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ISSN 1514-3465

 

TeamGym: uma emergente modalidade de ginástica competitiva

TeamGym: an Upward Competitive Gymnastics Discipline

TeamGym: una emergente disciplina de gimnasia de competición

 

Douglas da Silva*

ds@ollerup.dk

Marco Antonio Coelho Bortoleto**

bortoleto@fef.unicamp.br

Letícia Bartholomeu de Queiroz Lima***

leticia_queiroz@hotmail.com

Laurita Marconi Schiavon****

lauritas@fef.unicamp.br

 

*Graduado em Educação Física na Universidade Estadual de Campinas (FEF-UNICAMP)

Foi membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Ginástica - GEPPEGIN

e integrante do Grupo Ginástico Unicamp

ambos da Faculdade de Educação Física UNICAMP

Ex-atleta, treinador de Ginástica Artística e TeamGym

e árbitro internacional de TeamGym (Categoria 3)

Atualmente é professor contratado da Gymnastikhøjskolen I Ollerup (Dinamarca)

onde ministra aulas de TeamGym, Powertumbling e Tumbling-X

**Graduado em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba

Mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas

Doutorado pela Universidade de Lleida

no Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha (INEFC) na Espanha

Realizou Estágio de Pós-doutorado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) 

da Universidade de Lisboa (Portugal) e na Universidade de Manitoba (Canadá, 2018)

Professor do Departamento de Educação Física e Humanidades (DEFH)

da Faculdade de Educação Física da UNICAMP.

***Graduada em Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte

da Universidade de São Paulo (2012) com período sanduíche

na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Portugal)

Mestrado em Ciências da Motricidade

pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2016)

Doutorado em Educação Física e Sociedade

pela Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas

Professora do curso de Educação Física

do Centro Universitário Herminio Ometto - Uniararas

****Docente da Faculdade de Educação Física

da Unicamp/Campinas-SP na área de Ginástica

Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Educação Física/Estudos da Ginástica (2003)

pela Universidade Estadual de Campinas

Doutora em Educação Física /Pedagogia do Esporte (2009) pela mesma instituição

Colíder do Grupo de Pesquisa em Ginástica da FEF/Unicamp, certificado pelo CNPq

Docente do Programa de Pós-graduação em Educação Física

da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Área: Educação Física e Sociedade)

com ênfase em estudos sobre a Ginástica

(Brasil)

 

Recepção: 08/09/2020 - Aceitação: 29/12/2020

1ª Revisão: 01/12/2020 - 2ª Revisão: 11/12/2020

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Silva, D. da, Bortoleto, M.A.C., Lima, L.B. de Q., e Schiavon, L.M. (2021). TeamGym: uma emergente modalidade de ginástica competitivaLecturas: Educación Física y Deportes, 25(273), 156-174. https://doi.org/10.46642/efd.v25i273.2581

 

Resumo

    O avanço das novas tecnologias tem revelado um papel importante para o desenvolvimento da Ginástica, permitindo a emergência de novas práticas, dentre as quais se destaca o TeamGym, modalidade competitiva de ginástica que surge no início do século XXI na Europa. Neste sentido, o objetivo desse trabalho reside em discutir o desenvolvimento do TeamGym na Europa, destacando as principais características das diferentes provas. Para tal, foi desenvolvida uma pesquisa com base na análise documental e bibliográfica. Foram selecionados 57 documentos: 8 artigos, 26 trabalhos de conclusão de curso, 18 dissertações de mestrado e 5 regulamentos oficiais. As análises mostram que a modalidade, apesar de recente, possui uma crescente adesão na Europa com interesse de países em outros continentes. Concluímos que são necessárias ações conjuntas entre instituições desportivas, federações nacionais e internacionais, bem como de pesquisadores(as) e especialistas, para que a modalidade seja amplamente divulgada e possa se desenvolver para além do contexto europeu.

    Unitermos: Competição. Esporte. Europa. TeamGym. Ginástica.

 

Abstract

    The improvement of new technologies has revealed an important role for the development of Gymnastics, allowing the emergence of new practices, among which TeamGym stands out, a competitive gymnastic modality that emerged in the beginning of the 21st century in Europe. In this sense, the objective of this work lies in discussing the development of TeamGym in Europe, analyzing, also, its most expressive characteristics. To this end, a research was developed based on documentary and bibliographic analysis. Were selected 57 documents: 8 articles, 26 bachelor’s thesis, 18 master's thesis and 5 official regulations. The data obtained show that, although recent, the modality has a growing adhesion in Europe with interest of countries in other continents. Therefore, we conclude that joint actions are necessary between institutions, national and international federations, as well as researchers and specialists, so that the sport can develop beyond the European continental context.

    Keywords: Competition. Sport. Europe. TeamGym. Gymnastics.

 

Resumen

    La mejora de las nuevas tecnologías ha revelado un papel importante para el desarrollo de la gimnasia, permitiendo el surgimiento de nuevas prácticas, entre las que destaca TeamGym, una modalidad competitiva de gimnasia que surgió a principios del siglo XXI en Europa. En este sentido, el objetivo de este trabajo radica en debatir el desarrollo del TeamGym en Europa, analizando, además, sus características más expresivas. Con este fin, se desarrolló una investigación basada en el análisis documental y bibliográfico. Se seleccionaron 57 documentos: 8 artículos, 26 tesis de licenciatura, 18 tesis de maestría y 5 documentos oficiales sobre la modalidad. Los datos obtenidos muestran que el deporte, a pesar de ser joven, tiene una adhesión creciente en Europa a lo largo de estos años. Por lo tanto, concluimos que son necesarias acciones conjuntas entre instituciones, federaciones nacionales e internacionales, así como investigadores y especialistas, para que el deporte pueda desarrollarse más allá del ámbito continental europeo.

    Palabras clave: Competencia. Deporte. Europa. TeamGym. Gimnasia.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 273, Feb. (2021)


 

Introdução 

 

    O movimento corporal, juntamente com outras formas de expressão cultural, como a música, a pintura, a literatura, o teatro etc., é uma das formas que o homem moderno se utiliza para preservação e manutenção da saúde, seja ela física/estética ou psicológica, como também para manifestar seu desejo de experienciar e, em alguns casos, desafiar as leis da natureza. Atrelado a isso e, com o mundo em vertiginosa transformação, muitas práticas corporais culturais têm sido esportivizadas, em conformidade com expectativas e tendências dos tempos atuais. (Elias & Dunning, 1992)

 

Um começo… 

 

    Como efeito, a todo o momento, estamos testemunhando o “surgimento” de novas práticas desportivas ou, ao menos, novas roupagens para práticas já existentes. Ademais, muitas dessas práticas rapidamente se convertem em esportes competitivos, destacando-se mais ou menos em função da aderência social e também dos espaços criados/deixados pelas práticas existentes e consolidadas. Assim, temos práticas que foram transformando-se ao longo do tempo, dando origem a outras similares e com outras formas de organizar-se ou mesmo com novidades gestuais ou na forma de praticar-se. (Ramos, 1983)

 

    Nesse contexto, percebe-se que a prática da Ginástica, notadamente a partir do século XIX, se desenvolveu em diferentes práticas, permeando um amplo conjunto de países (Gymnastique, 2006). Ao longo de sua trajetória histórica diferentes entendimentos foram dados aos seus conceitos principais, incluindo as suas pedagogias, relacionando a prática gímnica à saúde, à educação cívica e moral e um sem-fim de matiz segundo o contexto social, econômico, político e epistemológico de determinada população (Langlade, e Langlade, 1982; Moreno, 2015; Quitzau, 2015; Soares, 2004). Deste modo, no decorrer do tempo, a Ginástica se constitui como parte da cultura corporal (Soares, 2004), que permite de modo plural a coexistência de diversas interpretações e possibilidades de movimentos acrobáticos, com utilização ou não de tecnologias, com finalidade estética, performática/artística (Bortoleto, 2000), ou mesmo emocional (atração pelo medo, espetacularização), sendo esse conteúdo reconhecido como um conhecimento clássico para a Educação Física brasileira (Autores, 1992) e como uma prática de significativo apelo midiático a partir da década de 1990. (Bortoleto et al., 2011)

 

    Desta forma, tratando a Ginástica como um fenômeno social/cultural contemporâneo, a perspectiva histórica pode contribuir para observar sua trajetória, inclusive no campo dos esportes competitivos. Nesse sentido, observamos que as práticas gímnicas presentes no século XIX na Europa deram passagem para várias formas do “fazer” Ginástica no século XX, com destaque à vertente competitiva, mostrando a forte influência do processo de esportivização moderno. (Langlade, e Langlade, 1982; Elias, e Dunning, 1992)

 

    Ao longo do século XX notamos a consolidação e ampliação desse processo de esportivização, com especial destaque para a Ginástica Olímpica, modalidade que na década de 1990 passou a ser denominada Ginástica Artística (GA) (Públio, 2002). Paulatinamente, outras modalidades gímnicas de competição foram desenvolvendo-se localmente, regionalmente e algumas ganhando representação internacional, permitindo, inclusive, que algumas delas fossem reconhecidas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), entidade responsável por esse esporte desde 1881, a saber: GA Masculina (1896) e Feminina (1928); Acrobática (1998); Aeróbica Esportiva (1994); Rítmica (1963); de Trampolim (1999), e, mais recentemente, o Parkour (2017). (Gymnastique, 2006)

 

    Nesse contexto e, principalmente, com o aperfeiçoamento de novas tecnologias/equipamentos (Bortoleto, 2017), diferentes possibilidades gímnicas, particularmente aquelas com expressiva presença de acrobacias, despontaram em diferentes países, sob diferentes denominações e com distintos formatos e regras. De modo particular, a importante tradição dos países escandinavos na ginástica (Langlade, e Langlade, 1982), foi decisiva para dar origem ao Euroteam (TeamGym) que rapidamente se converteu numa promissora modalidade competitiva. (Bartoňková, 2008)

 

    Considerando a incipiência dessa prática, bem como seu rápido crescimento, principalmente na Europa, buscamos com este trabalho discutir o desenvolvimento do TeamGym na Europa, destacando as principais características das diferentes provas.

 

Metodologia 

 

    Considerando os objetivos propostos, esse estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica e documental (Gil, 2002). Para tanto, foi realizada um levantamento bibliográfico e documental consultando o Sistema de Bibliotecas da Unicamp, a Coleção Especial da Biblioteca da FEF-Unicamp e o Google Acadêmico, por meio das palavras-chave: “TeamGym”, “Euroteam”, “Troppsgymnastikk”, “Truppgymnastik” e “Hopfimleikar”. O uso de palavras-chave em inglês, norueguês, sueco e islandês, respectivamente, deve-se à possível produção de países que tradicionalmente contribuíram para o desenvolvimento dessa modalidade, tornando-se referências nesta prática (Marconi, e Lakatos, 2012). Outra justificativa para uso de buscadores em diferentes idiomas é o uso de distintas terminologias para referir-se ao esporte em questão. Sendo assim, o principal critério de inclusão da bibliografia encontrada foi a disponibilidade na sua versão completa. No que se refere à busca documental, também foram visitados websites de instituições, como da FIG, European Gymnastics (EG) e algumas federações nacionais afiliadas.

Assim, a leitura de trabalhos nas Línguas Portuguesa e Inglesa foram feitas a partir da proficiência dos pesquisadores(as). Já a leitura das publicações em outras línguas (sueco, norueguês e islandês), foram feitas a partir do uso de ferramentas e, também, com a tradução por colaboradores voluntários nativos, que traduziram os materiais para a Língua Inglesa, possibilitando a leitura na íntegra posteriormente.

 

    Portanto, foram encontrados e analisados os seguintes documentos.

 

Quadro 1. Publicações em periódicos, trabalhos de conclusão de curso (TCC) e dissertações.

Ano da publicação

Autores(as)

País

Tipo

2002

Harringe, M.L. et al.

Suécia

Artigo: Svensk Idrottsforskning

2004

Harringe, M.L. et al.

Suécia

Artigo: British Journal of Sports Medicine

2005

Björn, T.

Suécia

TCC

2006

Giotis, A.M. et al.

Suécia

TCC

Vargošová, M.

República Tcheca

TCC

2007

Harringe, M.L. et al.

Suécia

Artigo: Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports

Eriksson, S. et al.

Suécia

TCC

Giotis, A.M.

Suécia

Dissertação

Harringe, M.L.

Suécia

Dissertação

Vacl, J.

República Tcheca

TCC

2008

Bartoňková, M.

República Tcheca

Dissertação

2009

Åström, I.

Suécia

TCC

Henriksson, L.

Suécia

TCC

Henriksson, L.

Suécia

TCC

Lund, S.S.

Noruega

Dissertação

2010

Minganti, C. et al.

Itália

Artigo: Journal of Strength and Conditioning Research

Baše, V.

República Tcheca

TCC

Henriksson, L. et al.

Suécia

TCC

Jalovecká, B.

República Tcheca

Dissertação

Vacl, J.

República Tcheca

Dissertação

2011

Lund, S.S. et al.

Suécia

Artigo: Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports

Cures, L.

Suécia

TCC

Polová, S.

República Tcheca

Dissertação

2012

Stier, J.

Suécia

Artigo: Svensk Idrottsforskning

Ågren, C.

Suécia

Dissertação

Martin, E.

Suécia

TCC

2013

De Pero, R. et al.

Itália

Artigo: International Journal of Fundamental and applied Kinesiology

Baše, V.

República Tcheca

Dissertação

2014

Barreto, J.F.P.S.C.

Portugal

Dissertação

Maroušková, Z.

República Tcheca

TCC

Rantalankila, M.

Finlândia

TCC

Šibanc, K.

Eslovênia

Dissertação

2015

Andersen, B.B.

Dinamarca

Dissertação

Brockie, S.

Suécia

Dissertação

Krakovská, T.

República Tcheca

TCC

Lindstrøm, L.

Dinamarca

Dissertação

Nilsson, I.

Suécia

TCC

Pedersen, J.F.

Dinamarca

Dissertação

2016

De Pero, R. et al.

Itália

Artigo: Journal of Sports Medicine and Physical Fitness

Alves, M.L.S.D.

Portugal

Dissertação

Dymáková, D.

República Tcheca

TCC

Fredriksson, P.

Suécia

Dissertação

Lindh, M.

Suécia

TCC

Lindqvist, K.

Finlândia

TCC

2017

Duspivová, L.

República Tcheca

TCC

Emilsson, M. et al.

Suécia

TCC

Fortes, G. P.

Portugal

Dissertação

Pålsson, L. et al.

Suécia

TCC

Rasmussen, L.R. et al.

Dinamarca

TCC

2018

Da Silva, D.

Brasil

TCC

Šindelář, J.

República Tcheca

TCC

2019

Mononen, O.

Finlândia

TCC

Potůčková, A.

República Tcheca

TCC

Sipilä, N.

Finlândia

TCC

Fonte: Elaboração própria

 

Quadro 2. Documentos oficiais

Instituição

Documento

European Gymnastics

2017 - 2021 CODE OF POINTS - Seniors and Juniors. Edition 2017 – Revision B (June 2019)

Directives for equipment - TeamGym (March 2020).

Technical Regulations - Part I - General Rules (Edition 2020)

Nordic Technical Committee of TeamGym

Nordic TeamGym Championships. Technical regulations, 2019.

Nordic TeamGym Championships. Technical regulations, 2020.

Fonte: Elaboração própria

 

    Estas produções tratam sobre diferentes aspectos da modalidade como: treinamento esportivo (nutrição, técnicas e uso de equipamentos, controle da carga do treinamento e lesões), psicologia do esporte (medo, insegurança, ansiedade, autoconfiança e motivação) e também outros temas como o TeamGym como conteúdo escolar, caracterização da modalidade e do atleta que a pratica, como também textos que dissertam a coletividade presente no TeamGym, seus códigos e suas regras.

 

    Nesse sentido, o tratamento dos documentos e da bibliografia levantados teve como passo inicial uma revisão crítica e organização das fontes selecionadas que contemplavam o tema a ser discutido e, finalmente, a análise e interpretação de dados (Gil, 2002). Os resultados desse processo são expostos por meio de quadros, gráficos e análise narrativa-descritiva, que revelam informações históricas, pedagógicas, relacionadas ao treinamento dessa modalidade emergente e ao seu desenvolvimento competitivo. (Bardin, 2011)

 

O TeamGym – “estado da arte” 

 

    Sendo de origem nórdica, o TeamGym, em sua gênese, foi uma modalidade praticada apenas na Europa, mais precisamente na Dinamarca, Suécia e Noruega. Contudo, atualmente, o TeamGym é cultivado em vários países europeus, como também países fora deste continente (Austrália e EUA), sendo uma Ginástica de origem escandinava, que nos países nórdicos tornou-se popular e mais atraente para o público do que outras modalidades ginásticas mais tradicionais e menos interativas. (Baše, 2013)

 

    A primeira competição nacional dessa modalidade aconteceu em 1980 no Campeonato Nacional Sueco de TeamGym na cidade de Kalmar. Cinco anos após essa competição a modalidade teve seu primeiro evento internacional, entre países nórdicos, em 1986, o Campeonato Nórdico de TeamGym (CN) em Copenhague na Dinamarca (Giotis, e Nilsson, 2006). Parece ser que esse evento marca o processo de internacionalização da modalidade e, contribui significativamente, para a sua disseminação tendo como ponto de partida a experiência dos países nórdicos.

 

    Atualmente, os campeonatos nacionais nos países escandinavos, acontecem todos os anos, estes são usados como seletivas de cada país para a participação no CN, sendo permitido para cada país a participação de duas equipes em cada categoria (adulta e júnior). (Gymdanmark, 2020a)

 

    A nível internacional, mesmo que a institucionalização da prática, pela EG, tenha sido no ano de 1996 e que de forma natural as competições oficiais sejam datadas a partir deste período, foi no ano de 1993 que as competições, envolvendo países que não só os nórdicos (tratadas aqui como não oficiais por não serem fomentadas pela EG) começaram, com a organização e realização de competições entre clubes. (Bartoňková, 2008)

 

    Como dito, a partir do ano de 1996 o TeamGym, que era denominado Euroteam, começou a fazer parte do quadro de disciplinas da EG, e, portanto, sendo administrada e fomentada pela mesma instituição, que por meio de um Comitê Técnico, elabora os Regulamentos e o Código de Pontuação (CoP) dessa modalidade (Gymnastics, 2019; 2020a). A datar deste período, acontecem a cada dois anos os Campeonatos Europeus Oficiais de TeamGym, contribuindo para o desenvolvimento dinâmico da modalidade em países europeus (Baše, 2013). Estes já aconteceram em 11 países diferentes, com previsão de realização da 13ª edição na capital da Dinamarca (Quadro 3).

 

Quadro 3. Edições oficiais do Campeonato Europeu de TeamGym

Edição

Ano

País (Cidade)

1996

Finlândia (Jyväskylä)

1998

Dinamarca (Odense)

2000

Reino Unido (Birmingham)

2002

França (Châlons-em-Champagne)

2004

Áustria (Dornbirn)

2006

República Tcheca (Ostrava)

2008

Bélgica (Ghent)

2010

Suécia (Malmö)

2012

Dinamarca (Aarhus)

10ª

2014

Islândia (Reykjavík)

11ª

2016

Eslovênia (Maribor)

12ª

2018

Portugal (Lisboa)

13ª

2021

Dinamarca (Copenhagen)1

Fonte: Adaptado de Bartoňková (2008) e Vacl (2007).

 

    Desde a sua institucionalização e fomento pela EG, a prática vem sendo disseminada na Europa. Um exemplo disso é o esforço da instituição em fazer uma rotatividade das competições em países que ainda não tem adesão ou possui pouca adesão à modalidade, como no Reino Unido, França, Áustria, República Tcheca, Bélgica, Eslovênia e Portugal. Da mesma forma, a EG junta esforços para que a modalidade seja incorporada como uma das modalidades fomentadas pela FIG, entidade que representa as práticas gímnicas mundialmente. (Gymnastics, 2018)

 

    Neste sentido, no ano de 2003, na realização do 20˚ congresso em Viena, na Áustria, a EG ditou um novo nome para a modalidade. O Euroteam, até então como era conhecido internacionalmente, recebeu o nome de TeamGym. (Gymnastics, 2003)

 

    Essas mudanças tiveram, ao que parece, a intenção de flexibilizar a prática buscando que as competições da modalidade tivessem a participação de países para além do continente Europeu, fator fundamental para sua consolidação. Desse modo, parecia inapropriado que o nome da modalidade mantivesse o prefixo “euro”, remetendo a uma prática exclusivamente europeia. Ao ser modificado, para o atual TeamGym, a terminologia permitiu ainda relacionar essa prática com um dos aspectos mais importantes dela: ser uma modalidade gímnica de grupo. (Vacl, 2007)

 

    Observando esse elevado crescimento do TeamGym entre os países nórdicos e mais a frente se expandindo aos países do oeste europeu (Gráfico 1), vemos que sete anos depois do primeiro CN (1986-1993) o TeamGym se apresenta como uma “nova” modalidade europeia, e a partir de 1996, oficialmente, se solidifica como esporte internacional, marcando o início dos Campeonatos Europeus da modalidade, caracterizando, assim, esse como o maior evento competitivo desta prática.

 

Gráfico 1. Relação entre o número de países e equipes participantes dos Campeonatos Europeus de TeamGym

Gráfico 1. Relação entre o número de países e equipes participantes dos Campeonatos Europeus de TeamGym

Fonte: Adaptado de Da Silva (2018)

 

    Como visto no Gráfico 1, a modalidade se encontra numa tendência de crescimento na Europa ao longo do tempo. E que a partir do fomento e esforços da EG, a modalidade vem aumentando o número de praticantes pela Europa, e sobretudo, países que aderem a modalidade em seu quadro de modalidades gímnicas oficiais.

 

    De modo geral, o surgimento de novas práticas, como é o caso do TeamGym, parece estar fortemente relacionado ao contexto social, que no caso dos países nórdicos vem tendo forte desenvolvimento tecnológico e fomento da acrobatização desportiva (Bortoleto, 2017). Desse modo, entendemos que TeamGym acompanha o desenvolvimento do desporto contemporâneo, sob a égide da espetacularização das performances e também da apresentação/concepção dos eventos competitivos.

 

    Vimos que é notável a influência dos países nórdicos no desenvolvimento do TeamGym modulando as características desse esporte, com destaque para o fato de ser realizado em grupo, com o uso de diferentes tecnologias para saltar e a participação simultânea de homens e mulheres nos eventos competitivos (provas mistas).

 

    Entendemos, pois,que o TeamGym não se caracteriza como uma prática gímnica totalmente “nova”, uma vez que organiza e codifica uma série de elementos já existentes na cultura ginástica, como melhor veremos à seguir. Não obstante, o processo em curso é mais um bom exemplo que a esportivização (regulamentação e institucionalização para a competição), está operativa na sociedade contemporânea, permitindo certas “inovações” no contexto gímnico, com forte ligação às tradições gímnicas europeias, também dominantes no desenvolvimento das outras modalidades conhecidas.

 

Características gerais e provas competitivas 

 

    No que concerne à disseminação da prática, é interessante salientar que o TeamGym é uma ginástica de grupo competitiva, que se diferencia das outras veteranas vertentes da Ginástica pelo fato das avaliações das performances individuais serem somadas tanto nas equipes masculinas e femininas como mistas. Cada equipe deve possuir entre 8 e 10 integrantes sendo que a equipe mista é, obrigatoriamente, composta por metade dos integrantes sendo do sexo masculino e a outra metade sendo do sexo feminino em todas as provas. (Gymnastics, 2019)

 

    Dentro dessas divisões de equipes, em competições internacionais, existem apenas as categorias de juniores (13 a 17 anos de idade) e adultos (a partir de 16 anos de idade), em alguns países há competições em que essa categorização se adapta para categorias como: micro, mini, júnior e adulta. (Gymdanmark, 2020b)

 

    De acordo com sua origem, o TeamGym foi chamado de "Triatlo Nórdico", justamente por ser uma modalidade com origem escandinava, como também devido às três provas que estão inseridas dentro da modalidade (Krištofič et al., 2003). Essas provas são: a prova de Solo (Figura 1), a prova de Tumble (Figura 2) e a prova de Trampet (minitrampolim) com e sem a Mesa de Salto (ou Pegasus, termo mais utilizado na prática da modalidade) (Figura 3). Todas as três provas são acompanhadas por fundo musical instrumental, com tempo de execução máximo de 2 minutos e 45 segundos e são avaliadas a partir de três componentes a fim de formar o resultado de cada prova: dificuldade, composição e execução. (Gymnastics, 2019)

 

Sincronia e uniformidade - Prova de solo 

 

    A prova de Solo consiste em uma rotina que deve ser feita por todos os integrantes do time (8 a 10 ginastas). (Gymnastics, 2019)

 

    De acordo com Gymnastics (2019, p. 34, tradução nossa), o júri dessa prova julga uma combinação de movimentos que deve conter:

    [...] bom equilíbrio, técnica, amplitude e extensão. A equipe deve mostrar sincronia e uniformidade [...] Todos os elementos escolhidos devem ser executados de forma dinâmica e as fases desses movimentos devem mostrar continuidade com fluência lógica e natural.

    O material que constitui o equipamento é feito de espuma com 35 milímetros de altura em relação ao chão, em sua superfície, contém um tapete de carpete antiderrapante e antiestático, com dimensões oficiais da área de competição do Solo de 16 metros por 14 metros (Gymnastics, 2020a).

 

Figura 1. Equipe dinamarquesa júnior masculina na prova de Solo no XII Campeonato Europeu de TeamGym

Figura 1. Equipe dinamarquesa júnior masculina na prova de Solo no XII Campeonato Europeu de TeamGym

Fonte: Gymnastics (2020b)

 

    A nota de execução se dá de acordo com a tabela de erros gerais e penalidades do CoP (Gymnastics, 2019), que determina valores a serem descontados por erros cometidos, individualmente ou coletivamente, na execução de cada exercício. O valor de execução também é composto por requisitos coreográficos (formações, movimentos ritmados com a música, direções, planos etc.) que se não cumpridos durante a apresentação da série serão descontados juntamente com os erros de execução (sincronia, precisão, controle corporal, amplitude, uniformidade, qualidade de movimento em transições etc.). (Gymnastics, 2019)

 

    Para o cálculo da nota de dificuldade, nesta prova, são analisadas as execuções de nove elementos que já têm valores de dificuldade pré-definidos no CoP (Gymnastics, 2019), como também por uma combinação entre dois elementos dos nove executados. E, finalmente, para a nota de composição são analisadas as execuções dos elementos de composição requeridos, sendo eles: de flexibilidade; em grupo; exigência de sequência rítmica; exigência de distribuição de dificuldade. (Gymnastics, 2019)

 

    Um fato interessante sobre o cálculo da nota de execução é a existência de um “Bônus de Execução” (Gymnastics, 2019). Sendo subjetivo, este bônus só é acrescentado caso a série ou parte dela seja apresentada com uma excelente maestria de execução, que influencie a reação do público presente. Portanto, a equipe pode ser premiada com 0.1 pontos (Gymnastics, 2019), mostrando uma relação entre espectadores e competidores, algo que também a diferencia de outras modalidades ginásticas, que pode motivar seus(suas) participantes a serem mais criativos(as) e espetaculares.

 

    Faz-se importante também lembrar que, como dito anteriormente, as modalidades gímnicas possuem diferenças e semelhanças em suas características, e essa prova no TeamGym possui traços semelhantes com as provas de conjunto da Ginástica Rítmica (GR) feminina e masculina.

 

    A sincronia, as formas e linhas, o uso de diferentes direções e planos, como também movimentos acrobáticos, de equilíbrio e que exigem potência e domínio do controle corporal em grupo estão presentes na série apresentada nas três diferentes modalidades.

 

Fluidez e destreza – Prova de Tumble 

 

    Esta prova é caracterizada por sequências acrobáticas feitas em uma pista de Tumbling. O aparelho é composto por uma área de corrida, a pista de Tumbling, uma área de aterrissagem e acessórios de segurança. (Gymnastics, 2020a)

 

Figura 2. Equipe finlandesa feminina adulta na prova de Tumble no XI Campeonato Europeu de TeamGym

Figura 2. Equipe finlandesa feminina adulta na prova de Tumble no XI Campeonato Europeu de TeamGym

Fonte: Gymnastics (2020b)

 

    Diferente da prova de solo, o Tumble é realizado por seis integrantes da equipe que realizam três passagens de acrobacias em sequência com fluidez, isso significa que durante a prova 2 ginastas devem estar em movimento ao mesmo tempo na pista de Tumbling. Portanto, na medida em que um(a) ginasta começa a sua sequência de acrobacias na pista, a aterrissagem do(a) ginasta que está à sua frente está ocorrendo (Figura 2). (Gymnastics, 2019)

 

    Nesta prova é obrigatória a presença de um dos treinadores na área de aterrissagem. Este deve ter conhecimento e ser capaz de executar ajudas de segurança, em situações que possam ferir a integridade física do(a) ginasta. (Gymnastics, 2019)

 

    Deste modo, para cálculo da nota de execução os(as) ginastas devem apresentar alto desempenho na realização e técnica dos movimentos acrobáticos apresentados, como também, nas diferentes posições do corpo e posturas, distância e altura dos elementos, controle das aterrissagens, fluidez entre ginastas (momentum) e manutenção de energia (cinética) durante a execução das séries. (Gymnastics, 2019)

 

    A nota de dificuldade se dá pela realização de elementos que possuem valores pré-definidos no CoP (Gymnastics, 2019). De modo geral, a dificuldade de cada elemento pode ser aumentada pela posição do corpo (grupada, carpada ou estendida), quantidade de mortais (simples, duplos ou triplos) e número de giros no eixo longitudinal.

 

    Da mesma forma os requisitos de composição das séries também são pré-definidos no CoP: o Team Round (primeira passada da apresentação contendo séries iguais para todos da equipe); execução de séries feitas de costas, de frente, e uma terceira podendo ser uma combinação; apresentação em ordem crescente de dificuldade entre as séries e variedade de elementos entre as passadas; apresentação de uma passada com giros longitudinais em mortais (360° em mortais simples e 180º em mortais duplos ou triplos).

 

    Após a realização de cada série os ginastas esperam em linha na parte lateral do aparelho (lado contrário à área de visualização dos árbitros) e finalizada a passada do último ginasta, estes devem voltar juntos correndo lentamente, para a área de corrida, existindo deduções caso não o façam. (Gymnastics, 2019)

 

    Observando as características principais desta prova, podemos assemelhá-la à Ginástica de Trampolim, que dentre as suas provas possui a prova de Tumbling que também é feita sobre uma pista de Tumbling e terminando em uma área de aterrissagem.

 

Velocidade e êxtase – Prova de Trampet (minitrampolim) 

 

    Semelhante à prova de Tumble, a prova de Trampet, como é mais conhecida nos países nórdicos, também é caracterizada por acrobacias feitas em sequência, em um minitrampolim (Trampet) com e sem a utilização da Mesa de Salto, com boa fluidez entre os integrantes da equipe, que devem ser no máximo seis integrantes. (Gymnastics, 2019)

 

    Como podemos ver na Figura 3 a aparelhagem usada na prova é composta por duas pistas de corrida, dois Trampets, uma mesa de salto e uma área de aterrissagem. (Gymnastics, 2020a)

 

    Nesta prova é obrigatória a presença de dois treinadores na área de aterrissagem, que juntos sejam capazes de executar ajudas de segurança, em situações que possam ferir a integridade física do(a) ginasta (Gymnastics, 2019). Seguindo a configuração da prova de Tumble, após a realização de cada passada os ginastas devem voltar juntos correndo lentamente, para a área de corrida. (Gymnastics, 2019)

 

    Para a nota de execução, nessa prova, são observados: desempenho na execução e na técnica dos elementos e rotações apresentadas, posição do corpo e sua postura, distância e altura dos elementos, controle das aterrissagens, desvios durante a execução, fluidez entre ginastas (momentum) e manutenção de energia (cinética) durante a execução das séries. (Gymnastics, 2019)

 

    A nota de dificuldade, como na prova de Tumble, se dá pela realização de elementos que possuem valores pré-definidos no CoP (Gymnastics, 2019). E da mesma forma, a dificuldade de cada elemento pode ser aumentada pelas posições do corpo, quantidade de mortais e número de giros no eixo longitudinal.

 

Figura 3. Equipe portuguesa adulta masculina competindo na prova de Trampet no XII Campeonato Europeu de TeamGym

Figura 3. Equipe portuguesa adulta masculina competindo na prova de Trampet no XII Campeonato Europeu de TeamGym

Fonte: Gymnastics (2020b)

 

    Os requisitos de composição das séries também são pré-definidos no CoP (Gymnastics, 2019), sendo estes: o Team Round (primeira passada da apresentação contendo séries iguais para toda a equipe); apresentação em ordem crescente de dificuldade entre as séries e variedade de elementos entre as passadas; apresentação de ao menos uma passada com e uma sem a utilização da mesa de salto; apresentação de uma passada com giros longitudinais em mortais (540° em mortais simples e 180º em mortais duplos ou triplos).

 

    Podemos dizer, inclusive, que essa prova mantém certa semelhança com a prova de Salto da GA, utilizando, ao invés do trampolim modelo Reuther um minitrampolim (trampet), o que modifica diretamente os saltos possíveis bem como as técnicas de execução deles (Gymnastique, 2019). Devido a essa diferença do impulso gerado pelo minitrampolim, que é maior que o trampolim Reuther utilizado na GA, a altura da mesa de Salto é maior no TeamGym (145 cm a 165 cm), enquanto na GA a altura é de 125cm no feminino e 135 no masculino.

 

A distância do cenário internacional do nacional 

 

    Como pode-se observar, o TeamGym se trata de uma prática que requer equipamentos de alta tecnologia, posicionando-se mais distante da realidade de muitos países (Bortoleto, 2017). Esse traço de desigualdade tecnológica afeta a competitividade, podendo reforçar as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento (Almeida, e Bortoleto, 2016; Bortoleto, Roveri, e Carrara, 2018), fato que merece atenção daqueles que querem desenvolver essa modalidade em nível mundial.

 

    No caso particular do Brasil, essa questão afeta as modalidades ginásticas de um modo geral, uma vez que existe a falta de empresas brasileiras que produzam materiais esportivos homologados, bem como um determinado mercado para sua compra, que incentive essa produção (Bortoleto, 2017). Provavelmente, essa pode ser uma barreira para o desenvolvimento do TeamGym nacionalmente.

 

    Paralelamente, como mencionado, diversas modalidades foram sendo incorporadas à FIG, e ao mesmo tempo outras modalidades se firmaram nacionalmente ou mesmo em um âmbito continental sem necessariamente serem geridas pela federação internacional, como é o caso da Ginástica Rítmica (GR) masculina (Noda, e Hata, 2017) ou da Roda Alemã (Rodrigues, e Bortoleto, 2012). O TeamGym se encontra nessa fase, de um desenvolvimento continental, com suporte das diversas federações nacionais e, mais recentemente da EG, buscando paulatinamente seu reconhecimento internacional e, quem sabe, sua futura incorporação à FIG.

 

    Se observamos o que aconteceu com outras modalidades ginásticas, foram necessários anos, em alguns casos décadas, para que elas “aterrissassem” no Brasil e fossem reconhecidas institucionalmente, como analisam Bortoleto, Roveri e Carrara (2018) no caso do Trampolim no Brasil, e Merida, Nista-Piccolo, e Merida (2008) no caso da Ginástica Acrobática. Assim, o TeamGym parece estar longe de conseguir seu reconhecimento nacional, embora tenhamos identificado características que poderiam contribuir para o desenvolvimento da ginástica no Brasil, atraindo, por exemplo, jovens e adultos-jovens de ambos os sexos.

 

Conclusões 

 

    As análises anteriormente apresentadas indicam que há uma crescente adesão à modalidade na Europa, passando de 11 a 16 países de 1996 a 2018 (Gráfico 1), como também, um crescente número de produções científicas sobre TeamGym, mais especificamente na Europa Ocidental.

 

    Os documentos revisados, sinalizam ainda uma particular participação do público jovem, possivelmente devido à espetacularidade dos eventos competitivos, que fomentam a acrobatização das provas, como consequência direta do uso de avançadas tecnologias de superfícies elásticas. Vemos uma clara tendência ao fomento da execução de acrobacias complexas e, paralelamente, a possibilidade – por ser uma prática em grupo – de incluir/combinar diferentes perfis de praticantes (idades, habilidades, morfologia, etc.), o que, ao menos até o presente momento, diferencia o TeamGym da maior parte das modalidades ginásticas competitivas. Assim, parece estar imersa num paradoxo, isto é, constituindo-se como uma modalidade menos acessível do ponto de vista tecnológico (acesso aos equipamentos) e mais acessível por combinar diferentes perfis de participantes ao grupo, conforme as exigências das diferentes provas competitivas.

 

    Com base nas discussões parece, ainda, que serão necessárias múltiplas ações no futuro para que a presença do TeamGym seja efetivada localmente/nacionalmente. Essas ações afirmativas devem partir das instituições responsáveis pela Ginástica (federações estaduais, confederação nacional), bem como de pesquisadores e especialistas. De algum modo nos parece importante que mais conhecimento seja apresentado de modo que as características da modalidade, suas exigências, técnicas, processo de avaliação, sejam debatidos e melhor compreendidos.

 

    Por outro lado, parece ser, que elementos discutidos, como a inclusão, diversão, coletivo, acrobacia, participação do público, espetáculo, etc., vêm contribuindo para que seja uma prática atrativa ao público jovem, população que tem estado mais distante de modalidades ginásticas convencionais, algumas das quais exigem perfis específicos, uma enorme carga de treinamento e disciplina para alcançar níveis nacionais e, mais ainda, internacionais de competitividade. Com isso, as novas demandas da sociedade contemporânea, parecem estar em favor do TeamGym, mas isso requer novos e mais profundos estudos.

 

    Por fim, concluímos que o TeamGym representa um recente, porém promissor objeto de investigação no campo esportivo e, mais especificamente, da pesquisa em ginástica, que deve enfrentar a quase hegemônica atenção dada à outras modalidades especialmente a GA e a GR.

 

Nota 

  1. Por conta da pandemia mundial (COVID-19) a edição de 2020 foi adiada para 2021.

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