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ISSN 1514-3465

 

Da conceptualização à operacionalização: a importância 

da especificidade da intervenção no exercício em futebol

From Conceptualization to Operationalization: the Importance 

of Specificity of Intervention in Soccer Training

De la conceptualización a la operacionalización: la importancia 

de la especificidad de la intervención en el entrenamiento en fútbol

 

Ricardo Ferraz*

ricardompferraz@gmail.com

André Marques**

andre-pmarques@hotmail.com

Pedro Miguel Gomes Forte***

pedromiguel.forte@iscedouro.pt

José Eduardo de Araújo Teixeira+

jose.eduardo@ipb.pt

Luís Branquinho++

luis.branquinho@iscedouro.pt

 

*Research Centre in Sports Sciences, Health

and Human Development

University of Beira Interior

**Department of Sport Sciences

University of Beira Interior

***Department of Sport Sciences

Instituto Politécnico de Bragança

+Department of Sports

Douro Higher Institute of Educational Sciences

++Department of Sports, Exercise and Health Sciences

University of Trás-os-Montes e Alto Douro

(Portugal)

 

Recepção: 10/12/2020 - Aceitação: 22/04/2022

1ª Revisão: 01/02/2022 - 2ª Revisão: 17/04/2022

 

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Citação sugerida: Ferraz, R., Marques, A., Forte, P.M.G., Teixeira, J.E.A., e Branquinho, L. (2022). Da conceptualização à operacionalização: a importância da especificidade da intervenção no exercício em futebol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(290), 158-172. https://doi.org/10.46642/efd.v27i290.2737

 

Resumo

    No treino em futebol, assumindo-se a “periodização tática” como conceção de treino, a Especificidade é considerada um princípio metodológico para o alicerçar do desempenho coletivo de jogo. Se o modelo de jogo constitui a abrangência de princípios de jogo e o exercício a forma de os exercitar, a forma de intervenção que se estabelece com ele assume um papel importante no grau de congruência que se julga necessário no processo. O conceito de Especificidade deverá, pois, ser levado ao limite de uma “intervenção especifica” pelo treinador nos exercícios de treino, na qual se objetiva um entendimento individual e coletivo adequado e um envolvimento positivo em torno do modelo de jogo da equipa. O presente artigo propõe enquadrar concetualmente o conceito de “intervenção específica” e enfatizar a importância de uma intervenção em Especificidade aquando da realização do exercício de treino em futebol.

    Unitermos: Futebol. Modelo de jogo. Treino. Especificidade.

 

Abstract

    In soccer training, assuming “tactical periodization” as a training concept, specificity is considered a methodological principle to underpin the collective performance of the game. If the game model constitutes the scope of game principles and exercise the form of exercising them, the form of intervention established with it plays an important role in the degree of congruence that is deemed necessary in the process. The concept of specificity should, therefore, be taken to the limit of a “specific intervention” by the coach in training exercises, which aims at an adequate individual and collective understanding and a positive involvement around the team's game model. This article proposes to conceptually frame the concept of “specific intervention” and emphasize the importance of a specific intervention for soccer training.

    Keywords: Soccer. Model game. Training. Specificity.

 

Resumen

    En el entrenamiento en fútbol, ​​asumiendo la “periodización táctica” como concepto de entrenamiento, la Especificidad se considera un principio metodológico para sustentar el desempeño colectivo del juego. Si el modelo de juego constituye el ámbito de los principios del juego y el ejercicio la forma de ejercerlos, la forma de intervención que con él se establezca asume un papel importante en el grado de congruencia que se estime necesario en el proceso. El concepto de Especificidad debe, por tanto, llevarse al límite de una “intervención específica” del entrenador en los ejercicios de entrenamiento, en los que se persigue una adecuada comprensión individual y colectiva y una implicación positiva en torno al modelo de juego del equipo. Este artículo propone enmarcar conceptualmente el concepto de “intervención específica” y enfatizar la importancia de una intervención en la Especificidad a la hora de realizar los ejercicios de entrenamiento en el fútbol.

    Palabras clave: Fútbol. Modelo de juego. Entrenamiento. Especificidad.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 290, Jul. (2022)


 

Introdução 

 

    O entendimento da Especificidade como princípio metodológico de intervenção implica reconhecer que o futebol é um jogo tático constituindo este princípio a matriz e o núcleo de todo o processo de treino (Frade, 2004), onde são desenvolvidos comportamentos associados a situações específicas, com uma intenção tática previamente definida (Rios, 2018). De facto, a Especificidade pode ser definida como um princípio pedagógico que visa desenvolver as dimensões tática, cognitiva-preceptiva, técnica, física, psicológica e estratégica das equipas através da prática sistemática e planificada do exercício, orientada por princípios e regras devidamente fundamentadas no conhecimento científico. (Castelo, 2002)

 

Imagem 1. Vários autores definem o futebol como um conjunto de interações entre diferentes dimensões

Imagem 1. Vários autores definem o futebol como um conjunto de interações entre diferentes dimensões

Fonte: Pixabay.com - Foto: Lili_S

 

    À luz desta definição, a Especificidade não englobará apenas adaptações fisiológicas, ou a quantificação de ações técnicas específicas, estando também relacionada com o modelo de jogo do treinador, sendo representativa do mesmo (Borges et al., 2014; Quinta, 2017; Silva, 2008; Tobar, 2012;Tee, Ashford, e Piggott, 2018). Através da sua operacionalização, a intencionalidade do treino assume um papel preponderante, seja ao nível da conceção do exercício, seja ao nível da intervenção no mesmo, porquanto ambas estão relacionadas com os princípios de jogo que dão corpo ao modelo de jogo (Frade, 2004; Ferraz, 2005). A operacionalização da Especificidade condiciona, portanto, não só o formato mas também a intervenção do processo de treino (e.g., ato do treinador intervir e interferir no processo de treino em geral e concretamente na aplicação dos exercícios de treino). (Oliveira, 2004; Silva, 2008; Ferraz, 2005)

 

    Para que o conceito Especificidade seja atingido durante a sessão de treino, não será suficiente que os exercícios sejam potencialmente específicos. Também será importante que se verifiquenos mesmos uma “intervenção específica” com vista à aquisição de aprendizagens individuais/coletivas que possibilitem alcançar benefícios no rendimento coletivo da equipa (Tee et al., 2018). É fundamental que o treinador não se restrinja apenas à articulação de diferentes momentos do jogo, e que intervenha especificamente na articulação dos princípios e subprincípios de cada momento de jogo (Silva, 2008). Assim, o presente artigo, propõe enquadrar concetualmente o conceito de “intervenção específica” e enfatizar a importância de uma intervenção em Especificidade aquando da realização do exercício de treino em futebol.

 

    Para realizar este estudo, foi realizada uma pesquisa nas bases de dados eletrônicas Web of Science, PubMed, SPORTDiscus e Google Scholar. Foram considerados dissertações e artigos publicados em 2021 ou em anos anteriores. A estratégia de pesquisa compreendeu termos que combinavam uma das duas palavras-chave primárias (“especificidade” e “futebol”), com uma segunda palavra-chave (“exercício” e “operacionalização”) com recurso a um operador booleano.

 

    Os critérios de inclusão foram: (1) que existissem dados relevantes sobre a conceção e operacionalização do treino em futebol; (2) discutissem a importância do conceito de especificidade na operacionalização de exercícios de treino em futebol. Os estudos foram excluídos quando: (1) não incluíssem dados relevantes para este estudo; e (2) fossem resumos de conferências. Para avaliar a qualidade dos estudos, foi utilizado um protocolo validado (Sarmento et al., 2018). Os artigos, livros, teses e dissertações foram selecionados com base na avaliação do título e resumo. Foram excluídos todos os artigos, livros, teses e dissertações fora do âmbito da investigação. No total, 63 registos foram considerados elegíveis para o estudo e todos foram lidos detalhadamente por dois investigadores seniores com experiência e publicações relevantes na área de investigação, tendo sido avaliados quanto à relevância e qualidade. Todos osregistos que não cumpriram os critérios foram excluídos. Após este procedimento, foram incluídos 11 artigos, 8 livros e 17 teses/dissertações. No total 36 registos de literaturas branca e cinzenta (Botelho, e Oliveira, 2015) foram considerados para análise (Figura 1).

 

Figura 1. Diagrama de fluxo, PRISMA (2009)

Figura 1. Diagrama de fluxo, PRISMA (2009)

Fonte: Autores

 

A conceitualização da Especificidade como princípio metodológico de Intervenção 

 

    O Futebol é uma modalidade com características específicas, o que implica reconhecer a necessidade permanente de uma orientação particularno processo de treino (Castelo, 2002; Frade, 2004; Garganta, 2008). Vários autores definem o futebol como um conjunto de interações entre diferentes dimensões, sendo que alguns colocam igualmente ênfase na necessidade de elevação da dimensão tática (e.g., método de ação do próprio do sujeito em situação de jogo através do qual este utiliza ao máximo os constrangimentos, a incerteza e a imprevisibilidade do jogo) como coordenadora do processo (Frade, 2004; Tobar, 2012). Nesse sentido, a operacionalização do conceito de Especificidade será uma maneira eficaz de efetivar a estratégia do treinador (e.g., que representa o que está determinado previamente para permitir a organização), porque através de la exercitam-se os princípios e subprincípios do modelo de jogo (Casarin, e Oliveira, 2010; Frade, 2004). A Especificidade assim entendida, deve ser encarada como uma forma de estruturação coerente do alicerçar de um projeto coletivo de jogo,constituindo-se como “supraprincípio” (Frade, 2004) em conformidade com o modelo de jogo definido. (Rios, 2018; Tee et al., 2018)

 

    Cada treinador, procurando fazer uso do princípio da Especificidade deverá ter em consideração que daí resultará a procura da sua “própria especificidade” (Frade, 2004) porque se trata da Especificidade inerente ao modelo de jogo que preconiza para a sua equipa (Aquino et al., 2016; Silva, 2008). A Especificidade entendida desta forma, poderá encerrar em si alguma complexidade, mas apresenta-se como o caminho mais congruente para a operacionalização adequada e coerente da ideia de jogo que se pretende.

 

    Da conceitualização à operacionalização: a absoluta necessidade de uma “Intervenção Específica” no exercício para a criação de conhecimentos específicos ajustados.

 

O processo de treino enquanto organização fractal 

 

    O processo de treino deverá ser orientado e gerido para promoção e desenvolvimento dos conhecimentos específicos do jogador associados à forma de jogar da equipa (Oliveira, 2004; Silva, 2008). Nessa lógica, o planeamento no futebol foi evoluindo a partir do convencional para uma progressiva e maior Especificidade (Tee et al., 2018). Para uma adequada compreensão e orientação do processo de treino, será pertinente considerar a organização fractal do mesmo como condição importante (Oliveira, 2004; Silva, 2008). Através dela, a intervenção no processo surge permanentemente contextualizada (Oliveira, 2004), resultando num imperativo didático-metodológico (Rios, 2018), correspondendo ao pressuposto conceptual da “dinâmica do todo” (Frade, 2004), pela aposta na Especificidade em toda a sua abrangência operacional. (Oliveira, 2004)

 

    A teoria dos fractais pretende explicar a irregularidade do mundo e dos fenómenos visíveis tentando fornecer alguma previsibilidade para aquilo que à partida seria imprevisível (Cunha e Silva, 1999). Como tal, a organização fractal, associada ao processo de treino, surge associada à necessidade de entender o processo de treino e o jogo como um todo, facilitando a intervenção do treinador (Rios, 2018). Ao fractalizar-se o jogo e o processo, a intervenção em todo o processo de treino terá sentido e surgirá contextualizada (Oliveira, 2004; Silva, 2008). Neste sentido, a “fractalização” incidirá na criação e no direcionamento do processo de treino para o concretizar de uma “homotetia interna”. (Frade 2004)

 

    Nesta perspetiva de conceição de treino, o Modelo de Jogo entendido como organização fractal (Oliveira, 2004; Silva, 2008) será um pressuposto fundamental para uma articulação de sentido em todos os momentos do processo. O Modelo de Jogo, em permanente relação com o conceito de Especificidade é, pois, um aspeto fundamental para o reconhecimento do padrão fractal de todo o processo porque é através dele que tudo se desenvolve, organiza, cria e recria (Oliveira, 2004; Teoldo, Guilherme, e Garganta, 2020). O modelo de jogo, deve assumir assim o seu cariz de construção fractal apelando e impulsionando à organização sistémica do processo (Faria, 1999) tendo como elo de ligação e sentido um entendimento de Especificidade que não esteja apenas relacionada com a Especificidade genérica da modalidade, mas fundamentalmente ligada à singularidade da equipa. Assim, os princípios e subprincípios do modelo de jogo irão interagir entre si, numa lógica fractal em que padrões de comportamento se interrelacionam e cada um deles será representativo da singularidade da equipa. (Oliveira, 2004; Silva, 2008)

 

    As experiências proporcionadas pela dinâmica dos exercícios propostos pelo treinador irão requisitar conhecimento específico para a execução adequada desses padrões de comportamento (Borges et al., 2014; Oliveira, 2004). Como tal, os exercícios devem ser direcionados em função dos padrões de comportamento desejados (Borges et al., 2014) que deverão ter em conta os diferentes momentos do jogo (Oliveira, 2004), delimitando um modelo de jogo específico e desejado. (Teoldo et al., 2020)

 

    O papel edificador do Exercício, mas ainda assim insuficiente na concretização e garantia de uma “homotetia interna” de todo o processo.

 

    Os exercícios assumem um papel de destaque pois através deles edificam-se os pressupostos que estão na base da operacionalização do modelo de jogo e consequentemente do princípio da Especificidade, que são fundamentais para a aquisição de conhecimento específico (Oliveira, 2004). Quinta (2017) enfatiza que o treinador tem que ter a capacidade de dar ênfase ao que considera fundamental em cada exercício com o intuito de os jogadores interiorizarem a forma de jogar. A este respeito, podemos referir que existem duas características essenciais cuja interação se revela fundamental no alicerçar de todas as outras características do exercício: a singularidade do processo e a fractalidade do exercício (Oliveira, 2004; Rios, 2018; Silva, 2008). A primeira relaciona-se com a necessidade de que tudo o que é realizado deve estar em completa sintonia com o modelo de jogo e com o conceito de Especificidade (Oliveira, 2004). Por isso, em todos os momentos, os exercícios deverão ter estas referências, proporcionando-se a aquisição de conhecimentos específicos ajustados e fundamentais para a equipa e para o jogador (Castelo, 2002; Oliveira, 2004). A segunda, a fractalidade do exercício, advém da lógica fractal à qual todo o processo se deve submeter (Oliveira, 2004). Assim, todos os exercícios criados e propostos devem contemplar a singularidade do todo de modo a manifestar a desejada “homotetia interna” (Frade, 2004; Silva, 2008), que permite reconhecer que diferentes equipas assumem características diferentes, dado que cada equipa, por via de processos de auto-organização e da organização fractal, cria invariantes próprias dentro do contexto de variabilidade e aleatoriedade do jogo. (Pivetti, 2020)

 

    No processo de treino, deve-se promover a criação de hábitos relativos aos comportamentos pretendidos através da repetição sistemática do exercício (Carvalhal, 2001; Castelo, 2002), cumprindo-se com o princípio pedagógico da propensão (Borges et al., 2014; Chaves, 2015; Frade, 2004; Oliveira, 2009; Tamarit, 2007; Tobar, 2012). A repetição sistemática é, para Castelo (1996), a base essencial de todo o processo metodológico da aprendizagem, sendo que através dela criam-se hábitos (i.e., conhecimentos específicos por processos não conscientes) que são adquiridos através da ação (Carvalhal, 2001; Tamarit, 2007). No entanto, só a repetição sistemática intencional dos exercícios específicos parece levar ao alcançar de conhecimento específico/imagens mentais relacionadas como o modelo de jogo preconizado (Frade, 2004; da Silva, 2008). É importante repetir, mas essa repetição terá que ter um carácter intencional (Castelo, 2002; Garganta, 1997; da Silva, 1998; Tamarit, 2007). Caso contrário, poderá ser insuficientee até nefasta para a aquisição de conhecimento específico e por conseguinte para a apreensão de padrões de comportamento relacionados com o “jogar” que se pretende. Mais do que a repetição pela repetição, será imperioso uma repetição sistemática do(s) princípio(s) pelo exercício.

 

    Para além disso, o princípio da Propensão evidencia a necessidade de criação de exercícios nos quais determinado(s) comportamento(s) sejam requisitados de forma muito superior àquilo que normalmente ocorre no jogo (Borges et al., 2014; Frade, 2004; Tamarit, 2007). Um exercício específico deve, pois, constituir uma propensão das coisas que o treinador mais quer se evidenciem no jogo (Chaves, 2015; Freire de Almeida, e Molina Saorin, 2021; Tamarit, 2007; Tobar, 2012). Considerando importante o pensamento coletivo, os hábitos/automatismos criados a partir de exercícios específicos pelo cumprimento dos princípios referidos, promoverão o minimizar de conflitos pelo facto de potenciarem regularidades e dessa forma promoverem consenso de ideias. (Oliveira, 2004; Tobar, 2012)

 

    Os hábitos permitem, assim, respostas imediatas a partir do momento em que determinadas funções cognitivas e emoções são mobilizadas (Fonseca, 2016; Oliveira, 2004; Tobar, 2012). Pelo hábito/automatismo, o cérebro reduz o tempo de resposta a determinada ação (Borges et al., 2014; Carvalhal, 2001; Castelo, 2002; Frade, 2004) e o treinador deverá, por isso, saber criar os seus próprios exercícios de modo a causarem adaptações específicas relativamente ao modelo de jogo que pretende implantar (Frade, 2004). No entanto, para a exercitação dos princípios promovida pelos exercícios será indispensável atentar ao conteúdo, à estrutura e à funcionalidade dos mesmos, de forma a garantirem a aquisição consciente e não consciente de conhecimentos específicos adequados ao pretendido (Oliveira, 2004), sendo ainda importante considerar o desenvolvimento da criatividade. (Freire de Almeida, y Molina Saorin, 2021)

 

A “Intervenção Específica” no exercício: a fundamentação de uma necessidade lógica 

 

    A “intervenção” tal como referido anteriormente dirá respeito ao ato do treinador intervir e interferir no processo de treino em geral e concretamente na aplicação dos exercícios de treino. A intervenção dos treinadores exige um conjunto de conhecimentos e de ferramentas com o intuito de melhorar as aprendizagens e conhecimentos dos seus atletas. (Ferraz, 2005; Rodrigues, 2017)

 

    A operacionalização do conceito de Especificidade não só condiciona o formato e tipologia do processo de treino como também a sua intervenção (Ferraz, 2005; Oliveira, 2004; Rios, 2018). De facto, para que o conceito de Especificidade seja atingido no decorrer da sessão de treino não basta que os exercícios sejam potencialmente específicos, é importante ter neles uma “Intervenção Específica” de forma a que se crie um contexto facilitador por via de exercícios que preconizem padrões comportamentais pré-definidos (Rodrigues, 2017). Como sugerem alguns autores (Oliveira, Amieiro, Resende, e Barreto, 2006), ao procurar-se qualidade no treino, parece ser indispensável reconhecer-se que é crucial o conteúdo de princípios de jogo inerentes a cada exercício, mas também a relação de interconexão que se estabelece com o mesmo. Será necessária, pois, uma interação do treinador com o exercício e com os jogadores, no decorrer do mesmo, para que ela aconteça (Oliveira, 2004). Só quando o treinador tem uma capacidade de intervenção permanente nas situações para as direcionar em função do que pretende é que o potencial dos exercícios parece materializar-se e a Especificidade operacionalizar-se no seu limite.

 

    A procura insistente pelo sucesso obriga auma intervenção pedagógica, específica e eficaz do treinador, garantindo-se desta forma os resultados desejados em cada exercício (Rodrigues, 2017). Para Oliveira (2004), essa intervenção deverá ocorrer em três momentos distintos. O primeiro, no momento antecedente à execução do exercício, explicando-o no sentido de os jogadores perceberem qual o seu contexto, quais os objetivos, quais os comportamentos e quais as implicações que esses comportamentos vão ter no desenvolvimento dos conhecimentos coletivos e individuais e na qualidade da prestação (Oliveira, 2004; da Silva, 2008). O segundo momento, durante a execução do exercício, onde o treinador funcionará como catalisador positivo dos comportamentos desejados associando-lhes emoções positivas e/ou marcadores somáticos positivos, inibindo comportamentos inadequados através de emoções negativas e/ou marcadores somáticos negativos (Oliveira, 2004). Será fundamental, portanto, o treinador parar, explicar, incentivar em função dos princípios que pretende treinar com a realização de determinado exercício. Por isso, no decorrer do exercício, intervir com emoção diferenciada aos comportamentos dos jogadores, parece também ser importante para transmitir os comportamentos inerentes aos princípios de jogo que se pretendem implantar (Oliveira, 2004). Os comportamentos realizados, se eventualmente inadequados e repetidos sistematicamente, poderão levar a hábitos indesejados e potenciarão entendimentos diferenciados do Modelo de Jogo. O último momento de intervenção acontece no final do exercício, com o salientar dos aspetos positivos e negativos, fornecendo informação do que há a corrigir e melhorar (Silva, 2008). Os três momentos referidos, para Oliveira (2004) e Tobar (2012) deverão sempre acontecer, mesmo quando o exercício é permanentemente utilizado. Considerando uma estruturação funcional do exercício idêntica, os comportamentos a potenciar em determinados períodos poderão ser distintos, tal como a intervenção (Oliveira, 2004), o que enfatiza a importância daintervenção sistemática do treinador no antes, no durante e no depois de modo a potenciar a qualidade exercício e por conseguinte da equipa. (Castelo, 2002)

 

    Com uma intervenção adequada nos três momentos, os exercícios parecem deixar de ser potencialmente específicos, para passarem a manifestar a Especificidade que lhes estava inerente (Oliveira, 2004; Rodrigues, 2017; Silva, 2008; Tobar, 2012). A intervenção no exercício, nos três momentos evidenciados, é uma forma importante de se promover a aprendizagem dos jogadores, sendo que sem esta intervenção interativa, que deverá ser específica e imediata, estariam impossibilitados de aprender. (Jensen, 2002)

 

    Jogadores diferentes, possuem conhecimentos específicos distintos, pelo que, perante a exercitação do mesmo exercício, poderão não ter uma interpretação totalmente distinta, podendo até assumir comportamentos completamente diferenciados (Frade, 2004). Assim, a intervenção específica permite dotar o treinador de ferramentas que permitirão alcançar aprendizagens e ações coletivas ajustadas e uniformes (Silva, 2008) fomentando a evolução.

 

    Segundo Ferreira (2004), a definição dos objetivos é decisiva na escolha dos exercícios adequados e específicos e na orientação da informação que deve ser precisa e objetiva, com realce para os comportamentos que se pretendam atingir, “num clima de orientação emocional, motivador” promovendo-se a cumplicidade e o comprometimento. (Ferreira, 2004)

 

    O treinador, portanto, além de transmitir as ideias que pretende, deve ter uma intervenção interativa (Oliveira, 2004), sistemática (Graça, 1997; Silva, 1998), específica e imediata (Jensen, 2002), eficaz e pedagógica (Rodrigues, 2017) na operacionalização do exercício promovendo o aparecimento sistemático dos padrões de jogo desejados (Tamarit, 2007). Espera-se com isto um entendimento coletivo adequado e um envolvimento positivo em torno do modelo de jogo da equipa (Oliveira, 2004). Assim o treinador deve criar o processo, e adequar a sua intervenção de modo a que as ideias preconizadas ganhem forma e se transformem em comportamentos regulares. (Mesquita et al., 2009)

 

    Como refere Frade (2004), a dinâmica do processo é uma “fenomenotécnica” de natureza não linear e isto deve-se à necessidade de uma intervenção sistemática do treinador, na criação e direção de todo o processo, na pertinência do adaptar e readaptar, e que tem, na operacionalização do exercício, o seu ponto chave. Diz respeito ao “aqui e agora” ao lado pragmático do processo da operacionalização do conceito de Especificidade (Frade, 2004). A este propósito, Oliveira (2004) fundamenta a sua opinião: “O treino como o jogo tem uma envolvência caótica, no sentido da aleatoriedade e imprevisibilidade que constantemente promove. Como tal, a necessidade de intervenção no momento e sistemática, é fundamental para gerir e criar o jogo pretendido”.

 

    Com uma “intervenção específica”, promove-se a discussão, a experimentação, a compreensão, a exercitação orientada (Ferraz, 2005; Oliveira, 2004). Ela estará relacionada com aquilo que se denominou como “descoberta guiada”. Para Barreto (2003), a “descoberta guiada” é a forma ativa que o treinador possui, para levar os jogadores no “caminho” definido. Ou seja, é através do diálogo permanente, da experimentação, da discussão, que treinador e jogador “descobrem” a melhor solução para determinado comportamento tático a adotar. Trata-se de uma forma de conduzir o processo de forma ativa através do diálogo, controlado pelo treinador e dirigido no sentido pretendido. Este processo levará o jogador à compreensão do modelo de jogo, pelo entendimento do papel que tem de desempenhar. Por outro lado, permitirá que os jogadores se autocorrijam e corrijam os seus colegas. Esta “descoberta guiada” (Casarin, e Oliveira, 2010) permite ao treinador questionar, envolver os atletas na procura de soluções para o jogo.

 

    A “intervenção específica” parece de facto levar a que o processo de treino ganhe um grau de congruência total, porquanto a operacionalização do conceito de Especificidade é levada à escala da intervenção no exercício, promovendo-se a efetiva aquisição de conhecimentos específicos relativos à forma de jogar que se pretende para a equipa.

 

Conclusões 

 

    Parece evidente que quanto maior for o conhecimento específico por parte de um jogador maior será a proficiência do seu desempenho pelo ajuste das respostas aos problemas do jogo. Também por isso, à proficiência e qualidade do desempenho do jogador de futebol estará inerente o conhecimento específico do mesmo, configurado sob a forma de imagens mentais (Fonseca, 2016; Oliveira, 2004). Essas imagens relacionam-se com os aspetos tático-técnicos específicos do modelo de jogo que é operacionalizado através da aplicação metodológica do princípio da Especificidade no processo de treino. Como tal, as emoções resultantes das reações automáticas desencadeadas pela aprendizagem dos princípios de jogo, traduzir-se-á na aquisição de conhecimentos específicos que, por sua vez potenciarão a apropriação dos padrões de comportamento desejados. (Ferraz, 2005; Caires, 2016)

 

    Por isso, o processo de treino assume importância acrescida na tentativa de levar a equipa e os jogadores a experienciarem situações problema para a criação de imagens mentais que configuram conhecimentos específicos. Os conhecimentos específicos são fundamentais para a qualidade do desempenho, concretamente na consecução dos comportamentos táticos requeridos pelo treinador, referentes ao modelo de jogo da equipa. Assim, e com o intuito de preconizar o conceito de Especificidade no treino, não chega que os exercícios de treino sejam apenas potencialmente específicos, tornando-se fundamental uma “intervenção especifica” nos mesmos (Frade, 2004; Ferraz, 2005; Oliveira, 2004; Silva, 2008; Tamarit, 2007; Tobar, 2012). Esta intervenção deverá ser interativa com o intuito de promover aprendizagens de conhecimentos específicos/imagens mentais ajustadas ao modelo de jogo. Mesmo quando a configuração estrutural e funcional do exercício é semelhante ao longo do processo de treino, os comportamentos a potenciar nos diferentes períodos poderão ser diferenciados e com isso a intervenção no mesmo, no antes, no durante e no depois, também poderá/deverá ser diferente. (Oliveira, 2004; Silva, 2008)

 

    Com a denominada “intervenção específica”, promove-se a discussão, a experimentação, a compreensão, a exercitação orientada (Oliveira, 2004). Neste entendimento, o treinador, no processo de treino e concretamente na operacionalização do exercício, parece ter um papel de extrema importância, visto que deve possuir capacidade de observar, detetar e avaliar as diferenças entre o que o praticante está a realizar e aquilo que lhe pede para fazer, e deverá ter conhecimento do como intervir no exercício.

 

    Entendida no sentido evidenciado, a “intervenção específica” parece levar a que o processo de treino atinga um grau de harmonia, porquanto a operacionalização do conceito de Especificidade é levada à escala micro, potenciando uma real aquisição de conhecimentos específicos relativos ao modelo de jogo e sua operacionalização.

 

Apoio 

 

    Este trabalho é suportado por fundos nacionais (FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia) associados ao projeto UIBD/DTP/04045/2020.

 

Referências 

 

Aquino, RLQT, Cruz Gonçalves, LG, Palucci Vieira, LH, Oliveira, LP, Alves, GF, Pereira Santiago, PR, e Puggina, EF (2016). Periodization training focused on technical-tactical ability in young soccer players positively affects biochemical markers and game performance. Journal of Strength and Conditioning Research, 30(10), 2723-2732. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000001381

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 290, Jul. (2022)