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ISSN 1514-3465

 

Aspectos da odontologia do esporte em clubes de futebol no Rio de Janeiro

Aspects of Sport Dentistry in Soccer Clubs in Rio de Janeiro

Aspectos de la odontología del deporte en clubes de fútbol en Río de Janeiro

 

Victor Paes Dias Gonçalves*

victor_paesdias@yahoo.com.br

Thayane Terra Ferreira**

thayaneterra44@gmail.com

Janaína do Rosário Valentim**

valentim_janaina@yahoo.com

Thomaz Barreto dos Santos**

thomazbarreto@hotmail.com

Marcus Menezes Alves Azevedo***

menezesazevedo@hotmail.com

 

*Mestrando em Implantodontia (Sl-Mandic)

Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (Sl-Mandic)

Membro da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte

**Graduada/o do curso de Odontologia da UNIFLU (RJ)

***Mestre em Prótese Dentária (Sl-Mandic)

Professor de PoliClínica e Clínica Odontológica Integrada

Curso de Odontologia UNIFLU (RJ)

(Brasil)

 

Recepção: 30/08/2020 - Aceitação: 31/03/2021

1ª Revisão: 17/03/2021 - 2ª Revisão: 25/03/2021

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Gonçalves, V.P.D., Ferreira, T.T., Valentim, J. do R., Santos, T.B. dos, e Azevedo, M.M.A. (2021). Aspectos da odontologia do esporte em clubes de futebol no Rio de Janeiro. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(277), 114-124. https://doi.org/10.46642/efd.v26i277.2562

 

Resumo

    Atualmente, a literatura disponível sobre Odontologia do Esporte e estudos relacionados com atletas de futebol e a saúde bucal ainda são escassos, e basicamente referem-se ao uso de protetores e traumas bucais. Objetivo: Avaliar a existência de Cirurgião Dentista (CD) no departamento médico dentro dos Clubes de Futebol do Estado do Rio de Janeiro que participam do Campeonato Carioca Série A e serie B1. Método: A pesquisa foi realizada através do envio de um questionário em formato de Google Formulário pelo e-mail. Os profissionais responsáveis pelo departamento médico (DM) responderam primeiramente um questionário geral. Resultados: Participaram da pesquisa 31 clubes, deles apenas 8 possuíam CD, destes clubes 25% apresentaram atuação na base, 12.5% no profissional e 62,5% em ambos. Conclusões: Concluiu-se que 25,81% clubes possuíam CD no DM, com predominância maior nos clubes da série A.

    Unitermos: Futebol. Saúde bucal. Prevenção de doenças. Cirurgião-Dentista.

 

Abstract

    Currently, the available literature on Sports Dentistry and studies related to soccer players and oral health are still scarce, and basically refer to the use of mouth guards and trauma. Objective: To evaluate the existence of a Dental Surgeon (DS) in the medical department within the Soccer Clubs of the State of Rio de Janeiro that participate in the Carioca Championship Series A and Series B1. Method: The research was carried out by sending a questionnaire in the form of Google Form by e-mail. The professionals responsible for the medical department (MD) first answered a general questionnaire. Results: 31 clubs participated in the research, of which only 8 had DC, of these clubs 25% performed in the base, 12.5% in the professional and 62.5% in both. Conclusions: It was concluded that 25.81% clubs had DS in the MD, with a greater predominance in Serie A clubs.

    Keywords: Soccer. Oral health. Disease prevention. Dentist.

 

Resumen

    Actualmente, la literatura disponible sobre Odontología del Deporte y los estudios relacionados con los deportistas de fútbol y la salud bucal son aún escasos y se refieren básicamente al uso de protectores bucales y traumatismos. Objetivo: Evaluar la existencia de un Cirujano Dentista (CD) en el departamento médico de los Clubes de Fútbol del Estado de Río de Janeiro que participan en el Campeonato Carioca Serie A y Serie B1. Método: La encuesta se realizó mediante el envío de un cuestionario en formato Google Form por correo electrónico. Los profesionales responsables del departamento médico (DM) respondieron primero un cuestionario general. Resultados: 31 clubes participaron en la investigación, de los cuales solo 8 tenían CD, de estos clubes el 25% tuvo desempeño en la base, el 12,5% en el profesional y el 62,5% en ambos. Conclusiones: Se concluyó que el 25,81% de los clubes tenían un CD en el DM, con mayor predominio en los clubes de la serie A.

    Palabras clave: Fútbol. Salud bucal. Prevención de enfermedades. Odontólogo.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 277, Jun. (2021)


 

Introdução 

 

    Atualmente as pesquisas brasileiras, principalmente na área da saúde, vem alcançando relevância internacional. Não obstante, ao averiguar a saúde na área esportiva ainda existe uma escassez de pesquisas experimentais e observacionais, até mesmo no futebol que é o dominante no país (Reis et al., 2015). Essa escassez impede o crescimento das ações dos profissionais envolvidos na saúde geral do atleta.

 

    Ao percorrer dos anos, a Odontologia do Esporte torna-se uma área gradativamente reconhecida pelos clubes do país. Segundo Conselho Federal de Odontologia (CFO) "este seguimento possui o objetivo de investigar, prevenir, tratar, reabilitar e compreender a influência das doenças da cavidade bucal no desempenho dos atletas profissionais e amadores". (Brasil, 2015)

 

    Os clubes com Cirurgião Dentista (CD) no departamento médico (DM), trabalham com o intuito de auxiliar na saúde geral dos atletas. É primordial estar em dia com a saúde bucal para que o rendimento e atividades físicas não seja afetado decorrente de alguma desordem dolorosa crônica ou aguda. A promoção da saúde com a presença do CD junto a uma equipe multidisciplinar tem atraído investidores e aumentado a visibilidades em grande escala. (Gay-Escoda et al., 2011)

 

    Especialmente a doença periodontal tem se destacado, entre as diversas desordens que podem interferir no desempenho do atleta, devido realizar alterações na cavidade bucal como a perda da inserção gengival, que ocorre paralelo ao desenvolvimento de um problema inflamatório, podendo liberar endotoxinas na corrente sanguínea e bactérias presentes nas bolsas periodontais. O estudo realizado por Capitani et al. (2012) avaliou o impacto da inflamação periodontal nas mudanças no nível sérico de um marcador de lesão muscular em jovens jogadores de futebol durante treinamento regular. O estudo apresentou como resultado que a variação ou a quantidade de alteração nos níveis de creatina quinase durante o treinamento foi maior nos jovens jogadores com maior inflamação periodontal. Os níveis séricos de creatina quinase podem ser utilizados como marcadores do estado funcional do tecido muscular, variando em condições fisiológicas e patológicas específicas. Um aumento desta enzima pode ser um indicador lesão do tecido muscular.

 

    No Brasil, apenas os trabalhos de Correa et al. (2010) e Carneiro et al. (2014) abordaram a presença do CD no DM dos clubes. Correa et al. (2010) relataram através de um levantamento epidemiológico, que quase cinquenta por cento (50%) dos clubes da série A e B do Campeonato Brasileiro durante o ano de 2007, não apresenta um CD como parte da equipe de profissionais de saúde. Carneiro et al. (2014) realizaram a mesma metodologia com clubes das mesmas divisões no ano de 2012, e obtiveram uma melhora em relação a estes números, obtendo a presença em sessenta e nove (69%) dos clubes. Evidenciando aumento da conscientização sobre a importância do CD na comissão técnica de entidades esportivas.

 

    No entanto, ainda não existem levantamentos realizando comparativo entre os clubes de elite e os clubes de menores investimentos do futebol brasileiro que não estão nas principais competições nacionais. Desta forma, este artigo tem como objetivo avaliar a existência de CD no DM dentro dos Clubes de Futebol do Estado do Rio de Janeiro que participam do Campeonato Carioca Série A e serie B1.

 

Métodos 

 

    A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFLU pelo número de parecer 3.235.203 (CAEE: 04274018.2.0000.5583) que reconheceu sua validade técnica e científica. Este estudo teve natureza exploratório-descritiva com abordagem quantitativa, visando avaliar a existência de CD no DM. Para participarem do estudo, os clubes deveriam preencher os seguintes requisitos: Clubes de Futebol do Estado do Rio de Janeiro filiados à FERJ e que participam do Campeonato Estadual Carioca Série A e Série B1 no ano de 2019, além de terem assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme resolução do Conselho Nacional da Saúde, do Ministério da Saúde (Res. CNS 466/12).

 

    Para realização da pesquisa foi realizado um cálculo amostral após o levantamento do total de 33 clubes possuírem o requisito para participar da pesquisa. Obteve-se como resultado o valor de 31 clubes necessários para um nível de confiança de 95% e com margem de erro de 5%.

 

    A pesquisa foi realizada através de um envio do questionário em formato de Google Formulário pelo e-mail. Os profissionais responsáveis pelo DM responderam primeiramente um questionário geral. Caso clube possuísse, o próprio CD seria responsável pelo questionário específico, caso não o mesmo profissional responderia. O questionário específico para clubes com CD, avaliaram atuação, financiamento e acompanhamento em jogos. Para clubes sem CD, foi questionado explicação por não possuir e atuação em casos de dor ou urgência de alguma atleta. Em ambos questionários foram avaliadas questões sobre traumatismo dentário.

 

    Após a fase de coleta de dados, as respostas expressas nos questionários foram armazenadas em um banco de dados e, em seguida, analisadas através do programa SPSS (versão 17.0). Os grupos foram comparados em relação às variáveis de interesse, utilizando o teste exato de Fisher. Os resultados foram considerados significativos com a probabilidade inferior a 5% (p £ 0,05).

 

Resultados 

 

    A amostra foi composta por 33 clubes, porém apenas 31 cumpriram os requisitos (p £ 0,05). De acordo com a Tabela 1 apenas 25,81% dos clubes apresentam CD no DM, sendo mais representativo nos clubes da série A (p £ 0,05).

 

Tabela 1. Presença de CD no DM

 

A+B1

A

B1

Valor P

Sim

Não

8 (25,81%)

23 (74,19%)

6 (50%)

6 (50%)

2 (10,52%)

17 (89,48%)

p £ 0,05*

Fonte: Elaboração própria

*Nível de significância (p £ 0,05) pelo teste Exato de Fisher

 

    Os clubes foram questionados sobre a atuação de um CD em sua comissão técnica. Cerca de 25% dos clubes da série A e B1 apresentaram atuação na base, 12.5% no profissional e 62,5% em ambos (p = 0,13). Sobre os dados de financiamento do CD no DM, é possível concluir que 62,5% provém dos clubes e 37,5% de instituições de ensino (p = 0,25). A disposição de um CD exclusivo para os atletas ao longo dos jogos é 87,5% (p = 0,31) (Tabela 2).

 

Tabela 2. Questionário Respondido pelo CD dos clubes sobre atuação, financiamento e acompanhamento em jogos

 

 

A+B1

A

B1

Valor P

Atuação dos Cirurgiões Dentista

Base

Profissional

2 (25%)

1 (12,5%)

1

1

1

0

0.13

Ambos

5 (62,5%)

4

1

Financiamento

Clubes

6 (62,5%)

5

1

0.25

Instituição de ensino

2 (37,5%)

1

1

Acompanhamentos de jogos

Sim

7 (87,5%)

6

1

0.31

Não

1 (12,5%)

0

1

Fonte: Elaboração própria

 

    De acordo com Tabela 3, a explicação para não apresentar CD é a dificuldade financeira, atingindo 82,61% dos clubes da série A e B1 (p = 0,41). Os demais acreditam que não há necessidade. Cerca de 30,44 % dos casos de emergência nos clubes da série A e B1 são resolvidos através de serviços públicos, sendo essa situação mais efetiva na série B1. Em 21,73% dos casos os jogadores tentam resolver por conta própria suas necessidades e 47,83% dos casos são resolvidos pelo próprio clube, sem custos ao atleta, de forma emergencial (p £ 0,05%).

 

Tabela 3. Questionário Respondido pelo responsável pelos clubes sem CD sobre 

motivo de não possuir e atuação em casos de dor ou Urgência/Emergência.

 

 

A+B1

A

B1

Valor P

Explicação para não possuir Cirurgião Dentista no Departamento Médico

Custos

19 (82,61%)

5

14

0.41

Não acha necessário

4 (17,39%)

1

3

Atuação em Casos de dor ou Urgência/emergência?

Serviço público

7 (30,44%)

1

6

£ 0,05*

Jogador resolve por conta própria

5 (21,73%)

1

4

Clube aciona Cirurgião Dentista sem custos para jogador de forma emergencial

11 (47,83%)

4

7

Fonte: Elaboração própria

*Nível de significância (p £ 0,05) pelo teste Exato de Fisher

 

    À medida que foram indagados sobre traumatismos dentário, 77,42% dos entrevistados relatam ter observado traumatismos em jogos (p = 0,15). Cerca de 51,61% dos entrevistados presenciaram de 1 a 4 vezes e 25,81% em mais de 4 vezes (p £ 0,01). Os jogadores da defesa apresentam maior incidência de traumatismo dentário (35,48%) e os meio de campo apresentam menores incidências (3,23%) (p £ 0,01) (Tabela 4).

 

Tabela 4. Questionário sobre Traumatismo Dentário (ter presenciado, incidência e por posição)

 

 

 

Valor P

Presenciado Traumatismo Dentário em jogos oficiais

Sim

24 (77,42%)

0.15

Não

7 (22,58%)

Incidência da visualização de traumatismo dentário em jogos oficiais

Nenhuma

7 (22,58%)

£ 0,01*

2 a 4 vezes

16 (51,61%

mais de 4

8 (25,81%)

Presenciado Traumatismo Dentário em jogos oficiais em qual posição.

Goleiro

7 (22,54%)

£ 0,01*

Defesa

11 (35,6%)

Meio de Campo

3 (9,66%)

Atacante

5 (16,1%)

Nenhuma

5 (16,1%)

Fonte: Elaboração própria

*Nível de significância (p £ 0,05) pelo teste Exato de Fisher

 

Discussão 

 

    Ao suceder dos anos, a odontologia do esporte sempre esteve nas mídias televisivas através do uso do protetor bucal, com o objetivo de prevenir traumatismos e possíveis fraturas. No momento atual, ela apresenta uma nova fase, exigindo cuidados mais estritos para promover a saúde geral e bucal, e não somente precaver traumatismos. (Bastos et al., 2013)

 

    Correa et al. (2010) e Carneiro et al. (2014) realizaram pesquisas científicas para avaliar a presença de CD no DM nos clubes da série A e B do campeonato brasileiro respectivamente nos anos de 2007 e 2012 e obtiveram resultados semelhantes, de 71.1% e 69,7% pela presença positiva dos CD. A atual pesquisa seguiu a metodologia dos autores em uma amostra de caracterização divergente. Para caracterização da amostra, quatro (4) clubes disputam a série A ou B do campeonato Brasileiro, os demais disputam apenas competições estaduais e nacionais inferiores.

 

    É de conhecimento geral o contraste da renda (cotas de televisão/patrocínio) e a realidade dos clubes das principais divisões e os clubes que disputa apenas competições estaduais. Estes clubes relatam que apesar das dificuldades, 47,85% optam por acionar um CD sem custos para os atletas em caso de urgência. Porém, 30,44% acionam serviço público e 21,73% afirmaram que cabe o atleta resolver por conta própria. Uma solução apresentada por alguns clubes que pode virar tendência é a parceria com instituição de ensinos, sendo uma solução benéfica para ambas as partes com estímulo a ciência para as instituições e o atendimento/cuidado com os atletas para clube.

 

    Para as instituições de ensino, por ser uma especialidade recém aprovada pelo CFO, poucas apresentam a Odontologia do Esporte em sua grade horária ou em formato de projetos de extensão. Desta forma, a parceria entre clubes e instituições podem ser a abertura para implementação da especialidade na graduação/pós graduação. Gerando um benefício de desenvolvimento prático e científico para o aluno, além de ampliar as opções de atendimento no mercado de trabalho. Porém, é fundamental ser feito sob orientação de uma equipe multidisciplinar, para permitir aos futuros CD reconheçam a singularidade do atendimento à esportistas, como por exemplo: atendimentos de urgência, tratamento de traumatismo dentário, garantir a excelência da saúde bucal do atleta, detectando problemas que podem estar associados ao rendimento físico dos esportistas.

 

    Ao analisar a atuação dos CD dos clubes que possuem, referente a categoria obteve-se um resultado significante, onde foi observado que é realizada a atuação em 25% dos clubes da série A e B1 apresentaram atuação apenas na base, 12.5% no profissional e 62,5% em ambas. É de grande importância para os atletas de base receber a conscientização da importância da saúde bucal, os CD devem desenvolver atividades de diagnóstico, tratamento curativo e orientação, de forma contínua e multidisciplinar para que diminua a porcentagem de recorrência de dores ou lesões e permitir uma saúde bucal adequada a curto, médio e longo prazo (Gay-Escoda et al., 2011). Quando um atleta atinge a categoria profissional o atendimento clínico deve ser preciso para que o atleta continue atuante, sem se ausentar de treinos ou competições, impedindo prejuízos para o próprio e para os clubes. (Gay-Escoda et al., 2011)

 

    Um dos principais diferencias dos clubes que possuem CD desde categoria de base, é o diagnóstico precoce de atletas respiradores bucais. Uma interferência na respiração pode causar ao atleta um cansaço excessivo; pode haver alteração postural do corpo todo; dificuldade na mastigação dos alimentos, sono agitado, irritabilidade, dor de cabeça e falta de concentração (Corrêa et al., 2008). No esporte, eles possuem tendência a apresentar um desempenho físico e aeróbico inferior, visto que o diafragma destes indivíduos trabalha em uma posição mais baixa e assincrônica, criando uma dificuldade de oxigenação, pela respiração curta e rápida. Com uma atuação de ortodontia preventiva buscando a reabilitação musculoesquelética adequada, assim como melhorando a postura labial, dentária e de todo complexo maxilo-mandíbula pode influenciar no futuro do atleta. (Milewski et al., 2014)

 

    Ao indagar os representantes a presença de CD sobre acompanhamento em jogos 87,5% responderam que sim, porém, apenas em casa. Sendo 100% da série A e 50% de série B1. É importante o acompanhamento do CD junto ao DM em jogos do clube porque o dentista é o profissional mais capacitado de agir frente ao trauma dentário (Bergman et al., 2017). Ao analisar sobre traumatismo de forma geral os abordados da pesquisa relatam grande incidência ao ter já presenciado em jogos oficias, predominantemente a maioria já observou pelo menos 2 a 4 vezes (51,61%), na maioria das vezes com predominância maior em atletas que jogam na defesa, cerca de 35,6%.

 

    Como podemos perceber no estudo, em se tratando de evolução científica odontológica no meio do futebol brasileiro não está completa, pois com exceção dos grandes clubes brasileiros, ainda existe uma quantidade significativa com ausência de CD nos DM. A literatura mostra por diversos benefícios como a atuação do CD pode beneficiar o atleta dentro e fora das quatro linhas, como por exemplo: exames na pré temporada (Gay-Escoda et al., 2011), acompanhamento de treinos e jogos, avaliações periódicas (Gonçalves et al., 2018), ações de prevenção (Gallagher, 2019), atendimentos de urgência a traumatismo, verificação em exame antidoping (Martins et al., 2013), para orientação com uso excessivo de bebidas repositoras (Needleman et al., 2019; Teles et al., 2020), carboidratos e seu potencial nocivo. (Medeiros et al., 2020)

 

    É essencial a participação de CD dentro de centros esportivos, compondo a equipe de saúde. A fim de que estes profissionais orientem e esclareçam atletas, comissão técnica, clubes e federações desportivas quanto aos benefícios da relação esporte e a odontologia. (Alves et al., 2017)

 

Conclusão 

 

    Concluiu-se que 25,81% dos clubes possuíam CD no DM, com predominância maior nos clubes da série A. Não há dúvida que por ser uma prática desconhecida dentro dos clubes e pelo alto custo para clubes de menor renda, a inclusão de um CD como membro do DM torna-se um desafio. No entanto, pela importância do papel que o CD representa neste cenário, todos os esforços devem ser empreendidos neste sentido. Uma solução benéfica para ambas as partes, seria uma parceria dos clubes de futebol com instituições de ensino, visando o estímulo à ciência dentro das instituições e o atendimento/cuidado dos atletas para os clubes.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 277, Jun. (2021)