Valores da força de preensão palmar em uma população de diferentes faixas etárias

Values of handgrip strength in a population of different age groups

Valores de la fuerza de prensión palmar en una población de diferentes edades

 

Matheus Santos Gomes Jorge*

matheussgjorge@gmail.com

Dáfne dos Santos Ribeiro**

daafne.ribeiro@gmail.com

Karina Garbin**

kaahh.garbin@gmail.com

Igor Moreira**

igrm93@gmail.com

Patrícia Vieira Rodigheri***

vieirapatriciaa@gmail.com

Willian Guerra de Lima***

willianguerradelima@gmail.com

Sabrina Casarin Vogelmann***

sabrinacvogelmann@gmail.com

Lia Mara Wibelinger****

liafisio@upf.br

Gustavo Abreu Libero*****

gustavolibero@unipac.br

 

*Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo

**Fisioterapeuta. Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo

Fisioterapeuta. Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo

***Graduanda/o em Fisioterapia

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia. Universidade de Passo Fundo

****Fisioterapeuta (Universidade de Cruz Alta)

Especialista em Saúde Pública (Universidade de Ribeirão Preto)

Mestre e Doutora em Gerontologia Biomédica (Pontifícia Universidade Católica)

Docente do Curso de Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano, 

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo

*****Fisioterapeuta (Universidade Presidente Antônio Carlos)

Especialista em Fisioterapia em Traumatologia e Ortopedia (Universidade Veiga de Almeida). 

Docente da Universidade Presidente Antônio Carlos

(Brasil)

 

Recepção: 19/03/2018 - Aceitação: 07/02/2019

1ª Revisão: 06/11/2018 - 2ª Revisão: 11/01/2019

 

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

 

Resumo

    Introdução: Com o processo de envelhecimento humano ocorrem mudanças fisiológicas ao longo do curso da vida. Uma delas é o declínio da força de preensão palmar, um aspecto intimamente relacionado à funcionalidade e sobrevida, especialmente dos idosos. Objetivo: analisar os valores da força de preensão palmar em uma população de diferentes faixas etárias. Materiais e métodos: estudo quantitativo, descritivo de corte transversal que analisou a força de preensão palmar de 114 indivíduos (98 mulheres e 16 homens), entre os 20 e os 87 anos. Os indivíduos foram selecionados aleatoriamente, responderam um questionário estruturado que abrangia perguntas sobre os dados de identificação, sociodemográficos (sexo e faixa etária) e indicadores de saúde (presença de doenças ou dores crônicas), e realizaram o teste da dinamometria manual. A realização do estudo foi no período de março a novembro de 2016. Os dados foram catalogados no programa de Windows Microsoft Excel 2013, onde utilizou-se a estatística descritiva, o teste t de Student e o teste Qui-quadrado para analisá-los, admitindo significância estatística p≤0,05. Resultados: o pico de força de preensão palmar foi na faixa etária dos 30 aos 39 anos (29,1 kgf ± 0,85 e 29,5 kgf ± 0,66 nas mãos direita e esquerda, respectivamente). Os homens apresentaram maiores valores de força de preensão palmar em relação às mulheres nas mãos direita (25,6 kgf ± 0,97, 17,4 kgf ± 0,66, respectivamente) e esquerda (24,4 kgf ± 0,95, 17,1 kgf ± 0,78, respectivamente) (p=0,03). Houve associação entre o aumento da idade e a prevalência de doenças crônicas (p=0,009) e dores crônicas (p=0,02). Conclusão: o pico de força de preensão palmar foi maior na faixa etária dos 30-39 anos, com decréscimo a partir de então. Os homens apresentaram maiores valores de força de preensão palmar e houve aumento da ocorrência de doenças crônicas e dores crônicas com o avanço da idade.

    Unitermos: Força da mão. Grupos etários. Adulto jovem. Adulto. Idoso.

 

Abstract

    Introduction: With the process of human aging physiological changes occur throughout the course of life. One of these is the decline of handgrip strength, an aspect closely related to functionality and survival, especially of the elderly. Objective: to analyze the values of handgrip strength in a population of different age groups. Methods: A quantitative, descriptive cross-sectional study that analyzed the handgrip strength of 114 individuals (98 females and 16 males) between the ages of 20 and 87. Subjects were randomly selected, answered a structured questionnaire that covered questions about identification data, sociodemographic data (sex and age group) and health indicators (presence of diseases or chronic pain), and performed the manual dynamometry test. The study was carried out from March to November 2016. The data were cataloged in the Windows program Microsoft Excel 2013, where descriptive statistics, the test Student's t and the chi-square test were used to analyze them, assuming statistical significance p≤0.05. Results: Peak handgrip strength was in the age group 30 to 39 years (29.1 kgf ± 0.85 and 29.5 kgf ± 0.66 in the right and left hands, respectively). The men presented higher values of handgrip strength compared to women in the right hands (25.6 kgf ± 0.97, 17.4 kgf ± 0.66, respectively) and left (24.4 kgf ± 0.95, 17.1 kgf ± 0.78, respectively) (p=0.03). There was an association between increasing age and the prevalence of chronic diseases (p = 0.009) and chronic pain (p=0.02). Conclusion: the handgrip strength peak was higher in the 30-39 year age group, with a decrease thereafter. The men had higher values of handgrip strength and there was an increase in the occurrence of chronic diseases and chronic pain with advancing age.

    Keywords: Hand strength. Age groups. Young adult. Adult. Aged.

 

Resumen

    Introducción: Con el proceso de envejecimiento humano ocurren cambios fisiológicos a lo largo del curso de la vida. Una de ellas es la declinación de la fuerza de prensión palmar, un aspecto íntimamente relacionado a la funcionalidad y la supervivencia, especialmente de las personas mayores. Objetivo: analizar los valores de la fuerza de prensión palmar en una población de diferentes edades. Materiales y métodos: estudio cuantitativo, descriptivo de corte transversal que analizó la fuerza de prensión palmar de 114 individuos (98 mujeres y 16 hombres), entre los 20 y los 87 años. Los individuos fueron seleccionados aleatoriamente, respondieron un cuestionario estructurado que abarcaba preguntas sobre los datos de identificación, sociodemográficos (sexo y grupo de edad) e indicadores de salud (presencia de enfermedades o dolores crónicos), y realizaron la prueba de dinamometría manual. La realización del estudio fue en el período de marzo a noviembre de 2016. Los datos fueron catalogados en el programa de Windows Microsoft Excel 2013, donde se utilizó la estadística descriptiva, la prueba t de Student y la prueba Chi-cuadrado para analizarlos, admitiendo una significancia estadística de p≤0,05. Resultados: el pico de fuerza de asimiento palmar fue en el grupo de edad de 30 a 39 años (29,1 kgf ± 0,85 y 29,5 kgf ± 0,66 en las manos derecha e izquierda, respectivamente). Los hombres presentaron mayores valores de fuerza de asimiento palmar en relación a las mujeres en las manos derecha (25,6 kgf ± 0,97, 17,4 kgf ± 0,66, respectivamente) e izquierda (24,4 kgf ± 0,95, 17,1 kgf ± 0,78, respectivamente) (p = 0,03). Se observó asociación entre el aumento de la edad y la prevalencia de enfermedades crónicas (p = 0,009) y dolores crónicos (p = 0,02). Conclusión: el pico de fuerza de asimiento palmar fue mayor en el grupo de edad de los 30-39 años, con decrecimiento a partir de entonces. Los hombres presentaron mayores valores de fuerza de asimiento palmar y hubo aumento de la ocurrencia de enfermedades crónicas y dolores crónicos con el aumento de la edad.

    Palabras clave: Fuerza de la mano. Grupos por edades. Adulto joven. Adulto. Persona mayor.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 249, Feb. (2019)


 

Introdução

 

    A mão é tida como uma das mais valiosas ferramentas do corpo humano, pois boa parte do desenvolvimento da humanidade deu-se em virtude à sua funcionalidade, principalmente em razão da sua peculiar possibilidade de preensão (Dias et al., 2010). A complexidade da estrutura dista do membro superior é composta por 27 ossos, 26 articulações e um conjunto de músculos e ligamentos que realizam a abertura e fechamento da mão, bem como a função de preensão (Kura & Spassim, 2013).

 

    Há dois tipos básicos de preensão palmar: a de precisão, relacionada à aproximação dos dedos polegar e indicador, e a de força, que consiste na flexão dos dedos sobre a região palmar (Dias et al., 2010). A força de preensão palmar (FPP) é fundamental para o desenvolvimento das atividades de vida diária, e de grande valia para estabelecer uma boa relação de funcionalidade e independência (Wagner, Ascenço & Wibelinger, 2014).

 

    A dinamometria manual é um método simples e mais utilizado para mensurar a FPP, que pode ser influenciado por diversos fatores, como o sexo, a idade, o membro dominante, o tamanho da mão, entre outros. Além disso, as medidas obtidas neste teste podem ajudar a identificar alterações metabólicas musculares precoces (Barbosa et al., 2015; Dresch, Tauchert & Wibelinger, 2014).

 

    Conhecer os valores precisos da FPP é essencial no processo de avaliação das limitações da atividade muscular, auxiliando na progressão em tratamentos de saúde, sendo este um bom indicador de funcionalidade (Sá, Silva-Filho, Jesus & Lima, 2017). Neste sentido, considerar aspectos como o sexo, a idade e as condições de saúde dos indivíduos no momento da avaliação da FPP é essencial para identificar potenciais fatores de risco, bem como delinear processos reabilitativos, processos educacionais e políticas públicas, com maior clareza e efetividade, visando, em última instância, melhorar a qualidade de vida da população em geral.

 

    Neste sentido, este estudo objetivou analisar os valores da FPP em uma população de diferentes faixas etárias.

 

Materiais e métodos

 

    O presente estudo é quantitativo, descritivo de corte transversal que faz parte de um projeto denominado “Força de preensão palmar em idosos”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em Seres Humanos da Universidade de Passo Fundo, sob o protocolo número nº 345.944 e está de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

 

    A população avaliada foi de 114 indivíduos (98 do sexo feminino e 16 do sexo masculino), com idades entre 20 e 87 anos. Os critérios de inclusão propostos foram os indivíduos terem no mínimo 18 anos de idade, possuir condições físicas para realizar o teste de dinamometria em ambas as mãos e concordar em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O critério de exclusão foram indivíduos portadores de alguma patologia neurodegenerativa em quadro agudizado que os impedissem de realizar o teste de dinamometria manual (doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, entre outras), indivíduos com amputação de algum dos membros superiores ou indivíduos que não conseguiram realizar o teste em um dos membros (sequela de acidente vascular encefálico, processo cirúrgico recente, tendinopatia aguda, entre outros).

 

    Os participantes foram selecionados aleatoriamente, responderam a um questionário estruturado pelos próprios pesquisadores que abrangia perguntas sobre os dados de identificação, sociodemográficos (sexo e faixa etária) e indicadores de saúde (presença de doenças ou dores crônicas), e realizaram o teste da dinamometria manual. A coleta de dados foi realizada por um grupo de acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, que foram previamente treinados para aplicar o questionário e o teste de dinamometria manual, no período de março a novembro de 2016 em locais e estabelecimentos públicos.

 

    A FPP foi mensurada por meio da dinamometria manual, utilizando-se o dinamômetro manual da marca Kratos®. Este é um instrumento com sistema hidráulico fechado, constituído por alças fixas inadaptáveis, onde aplica-se uma contração isométrica, registrada em quilogramas força (kgf). O visor de leitura fica voltado para o indivíduo permitindo-o acompanhar seu desempenho. Para realização do teste, seguiram-se as recomendações da Sociedade Americana de Terapeutas de Mão, onde o indivíduo deve estar sentado com a coluna ereta, os pés apoiados no chão e segurando o dinamômetro com o ombro aduzido e em posição neutra, cotovelo flexionado a 90° e punho neutro. O indivíduo deveria aplicar uma contração muscular voluntária máxima em três tentativas, com intervalo de 30 segundos entre as aplicações. Considerou-se a média aritmética das três tentativas.

 

    Os dados coletados foram catalogados no programa de Windows Microsoft Excel 2013. Para analisar a FPP nas diferentes faixas etárias foram calculadas as médias e desvios-padrão dos indivíduos, cujos mesmos foram agrupados de acordo com sua idade. Foram utilizados os testes t de amostras pareadas para comparar os valores da FPP entre as mãos direita e esquerda e entre as mãos dominante e não dominante, o teste t de amostras independentes para comparar os valores da FPP entre os gêneros e o teste Qui-quadrado para verificar a associação entre a presença de doenças e dores crônicas e a idade. Considerou-se como diferença significativa o valor de p ≤ 0,05.

 

Resultados

 

    Todos os indivíduos convidados foram aptos a participar do estudo. Assim a amostra foi composta pela população total envolvida na pesquisa atual. A Tabela 1 apresenta a caracterização da amostra do estudo.

 

Tabela 1. Caracterização da amostra. Passo Fundo/RS, 2017

Variáveis

Frequência absoluta

Frequência relativa

Sexo

 

 

Feminino

98

85,96%

Masculino

16

14,03%

Faixa etária

 

 

20-29 anos

15

13,15%

30-39 anos

08

7,01%

40-49 anos

07

6,14%

50-59 anos

09

7,89%

60-69 anos

35

30,70%

70-79 anos

32

28,07%

80-89 anos

08

7,01%

Doenças crônicas

 

 

Sim

54

47,36%

Não

60

52,63%

Dores crônicas

 

 

Sim

54

47,36%

Não

60

52,63%

Legenda: N: valor absoluto; %: valor relativo

 

    Observou-se que a maior parte amostra era composta por mulheres (85,96%) e indivíduos idosos com idades entre os 60-69 anos e 70-79 anos (30,70% e 28,07%, respectivamente). Embora 47,36% dos indivíduos tenham relatado a presença de algum tipo de patologia ou dor crônica, a maioria dos indivíduos não apresentaram relatos destas variáveis. A Tabela 2 apresenta os valores de FPP das mãos direita e esquerda nas diferentes faixas etárias de adultos e idosos.

 

Tabela 2. Força de preensão palmar das mãos direita e esquerda em diferentes faixas etárias. Passo Fundo/RS, 2017

Faixa etária

FPP direita

FPP esquerda

Valor de p

20-29 anos

20,1 ± 1,15 kgf

20,9 ± 1,40 kgf

0,44

30-39 anos

29,1 ± 0,85 kgf

29,5 ± 0,66 kgf

0,72

40-49 anos

24,2 ± 0,98 kgf

22,4 ± 0,95 kgf

0,07

50-59 anos

16,7 ± 0,36 kgf

16,9 ± 0,56 kgf

0,90

60-69 anos

17,1 ± 0,62 kgf

16,7 ± 0,66 kgf

0,52

70-79 anos

17,1 ± 0,49 kgf

16,0 ± 0,56 kgf

0,17

80-89 anos

14,9 ± 0,38 kgf

13,5 ± 0,37 kgf

0,07

Legenda: FPP: força de preensão palmar; média ± desvio padrão; kgf: quilograma-força

 

    Observou-se que o pico de FPP foi registrado nos indivíduos da faixa etária dos 30-39 anos, cujo mesmo apresentou decréscimo conforme houve aumento da idade. Não observou-se diferença significativa entre as médias de FPP das mãos direita e esquerda. A Tabela 3 apresenta os valores de FPP das mãos dominante e não-dominante nas diferentes faixas etárias de adultos e idosos.

 

Tabela 3. Força de preensão palmas das mãos dominante e não-dominante em diferentes faixas etárias. Passo Fundo/RS, 2017

Faixa etária

FPP mão dominante

FPP mão não-dominante

Valor de p

20-29 anos

20,0 ± 1,15 kgf

20,9 ± 1,40 kgf

0,37

30-39 anos

29,1 ± 0,85 kgf

29,5 ± 0,66 kgf

0,72

40-49 anos

24,2 ± 0,98 kgf

22,4 ± 0,95 kgf

0,07

50-59 anos

16,7 ± 0,36 kgf

16,9 ± 0,56 kgf

0,90

60-69 anos

16,9 ± 0,62 kgf

16,9 ± 0,66 kgf

0,97

70-79 anos

17,1 ± 0,49 kgf

16,0 ± 0,56 kgf

0,17

80-89 anos

14,9 ± 0,38 kgf

13,5 ± 0,37 kgf

0,07

Legenda: FPP: força de preensão palmar; média ± desvio padrão; kgf: quilograma-força

 

    Pode-se notar que houve variância na relação entre os valores de FPP e a dominância da mão. Três faixas etárias apresentaram maiores valores de FPP na mão não-dominante em relação a mão dominante (20-29, 30-39 e 50-59 anos), três faixas etárias apresentaram maiores valores de FPP na mão dominante em relação a mão não-dominante (40-49, 70-79 e 80-89 anos) e uma faixa etária apresentou valores iguais em ambas as mãos (60-69 anos). Todavia, em nenhuma faixa etária houve diferença significativa entre os valores de FPP nas mãos dominante e não-dominante. A Tabela 4 apresenta os valores de FPP das mãos direita e esquerda entre os gêneros feminino e masculino.

 

Tabela 4. Força de preensão palmar das mãos direita e esquerda entre os gêneros feminino e masculino. Passo Fundo/RS, 2017 (n=114)

 

Mulheres

Homens

Valor de p

FPP mão direita

17,4 ± 0,66 kgf

25,6 ± 0,97 kgf

0,03*

FPP mão esquerda

17,1 ± 0,78 kgf

24,4 ± 0,95 kgf

Legenda: FPP: força de preensão palmar; média ± desvio padrão; kgf: quilograma-força; *: estatisticamente significativo.

 

    Observou-se que os homens apresentaram, significativamente, FPP maior do que as mulheres (p=0,03). A Tabela 5 apresenta a relação entre a FPP média e a prevalência de doenças e dores crônicas em cada faixa etária.

 

Tabela 5. Relação entre a força de preensão palmar média e a prevalência de doenças crônicas e dores crônicas em cada faixa etária. Passo Fundo/RS, 2017

 

 

Faixas etárias

(média da FPP das mãos direita e esquerda em kgf)

 

 

 

20-29 (20,5)

30-39 (29,3)

40-49 (23,3)

50-59 (16,8)

60-69 (16,9)

70-79 (16,5)

80-89 (14,2)

Valor de p

Doenças crônicas

Sim

6,66%

12,5%

57,14%

44,44%

54,28%

46,87%

75%

0,009*

Não

93,33%

87,5%

42,85%

55,55%

45,71%

53,12%

25%

Dores crônicas

Sim

0%

25%

57,14%

55,56%

51,43%

56,25%

87,5%

0,02*

Não

100%

75%

42,86%

44,44%

48,57%

43,75%

12,5%

Legenda: FPP: força de preensão palmar; %: valor relativo; kgf: quilograma-força; *: estatisticamente significativo

 

    Notou-se que, estatisticamente, os valores da FPP média decresceram na mesma proporção em que houve o aumento da idade e o aumento da prevalência de doenças crônicas (p=0,009) e dores crônicas (p=0,02). Os indivíduos da faixa etária dos 80-89 anos foram os que apresentaram maior prevalência de doenças e dores crônicas.

 

Discussão

 

    Em linhas gerais, os resultados apresentados neste estudo demostraram que os indivíduos da faixa etária dos 30-39 anos e os homens apresentaram maiores valores de FPP, havendo diferença significativa entre os sexos. Também, houve associação significativa entre o avanço da idade e aumento do número de doenças e dores crônicas. Neste sentido, cabe ressaltar que a força muscular, que é determinada pelo número de sarcômeros presentes no músculo recrutado e pela forma com que estes se dispõem durante a contração muscular, pode ser influenciada por fatores como a idade, o gênero, as características antropométricas e aspectos fisiológicos do tecido muscular (Guyton & Hall, 2017 & Heffernan et al., 2012). Ainda, a morte dos motoneurônios, oriunda da inatividade muscular, pode repercutir na perda de massa muscular geral e da musculatura envolvida com a FPP (Martin, Nebuloni & Najas, 2012).

 

    Além da idade e do gênero outros fatores como a dominância lateral podem ser influenciadores quanto aos valores de FPP nos indivíduos (Nascimento et al., 2010). O que justifica a escolha do tema proposto em analisar a FPP em diferentes faixas etárias em adultos e idosos. Adicionalmente, outros desfechos secundários como o gênero e a presença ou não de doenças e dores crônicas foram avaliados, pois acredita-se que a padronização dos valores da FPP seja um parâmetro importante para a análise clínico-funcional de indivíduos saudáveis ou com patologias dos membros superiores, sobretudo dos punhos e das mãos (Moura, 2008).

 

    Sendo uma ferramenta de baixo custo e com aplicabilidade fácil e simples (Pestana et al., 2015), a dinamometria manual é considerada atualmente como um dos principais métodos de avaliação, predição e acompanhamento de processos com intuito de obter dados a cerca da condição musculoesquelética (Soares et al., 2015) e do estado geral de saúde do indivíduo (Pestana et al., 2015 & Soares et al., 2015). Visto que, além de ser um indicador geral da força muscular e ser um recurso viável com objetivos diversos para a avaliação e tratamento dos membros superiores, optou-se pela escolha deste instrumento na tentativa de padronizar parâmetros que possam orientar o profissional na hora de avaliar e tratar os indivíduos.

 

    Como visto, o dinamômetro manual é considerado o melhor instrumento para avaliar a funcionalidade dos indivíduos com ou sem patologias e o aparelho JAMAR® tem sido o instrumento mais utilizado na literatura, porém outros também são indicados (Nascimento et al., 2010). O que vai de encontro ao estudo atual, pois o dinamômetro utilizado foi o da marca Kratos®. Todavia esta escolha não impediu a geração dos dados finais da pesquisa.

 

    Alguns estudos explorem o posicionamento ideal para avaliar-se a FPP (sentado ou em pé) e a maior parte observou que os resultados são mais confiáveis quando o indivíduo permanece sentado, o que vai ao encontro das normas padronizadas pela Associação Americana de Terapeutas da Mão para realização do teste de dinamometria manual, cujas mesmas orientam o indivíduo testado permanecer em posição sentada com o ombro abduzido e neutramente rodado, cotovelo fletido a 90° e antebraço e punho em posição neutra (Nascimento et al., 2010). Desta forma, este foi o posicionamento adotado neste estudo, visando priorizar a maior confiabilidade e eficácia do teste.

 

    Outro ponto questionado pelos estudos é a forma de registro dos valores de referência, sendo que alguns estudos registram o maior pico de força de preensão. Porém, a maioria realiza a média aritmética de três tentativas do teste de dinamometria manual para definir a FPP para cada mão e o intervalo adotado entre as mensurações são em torno de 60 segundos (Nascimento et al., 2010). O que concorda com o presente estudo que realizou a média aritmética entre as três mensurações realizadas no teste de dinamometria manual para definir a FPP. Ainda, o intervalo adotado entre estas foi de 30 segundos, ou seja, metade do tempo que a literatura geralmente registra.

 

    Embora a medida transversal e o trofismo da mão possam estar relacionados ao melhor desempenho da FPP no sexo masculino em relação ao feminino (Fernandes et al., 2011), não há influência significativa entre o tamanho das mãos e a FPP em qualquer faixa de idade (Nascimento et al., 2010), razão esta pela qual não levou-se em consideração registrar esta informação como parte dos dados avaliados ou dos desfechos finais.

 

    Os estudos sugerem que o início do aumento dos valores da FPP e, a diferenciação entre sexos, começa na adolescência até atingir o pico na vida adulta. O declínio começa por volta da meia idade, aproximadamente aos 40 anos de idade, enquanto na fase idosa este acentua-se ainda mais, em ambos os gêneros (Nascimento et al., 2010 & Moura, 2008). Nos idosos longevos, além da idade ser determinante para a diminuição da FPP, a redução do índice de massa corpora torna-se um agravante para tal condição (Lenardt et al., 2014). Constatações estas que foram observadas nas análises do presente estudo.

 

    Um estudo que avaliou a FPP em indivíduos dos 11 aos 82 anos, e subdividiu-os por faixas etárias, observou que houve incremento desta variável conforme o aumento da idade, sendo que os da faixa etária dos 45-60 anos apresentaram os maiores valores (45,6kg na mão direita e 43,8kg na mão esquerda), principalmente na mão direita em relação à esquerda (Pícoli, Figueiredo, & Patrizzi 2011). O que vai de encontro ao estudo atual, onde foi observado pico nos valores de FPP na faixa etária dos 30-40 anos (29,1 kgf na mão direita e 29,5 kgf na mão esquerda), com maior valor na mão esquerda. Após essa faixa etária a FPP sofreu queda com o aumento da idade.

 

    Um estudo australiano realizado para definir parâmetros da FPP em diferentes faixas etárias em ambos os sexos observou que a faixa etária que apresentou pico da FPP foi dos 25-34 anos, sendo estes valores para as mulheres de 26 kgf na mão direita e 24 kgf na mão esquerda, enquanto para os homens foram de 44 kgf na mão direita e 46 kgf na mão esquerda, com declínio progressivo a partir de então (Massy-Westropp et al., 2004).

 

    Um estudo de revisão sistemática que analisou a FPP em populações de diferentes países como os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, a Ucrânia e a Suécia, identificou que os picos de FPP na população geral concentraram-se nas faixas etárias entre os 30 e os 49 anos. Para os homens, os maiores valores de FPP foram de 54,1kgf (mão direita) dos 40-44 anos e 51,6 kgf (mão esquerda) dos 35-39 anos. Já para as mulheres estes valores foram de 33,9kgf (mão direita) dos 45-49 anos e de 31,8 kgf (mão esquerda) dos 30-34 anos (Bohannon et al., 2006).

 

    Além de variáveis como a idade, o sexo, o estado nutricional e medidas antropométricas, a FPP pode ser influenciada, também, pela lateralidade (Moura, 2008 & Eichingera et al., 2015). Todavia, neste estudo não foi observado diferença significativa entre a FPP das mãos direita e esquerda em quaisquer faixas etárias.

 

    Um estudo realizado com adultos e idosos observou que, independente da faixa etária e do gênero, a FPP da mão dominante sempre se sobressaiu em relação à mão não dominante (Luna-Heredia, Martín-Peña & Ruiz-Galiana, 2005). Neste estudo, a lateralidade das mãos não foi homogênea entre as faixas etárias e não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os valores de FPP das mãos dominantes e não-dominantes.

 

    Os homens apresentam maiores valores de FPP em relação às mulheres, independente da faixa etária e da dominância da mão, exceto na idade pré-escola e escolar quando estes valores assemelham-se (Nascimento et al., 2010 & Moura, 2008). O que pode ser observado em um estudo que investigou a FPP em homens (n=50) e mulheres (n=50) adultos com idades entre 17 e 40 anos. Os resultados evidenciaram que a FPP média para os homens era de 49,0 kgf na mão direita e de 46,0 kgf na mão esquerda, enquanto para as mulheres esses valores eram de 26,0 kgf na mão direita e de 24,0 kgf na mão esquerda (Eichingera et al., 2015). Já em outro estudo realizado apenas com idosos, a FPP para os homens (n=19) era de 24,4kgf na mão direita e de 13,8kgf na mão esquerda, enquanto para as mulheres (n=93) esses valores foram de 15kgf na mão direita e 15,6kgf na mão esquerda (Dresch, Tauchert & Wibelinger, 2014). No presente estudo, observou-se que os valores de FPP foram significativamente maiores na população masculina em relação à feminina em ambas as mãos (p=0,03).

 

    A presença de doenças crônicas apresentadas neste estudo demonstrou ser um fator potencial para influenciar na FPP. Quanto mais avançada a idade, maior foi a prevalência de doenças crônicas entre os indivíduos e esta relação foi inversamente proporcional com o pico de FPP (p=0,009). O que vai de encontro à literatura, visto que um estudo realizado com idosos (n=112) observou que a presença de patologias não foi um fator capaz de interferir na FPP dos indivíduos (Dresch, Tauchert & Wibelinger, 2014).

 

    Alguns estudos em populações com doenças crônicas que causam dor demonstraram que quanto maior a intensidade do quadro álgico menor é a FPP e que após um programa reabilitativo esses valores revertem proporcionalmente (Schnornberger, Jorge & Wibelinger, 2018 & Jorge et al., 2018). Neste sentido, a dor mostra-se como um fator que pode influenciar na FPP, como visto em um estudo realizado com 119 idosos (19 homens e 100 mulheres) que demonstrou que a presença de dor crônica influenciou na FPP destes, sendo que os homens apresentaram maior força na mão direita (p=0,021) e na mão esquerda (p=0,032) em relação às mulheres (Wagner, Ascenço & Wibelinger, 2014). Neste estudo foi possível observar uma associação entre a prevalência de dores crônica e o aumento da idade dos indivíduos, com consequente declínio do pico de FPP (p=0,02).

 

    Algumas limitações são observadas no presente estudo. Talvez, o modo de seleção da amostra do presente tenha sido um fator que tenha contribuído para a discrepância no número amostral entre as faixas etárias e os gêneros dos indivíduos, o que poderia ser um fator que tenha influenciado nos valores da FPP e presença de doenças e dores crônicas. Desta forma, sugere-se mais estudos acerca da FPP em diferentes faixas etárias, sobretudo em indivíduos com e sem doenças e dores crônicas.

 

Conclusão

 

    Em suma, o pico de força de preensão palmar foi maior na faixa etária dos 30-39 anos, com decréscimo a partir de então. Os homens apresentaram maiores valores de força de preensão palmar e houve aumento da ocorrência de doenças crônicas e dores crônicas com o avanço da idade, sugerindo que estes fatores possam exercer influência sobre os valores de FPP.

 

    Este estudo pode auxiliar na compreensão sobre o processo de envelhecimento e sua relação com a FPP, visando contribuir na padronização dos seus valores para cada faixa etária na população brasileira e internacional. Ainda, nossos dados podem auxiliar no delineamento de estratégias de políticas públicas e saúde coletiva para a manutenção da FPP durante todo o curso da vida e não apenas quando se inicia o seu declínio, como o incentivo à atividade física, à estimulação motora, à reabilitação, à alimentação saudável, entre outras, priorizando a qualidade de vida e promoção de saúde.

 

Referências

 

    Barbosa, A. M, Camassuti, P. A. S., Tamanini, G., Marcolino, A. M., Barbosa, R. I., Fonseca, M. C. R. (2015). Confiabilidade e validade de um dispositivo de célula de carga para avaliação da força de preensão palmar. Fisioterapia e Pesquisa, 22 (4), 378-385.

 

    Bohannon, R.W., Peolsson, A., Massy-Westropp, N., Desrosiers, J., Bear-Lehman, J. (2006). Reference values for adult grip strength measured with a Jamar dynamometer: a descriptive meta-analysis. Physiotherapy, 92 (1), 11-15.

 

    Dias, J. A., Ovando, A. C., Külkamp, W., Borges Junior, N. G. (2010). Força de preensão palmar: métodos de avaliação e fatores que influenciam a medida. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 12 (3), 209-216.

 

    Dresch, D. R., Tauchert, V., Wibelinger, L. M. (2014). Força de preensão palmar em idosos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 19 (194). https://www.efdeportes.com/efd194/forca-de-preensao-palmar-em-idosos.htm

 

    Eichingera, F. L. F., Soares, A. V., Carvalho Júnior, J. M., Maldaner, G. A., Domenech, S. C., Borges Júnior, N. G. (2015). Força de preensão palmar e sua relação com parâmetros antropométricos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23 (3), 525-532.

 

    Fernandes, L. F. R. M., Bertoncello, D., Pinheiro, N. M., Drumond, L. C. (2011). Correlações entre força de preensão manual e variáveis antropométricas da mão de jovens adultos. Fisioterapia e Pesquisa, 18 (2) 151-156.

 

    Guyton, A. C., Hall, J. E. (2017). Textbook of Medical Physiology (13th ed.). Philadelphia:​ ​Saunders​ ​Elsevier.

 

    Heffernan, K. S., Chale, A., Hau, C., Cloutier, G. J., Phillips, E. M., Warner, P. et al. (2012). Systemic vascular function is associated with muscular power in older adults. Journal of Aging Research., 2012, 1-10.

 

    Jorge, M. S. G., Klein, S. R., Kohlrausch, J., Zanin, C., Wibelinger, L. M. (2018). Intervenção fisioterapêutica na dor, na força de preensão palmar e na qualidade de vida em indivíduos com doenças do tecido conjuntivo. Perspectiva, 42 (157), 109-121.

 

    Kura, G. G., Spassim M. R. (2013). Anatomia do sistema locomotor e atlas fotográfico do sistema esquelético (1ª ed.). Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo.

 

    Lenardt, M. H., Grden, C. R. B., Sousa, J. A. V., Reche, P. M., Betiolli, S. E., Ribeiro, D. K. M. N. (2014). Fatores associados à diminuição de força de preensão manual em idosos longevos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 48 (6), 1006-1012.

 

    Luna-Heredia, E., Martín-Peña, G., Ruiz-Galiana, J. (2005). Handgrip dynamometry in healthy adults. Clinical Nutrition, 24 (2), 250-258.

 

    Martin, F. G., Nebuloni, C. C., Najas, M. S. (2012). Correlation between nutritional status and hand grip strength in elderly. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 15 (3), 493-504.

 

    Massy-Westropp, N., Rankin, W., Ahen, M., Krisnhan, J., Hearn, T. (2004). Measuring Grip Strength in Normal Adults: Reference Ranges and a Comparison of Electronic and Hydraulic Instruments. The Journal of Hand Surgery, 29 (3), 514-519.

 

    Moura, P. M. L. S. (2008). Estudo da força de preensão palmar em diferentes faixas etárias do desenvolvimento humano. 98f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília. Brasília.

 

    Nascimento, M. F., Benassi, R., Caboclo, F. D., Salvador, A. C. S., Gonçalves, L. C. O. (2010). Valores de referência de força de preensão manual em ambos os gêneros e diferentes grupos etários. Um estudo de revisão. Lecturas: Educación Física y Deportes, 15 (151). https://www.efdeportes.com/efd151/forca-de-preensao-manual-em-ambos-os-generos.htm

 

    Pestana, M. C. S., Oliveira, J. L., Mendes, C. M. C. (2015). Avaliação da força muscular manual em indivíduos frequentadores de um grupo de convivência. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, 14 (3), 281-285.

 

    Pícoli, T. S., Figueiredo, L. L., Patrizzi, L. J. (2011). Sarcopenia e envelhecimento. Fisioterapia e Movimento, 24 (3), 455-462.

 

    Sá, E. S., Silva-Filho, A. C., Jesus, S. C., Lima, F. C. V. M. (2017). Força de preensão palmar através da dinamometria em indivíduos hemiparéticos pós acidente vascular encefálico. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, 11 (65), 180-186.

 

    Schnornberger, C., Jorge, M. S. G., & Wibelinger, L. M. (2018). Efeitos da cinesioterapia na força de preensão palmar, na dor e na qualidade de vida de mulheres com artrite reumatoide. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(3), 325-332.

 

    Soares, A. V., Carvalho Júnior, J. M., Carvalho, A. M., Martignago, R. B., Domenech, S. C., Borges Júnior, N. G. (2015). Relações entre a força de preensão e aspectos antropométricos da mão. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 13 (2), 108-114.

 

    Wagner, P. R., Ascenço, S., Wibelinger, L. M. (2014). Força de preensão palmar em idosos com dor nos membros superiores. Revista Dor, 15 (3), 182-185.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 249, Feb. (2019)