p = 0,143).

 

Tabela 1. Características demográficas da população estudada (Total), 

assim como para os grupos de intervenção (SCM e COM)

Variável

Total

(n=11)

SCM

(n=7)

COM

(n=4)

p

 Idade

69,3±6,1

68,0±4,5

71,5±8,6

0,504

 Sexo

 Feminino

8 (72,7%)

6 (85,7%)

2 (50,0%)

 

 Masculino

3 (27,3%)

1 (14,3%)

2 (50,0%)

 

 Estado Civil

 Casado

4 (36,4%)

2 (28,6%)

2 (50,0%)

 

 Viúvo

5 (45,5%)

3 (42,8%)

2 (50,0%)

 

 Solteiro

2 (18,2%)

2 (28,6%)

0 (0,0%)

 

 Escolaridade (anos de estudo)

5,0±1,9

5,3±2,4

4,0±0,0

 

 Renda (salários mínimos)

1,3±0,5

1,4±0,5

1,0±0,0

 

 TUG (segundos)

11,1±3,8

11,9±4,5

9,9±1,8

0,340

 EEB (escore)

54,5±1,9

53,9±2,1

55,8±0,5

0,058

 SPPB (escore)

9,4±1,8

9,1±2,0

9,8±1,7

0,607

 EAIVD (escore)

19,6±1,7

19,1±2,0

20,5±0,6

0,143

Nota: Os valores estão expressos por média±desvio padrão para as variáveis 

numéricas e frequência absoluta (porcentagem) para as variáveis categóricas. TUG: Timed Up and Go

CDT: Custo da dupla tarefa; EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; SPPB: Short Physical Performance Battery

EAIVD: Escala de Atividade Instrumental de Vida Diária.* Valor de p<0,05. Fonte: Elaborado pelos autores

 

    As análises descritivas completas estão apresentadas na Tabela 2, juntamente com os dados obtidos após o período de intervenção (pós) e após um período de acompanhamento de dois meses (follow-up).

 

Tabela 2. Apresentação das análises descritivas dos três momentos de avaliação para as variáveis investigadas

Variável

Intervenção

Convencional

Pré

Pós

Follow-up

Pré

Pós

Follow-up

Aspectos físicos da funcionalidade

TUG

11,86 ± 4,54

9,4 ± 1,35

9,71 ± 2,58

9,88 ± 1,83

7,22 ± 1,38

7,95 ± 0,75

TUG Motor

14,34 ± 4,14

9,87 ± 1,27

10,46 ± 2,45

13,9 ± 2,68

8,63 ± 1,26

9,7 ± 1,33

TUG Cognitivo

17,37 ± 9,32

12,64 ± 2,5

12,91 ± 1,48

13,55 ± 3,74

9,27 ± 2,38

11,08 ± 3,5

CDT Cognitivo

43,61 ± 28,78

35,69 ± 28,51

39,11 ± 29,24

40,31 ± 48,51

28,76 ± 23,99

38,44 ± 37,91

CDT Motor

25,42 ± 26,84

5,46 ± 9,17

8,84 ± 9,72

42,19 ± 23,73

21,21 ± 19,27

21,61 ± 6,46

EEB

53,86 ± 2,12

55,14 ± 1,57

55,29 ± 0,76

55,75 ± 0,5

55,25 ± 0,5

55,5 ± 0,58

SPPB

9,14 ± 1,95

10,43 ± 1,13

9,29 ± 1,6

9,75 ± 1,71

10,75 ± 0,96

11 ± 0,82

FES I

24,14 ± 5,21

22,43 ± 2,3

25,43 ± 5,47

22,25 ± 4,65

19,75 ± 4,99

18,75 ± 2,5

FPP

20,71 ± 4,5

20 ± 4,93

21,29 ± 5,44

22,5 ± 7,94

27,25 ± 5,12

26,75 ± 8,5

PI Max

37,14 ± 15,77

55 ± 17,56

42,86 ± 17,99

57,5 ± 17,08

62,5 ± 26,3

45 ± 10

PE Max

45,71 ± 21,25

67,86 ± 23,07

57,14 ± 26,9

70 ± 18,26

80 ± 23,09

65 ± 17,32

DC

9,86 ± 7,22

7,86 ± 7,38

12,07 ± 10,08

16,25 ± 9,98

11 ± 9,06

8,25 ± 8,06

Funcionalidade (Instrumental) e Qualidade de vida

EAIVD

19,14 ± 2,04

20,57 ± 0,79

20,43 ± 0,53

20,5 ± 0,58

20,75 ± 0,5

20,75 ± 0,5

WHOQOL

72,53 ± 9,93

76,26 ± 2,41

72,42 ± 6,97

79,04 ± 14,98

79,81 ± 6

78,65 ± 5,8

Nota: Os valores estão expressos por média ± desvio padrão. TUG: Timed Up and Go; CDT: Custo da dupla tarefa; 

EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; SPPB: Short Physical Performance Battery; FES I: Escala de Eficácia de Quedas; 

FPP: Força de Preensão Palmar; PI Max: Pressão Inspiratória Máxima; PE Max: Pressão Expiratória Máxima; DC: Dedo-Chão; 

EAIVD: Escala de Atividade Instrumental de Vida Diária; WHOQOL: World Health Organization Quality of Life. Fonte: Elaborado pelos autores

 

    Ao observar os valores expressos por delta (∆) entre os momentos pré e pós-intervenção (Tabela 3), vê-se uma diminuição (melhora) em ambos os grupos no tempo para realizar TUG simples, TUG motor e TUG cognitivo, assim como no custo da DT cognitiva, custo da DT motora, escore do FES e na distância DC. Da mesma forma, observou-se um aumento (melhora) em ambos os grupos no escore da bateria SPPB, na PI max e PE max. Para estes dados, a análise estatística não demonstrou diferença entre os grupos, no entanto, para as pressões respiratórias, houve grande tamanho de efeito positivo (favorável ao grupo intervenção), sendo os valores d de Cohen para ambas as pressões, expiratória e inspiratória, iguais a 1,29.

 

    Os dados da EEB e da FPP comportaram-se de forma diferente. O escore da EEB aumentou no grupo SCM e reduziu no CON, revelando diferença estatística (p = 0,03) e relevância clínica (d de Cohen = 1,42) entre os grupos. A FFP, por outro lado, diminuiu no grupo SCM e aumentou no CON, também com diferença estatística (p = 0,03) e relevância clínica (d de Cohen = -1,66) entre eles.

 

Tabela 3. Análise descritiva das diferenças entre os momentos (∆) e análise estatística intergrupos para as variáveis físicas

Variável

Grupo

Pré x Pós

Pós x Follow-up

Delta (∆)

p

d de Cohen

Delta (∆)

p

d de Cohen

TUG

GI

-2,45 ± 3,47

0,92

0,07

0,31 ± 1,66

0,65

-0,31

GC

-2,66 ± 2,05

0,73 ± 0,71

TUG Motor

GI

-4,47 ± 3,45

0,69

0,27

0,59 ± 1,39

0,54

-0,43

GC

-5,27 ± 2

1,07 ± 0,59

TUG Cognitivo

GI

-4,73 ± 8,56

0,92

-0,07

0,26 ± 1,31

0,09

-1,19**

GC

-4,28 ± 2,12

1,81 ± 1,29

CDT Motor

GI

-15,1 (-23,9 - -7,8)

1,00

0,05

3,38 ± 8,87

0,72

0,25

GC

-15,2 (-44,5 - -3,2)

0,4 ± 18,45

CDT Cognitivo

GI

-24,5 (-30 - 24,4)

0,85

0,10

3,42 ± 39,87

0,79

-0,18

GC

-14,4 (-46,6 - 26,4)

9,68 ± 25,05

BERG

GI

1 (0 - 3)

0,03*

1,42**

0 (-1 - 0)

0,55

-0,09

GC

-0,5 (-1 - 0)

0,5 (-0,8 - 1)

SPPB

GI

1,29 ± 2,06

0,81

0,15

-2 (-2 - 0)

0,13

-1,22**

GC

1 ± 1,41

0 (0 - 0,8)

FES-I

GI

-1,71 ± 5,74

0,83

0,14

3 ± 4,76

0,17

0,96**

GC

-2,5 ± 5,57

-1 ± 2,94

FPP

GI

-0,71 ± 3,4

0,03*

-1,66**

1,29 ± 3,15

0,41

0,57

GC

4,75 ± 3,1

-0,5 ± 3,51

PI Max

GI

20 (10 - 25)

0,07

1,29**

-12,14 ± 10,75

0,53

0,42

GC

0 (0 - 15)

-17,5 ± 17,08

PE Max

GI

22,14 ± 10,09

0,07

1,29**

-10,71 ± 12,39

0,46

0,42

GC

10 ± 8,16

-15 ± 5,77

DC

GI

-2 (-5 - 0)

0,85

0,62

4,21 ± 5,77

0,07

1,30**

GC

-2 (-15 - 1,3)

-2,75 ± 4,57

Nota: Os valores estão expressos média±desvio padrão ou mediana (primeiro quartil - terceiro quartil). 

TUG: Timed Up and Go; CDT: Custo da dupla tarefa; EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; 

SPPB: Short Physical Performance Battery; FES I: Escala de Eficácia de Quedas; FPP: Força de Preensão Palmar; 

PI Max: Pressão Inspiratória Máxima; PE Max: Pressão Expiratória Máxima; DC: Dedo-Chão. 

*Valor de p<0,05. **d de Cohen maior que 0,80. Fonte: Elaborado pelos autores

 

    Para os resultados do acompanhamento sem intervenção, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Ainda assim, ao observar os valores de delta entre os dados pós-intervenção e follow-up (Tabela 3), nota-se que as informações de ambos os grupos se movimentaram em direção aos valores iniciais nas variáveis TUG, TUG motor, TUG cognitivo, custos da DT motora e cognitiva e pressões respiratórias. Este comportamento foi clinicamente relevante apenas para o TUG cognitivo (d de Cohen = -1,19). Relevância clínica para o período follow-up entre os grupos foi obtida também no SPPB (d de Cohen = -1,22), FES I (d de Cohen = 0,96) e DC (d de Cohen = 1,30).

 

    A respeito dos efeitos das intervenções sobre a funcionalidade global e a qualidade de vida pode-se afirmar que, ao observar os valores expressos por delta (∆) entre os momentos pré e pós-intervenção (Tabela 4), vê-se que houve um aumento (melhora) em ambos os grupos, tanto na EAIVD quanto no WHOQOL-BREF, sem diferença estatística ou relevância clínica entre os grupos. Para os resultados do acompanhamento, os valores de delta pós-intervenção e follow-up da EAIVD mantiveram-se nos dois grupos e o WHOQOL-BREF diminuiu em ambos, sem diferença significativa ou relevância clínica entre os grupos.

 

Tabela 4. Análise descritiva das diferenças entre os momentos (∆) e análise 

estatística intergrupos para as variáveis de funcionalidade e qualidade de vida

Variável

Grupo

Pré x Pós

Pós x Follow-up

Delta (∆)

p

d de Cohen

Delta (∆)

p

d de Cohen

EAIVD

GI

1 (0 - 2)

0,23

0,70

0 (-1 - 0)

0,38

-0,2

GC

0 (0 - 0,8)

0 (0 - 0)

WHOQOL

GI

3,74 ± 10,4

0,69

0,66

-3,85 ± 7,08

0,59

-0,36

GC

0,76 ± 13,02

-1,15 ± 8,48

Nota: Os valores estão expressos média±desvio padrão ou mediana (primeiro quartil - terceiro quartil). 

EAIVD: Escala de Atividade Instrumental de Vida Diária; WHOQOL: World Health Organization Quality of Life

*Valor de p<0,05. **d de Cohen maior que 0,80. Fonte: Elaborado pelos autores

 

Discussão 

 

    De acordo com os resultados, pode-se dizer que: 1) Ambos os treinamentos SCM e convencional têm efeitos clínicos similares sobre os aspectos físicos e cognitivos da funcionalidade; 2) Cada intervenção destacou-se em um aspecto físico diferente, o SCM no equilíbrio e no condicionamento respiratório, e o convencional na força; 3) Ambas as intervenções têm potenciais similares para transferências dos ganhos sobre a funcionalidade global e a qualidade de vida.

 

    Alguns estudos têm abordado estratégias de treinamento de dupla tarefa para idosos saudáveis (Raichlen et al., 2020; Tasvuran Horata, Cetin, e Erel, 2021), porém não definidos como fisicamente ativos. Em idosos fisicamente ativos, um estudo utilizou um protocolo de DT adicionando tarefas cognitivas simultâneas ao treinamento convencional de fortalecimento, flexibilidade e equilíbrio (Ansai et al., 2017). O presente estudo, realizado com idosos fisicamente ativos, foi similar no que tange o desejo por realizar a DT introduzida a um ambiente completo de promoção da funcionalidade.

 

    Nesse contexto, este estudo demonstrou que ambas as intervenções são potencialmente iguais quanto ao seu efeito sobre a mobilidade, a automaticidade, o desempenho físico, o medo de cair e a flexibilidade. A automaticidade é a habilidade de usar um baixo grau de atenção para executar uma tarefa proposta (Shumway-Cook, e Woollacott, 2010). Esta habilidade tem sido avaliada por meio da quantificação da interferência de uma segunda tarefa na tarefa primária (Paul et al., 2005), o que alguns autores chamam de custo da dupla tarefa (CDT). (Clark, 2015; Ramos, 2012; Gutiérrez-Cruz, 2019)

 

    Os resultados obtidos mostraram uma redução no CDT, indicando diminuição na interferência da tarefa secundária sobre a primária (TUG), ou seja, a marcha e a transferência analisadas neste teste ficaram mais automáticas e menos dependentes de atenção. Isso ocorreu porque o tempo gasto para realizar TUG-DT aproximou-se do tempo para realizar o TUG convencional no momento pós-intervenção, que, segundo Müller, e Blischke (2009), indica que a atividade motora primária está menos dependente de consciência após as intervenções. Achados similares foram observados por Li, Harmer, e Chou (2019) com aplicação de um protocolo de seis meses de treinamento de Tai Chi Chuan em idosos da comunidade. Tais autores encontraram uma redução significativa no custo da dupla tarefa e ainda concluíram, por uma análise de efeito mediador, que essa mudança no CDT resultou em melhora nos outros desfechos funcionais (desempenho físico dos membros inferiores, função cognitiva e quedas).

 

    Essa diferença na mobilidade, habilidade DT e automaticidade, foram similares para ambos os grupos. Sabendo que a prática de atividades físicas aeróbicas, de fortalecimento e de coordenação já é comprovadamente benéfica para desenvolvimento, não só motor, mas também cognitivo (Northey, Cherbuin, Pumpa, Smeen, e Rattray, 2018; Falck, Davis, Best, Crockett, e Liu-Ambrose, 2019), ousa-se dizer que a participação do idoso em um programa regular de fisioterapia convencional traria benefícios ao desenvolvimento da habilidade de unir cognição e motricidade.

 

    Para o grupo que recebeu a intervenção em dupla tarefa as expectativas eram maiores, devido à variedade de tarefas cognitivas adicionadas e, ainda, tendo em vista que intervenções em DT já se mostraram eficazes na melhora de parâmetros da marcha em situação de DT, como no estudo de Conradsson e Halvasson (2019) com idosas diagnosticadas com osteoporose. No entanto, apesar das expectativas, os dois grupos mostraram redução similar no tempo para realizar os testes TUG motor e cognitivo, com o grupo intervenção chegando a um resultado satisfatório abaixo da média para a população idosa de 10,5 segundos para o TUG motor (Fatori et al., 2015) e 12,8 segundos para o TUG cognitivo (Barbosa et al., 2008). Mesmo após o período de follow-up, a média ainda se manteve satisfatória em ambos os grupos.

 

    Por outro lado, para os aspectos físicos de equilíbrio e condicionamento respiratório, a intervenção SCM mostrou ser clinicamente mais relevante que a intervenção convencional. Uma vez que a caminhada tem um potencial de gerar influências sobre o ritmo respiratório (Loring, Mead, e Waggener, 1990), e sabendo que, em nosso protocolo, os exercícios respiratórios foram associados à caminhada, acredita-se que esta condição tenha excedido a capacidade do idoso em maior grau, em comparação com o treinamento realizado de modo estacionário, justificando a relevância clínica encontrada.No contexto de dupla tarefa, existem poucos trabalhos que analisam aspectos respiratórios, no entanto resultados similares foram encontrados em um estudo realizado em pacientes com doença de Parkinson, no qual observou-se que, após o treinamento de dupla tarefa, houve um aumento em parâmetros de volume e fluxo expiratório, porém sem diferença estatisticamente significativa. (Fernandes, Tuon, Rosado, Lino, e Pinho, 2021)

    

    A intervenção SCM também mostrou maior relevância clínica sobre o equilíbrio, aqui, com diferença estatística entre os grupos. Para o equilíbrio, as intervenções em DT já haviam sido sugeridas como intervenções eficazes em idosos, principalmente com protocolos envolvendo a dança (Pichierri et al., 2012; Rodrigues-Krause, Krause, e Reischak-Oliveira, 2019; Rodrígues Mañas, 2022). E ainda, Wongcharoen, Sungkarat, Munkhetvit, Lugade, e Silsupadol (2017) evidenciam que o treinamento de equilíbrio com tarefa cognitiva simultânea é melhor que o treinamento de equilíbrio convencional para o ganho de equilíbrio sobre condição de DT, o que corrobora com os achados sobre a importância da DT no ganho de equilíbrio em idosos.

 

    De forma diferente comportou-se a força global, na qual a intervenção CON demonstrou efeito superior sobre a intervenção SCM, com diferença estatística e relevância clínica entre os grupos. A força muscular não tem sido muito abordada por pesquisas em dupla tarefa, contudo Yokoyama et al. (2015), investigando o efeito de tarefas cognitivas inseridas em um treino de resistência e aeróbico, demonstrou em seus resultados que o treinamento de resistência promove ganho na força muscular, entretanto sua realização sobre DT não aumenta esta influência. Tais resultados podem ser justificados pela diversidade de exercícios de resistência, que é maior no treinamento convencional, logo, há indícios de que, quando se aumenta a quantidade de exercícios de resistência dentro do protocolo, atingem-se os mesmos resultados.

 

    Os resultados do presente estudo mostraram ainda que ambas as intervenções têm potencial similar para transferências dos ganhos sobre a funcionalidade global e a qualidade de vida. Frente à relação,já observada, entre os aspectos físicos do idoso e a funcionalidade (Soares, Fattori, Neri, e Fernantes, 2019), pode-se supor que os efeitos positivos das intervenções sobre estes aspectos se refletiriam na funcionalidade global. Diante disso, os resultados são equivalentes, pois ambas as intervenções se mostram relevantes para a capacidade física do idoso fisicamente ativo, e este efeito é reproduzido no estado de funcionalidade global. E ainda, considerando a autonomia algo de grande importância para a qualidade de vida do idoso (Arévalo, Game, Padilla, e Wong, 2020), justifica-se também a diferença positiva encontrada na Qualidade de Vida.

 

Conclusão 

 

    O presente estudo apoia a utilização da intervenção sensório-cognitivo-motora para promoção de mobilidade, automaticidade, desempenho físico e flexibilidade no idoso fisicamente ativo, tanto quanto uma intervenção convencional. No entanto, a intervenção sensório-cognitivo-motora poderá trazer mais benefícios que a convencional para melhora no equilíbrio e no condicionamento respiratório. Para ganho de força muscular, a intervenção convencional trouxe mais benefícios que a intervenção sensório-cognitivo-motora, mas questiona-se se o ganho de força global não poderia ser atingido dentro do protocolo SCM incrementando a diversidade e a carga dos exercícios de fortalecimento.

 

    Outros estudos precisam ser realizados para melhor esclarecer estes benefícios, as sugestões para estes trabalhos seriam: (1) Incrementar os exercícios de fortalecimento do protocolo; (2) Aumentar o tempo de intervenção; (3) Incluir um número maior de amostra de indivíduos; (4) Usar tarefas secundárias ainda mais complexas; (5) Avaliar aspectos espaço-temporais da marcha.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 296, Ene. (2023)