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ISSN 1514-3465

 

Gênero e Educação Física escolar no município 

de Rio Grande, RS. Um estudo exploratório

Gender and School Physical Education in Rio Grande City, RS. An Exploratory Study

Género y Educación Física escolar en la ciudad de Río Grande, RS. Un estudio exploratorio

 

Thaís Mortola Dias*

thais-mortola@hotmail.com

Billy Graeff**

billygraeff@gmail.com

Giovanni Frizzo***

gfrizzo2@gmail.com

 

*Licenciada em Educação Física

pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Bacharela em Educação Física

pelo Centro Universitário Claretiano (2016)

Especialista em Educação Física Escolar (2019)

Mestra em Educação Física (2020)

pela Universidade Federal de Pelotas

**Graduado em Educação Física

pela Universidade Federal de Santa Maria

Mestrado em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor na Loughborough University em Sociologia do Esporte

Foi professor temporário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Foi docente da União de Ensino do Sudoeste do Paraná

Atualmente é docente do Instituto de Educação

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Curso de Educação Física

Nos anos de 2014, 2015, 2016 e 2017 lecionou nas disciplinas Olympic Studies 

e Introduction to Sociology of Sports na Loughborough University (Reino Unido)

E entre 2016 e 2017, também lecionou na disciplina

Sports Coaching Pedagogy na Nottingham Trent University (Reino Unido).

***Professor Associado I da Escola Superior de Educação Física

da Universidade Federal de Pelotas

Doutor em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS

Formado em Licenciatura Plena em Educação Física pela UFRGS

(Brasil)

 

Recepção: 02/10/2020 - Aceitação: 12/10/2021

1ª Revisão: 28/05/2021 - 2ª Revisão: 05/10/2021

 

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Citação sugerida: Dias, T.M., Graeff, B., e Frizzo, G. (2021). Gênero e Educação Física escolar no município de Rio Grande, RS. Um estudo exploratório. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(283), 47-63. https://doi.org/10.46642/efd.v26i283.2620

 

Resumo

    Este artigo objetiva analisar como as questões de gênero são tratadas nas aulas de Educação Física de uma escola da rede municipal de Rio Grande, RS. Este é um estudo piloto/exploratório que utilizou como instrumentos de coleta um questionário, aplicado nos/as estudantes do 9º ano, que concordaram em participar da pesquisa, e a entrevista semiestruturada, realizada com o professor de Educação Física. O lócus de investigação foi uma escola de ensino fundamental da referida cidade, localizada na zona rural desta. Como resultado foi percebida que, por um lado temos sujeitos que diferenciam os gêneros, reforçando os papéis sociais e estereótipos, e por outro temos indivíduos que tentam transformar a lógica social existente, manifestando ideais de uma sociedade mais igualitária. Sobre a Educação Física da escola, constatamos que as questões de gênero não são frequentemente debatidas nas aulas, visto que algumas situações são percebidas como naturais. Além disso, algumas estratégias de ensino utilizadas reforçam a caracterização de fragilidade feminina, sendo colaboradoras para manutenção do sistema binário e sexista. Como conclusão do estudo, ponderamos que a escola sim, é um local onde precisamos e devemos debater essas questões, pois ainda é um espaço que segrega, diferencia e oprime os sujeitos, estando assim, em sintonia com a sociedade opressora da atualidade.

    Unitermos: Gênero. Educação Física. Escola. Opressões.

 

Abstract

    This article aims to analyze how gender issues are dealt with in Physical Education classes at a municipal school in Rio Grande – RS. This is a pilot/exploratory study that used a questionnaire as collection instruments, applied to 9th grade students who agreed to participate in the research, and a semi-structured interview conducted with the Physical Education teacher. The locus of investigation was an elementary school in that city, located in its rural area. As a result, it was noticed that, on the one hand, we have subjects who differentiate between genders, reinforcing social roles and stereotypes, and on the other hand, we have individuals who try to transform the existing social logic, manifesting ideals of a more egalitarian society. Regarding Physical Education at school, we found that gender issues are not frequently discussed in class, as some situations are perceived as natural. In addition, some teaching strategies used reinforce the characterization of female frailty, contributing to the maintenance of the binary and sexist system. As a conclusion of the study, we consider that the school is indeed a place where we need and must debate these issues, as it is still a space that segregates, differentiates and oppresses subjects, thus being in tune with today's oppressive society.

    Keywords: Gender. Physical Education. School. Oppressions.

 

Resumen

    Este artículo tiene como objetivo analizar cómo se abordan las cuestiones de género en las clases de Educación Física de una escuela municipal de Rio Grande, RS. Se trata de un estudio piloto/exploratorio que utilizó un cuestionario como instrumento de recolección, aplicado a estudiantes de 9º grado que aceptaron participar en la investigación, y una entrevista semiestructurada realizada con el docente de Educación Física. El lugar de investigación fue una escuela primaria en esa ciudad, ubicada en su área rural. Como resultado, se notó que, por un lado, tenemos sujetos que diferencian géneros, reforzando roles y estereotipos sociales, y por otro lado, tenemos individuos que intentan transformar la lógica social existente, manifestando ideales de un sociedad más igualitaria. En cuanto a la Educación Física en la escuela, encontramos que las cuestiones de género no se discuten con frecuencia en clase, ya que algunas situaciones se perciben como naturales. Además, algunas estrategias didácticas empleadas refuerzan la caracterización de la fragilidad femenina, contribuyendo al mantenimiento del sistema binario y sexista. Como conclusión del estudio, consideramos que la escuela es efectivamente un lugar donde necesitamos y debemos debatir estos temas, ya que sigue siendo un espacio que segrega, diferencia y oprime a los sujetos, sintonizando así con la opresiva sociedad actual.

    Palabras clave: Género. Educación Física. Colegio. Opresiones.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 283, Dic. (2021)


 

Introdução 

 

    Vivemos em um sistema social de dominação-exploração, sendo o sistema que Cisne (2018, p. 213) apresenta como “patriarcal-racista-capitalista”. Tratando, primeiramente, do capitalismo, Catani (2017, p. 8) apresenta que para que esse sistema exista é necessário que a concentração da propriedade dos meios de produção esteja em mãos de uma classe social, havendo a presença de uma outra classe social para a qual “a venda da força de trabalho seja a única fonte de subsistência”. O patriarcado, por sua vez, designa uma “formação social em que os homens detêm o poder, ou ainda, mais simplesmente, o poder é dos homens, sendo assim, quase sinônimo de ‘dominação masculina’ ou de opressão das mulheres” (Delphy, 2009, p. 173). Já o racismo, enquanto um problema estrutural, por toda a história, vem beneficiando a população branca (Ribeiro, 2019), fazendo parte de toda uma estrutura que não apenas produz distribuições particulares de riqueza e poder, mas também informa as ideologias e práticas culturais. (Pulido, 2016)

 

Imagem 1. A escola é um local onde precisamos e devemos debater as questões gênero

Imagem 1. A escola é um local onde precisamos e devemos debater as questões gênero

Fonte: Pixabay.com. Foto: Stefan Schranz

 

    À vista disso, Saffioti (2004) concorda com o pensamento de Cisne (2018), pois reforça que a sociedade atual é composta pelo nó: patriarcado, racismo e capitalismo. Essas categorias são imbricadas umas as outras, pois como apresenta a passagem a seguir:

    “É preciso compreender que classe informa a raça. Mas raça, também, informa a classe. E gênero informa a classe. Raça é a maneira como a classe é vivida. Da mesma forma que gênero é a maneira como a raça é vivida. A gente precisa refletir bastante para perceber as intersecções entre raça, classe e gênero, de forma a perceber que entre essas categorias existem relações que são mútuas e outras que são cruzadas. Ninguém pode assumir a primazia de uma categoria sobre as outras”. (Davis, 2016, p. 20)

    Portanto, nesse forte sistema político e econômico, um sistema patriarcal, capitalista e racista, que as relações sociais se desenvolvem e se intensificam. A instituição escolar, refletindo a sociedade, traz conceitos, problemáticas e naturalizações que existem para além dos muros da escola, sendo também nessa esfera social que as relações sociais e de poder são construídas. Gomes (1996), corrobora nesse aspecto quando apresenta que a escola não é um campo neutro onde, após entrarmos, os conflitos sociais permanecem do lado de fora, ela é um espaço sociocultural onde os conflitos e as contradições da sociedade ali são refletidos.

 

    Seguindo essa lógica, a Educação Física escolar também é um espaço dotado de relações sociais, que, enquanto uma prática pedagógica, “[...] tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal”. (Castellani Filho et al, 2014, p. 33)

Desse modo, por mais que o objetivo, tanto do macro contexto (escola), como do micro contexto (Educação Física), seja de aproximar os/as estudantes da sua realidade social, corroborando assim no processo de entendimento da sociedade em que vivem, potencializando para que os/as mesmos/as tenham uma visão mais global e reflexiva (Castellani Filho et al., 2014), a escola ainda reforça estereótipos de gênero (Werneck, 1996) e a Educação Física escolar ainda privilegia uma prática baseada na separação (física e simbólica) entre os gêneros. (Lima, e Dinis, 2008)

 

    Nesse sentido, visto todas as adaptações e alinhamentos necessários para a introdução de conteúdos no âmbito escolar, importante seria que as discussões e debates que estão em ocorrência na sociedade, principalmente os relacionados a gênero, fossem abordados na escola a fim de instigar o/a estudante a refletir e problematizar o contexto.

 

    No que concerne a gênero, esse é um fenômeno histórico que se define por meio das relações sociais, sendo uma forma de compreender determinadas relações de poder (Martins, 1998). Saffioti (2004) ainda apresenta que esse está longe de ser um conceito neutro, pois ele carrega uma dose apreciável de ideologia, ou seja, uma ideologia patriarcal, que mascara uma estrutura de poder desigual entre mulheres e homens.

 

    Assim, considerando o sistema social que vivemos e suas relações com as questões que envolvem gênero no âmbito escolar e no âmbito da Educação Física, esse trabalho qualitativo, buscou através de uma pesquisa de campo, investigar as questões de gênero nas aulas de Educação Física, analisando como que essas eram tratadas através de relatos dos/as participantes do estudo.

 

Metodologia 

 

    Este artigo caracteriza-se como qualitativo, sendo um estudo piloto de cunho exploratório e descritivo. Nessa metodologia, os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico. (Bogdan, e Biklen, 1994)

 

    Buscando pesquisar a menor escola em número de alunas e alunos dentre as escolas já selecionadas1 para o estudo maior2, como lócus dessa investigação piloto tivemos uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Rio Grande – RS. Essa escola está localizada na zona rural do município, sendo de ensino fundamental e contando com 120 estudantes em sua totalidade.

 

    Os/as participantes desse estudo foram de dois grupos distintos: 1) professor de Educação Física; 2) estudantes do 9° ano do ensino fundamental, ambos da escola apresentada anteriormente. A escolha desses dois grupos justifica-se pelo fato de conseguirmos variados olhares sobre a instituição escolar e as questões de gênero. Ainda nessa lógica, o fato de ter optado por estudantes do 9° ano do ensino fundamental, ocorreu por conta de esses/as terem uma maior vivência de aulas de Educação Física, tendo assim, possivelmente, maiores subsídios para responder os questionamentos.

 

    Almejando assim a compreensão ampla do fenômeno que está sendo estudado (Godoy, 1995), em visita realizada no dia 02 de abril de 2019, o primeiro contato com o lócus de investigação – escola – foi estabelecido, sendo apresentada a pesquisa aos responsáveis por aquela instituição. Com a aprovação, iniciamos o contato com os/as participantes, apresentando a pesquisa e como seria o procedimento de coleta, assim como, a documentação necessária3 para que os/as mesmos/as participassem desse estudo.

 

    Primeiramente, realizamos a entrevista semiestruturada com o único professor de Educação Física da escola, entrevista essa que era composta por 8 questões norteadoras e que foi construída exclusivamente pela pesquisadora para essa pesquisa. Desse modo, esse método de coleta de dados foi realizado em uma sala reservada e de modo individual, sendo gravada com o aparelho de celular.

 

    Em um segundo momento, na biblioteca da escola, os/as estudantes responderam um questionário que, assim como a entrevista, foi construído para fins dessa pesquisa, dado que era composto por 10 questões dissertativas. Assim, da única turma de 9° ano4 da escola, somente três estudantes aceitaram participar da pesquisa, respondendo ao questionário de modo individual, sendo que desses três, dois eram meninos e uma era menina.

 

    Posteriormente à coleta, a entrevista foi transcrita, e todos os dados foram analisados. Tomando como base a Análise Textual Discursiva, alguns elementos dessa metodologia de análise foram utilizados com a finalidade de auxiliar na compreensão dos fatos da realidade. Os quatro focos distintos que compõem esse método foram ferramentas-base para a análise, sendo eles: 1) desmontagem dos dados, unitarização do corpus da pesquisa; 2) relação dos elementos, categorizando, o começo da sistematização; 3) nova compreensão de determinada realidade e 4) formação de um todo, um sistema auto – organizado. (Neves Pedruzzi et al., 2015)

 

    Importante salientar que essa pesquisa, e todos os itens que a compõem, foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa – CEP da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL, através da Plataforma Brasil e aprovada pelo parecer nº 3.098.884 de 20/12/2018. Além disso, esse estudo respeita a Resolução 466/12 e os princípios éticos da pesquisa envolvendo seres humanos (Brasil, 2012), visto que os/as participantes foram convidados/as a colaborar voluntariamente, assinando os termos correspondentes, e não sendo esses/as identificados/as no decorrer da escrita, utilizando para isso pseudônimos.

 

Resultados e discussão 

 

Achando que lugar de mulher é na cozinha; se colocando à “altura dos guris”: as opressões na sociedade “patriarcal-racista-capitalista” 

 

    Na lógica do sistema de dominação-exploração que é o “patriarcal-racista-capitalista” (Cisne, 2018, p. 213), que as relações sociais acontecem, e que as relações de poder se intensificam. Em meio a essas relações, casos de opressões de gênero ocorrem, opressões essas que são realizadas por sujeitos que acreditam e consentem com esse sistema instaurado.

 

    Nesse sentido, sendo de interesse da sociedade, é necessário que as opressões de um determinado segmento social sejam mantidas, para que assim o sistema opressor seja preservado. Nessa perspectiva, sendo as mulheres um segmento social oprimido (Delphy, 2009), necessitam estar/continuar oprimidas para sustentar o sistema patriarcal estabelecido.

 

    Visto isso, quando indagados sobre possíveis preconceitos/opressões que as mulheres sofrem na sociedade atual, os/as estudantes participantes do estudo foram unânimes em suas respostas:

 

Com certeza, mesmo no século que estamos que já aprendemos tanto, há muita desigualdade simplesmente pelos fatos de terem sexo diferente (Roberto, 02/04/2019).

Acho que sim, pelo fato de muitas vezes as mulheres não poderem fazer as mesmas coisas que os homens por sermos “sexo frágil” como muitos dizem (Maria, 02/04/2019).

Sim, porque muita gente acha que lugar de mulher é na cozinha e cuidando da casa e acho errado (Marcelo, 02/04/2019 – grifo nosso).

 

    Um forte reconhecimento do sistema opressor em que vivemos é apresentado nas falas das/os estudantes. Os/as mesmos/as reconhecem as declarações que são propagadas pelos mais diversos indivíduos, exemplificando falas e expressões recorrentes na sociedade. Essa sociedade que ainda é sexista e binária, discrimina homens e mulheres, reforçando os estereótipos e as diferenciações frente os papéis já estabelecidos.

 

    A instituição escolar, por sua vez, reflete essas diferenciações, pois, conforme apresenta Gomes (1996) essa não é um campo neutro, visto que ali também estão os conflitos e as contradições sociais existentes. Esse fato pode ser constatado nesta fala proliferada pelo professor participante da pesquisa:

 

Só que sempre tem um cuidado maior com relação a jogos, quando as gurias tão participando, né... porque os guris são mais ativos, e elas, na verdade, algum impacto maior, alguma coisa assim, né.... a maioria, porque tem umas gurias que elas jogam muito, e se botam bem à altura dos guris... (Prof. João, 02/04/2019 – grifo nosso).

 

    No trecho anterior, o entrevistado apresenta sua posição quando perguntado sobre aulas de Educação Física mistas ou separadas entre meninos e meninas. Nota-se a clara comparação que o mesmo faz entre meninas e meninos, diferenciando-os no momento de seu ensino. Essa diferenciação auxilia no sustento do patriarcado, pois oprime as mulheres, considerando-as frágeis e mais inferiores, conservando a estrutura de uma ordem social necessária na manutenção do sistema opressor capitalista.

 

    Importante enfatizar essa relação entre opressão de gênero e sociedade capitalista, dado que, o que as mulheres sofrem, “está fundada nas relações sócio-materiais intrínsecas ao capitalismo” (Ferguson, e Mcnally, 2017, p. 27). Uma questão que corrobora com isso é sobre o trabalho doméstico, espaço determinado as mulheres, visto que esse tem uma grande importância social para o capital (Ferguson, e Macnally, 2017).

 

    Assim, nesse contexto do capital, ainda encontramos uma desenfreada corrente de normalização dos atos, onde os sujeitos tendem a normalizar atos de preconceito, sustentando seus argumentos na cultura consolidada. Ainda nesse sentido, interessante ressaltar que algumas relações de dominação-exploração estão tão elevadas que são definidas como naturais. Souza Ferreira (2015, p. 10), tratando das opressões de gênero contra as mulheres, expõe que esta está em um nível em “[...] que as próprias mulheres reproduzem ou se tornam cúmplices de seus agressores”. Saffioti (2001), ainda complementa acrescentando que isso ocorre por ser naturalizado a partir dos primórdios da civilização até a contemporaneidade.

 

Os papéis sociais de gênero 

 

[...] negócio de gênero..., mas são seres diferentes, com objetivos diferentes, formações, com ideias, com funções diferentes, que é muito importante, isso é muito importante, se nós não tivermos função diferente, eu e tu, agente não se eleva, nós vamos ter função igual, vamos fazer o que... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Tratar sobre as incumbências de cada ser percorre pela esfera da produção e reprodução de papéis sociais. Kergoaf (2002) reflete que os papéis sociais de homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas eles são antes de tudo constructos sociais,que têm como bases materiais, o trabalho e a reprodução. Ainda nesse aspecto, Saffioti (1987) colabora quando explica que:

    “[...] a identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através da atribuição de distintos papéis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem”. (p. 8)

    Para a manutenção da ordem social da lógica do sistema de dominação-exploração é necessária essa divisão entre os gêneros, assim como, as relações desiguais, hierarquizadas e contraditórias, seja pela exploração da relação capital/trabalho, seja pela dominação masculina sobre o feminino (Nogueira, 2010). Nesse aspecto,a divisão sócio-sexual do trabalho é um fenômeno histórico que expressa uma hierarquia de gênero, sendo que:

    “[...] percorrer sobre esta é articular a descrição do real com uma análise dos processos pelos quais a sociedade se utiliza dessa dinâmica de diferenciação com o intuito de precarizar e hierarquizar as atividades”. (Nogueira, 2010, p. 61)

    Incorporadas à essa divisão sócio-sexual do trabalho, as tarefas foram historicamente construídas, tendo cada sujeito uma função a seguir. Portanto, ao longo dos séculos, determinou-se que as mulheres fossem o sexo frágil, que serviriam para procriar, cuidar dos filhos e do marido, tornando-se clara, por parte da sociedade, a atribuição do espaço doméstico à mulher. (Saffioti, 1987)

 

    Já ao homem foi determinado que fosse o detentor do poder, o dominador de mulheres e também de outros homens (Saffioti, 1987). Nesse sentido, no exercício da função patriarcal, os homens detêm o poder de determinar a conduta das categorias sociais nomeadas, recebendo autorização ou, pelo menos, tolerância da sociedade para punir o que se lhes apresenta como desvio. (Saffioti, 2001)

 

    Em um processo de resistência contra esse sistema, uma fala preconizou uma manifestação de igualdade. Quando perguntado sobre aula mista ou separada, o estudante enfatizou a equidade entre os gêneros:

 

Mista, por que somos todos iguais (Marcelo, 02/04/2019).

 

    Ainda nesse aspecto e respondendo a mesma questão, outra estudante pondera que o gênero não difere nas escolhas e preferências, pois, mesmo percebendo que os/as sujeitos podem ter distintos interesses, ela confirma que as normas, condutas e papéis socialmente determinados a homens e mulheres, não fazem interferem nas preferências:

 

[...] todos gostamos basicamente das mesmas coisas independente do gênero oposto (Maria, 02/04/2019).

 

    Discorrer sobre os papéis sociais e as incumbências construídas historicamente no âmbito escolar é de grande valia, pois auxilia no processo de problematização e de transformação social. Por mais que a sociedade patriarcal, racista e capitalista esteja consolidada, vivemos um momento desafiador e importante, com um progressivo movimento que exige igualdade de gênero, assim como normas que promovam saúde e bem-estar para todos/as, incluindo as minorias de gênero. (Gupta et al., 2019)

 

Gênero e opressões: a Educação Física escolar 

 

    Castellani Filho et al. (2014) expressa que a Educação Física:

    “[...] é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal”. (p. 33)

    Nesse sentido, tendo como base a cultura corporal, a Educação Física tem como finalidade introduzir e integrar o/a estudante ao contexto social, formando o/a cidadão/ã que vai produzi-lo, reproduzi-lo e também transformá-lo (Darido, 2004). Para isso, os conteúdos por ela abordados devem ser bem instrumentalizados pelos/as seus/as professores/as, aproximando com fatos da realidade em que a escola está inserida, trazendo problematizações do contexto social, transformando o “jogar pelo jogar”, instigando assim a criticidade no momento da aula.

 

Agente tá formando gente, formando cidadão... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Como ressaltou o professor entrevistado, os/as professores/as têm um papel protagonista, pois esses/as podem auxiliar ou dificultar a formação crítica dos/as estudantes. A formação acadêmica, ideais e concepções de vida e sociedade, são fatores fundamentais no comportamento e postura durante as aulas, seleção de conteúdos e nível de instrumentalização dos/as docentes perante seus/as estudantes.

 

    No entanto, mesmo com a amplitude de temas da cultura corporal e de conteúdos pertinentes de serem trabalhados, encontramos um quadro de esportivização da Educação Física na escola pesquisada, sendo que essa disciplina está sendo resumida à prática desportiva, principalmente aos esportes coletivos como voleibol, basquetebol, handebol e futebol (Araújo, e Gueriero, 2004). Isso pode ser constatado nas respostas de alguns/as dos/as estudantes participantes do estudo, quando os/as mesmos/as foram indagados/as sobre o que aprendem, o que mais gostam e o que menos gostam de praticar nas aulas de Educação Física:

 

Aprendo a jogar bola, basquete, handebol e a fazer exercícios físicos para desenvolver nosso corpo (Marcelo, 02/04/2019).

Eu gosto de jogar futebol e não gosto de basquete. Porque eu acho futebol um jogo mais simples e bom, já basquete é complicado (Maria, 02/04/2019).

 

    As experiências relatadas podem corroborar coma minimização da Educação Física, difundindo a concepção de uma única forma de entendimento da Educação Física, visto que pode ser apenas considerada como uma disciplina esportiva (Araújo, e Gueriero, 2004). Essa situação pode acarretar prejuízos para o entendimento de mundo dos/as estudantes, pois esses/as, não trabalhando com os outros temas da cultura corporal, não conhecem temas que expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem/da mulher e as intenções objetivas da sociedade (Castellani Filho et al., 2014). Dessa forma, tratar desse sentido/significado:

    “[...] abrange a compreensão das relações de interdependência que jogo, esporte, ginástica e dança, ou outros temas que venham a compor um programa de Educação Física, têm com os grandes problemas sócio-políticos atuais como: ecologia, papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do trabalho, preconceitos sociais, raciais, da deficiência, da velhice, distribuição do solo urbano, distribuição da renda, dívida externa e outros”. (Castellani Filho et al., 2014, p. 42)

    Tratando dos grandes problemas sociopolíticos atuais, estão as questões de gênero. Essas se tornam conteúdo fundamental de ser trabalhado no âmbito da escola e a Educação Física tem relevante função no desenvolvimento desse conteúdo em suas aulas. Isso porque essa é uma disciplina que trabalha diretamente com o corpo, sendo através desse que o gênero se expressa:

    “Ainda que a preocupação com as identidades de gênero esteja presente em todas as situações escolares, afirmamos que talvez ela se torne particularmente explícita numa área que está, constantemente, voltada para o domínio do corpo”. (Santos, 2010, p. 843)

    Nessa circunstância, notamos que na Educação Física da escola investigada há uma diferenciação entre os gêneros. Nos trechos apresentados a seguir, o professor emoldura um ser mulher, colocando-as como indivíduos frágeis e, até mesmo, sem habilidade:

 

[...] a maioria, porque tem umas gurias que elas jogam muito, e se botam bem a altura dos guris, assim [...] (Prof. João, 02/04/2019).

[...] e eu sempre procuro deixar as gurias atrás, até pra tipo de exercício, elas ficarem mais resguardadas... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Ainda nesse contexto, quando perguntado sobre aulas mistas ou separadas entre meninos e meninas, a resposta foi enfática:

 

[...] se eu pudesse, eu daria sim aula separada... tu trabalhas, é... com mais tranquilidade... Tu especificas mais o desenvolvimento, o exercício e até os jogos... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Neste contexto, Dornelles, e Fraga (2009) colocam que a separação de meninos e meninas nos momentos destinados aos exercícios físicos na escola, se dá em função de objetivos sociais diferenciados para esses/as sujeitos. Essencial perceber que essa separação auxilia no aumento da divisão sexista existente em nossa sociedade, dado que as aulas mistas, por sua vez, podem conceder oportunidades para que os/as estudantes:

    “[...] convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir, de forma estereotipada, relações sociais autoritárias”. (Brasil, 1997, p. 30 e 1998, p. 42)

    Quando indagado sobre alguma possível separação entre meninos e meninas durante as atividades nas aulas de Educação Física, o professor conta sobre estratégias que utiliza durante suas atividades. Essas estratégias reforçam a caracterização de fragilidade feminina, distinguindo-as ainda mais dos sujeitos do gênero oposto:

 

[...] e eu sempre procuro deixar as gurias atrás, até pra tipo de exercício, elas ficarem mais resguardadas... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Nesse caso, percebe-se que o forte sistema patriarcal instaurado reflete nas aulas, sendo que esse apresenta o homem como ser mais “forte” (que pode praticar esportes de forte contato e rispidez, como o futebol), logo, digno de posições de prestígio e maior importância (escolhem os times e determinam quem joga) e a mulher como mais “fraca” (que pode praticar esportes sem contato e que sejam mais delicados e menos ríspidos, como voleibol ou brincadeiras), logo, impossibilitada para determinadas práticas e ocupando papéis secundários da vida em sociedade (não tomam decisões, sendo submissas) (Oliveira, 2009). Embasadas nisso, as aulas são desenvolvidas, de forma que, na maioria dos casos, os sujeitos envolvidos sequer contestam essa situação, devido a sua naturalização perante esses fatos.

 

    Sobre os conteúdos trabalhados nas aulas, constatou-se, através das falas dos/as participantes, que o futebol é uma ferramenta primordial na separação e opressão de gênero: “[...] eles passam pouco a bola para as gurias...” (Prof. João, 02/04/2019). Os/as estudantes, quando perguntados/as sobre preconceito e sobre a diferença de participação de meninos e meninas nas aulas de Educação Física, reforçaram essa situação de protagonismo do futebol:

 

Eu acho que às vezes ocorre, pelo fato dos meninos algumas vezes não deixarem jogar por sermos do sexo oposto ao deles (Maria, 02/04/2019).

Não vejo diferença. Pelo menos no momento não, mas algum tempo atrás, podia haver com a questão do futebol (Roberto, 02/04/2019).

 

    Corroborando com isso, Sousa (2020) em sua pesquisa percebeu, através do relato de um dos participantes, a concepção cultural de que meninas não entendem de futebol, chamada mascaradamente de “diferença no jogo”. Não podemos negar que há uma defasagem gigantesca entre meninos e meninas quando se trata de vivenciar o futebol desde a infância, quando o menino já é estimulado a essa prática e a menina não, algo que necessita ser desconstruído urgentemente.

 

    Visto isso, percebe-se que esse quadro esportivizado pode auxiliar na separação entre gêneros e no processo de exclusão de gênero. Os/as estudantes formam grupos para realizar “os esportes do dia”, sendo que na maior parte dos contextos escolares há uma ordem nos critérios de seleção, sendo: 1) gênero; 2) classes sociais, 3) interesses comuns e, ainda acrescentaria 4) habilidade (Oliveira, 2009). Como resultado disso, os/as mais fortes e habilidosos/as são escolhidos/as, os/as menos/as habilidosos/as excluídos/as e as ditas mais frágeis, nem são cogitadas.

 

    Mesmo com todo esse contexto social apresentado, um contexto opressor e que segrega os sujeitos, ainda encontramos posicionamentos que naturalizam os fatos, posicionamentos que afirmam a criação das opressões:

 

Tu crias isso, tu crias umas divisões dentro da sala de aula, se tu começar com preconceito, com isso e com aquilo, tu cria umas divisões, quanto mais tu fomentas, isso... (Prof. João, 02/04/2019).

 

    Diante dessa perspectiva, as questões de gênero no âmbito escolar são, na maioria das vezes, ignoradas, deixadas de lado, como se não precisassem ser discutidas nesse espaço. Fato que corrobora com isso é a retirada das menções de gênero dos documentos norteadores da educação brasileira. Entendemos que a escola sim é um local onde precisamos e devemos debater essas questões, pois ainda é um espaço que segrega, diferencia e oprime os sujeitos, estando assim, em sintonia com a sociedade opressora da atualidade.

 

Conclusões 

 

    Não tendo como finalidade esgotar a temática, esse estudo se propôs a analisar como as questões de gênero são tratadas nas aulas de Educação Física de uma escola da rede municipal de Rio Grande – RS. Nesse sentido, os resultados através dele obtidos, são de um delimitado contexto, expostos pela ótica do/as participantes da pesquisa.

 

    Assim,sobre as opressões, os/as estudantes reconhecem o sistema opressor que vivem, destacando falas proliferadas pelos sujeitos da sociedade. A instituição escolar, por sua vez, sendo um componente que faz parte desse sistema, reflete as opressões, dado que constatamos uma diferenciação entre os gêneros no momento do ensino. Essa diferenciação auxilia no sustento do patriarcado, pois oprime as mulheres, conservando a estrutura de uma ordem social necessária para a manutenção do sistema opressor capitalista.

 

    A respeito dos papéis sociais de gênero, foi constatado, por parte dos/as participantes, um reforço dos estereótipos, sendo demarcada as funções e os espaços em que homens e mulheres podem atuar. Por outro lado, temos os/as participantes que apresentam os seus argumentos contra esses papéis, manifestando ideias de uma sociedade mais igualitária.

 

    Sobre a Educação Física da escola investigada, percebeu-se que ela é esportivizada, priorizando modalidades como o futebol, voleibol, basquetebol e handebol. Com relação às aulas mistas ou separadas, a opinião do professor é enfática quando prefere aulas separadas, pois acredita que trabalharia com maior tranquilidade. Nesse sentido, identificou-se que há uma distinção entre meninas e meninos durante a prática, sendo algo naturalizado dentro daquele contexto.

 

    Verificou-se que as questões de gênero, assim como as opressões, não são muito debatidas nas aulas de Educação Física da escola pesquisada, visto que algumas situações são percebidas como naturais. Uma questão que colabora com isso é a retirada das menções de gênero dos documentos norteadores da educação brasileira. Importante destacar que a escola, sim, é um local onde precisamos e devemos debater essas questões, pois é um espaço que segrega, diferencia e oprime os sujeitos, estando assim, em sintonia com a sociedade opressora da atualidade.

 

    Por fim, algumas implicações para a pesquisa futura foram constatadas. Torna-se relevante de perceber que, por mais que o debate que envolve as questões de gênero esteja mais amplo, ainda encontramos sujeitos e espaços enraizados na cultura machista e opressora instaurada. Nessa lógica, percebe-se que essa temática é pertinente de ser problematizada nas instituições escolares, pois essas, da mesma forma que inscrevem marcas, determinando formas de ser e estar, refletindo a sociedade, podem também abrir espaços para o diálogo sobre as diferenças, espaços que possibilitem um diálogo transformador.

 

Notas 

  1. De acordo com a distribuição em distritos da cidade de Rio Grande – RS, as maiores escolas municipais em número de alunas e alunos foram as selecionadas (juntamente a Secretaria de Educação da cidade), sendo uma instituição de cada distrito, totalizando 5 escolas a serem pesquisadas.

  2. Dissertação de mestrado da pesquisadora.

  3. O professor de Educação Física assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e os/as estudantes o Termo de Assentimento do Menor.

  4. Composta por somente 6 estudantes.

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 283, Dic. (2021)