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ISSN 1514-3465

 

Comparação entre Flexão-Distração e técnica Gonstead 

para dor lombar, incapacidade e flexibilidade

Comparison between Flexion-Distraction and Gonstead Technique for Low Back Pain, Disability and Flexibility

Comparación entre Flexión-Distracción y la técnica de Gonstead para lumbalgia, discapacidad y flexibilidad

 

Marcos Vinícius Zirbes*

marcosviniciusz@gmail.com

Danilo Messa da Silva**

danilo@feevale.br

 

*Bacharel em Quiropraxia pela Universidade Feevale

Licenciado Pleno em Educação Física

Especialista em Quiropraxia Clínica Avançada

Especialista em Atividade Física e Saúde

Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade com linha de pesquisa

em Qualidade de Vida nos Processos de Inclusão Social

Em 2020 foi Professor da disciplina de Diagnóstico Clínico Funcional

pertencente à Pós-Graduação em Quiropraxia Clínica

**Graduado em Quiropraxia pela Universidade Feevale

Especialista em Biomecânica pela ESEF-UFRGS

Mestre em Biociências e Reabilitação pelo IPA da Igreja Metodista

Diplomado Internacionalmente em Quiropraxia Esportiva

pela New York Chiropractic College (2012)

Especialista em Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas

pela Universidade Estácio de Sá

Professor da Universidade Feevale coordenador do curso de Quiropraxia

(Brasil)

 

Recepção: 14/07/2020 - Aceitação: 20/11/2022

1ª Revisão: 11/07/2022 - 2ª Revisão: 17/11/2022

 

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Citação sugerida: Zirbes, M.V., e Silva, D.M. da (2023). Comparação entre Flexão-Distração e técnica Gonstead para dor lombar, incapacidade e flexibilidade. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(296), 140-150. https://doi.org/10.46642/efd.v27i296.2437

 

Resumo

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa de série de casos, com o objetivo de verificar qual a comparação entre a dor lombar e a flexibilidade do tronco e membros inferiores em pacientes submetidos ao tratamento quiroprático com a técnica de Flexão-Distração ou com a técnica Gonstead. A amostra foi selecionada de forma não probabilística, totalizando 4 pacientes do sexo masculino, com uma idade média de 36 anos que nunca tenham realizado tratamento quiroprático, ou que não tenham recebido tratamento quiroprático nos últimos 3 meses e que possuíam dor lombar aguda ou crônica. Para avaliar a incapacidade e a dor lombar foi utilizado o questionário Oswestry 2.0 antes de qualquer intervenção. Para avaliar o nível de flexibilidade da parte posterior do tronco e membros inferiores foi utilizado o Teste linear do banco de Wells em dois momentos distintos, antes e após a intervenção quiroprática com a técnica de Flexão-Distração ou com a técnica Gonstead. Após 7 dias, foi utilizado o questionário Classificação Global da Escala de Mudança (CGEM) para verificar a dor lombar comparada com a mensuração anterior, bem como, se realizou mais uma vez o Teste linear do banco de Wells para comparação com suas mensurações prévias. Concluiu-se, ao final desta pesquisa, que ambas as técnicas quiropráticas utilizadas mostraram-se satisfatórias na redução da lombalgia aguda e crônica e no ganho de flexibilidade no tronco e membros inferiores.

Unitermos: Flexibilidade. Quiropraxia. Lombalgia.

 

Abstract

The present study was characterized as a quantitative research of case series, aiming to verify what is the comparison between low back pain and flexibility of the trunk and lower limbs in patients submitted to chiropractic treatment with the Flexion-Distraction technique or Gonstead technique. The sample was non-probabilistically selected, totaling 4 male patients, with a mean age of 36 years who had never received chiropractic care, or who had not received chiropractic care in the last 3 months and who had acute or chronic low back pain. To evaluate disability and low back pain, the Oswestry 2.0 questionnaire was used before any intervention. To assess the level of flexibility of the lower back and lower limbs, the Wells seat linear test was used at two different times, before and after the chiropractic intervention with the Flexion-Distraction technique or Gonstead technique. After 7 days, the Global Rating of Scale Classification (GROC) questionnaire was used to check low back pain compared to the previous one, as well as the Wells seat Linear Test to compare it with its previous measurements. It was concluded, at the end of this research, that both chiropractic techniques used proved to be satisfactory in reducing acute and chronic low back pain and in gaining flexibility in the trunk and lower limbs.

Keywords: Flexibility. Chiropractic. Low back pain.

 

Resumen

El presente estudio se caracterizó como una investigación cuantitativa de serie de casos, con el objetivo de verificar la comparación entre la lumbalgia y la flexibilidad del tronco y miembros inferiores en pacientes sometidos a tratamiento quiropráctico con la técnica de Flexión-Distracción o con la técnica de Gonstead. La muestra se seleccionó de forma no probabilística, totalizando 4 pacientes del sexo masculino, con una edad promedio de 36 años que nunca se habían sometido a tratamiento quiropráctico, o que no habían recibido tratamiento quiropráctico en los últimos 3 meses y que presentaban dolor lumbar agudo o crónico. Para evaluar la discapacidad y el dolor lumbar se utilizó el cuestionario Oswestry 2.0 antes de cualquier intervención. Para evaluar el nivel de flexibilidad de la parte posterior del tronco y miembros inferiores se utilizó el Test Lineal de Banco de Wells en dos momentos diferentes, antes y después de la intervención quiropráctica con la técnica de Flexión-Distracción o con la técnica de Gonstead. Después de 7 días, se utilizó el cuestionario Escala de Clasificación Global de Cambio (ECGC) para verificar el dolor lumbar en comparación con la medición anterior, así como también se realizó una vez más el Test Lineal del Banco de Wells para comparar con sus mediciones anteriores. Se concluyó, al final de esta investigación, que ambas técnicas quiroprácticas utilizadas fueron satisfactorias en la reducción del dolor lumbar agudo y crónico y en la ganancia de flexibilidad en el tronco y miembros inferiores.

Palabras clave: Flexibilidad. Quiropraxia. Dolor de espalda.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 296, Ene. (2023)


 

Introdução 

 

    As dores musculoesqueléticas estão classificadas de duas maneiras distintas segundo o MeSH (Medical Subject Headings), sendo a dor aguda uma sensação de dor intensa que surge de forma repentina, geralmente associada a algum tipo de doença ou trauma tecidual, podendo se tornar uma sensação agonizante ou angustiante, com localização e caráter de reconhecimento bem estabelecido, e a dor crônica que se caracteriza como uma sensação dolorosa presente por um período de alguns meses, podendo estar relacionada com doença ou trauma tecidual, com caráter e localização não tão bem estabelecidos quando comparados com a dor aguda. O tipo crônico da dor pode estar presente mesmo após a lesão inicial do tecido já ter cicatrizado. Muitas vezes a dor lombar (lombalgia) ainda não tem uma causa bem definida que descreva totalmente o seu princípio, porém em diversas situações este acometimento tem associação direta com o aparelho locomotor. (Almeida, e Kraychete, 2017)

 

    A dor lombar é considerada a primeira queixa mais relatada em pessoas com menos de 45 anos de idade (Schneider et al., 2010), e de uma forma geral pode acometer até 65% da população anualmente, sugerindo que as chances de se ter ao menos uma vez na vida este tipo de dor é de aproximadamente 84% (Almeida, e Kraychete, 2017; Walker, 2000; Zavarize, e Wechsler, 2012). Nos dias de hoje, é bastante visível o aumento de estudos que evidenciam a lombalgia como uma das principais ocorrências relatadas na população mundial (Fernandes, Bicalho, Capote, e Manffra, 2016; Schneider et al., 2010; Yeganeh, Baradaran, Qorbani, Moradi, e Dastgiri, 2017), sendo que, a prevalência de dor lombar em indivíduos adultos vem crescendo nos últimos anos, prejudicando e dificultando com isso de diferentes formas a saúde e a vida geral do indivíduo acometido. (Freburger et al., 2009; Patrick, Emanski, e Knaub, 2014; Rathmell, 2008; Wong, e Fielding, 2011)

 

    No tratamento quiroprático, o quiropraxista pode utilizar variados tipos de técnicas para melhorar a função articular e acometimentos do sistema neuromusculoesquelético, propiciando com isso o alívio do desconforto da região afetada. No tratamento, o quiropraxista realiza ajustes vertebrais variados, que incluem desde procedimentos manipulativos de alta velocidade e baixa amplitude como também procedimentos de tração de baixa velocidade e a utilização de instrumentos específicos. No que diz respeito às pesquisas sobre a lombalgia, estas vêm crescendo de uma forma expressiva na atualidade, porém, ainda são pequenos os números de estudos que comparam a eficácia da técnica de Flexão-Distração e outros tipos técnicas quiropráticas sobre a dor lombar, e pouco se tem conhecimento sobre a possível correlação científica destas técnicas quiropráticas com a flexibilidade da coluna lombar e membros inferiores. No estudo de Bussières e colaboradores sobre terapia manipulativa vertebral e outros tratamentos conservadores para dor lombar, mostrou que o ajuste quiroprático, juntamente com outros tipos de tratamentos conservadores mostrou-se eficiente para o tratamento da dor lombar na fase aguda e crônica, com ou sem a presença de dor irradiada para as pernas (Bussières et al., 2018). Segundo o ensaio clínico randomizado composto por duzentos e trinta e cinco (235) indivíduos feito por Cambron e colaboradores, comparou a técnica quiroprática de Flexão-Distração com um programa de exercícios para dor lombar crônica, evidenciou que o grupo submetido ao tratamento quiroprático com a técnica de Flexão-Distração não obteve apenas a diminuição na dor lombar e incapacidade, mas também atingiu os escores de dor mais baixos que os avaliados de outros grupos pertencentes a esta mesma pesquisa. (Cambron et al., 2006)

 

    A partir do contexto anteriormente apresentado, tem-se como problema de pesquisa o seguinte: Qual a comparação entre a dor lombar, incapacidade e a flexibilidade de membros inferiores em pacientes submetidos ao tratamento quiroprático com a técnica de Flexão-Distração ou com a técnica Gonstead?

 

Metodologia 

 

    O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa de série de casos, com o objetivo de verificar qual a comparação entre a dor lombar, incapacidade e a flexibilidade do tronco e membros inferiores em pacientes submetidos ao tratamento quiroprático com a técnica de Flexão-Distração ou com a técnica Gonstead, residentes estes em uma cidade do Vale do Rio Caí, RS. A amostra foi selecionada de forma não probabilística, totalizando 4 (quatro) pacientes do sexo masculino, com uma idade média de 36 anos, sendo a idade mínima de 34 anos e a máxima de 40 anos, que nunca tenham realizado tratamento quiroprático, ou que não tenham recebido tratamento quiroprático nos últimos 3 (três) meses ao momento inicial da pesquisa e que possuíam dor aguda ou crônica na região da coluna lombar. Todos os avaliados estavam cientes de estar participando de um estudo e livremente assinaram concordando com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para assim podermos iniciar a pesquisa. Como caráter de exclusão, tais pacientes não poderiam apresentar dor irradiada para membros inferiores (dor radicular), achados específicos na anamnese ou testes ortopédicos positivos que poderiam contraindicar o uso das técnicas quiropráticas no momento da pesquisa, degeneração vertebral ou lesão diagnosticada previamente, e não poderiam estar utilizando qualquer tipo de fármaco ou substâncias que pudessem alterar sua percepção da lombalgia. Foi recomendado também, que os pacientes não deveriam mudar seus hábitos de vida no período total da duração da pesquisa, minimizando com isso um possível viés da investigação.

 

    A presente pesquisa utilizou a mesa quiroprática de Flexão-Distração para utilização de sua técnica específica, e a mesa quiroprática padrão para realização da técnica Gonstead. A mesa quiroprática própria para a realização da técnica de Flexão-Distração possui sua parte caudal (região das pernas) móvel, propiciando assim uma maior movimentação da região lombar, sendo que, o quiropraxista aplica manualmente um contato sobre a coluna lombar e posteriormente movimenta a parte caudal, causando com isso um efeito de tração sobre a região da coluna vertebral. (Gudavalli, e Cox, 2014)

 

    Os ajustes quiropráticos foram realizados em apenas uma única consulta e em apenas um momento da pesquisa no consultório particular do próprio avaliador, bem como a aplicação dos instrumentos de análise também foram realizados neste mesmo local, também pelo próprio avaliador. Para se avaliar a incapacidade e a dor lombar foi utilizado o questionário Índice Oswestry 2.0 de Incapacidade antes de qualquer tipo de intervenção. Para avaliar o nível de flexibilidade da parte posterior do tronco e membros inferiores foi utilizado o Teste Linear do Banco de Wells (sentar e alcançar) em dois momentos distintos (antes e após a intervenção quiroprática com a técnica de Flexão-Distração ou com a técnica Gonstead), cabendo ressaltar que este teste foi proposto originalmente por Wells e Dillon em 1952, seguindo a padronização canadense para os testes de avaliação da aptidão física do Canadian Standardized Test of Fitness, direcionado para este tipo de avaliação. (Fitness, Sport, Certification, e Program, 1986)

 

    Após o período de 7 (sete) dias, foi solicitado que os avaliados retornassem ao consultório para responder o questionário Classificação Global da Escala de Mudança (GROC), que foi utilizado para verificar a dor lombar momentânea comparada com a da semana anterior, bem como, se realizou mais uma vez o Teste Linear do Banco de Wells (sentar e alcançar) para comparação com suas mensurações prévias.

 

    Cabe ressaltar que os instrumentos utilizados nesta pesquisa, tantos os questionários quanto o Teste linear do banco de Wells (sentar e alcançar) são reconhecidos e validados internacionalmente. Os dados obtidos foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva.

 

Resultados e discussão 

 

    Os quatro sujeitos avaliados pertencentes ao sexo masculino, tinham uma idade mínima de 34 anos e máxima de 40 anos, sendo que 50% relataram estar com lombalgia aguda e 50% relataram sofrer de lombalgia crônica.

 

Tabela 1. Resultados comparativos da dor e flexibilidade da parte posterior do tronco e membros inferiores

n

Idade

Dor

Oswestry 2.0

Wells pré

Técnica

Wells pós

GROC

Wells final

1

34

Crônica

Incapacidade mínima

28 cm

Flexão-Distração

29 cm

Um pouquinho melhor

32 cm

2

36

Aguda

Incapacidade moderada

13 cm

Gonstead

17 cm

Extremamente melhor

27 cm

3

35

Aguda

Incapacidade moderada

19 cm

Flexão-Distração

26 cm

Bastante melhor

31 cm

4

40

Crônica

Incapacidade mínima

19 cm

Gonstead

21 cm

Muito melhor

23 cm

Fonte: Dados da pesquisa

 

    Segundo a Tabela 1, o avaliado Nº 1 tinha idade de 34 anos, sofria de lombalgia crônica há mais de 15 anos, não possuindo histórico de fratura, sem intervenção cirúrgica na coluna vertebral ou em membros inferiores e sem acidente veicular ou lesão. Foi utilizada a técnica de Flexão-Distração da coluna lombar para este avaliado. O questionário Índice Oswestry 2.0 de Incapacidade evidenciou uma “incapacidade mínima (20%)”, sendo seu Teste linear do banco de Wells pré intervenção de 28 cm e pós intervenção de 29 cm, o que lhe atribui um nível de flexibilidade dentro da “Média” para sua idade. Após 7 dias da intervenção, o achado do questionário Classificação Global da Escala de Mudança (GROC) foi de “Um pouquinho melhor (2)”, e o Teste linear do banco de Wells foi de 32 cm, o que lhe mantém com o escore dentro da “Média”, evidenciando um aumento de 10,34% em relação ao seu melhor resultado anteriormente obtido.

 

    Com o crescente número de casos de dor lombar, os quiropraxistas vêm buscando cada vez mais aprimoramento em suas técnicas manuais, e a técnica quiroprática conhecida como Flexão-Distração vem sendo bastante utilizada para o tratamento da dor lombar (Cambron et al., 2006; Gudavalli, e Cox, 2014). Conforme o estudo de Cox sobre manipulação descompressiva na coluna lombar, o movimento do núcleo pulposo do disco intervertebral é bastante instável, principalmente em casos de degeneração discal, sendo que o disco intervertebral é provavelmente uma fonte potencialmente causadora de lombalgia crônica. (Cox, 2006)

 

    No estudo piloto randomizado de Cambron e colaboradores (2014) para identificar a frequência do tratamento quiroprático utilizando a técnica de Flexão-Distração para tratamento da lombalgia em casos de estenose medular, constataram primeiramente que tal pesquisa, segundo o conhecimento dos pesquisadores, foi o primeiro estudo controle randomizado que se tem notícia sobre o tratamento quiroprático utilizando a técnica de Flexão-Distração e grupo placebo em pacientes com estenose medular lombar. Este mesmo estudo concluiu que 12 consultas foi o número mais favorável de adesão ao tratamento, e que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos no que diz respeito a dor autorreferida e incapacidade ocasionada por esta. (Cambron et al., 2014)

 

    De acordo com a Tabela 1 anteriormente citada, o avaliado Nº 2 tinha idade de 36 anos, estava com lombalgia aguda há menos de 7 dias, não possuindo histórico de lesão, fratura ou trauma sobre a coluna lombar, sem intervenção cirúrgica na coluna vertebral ou em membros inferiores, sem relato de acidente veicular. Foi utilizada a técnica Gonstead na coluna lombar deste avaliado. O questionário Índice Oswestry 2.0 de Incapacidade evidenciou uma “incapacidade moderada (32%)”, sendo seu Teste linear do banco de Wells pré intervenção de 13 cm e pós intervenção de 17 cm, o que lhe atribui um nível de flexibilidade considerado “Ruim” para sua idade. Após 7 dias da intervenção, o achado do questionário Classificação Global da Escala de Mudança (GROC) foi de “Extremamente melhor (7)”, e o Teste linear do banco de Wells foi de 27 cm, o que lhe confere um escore “Abaixo da média”, mostrando um aumento de 58,82% em relação ao seu melhor resultado anteriormente alcançado.

 

    Segundo Cramer e colaboradores (2013) em sua pesquisa que utilizou o exame de Ressonância Nuclear Magnética para verificar as possíveis alterações da articular zigoapofisária após a utilização da técnica Gonstead em pacientes com lombalgia, constatou-se que a utilização de tal técnica quiroprática resultou em um maior ganho de espaço na articulação zigoapofisária lombar, o que direciona a técnica de postura lateral (Gonstead) como sendo uma grande ferramenta para o tratamento da lombalgia de origem facetaria. Esta mesma pesquisa também evidenciou que a técnica Gonstead como sendo uma grande beneficiadora mecânica para a região lombar (Cramer et al., 2013). De acordo com a pesquisa de Gudavalli e colaboradores (2013) sobre a quantificação de forças no pré-carregamento do ajuste de postura lateral para a coluna lombar, mostrou que pré-cargas baixas (abaixo de 100 Hz) já podem ser suficientes para se ter uma manipulação satisfatória dos segmentos lombares, o que sugere que tal técnica é indicada para aumento da amplitude de movimento e no tratamento da lombalgia. (Gudavalli, DeVocht, Tayh, e Xia, 2013)

 

    Conforme a Tabela 1 citada anteriormente, o avaliado Nº 3 tinha idade de 35 anos, estava com lombalgia aguda há menos de 14 dias, não possuindo histórico de fratura, sem intervenção cirúrgica na coluna vertebral ou em membros inferiores e sem histórico de acidente veicular ou lesão. Foi utilizada a técnica de Flexão-Distração da coluna lombar para este avaliado. O questionário Índice Oswestry 2.0 de Incapacidade evidenciou uma “incapacidade moderada (26%)”, sendo seu Teste linear do banco de Wells pré intervenção de 19 cm e pós intervenção de 26 cm, o que lhe atribui um nível de flexibilidade considerado “Abaixo da média” em relação ao seu melhor escore. Após 7 dias da intervenção, o achado do questionário Classificação Global da Escala de Mudança (GROC) foi de “Bastante melhor (5)”, e o Teste linear do banco de Wells foi de 31 cm, o que lhe confere um resultado dentro da “Média”, evidenciando um aumento de 19,23% em relação ao seu melhor escore anteriormente obtido.

 

    Segundo o estudo de Gudavalli e colaboradores (2016) sobre o uso da técnica quiroprática de Flexão-Distração e ajuste vertebral em pacientes com lombalgia e dor radicular pós-cirúrgicas, foi que o alívio da dor ocorreu em 71,6% da amostra, o que evidenciou que mais de 50% dos pacientes mostraram alívio da dor após a utilização da técnica quiroprática de Flexão-Distração e ajuste vertebral (Gudavalli, Olding, Joachim, e Cox, 2016). De acordo com o estudo de Cox sobre o tratamento quiroprático com a técnica quiroprática de Flexão-Distração em um paciente com dor lombar devido a cisto sinovial foi que a dor lombar e radicular ocasionadas pela estenose decorrentes deste acometimento foram aliviadas 80% em um paciente do sexo masculino com 75 anos de idade após o tratamento quiroprático com a técnica de Flexão-Distração. (Cox, 2012)

 

    Conforme a Tabela 1 acima citada, o avaliado Nº 4 tinha idade de 40 anos, sofria de lombalgia crônica há mais de 3 meses, não possuindo histórico de trauma sobre a coluna lombar, sem lesão ou fratura, sem relato de acidente veicular e sem histórico de intervenção cirúrgica na coluna vertebral ou em membros inferiores, Foi utilizada a técnica Gonstead na coluna lombar deste avaliado. O questionário Índice Oswestry 2.0 de Incapacidade evidenciou uma “incapacidade mínima (20%)”, sendo seu Teste linear do banco de Wells pré intervenção de 19 cm e pós intervenção de 21 cm, o que lhe atribui um nível de flexibilidade “Abaixo da média” para sua idade. Após 7 dias da intervenção, o achado do questionário Classificação Global da Escala de Mudança (GROC) foi de “Muito melhor 6)”, e o Teste linear do banco de Wells foi de 23 cm, o que lhe mantém com o escore “Abaixo da média”, evidenciando um aumento de 9,52% em relação ao seu melhor resultado anteriormente obtido.

 

    Segundo as pesquisas de Hawk e colaborados (2017) e Nielsen e seu cooperadores (2017), todo e qualquer tipo de técnica quiroprática de alta velocidade e baixa amplitude necessitam terem suas forças biomecânicas ajustadas conforme a queixa, individualidade e condição do caso clínico, sendo que na maioria das vezes, estes tipos de técnicas são utilizadas de uma forma primária na busca de se obter o melhor efeito possível no tratamento, porém estas técnicas quiropráticas podem ter maiores contra indicações em muitos casos específicos quando comparadas com outros tipos de técnicas que utilizam baixa velocidade e maior amplitude. (Cox, 2017; Hawk et al., 2017; Nielsen et al., 2017)

 

Conclusões 

 

    Concluiu-se, ao final desta pesquisa, que ambas as técnicas quiropráticas utilizadas mostraram-se satisfatórias na redução da lombalgia aguda e crônica e no ganho de flexibilidade no tronco e membros inferiores. Obtiveram-se maiores reduções da dor lombar aguda e crônica nos casos em que os pacientes foram submetidos à técnica quiroprática Gonstead. No que diz respeito à flexibilidade do tronco e membros inferiores, o avaliado com lombalgia aguda que foi submetido à técnica quiroprática Gonstead evidenciou o maior percentual de ganho de flexibilidade comparado com os outros avaliados, sendo que, todos os avaliados da pesquisa obtiveram ganhos na flexibilidade de tronco e membros inferiores.

 

    Sugere-se que sejam realizadas futuras pesquisas nesta temática, abrangendo um número maior de avaliados, bem como mais intervenções quiropráticas, visando atingir com isto resultados estatísticos mais expressivos.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 296, Ene. (2023)