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ISSN 1514-3465

 

Cultura Corporal no curso Educação Física da Universidade Federal do Ceará

Body Culture in the Physical Education Course of the Federal University of Ceará

Cultura Corporal en el curso de Educación Física de la Universidad Federal de Ceará

 

Carlos Alexandre Holanda Pereira*

profalexandreholanda@gmail.com.br

Maria Socorro Lucena Lima**

socorro_lucena@uol.com.br

Jarles Lopes de Medeiros***

jarlelope@gmail.com

Augusto César Holanda e Pereira+

profaugustoholanda@gmail.com

Manoel Pineo de Sousa++

sousapmanoel@gmail.com

 

*Doutor em Educação

pela Universidade Estadual do Ceará (PPGE/UECE)

Mestre em Educação pela PPGE/UECE

na linha de Formação, Didática e Trabalho Docente (Bolsista FUNCAP)

Graduado em Educação Física pela Faculdade Católica do Ceará

Graduado em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL)

Professor de Atividades Recreativas nas séries iniciais do Ensino Fundamental

Pertence ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação de Educadores - GEPEFE

**Doutora em Educação na área de Didática, Teorias de Ensino

e Práticas Escolares pela Universidade de São Paulo (USP)

com Pós-doutorado em Educação

junto ao Departamento de Metodologia de Ensino

e Educação Comparada na USP, com Estágio

na Universidade do Minho-Portugal

Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará

Graduada em Letras e em Pedagogia (1978) pela URCA

***Doutor e Mestre em Educação

pelo Programa de Pós-Graduação em Educação

da Universidade Federal do Ceará

Licenciado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará

Licenciado em Língua Portuguesa pela Faculdade da Grande Fortaleza

Licenciado em Língua Brasileira de Sinais pela Faculdade Eficaz

Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica

pela Faculdade da Aldeia de Carapicuíba (FALC)

Professor do Curso de Pedagogia da UECE

Professor de Língua Portuguesa vinculado

à Secretaria da Educação do Ceará (SEDUC).

+Graduado em Licenciatura em Educação Física

Especialização em Psicomotricidade (UECE)

++Mestre em Educação pela UECE

Licenciado em Matemática (UECE)

Especialista em Ensino de Matemática (UECE)

e em Gestão Escolar Integrada e Práticas Pedagógicas (UCAM)

Professor da Secretaria de Educação do Estado do Ceará

e da Prefeitura Municipal de Maranguape – CE

(Brasil)

 

Recepção: 22/02/2021 - Aceitação: 26/12/2022

1ª Revisão: 19/12/2022 - 2ª Revisão: 22/12/2022

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Pereira, C.A.H., Lima, M.S.L., Medeiros, J.L. de, Pereira, A.C.H. e, Sousa, M.P. de (2023). Cultura corporal no curso Educação Física da Universidade Federal do Ceará. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(297), 38-53. https://doi.org/10.46642/efd.v27i297.2878

 

Resumo

    Esta pesquisa tem como objetivo investigar a cultura corporal presente no currículo do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para atingir tal objetivo, dialogou-se com autores como Daolio, Neira e Silva, no que concerne à cultura corporal presente no currículo de formação do educador físico e na sua prática. Dessa forma, os percursos percorridos permitiram a formulação dos questionamentos que serviram de ponto de partida para a presente investigação: como a cultura corporal se faz presente na estrutura curricular do Curso de Licenciatura em Educação física da Universidade Federal do Ceará? Nesse contexto, foram investigadas a concepção de corpo e as práticas pedagógicas presentes nos currículos do curso de licenciatura em educação física da Universidade Federal do Ceará. Para tanto, utilizou-se a abordagem qualitativa de pesquisa de caráter exploratório. A pesquisa exploratória objetiva, principalmente, o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de conceitos e ideias, bem como a formulação de problemas mais bem definidos ou pressupostos pesquisáveis para estudos futuros. Os resultados deste estudo apontam para a construção de uma nova cultura corporal que leva os pedagogos, professores e gestores a repensarem a prática pedagógica que vem sendo desenvolvida no curso de educação física. Isso significa levar em conta não apenas os aspectos instrumentais do processo de ensino-aprendizagem, mas, também, de que forma a subjetividade dos alunos se processa. Assim, a relação professor-aluno poderá ser trabalhada a partir do aprofundamento de temas que venham a esclarecer as possíveis limitações ou erros.

    Unitermos: Educação Física. Currículo. Cultura Corporal.

 

Abstract

    This research aims to investigate the body culture present in the curriculum of the physical education degree course at a federal university. To achieve this goal, authors such as Daolio, Neira and Silva were discussed with regard to the body culture present in the physical educator's training curriculum and in its practice. Thus, the paths taken allowed us to formulate the questions that served as a starting point for this investigation: how is body culture present in the curriculum structure of the physical education degree course at a federal university in the Northeast? In this context, the conception of the body and the pedagogical practices present in the curricula of the degree course in physical education at a federal university in the Northeast were investigated. For that, we use the qualitative approach of exploratory research. Exploratory research aims mainly at the development, clarification and modification of concepts and ideas, as well as the formulation of better defined problems or searchable assumptions for future studies. The results of this study point to the construction of a new body culture that leads educators, teachers and managers to rethink the pedagogical practice that has been developed in the physical education course. This means taking into account not only the instrumental aspects of the teaching-learning process, but also how students' subjectivity is processed. Thus, the teacher-student relationship can be worked from the deepening of themes that may clarify possible limitations or errors.

    Keywords: Physical Education. Curriculum. Body Culture.

 

Resumen

    Esta investigación tiene como objetivo investigar la cultura del cuerpo presente en el plan de estudios de la Licenciatura en Educación Física de la Universidad Federal de Ceará. Para lograr este objetivo, se dialogó con autores como Daolio, Neira y Silva, acerca de la cultura corporal presente en el currículo de formación del educador físico y su práctica. De esta forma, los caminos recorridos permitieron formular las preguntas que sirvieron de punto de partida para la presente investigación: ¿cómo está presente la cultura corporal en la estructura curricular de la Licenciatura en Educación Física de la Universidad Federal de Ceará? En ese contexto, se investigó la concepción del cuerpo y las prácticas pedagógicas presentes en planes de estudio de la carrera de grado en educación física de la Universidad Federal de Ceará. Para ello, se utilizó un enfoque cualitativo de investigación exploratoria. La investigación exploratoria tiene como objetivo principal desarrollar, aclarar y modificar conceptos e ideas, así como formular problemas mejor definidos o suposiciones investigables para estudios futuros. Los resultados de este estudio apuntan para la construcción de una nueva cultura corporal que lleve a pedagogos, docentes y gestores a repensar la práctica pedagógica que se ha desarrollado en el curso de Educación Física. Esto significa tener en cuenta no solo los aspectos instrumentales del proceso de enseñanza-aprendizaje, sino también cómo se procesa la subjetividad de los estudiantes. Así, la relación docente-alumno puede ser trabajada a partir de profundizar en temas que vienen a esclarecer posibles limitaciones o errores.

    Palabras clave: Educación Física. Currículo. Cultura Corporal.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 297, Feb. (2023)


 

Introdução 

 

    A educação física na sociedade atual se situa em um contexto contraditório entre a ideologia do “corpo sarado” e a “geração saúde”, em confronto com as condições reais dos trabalhadores e, especificamente, do professor de Educação Física. As experiências dos autores deste estudo como alunos e como professores desse campo de conhecimento evidenciaram as necessidades formativas dos docentes da área para lidar com as questões relativas à cultura corporal veiculada nos referidos cursos e presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física (PCN) para o ensino fundamental. (Brasil, 1997)

 

    Esse documento preconiza que a cultura corporal abrange cinco componentes: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta, que seriam os conhecimentos da Educação Física a serem trabalhados na escola. Outro aspecto relevante consiste em que, apesar do surgimento das novas diretrizes para formação em Educação Física, no que se refere às resoluções CNE/CP nº 01/2002 e CNE/CES nº 07/2004, os cursos ainda apresentam uma tônica voltada para o esporte em seus currículos. O que se leva a inferir que as ações do professor dessa disciplina se constituem como uma atividade que se aproxima mais do técnico do que de educador. Além disso, conforme Silva, Oliveira, Fonseca, e Saraiva (2017), “o trabalho pedagógico realizado através da disciplina de Educação Física pode influenciar o desempenho cognitivo e motor do ser humano”.

 

Imagem 1. Universidade Federal do Ceará

Imagem 1. Universidade Federal do Ceará

Fonte: Portal UFC

 

    Tal situação coloca professores e pesquisadores diante de uma discussão sobre o currículo dos cursos de licenciatura em educação física, no sentido de indagar sobre os conteúdos que contemplam os componentes da cultura corporal. Tendo em vista que a “...prática e a formação docente sempre foram alvos de grande interesse por parte dos professores, tendo em mente o esforço e o trabalho do docente em ensinar e transmitir o conhecimento aos seus alunos” (Schiestl, Anselmo, e Liz, 2021, p. 2), questiona-se se esses currículos contemplam a dimensão de integração do corpo e do movimento na formação profissional do futuro docente dessa área. Questiona-se, ainda, sobre as práticas pedagógicas que se observa e se experiencia no contexto dos limites impostos pela formação da educação física que, muitas vezes, traz marcas de práticas tecnicistas e fragmentadas do corpo e a profunda dificuldade de articular os saberes científicos com as significações que vão além da dimensão tecnicista da formação. Nesse sentido, conforme Betti, Freire, e Scaglia (como citado em Silva, Oliveira, Fonseca, e Saraiva, 2017):

    A Educação Física na escola é entendida como uma área que trata da cultura corporal e que tem como meta introduzir e integrar o aluno nessa esfera, com um dos objetivos de propiciar a formação de um cidadão autônomo. Nesse contexto o aluno estará sendo capacitado para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas, ginásticas e de todo tipo de atividade para o seu desenvolvimento em busca de bem-estar e crescimento saudável.

    Esse contexto remete ao pensamento de Neira (2009), ao defender que a educação física deve se preocupar em estudar o chamado patrimônio corporal, apontando que o trabalho do educador físico deve priorizar a pesquisa de modo a responder ao seguinte desafio: como os grupos sociais se expressam, através do movimento na escola, nos esportes, jogos, lutas, ginásticas, brincadeiras e danças, buscando compreender as condições que inspiraram essas criações e experimentá-las, refletindo sobre quais alternativas e alterações são necessárias para vivenciá-las no espaço escolar?

 

    Nesse sentido, Dias, Alencar, e Nunes Filho (2020, p. 2) destacam que conteúdos/modalidades como a de lutas, por exemplo, são pouco explorados nas aulas de educação física “...possivelmente em decorrência do preconceito que algumas pessoas associam a violência e a marginalidade, bem como pela própria formação acadêmica do profissional de Educação Física, onde esse conteúdo é ministrado por muitas vezes de forma muito superficial”. Nesse sentido, de acordo com Pereira, Lima, e Sousa (2016), a Educação física:

    ...é percebida como facilitadora das interações estabelecidas por professor e aluno, que na maioria das vezes ocorrem por intermédio dos seus corpos, ao se encontrarem imersos em determinados contextos, que por sua vez, vão determinar modos de ser, agir, olhares, gestos, expressões, falas, representações. São manifestações comunicadas e compreendi das por intermédio de códigos e/ou signos.

    As experiências vivenciadas, enquanto alunos de educação básica e ensino superior e pós-graduação, possibilitaram duas visões sobre uma mesma realidade: a de técnicos e a de professores, bem como o interesse pela formação docente na área da educação física. Descobriu-se que, para contribuir para a mudança desse contexto, ter-se-ia que se aprofundar na formação docente, uma vez que a educação física não pode ser uma prática alienada e os seus profissionais de ensino precisam ter consciência do seu papel como professores reflexivos. A partir de então, depositou-se a esperança de se profissionar no magistério, pelo caminho do desenvolvimento profissional, através de formação docente contínua aliada ao campo de atuação profissional.

 

    Dessa forma, os percursos percorridos permitiram formular os questionamentos que servem de ponto de partida para a presente investigação: como a cultura corporal se faz presente na estrutura curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Ceará (UFC)?

 

    Esta pesquisa tem como objetivo investigar a cultura corporal presente no currículo do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFC. Para atingir tal objetivo, dialogou-se com Daolio (2013), Neira (2006) e Silva (2000), no que concerne à cultura corporal presente no currículo de formação do educador físico e na sua prática.

 

Percursos metodológicos 

 

    Na elaboração do caminho metodológico foi priorizada a lógica do pensamento de Gil (2012), por defender que para ser um bom pesquisador é preciso ter conhecimento do assunto, ser criativo, ter curiosidade, ser íntegro intelectualmente e apresentar sensibilidade social. O autor argumenta, ainda, que a pesquisa exploratória objetiva, principalmente, o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de conceitos e ideias, bem como a formulação de problemas mais bem definidos ou pressupostos pesquisáveis para estudos futuros. O autor acrescenta que a pesquisa exploratória tem como finalidade desvendar e explorar assuntos poucos conhecidos.

 

    Nesse contexto, foram investigadas a concepção de corpo e as práticas pedagógicas presentes nos currículos do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFC. Para tanto, utilizou-se a abordagem qualitativa de pesquisa de caráter exploratório.

 

    A pesquisa qualitativa pode ser considerada aquela em que os pesquisadores se interessam por compreender os significados que os indivíduos dão à sua própria vida e às suas experiências. Segundo Strauss, e Corbin (2008, p. 23), a pesquisa qualitativa: “Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações”.

 

    O conceito mostra a importância de se analisar as experiências na vida das pessoas e o significado das mesmas para que se possa entender os fenômenos da sociedade em que se está inserido. Diante disso, a pesquisa qualitativa com técnicas interpretativas foi a modalidade utilizada para investigar a cultura corporal do curso de licenciatura em educação física.

 

    Para maior entendimento da questão foram utilizados os estudos sobre a pesquisa bibliográfica, no sentido de subsidiar os debates e aprofundar os conhecimentos de acordo com os estudiosos da questão. Lakatos, e Marconi (2017, p. 73) afirmam que a pesquisa bibliográfica tem por objetivo possibilitar ao pesquisador o contato imediato com um expressivo número de escritos (publicações, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, entre outros) a respeito de determinado assunto, propiciando, ainda, “[...] o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”. Gil (2012, p. 50) complementa essa ideia apontando que “[...] a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente [...]”.

 

Estrutura curricular: aspectos conceituais 

 

    A compreensão da cultura corporal presente no currículo do Curso de Educação Física da UFC, lócus de estudo da presente pesquisa, levou-se ao estudo dos referenciais teóricos relativos às teorias crítica e pós-crítica do currículo. A apropriação desse referencial permitiu uma associação da concepção de currículo como uma política cultural produzida socialmente, gerando significados e relações de poder.

 

    O estudo do currículo possibilitou a percepção de que não há uma compreensão clara por parte do corpo docente e discente do que vem a ser currículo. Isso se deve, em parte, às concepções apresentarem variações de acordo com o momento histórico, as vivências curriculares de seus mentores e as influências teóricas mais veiculadas no momento da elaboração da proposta curricular do curso. Diante disso, optou-se por iniciar com a contribuição de Silva (2000, p.155), que define o currículo como “discurso, documento e identidade” e reafirma que ele é um “documento de identidade”.

 

    A definição de currículo como identidade parte de questionamentos acerca dos conhecimentos disponibilizados para o aluno, no sentido de definir qual a pessoa desejável para aquela sociedade, e, por via de consequência, a cultura corporal segue a mesma tônica. Por esse motivo, Silva (2000), ao refletir sobre os tipos específicos de sujeito em sua teoria curricular, indaga: “o que deve ser ensinado?” e “o que é que eles ou elas devem ser?”. Para o autor, as teorias curriculares tradicionais se encontram mais voltadas para as questões técnicas, de organização, enfatizando “o quê” e “como”, enquanto as teorias críticas e pós-críticas estão preocupadas com o “porquê”, colocando em cena reflexões sobre os conhecimentos e sua validade e, ainda, como esses podem repercutir na vida das pessoas, em sua prática pedagógica.

 

    No intuito de entender o currículo como documento de identidade, Silva (1999, p. 15) aponta que “o conhecimento que constitui o currículo está inextricavelmente, centralmente, vitalmente, envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos: na nossa identidade, na nossa subjetividade”.

 

    De acordo com Sacristán (2000), o currículo é visto como práxis que facilita as conexões que influenciam a vida de determinadas instituições que estão interligadas nas dimensões do âmbito social, cultural, político e histórico, através do intermédio dos participantes desse contexto. Entretanto, é possível perceber que o conceito de currículo apresentado pelo autor vai ao encontro do conceito apresentado por Silva (1999), uma vez que a formação da identidade de um sujeito abrange todas essas dimensões quando o currículo é compreendido como práxis.

 

    Os conceitos de currículo mudam no decorrer das décadas e de acordo com a trajetória histórica, sofrem grandes alterações e restruturações. Os impactos da globalização e do capitalismo acabam, dessa maneira, trazendo grandes mudanças no cenário da educação e, principalmente, da profissão docente.

Therrien (2005, p. 1) apresenta as interferências da complexidade dos tempos atuais sobre a educação, ao afirmar que:

    A compreensão da complexidade do mundo contemporâneo passa por uma lógica que deve incluir os olhares diferenciados dos atores da vida cotidiana os quais são alimentados por saberes múltiplos e diferenciados expressão da fragmentação e dos limites das partes que compõem a totalidade que dá sentido à vida no mundo.

    O autor mostra a dificuldade enfrentada pelos professores para enxergar as interfaces da sociedade contemporânea, destacando que a área da educação tem que ter um olhar voltado para a emancipação do sujeito na sua coletividade de vida.

 

    Lima (2001, p. 28) elenca três pontos que afetam a vida profissional do professor:

  • O trabalho – com a modificação do próprio papel social da escola, o que vem a se constituir uma fonte de insatisfação docente;

  • O tempo – o controle do tempo do professor em benefício da burocracia. A exiguidade do tempo, tanto para as atividades de prática como para as de reflexão em grupo, tem promovido o professor tarefeiro e a praticidade;

  • O desenvolvimento de posturas de individualismo e competição propiciando um tipo coletivo de forma artificial.

    A autora destaca elementos que chegam a provocar insatisfação e desestímulo por parte dos profissionais da educação. As posturas de competição e de individualismo que esmagam o coletivo institucional são afetadas pela falta de tempo e o controle do mesmo.

 

    Essas mudanças que a globalização insere na sociedade contemporânea refletem no currículo, visto que engloba uma série de fatores sociais, culturais e políticos que repercutem no contexto da cultura corporal, já que a mesma contempla o currículo do curso de educação física. O currículo pode ser visto, portanto, como formador de identidade, como citado anteriormente, como campo de contradição e como campo de conhecimento. Sobre essa questão da identidade, sobre as questões culturais, também se materializa no copo: “Toda cultura implica un proceso de homogeneización, de ahí que los cuerpos sean indicadores de cada identidad individual, de los grupos de origen, así como de las desigualdades que existen”. (Soto, e Vargas, 2019, p. 414)

 

    No que consiste como campo de contradição, as reflexões de Goodson (2011) evidenciam que o mesmo se estabelece através de estratégias, interesses e relações de domínio pelo fato do produzir e reproduzir relações sociais. O autor mostra que há uma grande influência político-social, a partir da qual o conhecimento acaba por se situar no meio de um confronto que permite identificar as contradições geradas pelas relações de poder. Tal fato acaba não sendo levado a sério pela instituição e pelos membros que compõem o meio acadêmico, assim como ocorre no contexto social. Diante desse cenário, o currículo passa a ser repensado, muitas vezes, sem levar em conta os interesses tanto da instituição de ensino como dos alunos para os quais é proposto o referido currículo.

 

    Acerca da visão do currículo como campo do conhecimento, Arroyo (2011, p. 37) aponta:

    O campo do conhecimento sempre foi tenso, dinâmico, aberto à dúvida, à revisão e superação de concepções e teorias contestadas por novos conhecimentos. Os currículos escolares mantêm conhecimentos superados, fora da validade e resistem à incorporação de indagações e conhecimentos vivos, que vêm da dinâmica social e da própria dinâmica do conhecimento.

    Desse modo, a reflexão do autor remete ao objeto desta pesquisa, a partir do qual se questiona como está presente a cultura corporal nos currículos do curso de educação física. Os professores de educação física precisam lidar com a cultura corporal. Se conservam um conceito fora da validade, sem levar em conta as dinâmicas sociais e do conhecimento, sem ter um currículo flexível, organizado, com novas teorias, não poderão trabalhar em uma nova perspectiva.

 

    Perante o exposto, constata-se que os currículos apresentam ideologias diferentes que precisam ser evidenciadas, discutindo as práticas pedagógicas de acordo com os momentos históricos da sua formulação. Desse modo, pode-se formar um currículo de características críticas e emancipatórias fundamentado em práticas democráticas.

 

    O Projeto Político Pedagógico (PPP) do Curso de Educação Física da UFC, eleito como lócus da pesquisa, apresenta um currículo no qual o cumprimento dos componentes curriculares tem duração de seis anos letivos, totalizando 200 créditos. Atende aos princípios de autonomia, flexibilidade e democratização esperado para um bom PPP quando anuncia no seu texto que pretende assumir “[...] uma perspectiva centrada na formação pela práxis com ênfase na aquisição de competências e habilidades profissionais, recomendando assim a substituição da antiga configuração baseada na aquisição de saberes acadêmicos e disciplinares” (UFC, 2012). No referido documento os docentes e discentes do curso expressam a concepção de educação física, a qual se consolida em um processo de:

    redimensionamento e ressignificação, plural, multidimensional, multirreferenciada, interparadigmática, interdisciplinar e crítica. Esta proposta reconhece a Educação Física como um projeto de educação que envolve o movimento e a corporeidade de modo integrado e interligado com a formação integral do ser. (UFC, 2012, p. 23)

    Tal afirmação deixa transparecer que a concepção de educação física foi reconceitualizada, assumindo concepções e práticas mais pertinentes aos contextos e tempos nos quais se desenvolveram.

 

    No que concerne ao processo de ensino-aprendizagem, o documento revela que aluno deve se envolver de forma mais ativa e direta nesse processo através da participação nas atividades propostas em disciplinas, pesquisa, experimentações, levantamento de problemáticas, dentre outros.

 

    A organização curricular distribui as disciplinas nas diversas áreas de conhecimento ao longo do curso, visando articulação dos conhecimentos teóricos com a prática profissional, mediada, sobretudo, pelas vivências e experiências formativas, bem como através de outras formas de ação, tendo em conta a especificidade do curso de formação de professores de educação física.

 

    A integralização curricular contempla a formação básica das seguintes áreas:

  1. conhecimento do ser humano e da sociedade;

  2. conhecimento científico e tecnológico;

  3. conhecimento do corpo humano e da saúde.

    Quanto à formação específica, a integralização é desenvolvida de acordo com as seguintes áreas:

  1. conhecimento didático-pedagógico;

  2. conhecimento da cultura específica da educação física.

    Ainda com vistas a essa integralização, o discente deverá desenvolver 400 horas de estágio supervisionado, bem como 400 horas de prática como componente curricular e 200 horas de atividade complementar.

 

    Vale ressaltar, ainda, que o currículo contempla, em alguns momentos, o contexto do corpo e da cultura, mas, na prática,deparou-se com vários professores de educação física que apresentam dificuldades em lidar com o seu próprio corpo, por não o conhecer e não saber se expressar através do mesmo. O corpo, assim como o currículo, é sua identidade, o mesmo traz vários sinais dos traços de sua personalidade, modo de viver, do que se gosta, etc.

 

O Curso de Educação Física da UFC 

 

    Em virtude de o objeto de pesquisa consistir no estudo da cultura corporal presente no currículo de formação do professor de educação física, considera-se pertinente abordar o histórico do curso de licenciatura em educação física da universidade investigada, lócus da pesquisa.

    Segundo o PPP do curso de educação física da instituição, sua criação ocorreu após uma reunião e longos debates de professores da área, principalmente por professores da Coordenadoria de Esporte e Lazer com o suporte da Faculdade de Educação da instituição (FACED)1 - unidade acadêmica da UFC.O projeto de elaboração do curso teve a coordenação de uma professora especialista na área de currículo e formação de professores. (UFC, 2012)

 

    Ainda no PPP do curso, é relatado que a primeira turma teve início em 1993. O processo de implantação do mesmo durou, em média, cinco anos, desde a aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e do Conselho Universitário, em 1992. Depois de 10 anos de existência do curso, no dia 22 de março de 2002, através da Portaria nº 824, junto ao Ministério da Educação (MEC), o curso foi reconhecido. Tendo em vista que esse processo de reconhecimento demorou em torno de dez anos, suscitou certa descrença por parte da sociedade pelo novo curso.

 

    Conforme o referido PPP, no dia 17 de dezembro de 2012 surgia uma nova etapa da história do curso, com a criação do Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES). No início das atividades do curso, de 1993 a 2009, seu funcionamento ocorreu na Faced/UFC. Após discussões e estudos sobre a necessidade de uma infraestrutura mais apropriada ao funcionamento do curso, o colegiado decidiu pela mudança para o Campus do Pici. O citado campus tinha condições de oferecer uma estrutura física mais apropriada ao desenvolvimento das aulas práticas e teóricas, bem como perspectiva da expansão do curso, uma vez que o instituto tinha como objetivo construir um pólo que pudesse agregar vários pesquisadores em torno de interesses comuns, com produção na área da cultura corporal, atividade física, saúde e o esporte. (UFC, 2012)

 

    Após se perpassar um pouco pelo histórico do curso na instituição investigada, destaca-se, agora, alguns autores que definem o que é educação física. Conforme Selbach (2010, pp. 36-37), a educação física está ligada à questão da humanização do homem, a valorização das diferenças e das manifestações culturais.

 

    Instrumento de apropriamento pessoal na medida em que leva os alunos a conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar diferentes manifestações de Cultura Corporal, reconhecendo e valorizando diferenças no desempenho, linguagem e expressividade e, desta forma, ampliando a visão pluralista sobre o que distingue a espécie humana de outras espécies animais.

 

    As palavras do autor fogem das questões das atividades competitivas de ganhadores e perdedores, abrangendo a compreensão de que a linguagem corporal precisa ser valorizada sem as exigências mercadológicas da sociedade mercantil. Oliveira (2004, p. 46) acrescenta como argumento em relação à definição de educação física a questão da educação no sentido das pessoas se integrarem através da reflexão e da pesquisa.

 

    Educação Física é Educação. Deve ser incluída, por tanto, nos Centros de Ciências Humanas e Sociais das Universidades a que pertence. É uma ciência que deve conhecer as divisas entre o adestramento e a educação. É a ciência que lida com pessoas, e não com objetos. A formal inserção nos citados Centros, porém não transformará os alunos de Educação Física em futuros Educadores. Essa mudança tem de refletir uma tomada de consciência. A reflexão emanada das disciplinas de inspiração humanista orientara a procura de uma adequada postura pedagógica.

 

    Tal concepção leva a se pensar sobre a importância de se aprofundar o conhecimento sobre a constituição a educação física como campo de conhecimento,sem esquecer de levar em conta a importância de aprimorar o projeto de formação dos profissionais dessa área.

 

O currículo do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFC em relação à cultura corporal 

 

    O currículo de educação física da universidade em questão foi analisado a partir dos documentos produzidos ao longo do processo de construção do referido curso. A análise do ementário das disciplinas que integram o primeiro momento do curso - Fundamentos filosóficos da educação física, Fundamentos socioantropológicos da educação física e Estudos sócio-históricos e culturais da educação - trata do estudo relativo às problemáticas referentes à ideologia, relação ideologia-sociedade, enfocando, sobretudo, o contexto educacional, com o objetivo de levar o aluno a refletir sobre sua realidade. É possível perceber uma preocupação com os aspectos sociais, a partir dos quais a concepção de sujeito se encontra voltada para um ser humano histórico-social.

 

    As disciplinas Formação rítmica em educação física; Artes marciais e capoeira, dança, cultura lúdica e teoria do jogo; Educação física e multiculturalismo; e Ginástica Escolar são responsáveis por propiciar aos alunos contato com teorias e práticas pedagógicas com as áreas específicas.

 

    O currículo desenvolvido no curso de licenciatura em educação física em questão, ao longo do seu desenvolvimento, foi sendo reconceituado, assumindo concepções e práticas pedagógicas adequadas ao seu contexto.

 

    Diante do exposto, pode-se perceber que os conteúdos ministrados no curso apresentam um conjunto de concepções, normas, valores, atitudes e comportamentos referentes ao corpo que se manifestam no processo formativo dos alunos. De acordo com Neira (2006), os conhecimentos dos alunos devem ser transformados em objeto de análise e investigação pedagógica. Daí o autor defender projetos que pesquisem sobre o funk e o axé, no âmbito das danças contemporâneas, por exemplo.

 

    Desse modo, o estudo da cultura corporal assume características mais específicas, adequadas à formação para o trabalho, exigindo dimensões pedagógicas que são adquiridas em processos formativos, nem sempre vivenciados no cotidiano dos professores dos cursos e de seus gestores e conceptores do currículo. Pode-se afirmar que, na proposta de formação apresentada no PPP do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFC foi encontrada referência a uma concepção de cultura corporal. Dessa forma, vale destacar que, conforme Silva (2011), é esperado do professor da referida disciplina “que ele tenha domínio acadêmico a respeito destes conteúdos e que para isto sua formação tenha lhe dado subsídios para tal, o que significaria um currículo em que estes componentes estejam representados de forma satisfatória”.

 

Conclusões 

 

    A construção de uma nova cultura corporal leva os pedagogos, professores e gestores a repensarem a prática pedagógica que vem sendo desenvolvida no curso de educação física. “Cada sociedad, en una determinada época, presenta una cultura corporal propia que oscilará en función de parámetros ideológicos, tecno-económicos, sociales y culturales”. (Olivera, e Olivera, 1995 como citado em González-Palmares, Táboas-Pais, e Rey-Cao, 2017, p. 143)

 

    Isso significa levar em conta não apenas os aspectos instrumentais do processo de ensino-aprendizagem, mas também de que forma a subjetividade dos alunos se processa. Assim, a relação professor-aluno poderá ser trabalhada a partir do aprofundamento de temas que venham a esclarecer as possíveis limitações ou erros.Isso se relaciona, também, com a identidade docente, que, conforme Gomes (2018), “é um processo dinâmico e é influenciada por múltiplas experiências de vida pessoal e profissional do indivíduo”.

 

    A discussão apresentada neste artigo se mostra relevante, uma vez possibilita a discussão da concepção de cultura corporal presente em um curso de licenciatura em educação física - amostra que pode servir para análises e compreensões de cursos na mesma área de outras instituições, com o objetivo de entender como a mesma é trabalhada junto aos discentes do referido curso, levando em conta as mudanças da sociedade contemporânea relacionadas à globalização, que acabam refletindo na cultura do corpo, reconhecendo, pois, que o conceito de corpo muda de acordo com a cultura e valores sociais.

 

Nota 

  1. Local de funcionamento do curso até o ano de 2009.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 297, Feb. (2023)