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ISSN 1514-3465

 

Motivos para a prática de atividades físicas por acadêmicos. 

Um estudo na Universidade Federal de Juiz de Fora

Reasons for the Practice of Physical Activities by Students. 

A Study at the Federal University o Juiz do Fora

Razones para la práctica de actividades físicas por parte de estudiantes. 

Un estudio en la Universidad Federal de Juiz de Fora

 

Ramon Mendes da Costa Magalhães*

ramon.magalhaes@uemg.br

Emmanuely Ferreira Bonoto Marchito**

emmanuely.ferreira@educacao.mg.gov.br

 

*Atualmente é Professor de Ensino Superior

da Universidade do Estado de Minas Gerais, unidade Carangola/MG

e da rede municipal de educação de Duque de Caxias

Doutorando no Programa de Pós graduação

em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares

da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGEDUC-UFRRJ)

Mestre em Educação e graduação em Educação Física

pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

**Graduada em Educação Física (licenciatura e bacharelado)

e Ciências Contábeis (bacharelado) pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Cursando pós graduação de Gestão de Pessoas: Carreira, Liderança e Coaching na PUCRS

Atua como professora efetiva do estado de Minas Gerais

e como analista na Central de Experiências do hotel Comuna do Ibitipoca

(Brasil)

 

Recepção: 22/06/2020 - Aceitação: 23/12/2021

1ª Revisão: 14/07/2021 - 2ª Revisão: 12/12/2021

 

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Citação sugerida: Magalhães, R.M. da C., e Marchito, E.F.B. (2022). Motivos para a prática de atividades físicas por acadêmicos. Um estudo na Universidade Federal de Juiz de Fora. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(286), 60-74. https://doi.org/10.46642/efd.v26i286.2363

 

Resumo

    Para entender os motivos pelos quais acadêmicos buscam através de atividades físicas, esportivas e de lazer a satisfação de suas necessidades intrínsecas e extrínsecas, faz-se necessário aprofundar-se na temática motivação de acadêmicos para preencher lacunas na literatura e favorecer a atuação dos profissionais de educação física para esse grupo em específico. O objetivo do estudo foi verificar os principais motivos associados à prática de atividades físicas, esportivas e de lazer por acadêmicos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Para tanto, 484 acadêmicos da UFJF, com média de idade de 21,1 ± 2,9 anos, responderam um questionário com questões sobre pratica de atividades físicas e motivos para essa prática. Dos entrevistados, 94,21% já praticaram alguma modalidade de esporte ou lazer, destes 42,4% praticam atualmente alguma atividade física, esporte ou lazer. Os motivos mais citados para a prática de atividades físicas, esporte ou de lazer, foram saúde, prazer e estética. A maioria dos acadêmicos da UFJF já praticaram alguma vez atividades físicas, esportivas ou de lazer, mas apesar disso, nem metade dos entrevistados continuam praticando tais atividades, e essas parecem ser motivadas por preocupações com a qualidade de vida dos indivíduos, tanto no aspecto físico, psicológico e social.

    Unitermos: Comportamento. Motivação. Saúde. Acadêmicos.

 

Abstract

    To understand the reasons why students seek through physical, sports and leisure activities to satisfy their intrinsic needs and extrinsic needs, it is necessary to deepen the thematic motivation of students to fill gaps in the literature and favor the performance of physical education professionals for this specific group. The objective of the study was to verify the main reasons associated with the practice of physical, sports and leisure activities by students from the Federal University of Juiz de Fora (UFJF). 484 UFJF students, with an average age of 21.1 ± 2.9 years, answered a questionnaire with questions about physical activity and reasons for this practice. Of the interviewees, 94.21% have already practiced some form of sport or leisure, of these 42.4% currently practice some physical activity, sport or leisure. The most cited reasons for the practice of physical activities, sports or leisure, were health, pleasure and aesthetics. Most UFJF students have ever practiced physical, sports or leisure activities, but despite this, not even half of the interviewees continue to practice such activities, and these seem to be motivated by concerns about the quality of life of individuals, both in physical aspect, psychological and social.

    Keywords: Behavior. Motivation. Health. Students.

 

Resumen

    Para comprender las razones por las cuales los estudiantes buscan, a través de actividades físicas, deportivas y de ocio, la satisfacción de sus necesidades intrínsecas y extrínsecas, es necesario profundizar en el tema motivación de los estudiantes para llenar vacíos en la literatura y favorecer el desempeño de los profesionales en Educación Física para este grupo específico. El objetivo del estudio fue verificar las principales razones asociadas a la práctica de actividades físicas, deportivas y recreativa por estudiantes de la Universidad Federal de Juiz de Fora (UFJF). Por lo tanto, 484 estudiantes de la UFJF, con una edad media de 21,1 ± 2,9 años, respondieron un cuestionario con preguntas sobre actividad física y motivos para esta práctica. De los entrevistados, el 94,21% ya ha practicado algún tipo de deporte o actividad recreativa, de estos el 42,4% practica actualmente alguna actividad física, deporte o actividad recreativa ocio. Los motivos más citados para la práctica de actividades físicas, deportivas o recreativas fueron la salud, el placer y la estética. La mayoría de los estudiantes de la UFJF ya han practicado actividades físicas, deportivas o recreativas, pero a pesar de eso, la mitad de los entrevistados continúa practicando tales actividades, y estas parecen estar motivadas por preocupaciones sobre la calidad de vida de los individuos, tanto en el aspecto físico, psicológica y social.

    Palabras clave: Comportamiento. Motivación. Salud. Estudiantes.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 286, Mar. (2022)


 

Introdução 

 

    A prática regular de atividades físicas e esportivas, seja ela por lazer, saúde ou por rendimento, favorece a melhora da aptidão cardiopulmonar, neuromuscular e psicológica do indivíduo. Na sociedade atual ela se torna um excelente meio de melhora da qualidade de vida da população. Estudos epidemiológicos sugerem que a prática regular de atividade física traz diversos benefícios para a saúde, seja pela sua influência direta sobre a prevenção de morbidades na própria infância e adolescência, seja pela sua influência no nível de atividade física na vida adulta (Gordon-Larsen, Nelson, e Popkin, 2004). Além disso, em uma revisão sistemática de revisões sistemáticas recentes, Warburton, e Bredin (2017) demostraram que há relação dose-resposta entre a atividade física e o estado de saúde, bem como é fundamental abordar vários aspectos relacionados ao comportamento e ao estilo de vida para promover uma vida saudável.

 

    Assim sendo, a melhora da qualidade de vida não é o único motivo que leva os indivíduos a praticar atividades físicas, esportivas ou de lazer. A melhora da aptidão física, saúde, estética, lazer, socialização, distração e prazer têm sido mencionados em diversos estudos. (Deschamps et al., 2009; Costa et al., 2003; De Gaspari, e Schwartz, 2005; Nunomura, 1998; Deschamps, e Domingues Filho, 2005; Fermino, Pezzini, e Reis, 2010; Schwartz, Silva, e Tahara, 2003; Shen, e Xu, 2008, Warburton, e Bredin, 2017; White et al., 2017)

 

    O comportamento humano é bastante complexo, mas teorias sobre motivação podem nos ajudar a compreendê-lo. Uma pessoa pode se envolver com alguma atividade, motivada extrínseca ou intrinsecamente. Segundo Samulski (2002), para que um indivíduo adote um determinado comportamento frente à realização de atividades dirigidas a uma meta ou a um objetivo, ele necessita de uma motivação, que de forma geral, é caracterizada como um processo ativo e intencional dependente da interação entre fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Portanto, baseada neste modelo, a motivação tem um determinante energético (nível de ativação) e um determinante de direção do comportamento (intenções, interesses, motivos e metas). (Deschamps et al., 2009)

 

Imagem 1. A melhora da aptidão física, saúde, estética, lazer, socialização, distração e prazer 

são motivos que levam aos acadêmicos a praticar atividades físicas, esportivas ou de lazer

Imagem 1. A melhora da aptidão física, saúde, estética, lazer, socialização, distração e prazer são motivos que levam aos acadêmicos a praticar atividades físicas, esportivas ou de lazer

Fonte: Pexels.com

 

    Segundo Miranda, e Bara Filho (2008) a motivação intrínseca envolveria o desejo interior de realizar as atividades propostas, não dependendo exclusivamente de fatores externos, sendo mais importante que a motivação extrínseca no engajamento de atividades. Já a motivação extrínseca, ela tem um caráter consciente e é influenciada por fatores externos que podem direcionar o comportamento dos indivíduos a realizar uma atividade. (Ex.: oferecimento de projetos de extensão; espaços ao ar livre para práticas de atividades físicas; orientação para a prática de atividades, e etc.).

 

    Quanto aos motivos, são divididos em internos e externos. Dentre os primeiros estão os fisiológicos, psicológicos e sociais, afiliação, poder e realização, quanto aos outros, encontram-se incentivos, recompensas e dificuldades (Deschamps, e Domingues Filho, 2005). Seguindo esta linha de raciocínio, os praticantes de atividades esportivas, atividades físicas ou de lazer exercem estas atividades por motivos diferentes, entretanto, também podem ser motivados por meios e experiências diferentes. Cabe então aos profissionais de Educação Física proporcionar diferentes meios e experiências para favorecer a motivação desses indivíduos.

 

    Para entender os motivos pelos quais acadêmicos buscam através de atividades físicas, esportivas e de lazer a satisfação de suas necessidades intrínsecas (regida pelos interesses pessoais; ex.: vencer uma prova; melhorar a saúde) e extrínsecas (depende de elementos externos para atuar; ex.: receber um elogio; orientação adequada para prática de exercícios físicos), uma vez que estes são reguladores do comportamento, levando-os a uma direção e a uma ação mais intensa, faz-se necessário aprofundar-se na temática motivação de acadêmicos para preencher lacunas na literatura e favorecer a atuação dos profissionais de educação física para esse grupo em específico. Assim sendo, o objetivo do estudo foi verificar os principais motivos associados à prática de atividades físicas, esportivas e de lazer por acadêmicos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

 

Metodologia 

 

    Dado a escassez de pesquisas sobre o fenômeno “motivação de acadêmicos para a prática de atividades físicas, esportivas ou de lazer” na literatura, buscou-se observar através de um questionário, quais os motivos que levam os acadêmicos a buscar atividades físicas, esportivas ou de lazer.

 

Descrição do estudo 

 

    O presente estudo caracteriza-se por ser de caráter exploratório-descritivo, pois, segundo Triviños (1987), a pesquisa exploratória possibilita ao pesquisador aprofundar suas análises nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes e maiores conhecimentos, a fim de subsidiar uma análise mais específica. A pesquisa descritiva objetiva a “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”, sendo uma de suas características a “utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados”. (Gil, 1999)

 

Sujeitos 

 

    A Universidade Federal de Juiz de Fora, MG conta com cerca de 12 mil alunos na atualidade. A amostra foi casual. Como critério de inclusão na pesquisa, os indivíduos deveriam ser estudantes da UFJF. Participaram do estudo 484 acadêmicos, sendo 191 do sexo masculino (39,4%) e 293 do sexo feminino (60,5%), com média de idade de 21,1 ± 2,9 anos. Os acadêmicos pertenciam aos mais diversos cursos da universidade, excluídos os acadêmicos de Educação Física, por compreender que esses poderiam influenciar os resultados da pesquisa.

 

    Cursos e institutos nos quais os questionários foram aplicados: Farmácia, Enfermagem, Direito, Faculdade de Economia e Administração, Letras, Faculdade de Comunicação Social, Engenharias, Medicina, Educação e Serviço Social, Instituto de Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Humanas, Instituto de Ciências Exatas, Odontologia, e Medicina.

 

Instrumento 

 

    Instrumentos com tradução e adaptação cultural validados para a realidade brasileira permitem que as informações obtidas sejam fidedignas ao grupo pesquisado, porém optamos por criar um questionário, com questões fechada, revisado por dois doutores em Educação Física, o qual foi elaborado especialmente para esse estudo, sendo composto por 3 questões sobre práticas de atividades físicas e 3 referentes aos motivos para a prática de atividades físicas, esportivas ou de lazer, sendo estas últimas com possibilidade de haver mais de um resposta. Os doutores apontaram os possíveis erros e sugestões para a construção do questionário, sendo revisto pelos mesmo após a chegada a sua versão final. Posteriormente, o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora- CEP/UFJF (Parecer nº 075/2011).

 

Procedimentos 

 

    Foram enviadas cartas de autorização para cada unidade da UFJF. Os dados foram obtidos por meio de um questionário respondido pelos próprios acadêmicos, após comunicação/explicação por parte do entrevistador.

 

    O questionário foi entregue aos sujeitos da pesquisa, que receberam então as mesmas orientações verbais. Qualquer dúvida foi esclarecida na hora do preenchimento pelos responsáveis pela aplicação do instrumento, sendo que os sujeitos deste estudo não comunicaram entre si durante o preenchimento do questionário.

 

    A distribuição dos questionários foi efetuada durante os períodos da manhã, tarde e noite nas unidades da UFJF.

 

    O preenchimento do questionário foi de caráter voluntário sem limite de tempo para responder o mesmo. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido explicando os objetivos e procedimentos do estudo, autorizando sua participação voluntária e os riscos mínimos da pesquisa. Também foi garantido o anonimato de todos os sujeitos avaliados.

 

Tratamento estatístico 

 

    Buscou-se estabelecer um olhar para a relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica existente na literatura. Para a descrição das informações, foi elaborada a discussão dos resultados a partir dos pontos trabalhados no questionário.

 

    Foram realizadas análises descritivas com média, desvio padrão, distribuição de frequência e percentual, para questões que apresentam mais de uma alternativa. Foram utilizados os testes qui-quadrado de Pearson para associação das variáveis qualitativas, com nível de significância de p<0,01. Para comparação entre sexos e entre o período anterior e atual de práticas de atividades físicas e esportivas, utilizou-se o teste qui-quadrado,com nível de significância de p<0,05. A análise foi feita com auxílio do programa Microsoft Office Excel 2010 e Statistica 8.

Sob esta perspectiva, a análise foca-se em descrever as respostas dadas ao questionário, agregando as similaridades, apontando diferenças e singularidades. Em complementação à descrição da realidade do grupo, procurou-se estabelecer relações com a situação deste, frente aos achados da bibliografia.

 

Resultados 

 

    O estudo foi iniciado perguntando aos participantes se eles estavam praticando alguma atividade física, esportiva ou de lazer atualmente. As respostas estão expressas em frequências absolutas e percentuais, no geral e por gênero na Tabela 1.

 

Tabela 1. Distribuição de Frequências da variável "Você já praticou alguma modalidade 

de esporte ou lazer?"e"Você pratica atividade(s) física(s),de esporte ou lazer atualmente?"

 

 

Todos os Acadêmicos

Masculino

Feminino

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

P

Antes

Sim

456

94,2%

185

96,9%

271

92,5%

0,7291

Não

28

5,8%

6

3,1%

22

7,5%

0,0565

Total

484

100%

191

100%

293

100%

 

Atualmente

Sim

205

42,4%

114

59,7%

91

31,1%

0,0001*

Não

279

57,6%

77

40,3%

202

68,9%

0,0009*

Total

484

100%

191

100%

293

100%

 

Teste qui-quadrado

p

 

P

 

p

 

 

Sim

0.0000**

 

0.0020**

 

0.0000**

 

 

Não

0.0000**

 

0.0000**

 

0.0000**

 

 

*Diferença significativa entre o sexos (p<0,05)

**Diferença significativa entre antes e atualmente (p<0,05)

Fonte: Os autores

 

    A próxima questão está relacionada a prática de atividades físicas, esportivas ou de lazer no campus da UFJF, por possuir uma ampla área para a prática dessas atividades e alguns projetos de extensão dirigidos a comunidade acadêmica em geral (docentes, discentes e técnicos administrativos). Esses projetos acontecem sob coordenação da Faculdade de Educação Física e Desportos, sendo oferecido um grande número de projetos, durante todo o ano, que envolve: danças, ginásticas, práticas esportivas (futebol, natação, atletismo, basquetebol, voleibol, handebol, etc.), caminhada orientada, entre outras. As respostas estão expressas em frequências absolutas e percentuais, no geral e por gênero na Tabela 2.

 

Tabela 2. Distribuição de Frequências da variável "Você realiza ou 

já realizou atividade(s) física(s),de esporte ou de lazer na UFJF?”

 

 

Acadêmicos

Masculino

Feminino

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

P

Sim

114

23,6%

68

35,6%

45

15,7%

0.0001*

Não

370

76,4%

123

64,4%

247

84,3%

0.0618

Total

484

100%

191

100%

293

100%

 

*Diferença significativa entre os sexos (p<0,05)

Fonte: Os autores

 

    Na segunda parte da pesquisa, procuramos nos ater as questões relativas aos motivos que levam os acadêmicos a praticarem atividades físicas, esportivas ou de lazer na sua vida cotidiana. Iniciou-se perguntando quais motivos os levam a praticar atividades de esporte, em seguida de lazer e por último de atividades físicas. As alternativas já estavam pré-definidas, podendo o participante responder mais de uma. Os resultados estão expressos em frequências absolutas e percentuais, no geral e por gênero na Tabela 3 (a média de motivos assinaladas pelos acadêmicos foi de 2,5 alternativas).

 

Tabela 3. Distribuição de Frequências das variáveis "O que você busca no esporte, no lazer e na atividade física?"

 

Acadêmicos

Masculino

Feminino

X2

 

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

Freq. Absoluta

Freq. %

P

Esporte

Lazer

331

24,5%

148

26,5%

183

23,1%

0.1353

Rendimento

46

3,4%

26

4,6%

20

2,5%

0.0246*

Atividade social

66

4,9%

32

5,7%

34

4,3%

0.1614

Saúde

384

28,5%

139

24,9%

245

31,0%

0.3250

Estética

202

15,0%

50

8,9%

152

19,2%

0.0002*

Competição

71

5,2%

54

9,6%

17

2,1%

0.0000*

Aprendizado

50

3,7%

17

3,0%

33

4,1%

0.1357

Diversão

197

14,6%

92

16,4%

105

13,3%

0.0823

Total

1347

100%

558

100%

789

100%

 

Lazer

Prazer

374

32,4%

156

33,6%

218

31,5%

0.5058

Distração

268

23,2%

96

20,7%

172

24,9%

0.3248

Atividade social

93

8,1%

45

9,7%

48

6,9%

0.1089

Saúde

193

16,7%

72

15,5%

121

17,5%

0.6032

Estética

42

3,6%

13

2,8%

29

4,2%

0.2776

Satisfação

185

16,0%

82

17,7%

103

14,9%

0.2525

Total

1155

100%

464

100%

691

100%

 

Atividade física

Prazer

221

19,5%

108

23,3%

113

16,9%

0.0191*

Distração

146

12,9%

68

14,7%

78

11,7%

0.1258

Atividade social

52

4,6%

27

5,8%

25

3,7%

0.0822

Saúde

371

32,8%

135

29,1%

236

35,4%

0.3589

Estética

215

19,0%

63

13,6%

152

22,8%

0.0100*

Satisfação

126

11,1%

63

13,6%

63

9,4%

0.0326*

Total

1131

100%

464

100%

667

100%

 

*Diferença significativa entre os sexos (p<0,05)

Fonte: Os autores

 

    Após a realização das frequências absolutas e percentuais dos resultados dos questionários, foi realizado o teste Qui-quadrado, entre os valores observados e esperados, tanto para o total de acadêmicos, como para a variável sexo (masculino/feminino) em cada uma das questões do questionário. Esta análise permite afirmar que, em todas as seis questões do questionário, houve diferença significativa na distribuição das respostas (p<0,01).

 

Discussão 

 

    Este estudo exploratório procurou descrever os motivos que levam os acadêmicos da Universidade Federal de Juiz de Fora a praticarem atividades físicas, esportivas ou de lazer, além de procurar fazer referências às práticas anteriores e atuais dessas atividades. Outro ponto levantado foi em relação à prática de atividades físicas, esportivas ou de lazer no campus da UFJF.

 

    A atividade física, um dos fatores intervenientes na ruptura com padrões sedentários de vida, refere-se a movimentos corporais tendo como fonte os esportes e exercícios, entre outras experiências (De Gaspari, e Schwartz, 2005). Apesar de sua relevância para a manutenção da saúde e qualidade de vida, tem-se observado, em diversos países, uma redução na prática de atividades físicas durante o tempo de lazer (Salles-Costa et al., 2003). Essas constatações levaram a questionar se os acadêmicos da UFJF praticaram em algum momento de sua vida modalidades de esporte ou lazer e se as mantém na atualidade.

 

    Os resultados demonstraram que 94,2% deles já fizeram alguma atividade, mas apenas 44,9% desses se mantém ativos, demonstrando uma diminuição significativa (p=0,0000). Ressalta-se que no estudo não avaliamos o nível de atividade física, apenas sua realização pregressa e atual. Esses resultados estão alinhados ao estudo proposto por Mourão, Gama, e Levandoski (2019) que encontrou que 93,1% dos acadêmicos, tiveram vivências de atividades físicas anteriores a universidade, principalmente no ciclo de vida escolar. Por ser uma população jovem, média de idade de 21,1 ± 2,9 anos, nota-se que a manutenção dessas atividades da infância, passando pela adolescência até a idade adulta não foi observado, o que vem sendo demonstrado em alguns estudos. Alves et al. (2005), comenta que a participação em atividades físicas declina consideravelmente com o crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem. Outro estudo demonstrou que ao ingressarem no ensino superior os acadêmicos ficam mais ocupados, o que se torna uma barreira para manter um estilo de vida saudável (Sogari et al., 2018). Em um estudo realizado na Universidade do Estado de Minas Gerais, unidade Ituiutaba, 43% dos universitários faziam atividades físicas, se aproximando dos resultados do presente estudo. (Vilela, e Nascimento, 2017)

 

    Quando se observam os gêneros masculino e feminino, ocorre uma diferença entre os sexos nas práticas atuais (p=0,0001), sendo os homens mais ativos do que as mulheres, estas apresentando uma diminuição de suas práticas para apenas 33,6% (p=0,0000) dos que praticavam anteriormente atividades esportivas ou de lazer. Já os acadêmicos do sexo masculino diminuíram suas práticas nessa transição da infância até a idade adulta para 61,6% (p=0,0020). Pièron (2004) destaca em seu estudo, que a proporção de jovens que praticam uma atividade esportiva com uma frequência bastante elevada, a ponto de induzir efeitos em curto prazo (e, eventualmente, em longo prazo), varia de 30 a 50% dos rapazes, e é cerca de 20% nas moças, o que se aproxima dos resultados deste estudo e geram uma preocupação principalmente em relação aos acadêmicos do sexo feminino. De acordo com a pesquisa Datafolha de 27.11.1997 apresentada no estudo de Nunomura (1998), 60% dos entrevistados não praticavam nenhum tipo de atividade física e 70% das mulheres “não se mexe” o que corroboram com os resultados encontrados no presente estudo. Em recente revisão de literatura, Oliveira et al. (2014) destacou que as universitárias foram menos ativas fisicamente do que seus pares masculinos, corroborando com nossos achados. Em se tratando de universitários de cursos à distância, Primo et al. (2017) relata que o gênero feminino é mais inativo do que o masculino, chamando a atenção para esse grupo importante de universitários que cresce em todos os países.

 

    É de extrema importância registrar aqui, a posição social da mulher dentro da sociedade capitalista, visto que além de trabalhar fora de casa, realizar as atividades domésticas e dos cuidados com os filhos, elas ainda são cobradas para alcançar os “corpos perfeitos” propagados pela mídia e pela sociedade. Neste sentido, apesar de serem universitárias, essas condições de vida provavelmente também afetam as mulheres de nossa pesquisa, embora este tema não tenha sido abordado, esses elementos podem ter influenciado na diferença entre os sexos em relação a serem menos ativas dos que os homens.

 

    Em seguida, foram solicitados a responder uma questão com o objetivo de identificar se os acadêmicos utilizam da estrutura do campus da UFJF e de projetos de extensão oferecidos pela Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID/UFJF) para a prática de atividades físicas, esportivas ou de lazer. Os resultados revelaram que apenas 26,6% dos acadêmicos já praticaram alguma atividade no campus, apresentando diferença significativa (p=0,0001) dos acadêmicos do sexo masculino para os do sexo feminino, demonstrando uma maior prática neste ambiente pelos homens. Em relação a esses achados, vale salientar, que poucos estão sendo os acadêmicos que usufruem dessa estrutura, levando-nos a questionar se os acadêmicos da UFJF têm conhecimento desses projetos e se há a divulgação efetiva dos mesmos, bem como, condições sociais, econômicas e tempo disponível para participar dos projetos. Isso fica mais evidente quando se observam os resultados da presente pesquisa a partir dos achados de Abula et al. (2018). Em seu estudo, estudantes universitários na China tem um baixo conhecimento de recomendações de exercícios físicos, demonstrando assim seu desconhecimento. Quando eles apresentam conhecimento sobre atividades físicas, esses são fisicamente mais ativos do que aqueles que não tem conhecimento, o que sugere que a tomada da consciência de diretrizes sobre atividades físicas pode contribuir para o aumento desse comportamento ligado a práticas de atividades físicas. Essas evidências levam a sugerir que os projetos de extensão da UFJF relacionados as práticas de atividades físicas, esportivas ou de lazer devem ser melhor divulgados para que seus acadêmicos desfrutem e elevem suas práticas.

 

    Após a discussão sobre práticas anteriores, atuais e no campus da UFJF de atividades físicas, esportivas ou de lazer, o foco está nos motivos que levam os acadêmicos a essas práticas. Quando questionados sobre o que buscam na prática de esportes, os acadêmicos consideraram a alternativa saúde (28,51%) como principal motivo, seguido pelo prazer e a estética. Essas respostas também vêm sendo apresentadas em outros estudos (Deschamps et al., 2009; Deschamps, e Domingues Filho, 2005), como o de Nunomura (1998) em que a saúde obteve 33,63% sendo o terceiro motivo mais citado. Deschamps et al. (2009) mostrou que os principais motivos que levaram os universitários a praticarem atividade físico-desportivas são aqueles relacionados à saúde, à estética ou imagem, capacidade pessoal e aventura. Esse fato também foi relatado no estudo de Deschamps, e Domingues Filho (2005) em que, o prazer nas atividades físicas, a melhora da estética, o melhor condicionamento físico e a qualidade de vida, são os motivos mais importantes para a prática de ciclismo indoor por homens e mulheres. Guedes, Legnani, e Legnani (2012) demostraram que a prevenção de doenças, que se liga a saúde, foi a principal motivação para a prática de exercícios físicos apontados pelos universitários da Universidade Estadual de Londrina. Para os acadêmicos da UEMG-Ituiutaba, a principal motivação (54%) foi relacionada aos benefícios da saúde, mas também relataram motivações devido a estética e ao lazer, corroborando com o presente estudo.

 

    Todos esses estudos, assim como este, demonstram que a preocupação com a saúde realmente tem sido o principal motivador, mas que outras motivações presentes nas práticas esportivas e alinhadas a vida social contemporânea também exercem forte influência, como a estética e o prazer proporcionado por essas práticas.

 

    Na comparação entre gêneros, parece que as do sexo feminino se preocupam mais com os aspectos relativos à estética (p=0,0002), o que também foi demonstrado no estudo de Nunomura (1998), no qual os dois grupos pesquisados também relataram que manter a forma física/estética é mais representativos para os indivíduos do sexo feminino do que os do sexo masculino. Outro fato que chamou nossa atenção foi que o motivo competição e rendimento que são mais significativos para o sexo masculino em relação ao feminino, (p=0,000; p=0,0246), respectivamente. Isso foi demonstrado no estudo de Deschamps et al. (2009), detectando algumas diferenças na faixa etária de 22 a 27 anos entre homens e mulheres, no qual os homens universitários dão mais importância aos motivos relacionados à competição do que as mulheres dessa faixa etária. Assim como em nosso estudo, Guedes, Legnani, e Legnani (2012) encontraram que as universitárias atribuem maior importância aos aspectos controle do peso corporal e à aparência física, que são fatores considerados estéticos, bem como os universitários valorizaram a condição física e à competição com importantes motivos, o que corroborou com os resultado no presente estudo também. Desta forma se percebe que o esporte é um meio estimulante para as práticas de atividades que possam favorecer a saúde e o lazer, podendo elevar a qualidade de vida dos indivíduos.

 

    Seguindo com a discussão, se constata que as práticas de atividades de lazer durante o tempo livre vêm decaindo muito na sociedade atual. No estudo de Salles-Costa et al. (2003) apenas um terço das mulheres praticava algum tipo de atividade física de lazer, enquanto quase 40% dos homens realizavam alguma atividade física no período reservado ao lazer. Ainda em seu estudo Salles-Costa et al. (2003) relatam que na busca de valorizar e melhorar a qualidade de vida surgiu a necessidade de se aproveitar adequadamente o tempo livre. No presente estudo se procura observar quais são os motivos que levam os acadêmicos a buscar atividades físicas de lazer. Os resultados revelam que a maioria dos acadêmicos considera o prazer (32,4%) e a distração (23,2%) como principais motivos para essa prática. Esses resultados demonstram a preocupação dos acadêmicos com atividades que lhes proporcionem momentos de relaxamento e desligamento da rotina cotidiana de estudos aos quais são submetidos na universidade. De Gaspari, e Schwartz (2005) em sua pesquisa sobre as emoções da caminhada nos espaços públicos de lazer, observou que sua amostra foi unânime em considerar o lazer como um momento importante, justificando que, além de prazeroso, auxilia no combate do cansaço, propicia o estabelecimento de novas amizades, faz bem à saúde e combate o estresse. Entre os sexos não foi observada diferenças significativas nos motivos para as práticas de lazer. Franco, e Sousa (2018) salientam que as principais atividades físicas de lazer pelos universitários são a ginástica/musculação e esportes coletivos, sendo que mulheres tem prevalência menores em práticas de esportes coletivos, o que entra em contradição com o estudo De Gaspari, e Schwartz (2005) em relação ao estabelecimento de novas amizades. Novos estudos devem ser realizados para entender melhor essa relação.

 

    Uma dimensão importante a ser discutida em relação ao lazer se volta para as políticas públicas para o lazer, que na atualidade se complexifica, e que segundo Padilha (2006) não tem existido, de uma maneira geral, políticas públicas que configuram o lazer caraterizado enquanto um direito social para todos. O que temos visto é uma mercantilização do lazer, no qual a diversão ou o descanso tem sido apropriados pela indústria cultural. Além disso, o que fica evidente é uma publicidade que alimenta a ideologia consumista “que exalta o novo e o belo enquanto nega o envelhecimento, processo natural da existência humana” (Padilha, 2006, 144). Um outro importante elemento em relação a práticas de atividades físicas nos momentos de lazer, se relaciona a sua capacidade de prevenir doenças mentais, como foi evidenciado no estudo de White et al. (2017), dimensão essa tão importante em tempos de incertezas, estresse e instabilidades causadas pelo modo de vida contemporâneo.

 

    Como último resultado desse estudo, as respostas dos acadêmicos foram obtidas sobre os motivos que os levam a praticar atividades físicas. Antes de apresentarmos os resultados, se ressalta a importância da prática de atividades físicas para se ter uma boa qualidade de vida, além de diminuir os riscos de morbidades e mortalidade, já consagrados pela literatura. Os motivos que levam os acadêmicos da UFJF a praticarem atividades físicas são principalmente a busca por saúde (32,8%), prazer (19,5%) e estética (19%). Segundo Costa et al. (2020) os motivos para a prática de atividades físicas em acadêmicos também são principalmente a saúde (32,6%), estética (11,41%) e lazer (7,07%), demonstrando assim aproximação com nossos resultados. Isso nos mostra a preocupação desses jovens com uma melhor qualidade de vida, momentos prazerosos e com a sua imagem corporal, esta última talvez sendo influenciada pela mídia, que de acordo com Figueira Junior (2000), é um meio rápido e possível formador de opinião principalmente a mídia televisiva. E segundo Schwartz, Silva, e Tahara (2003), a mídia, de certa forma, vem contribuindo para a superlotação das academias de ginástica, uma vez que são várias as revistas, jornais e televisão que divulgam corpos perfeitos e modelados, os típicos “malhados”. Além disso, Costa et al. (2020) chama a atenção para a questão da insatisfação com a imagem corporal, que pode diminuir com a prática atividade física, pois esta melhora a sensação de alegria, bem-estar e motivação tanto para a melhora da saúde quanto da estética.

 

    Voltando aos motivos anteriormente citados, percebemos que eles vão de encontro com outros estudos presentes na literatura. A saúde, prazer e estética como relatada nesse estudo também foram os principais motivos nos estudos de Deschamps et al. (2009), em que mostrou que os principais motivos que levaram os universitários a praticarem atividade física são aqueles relacionados à saúde, à estética ou imagem, capacidade pessoal e aventura. Costa et al. (2003), concluíram que o prazer promovido pela prática da atividade física é o fator que mais contribui para a motivação dos indivíduos envolvidos em um programa de atividades físicas. De acordo com Fermino, Pezzini, e Reis (2010), os motivos com maiores escores foram, saúde, aptidão física, disposição, atratividade e harmonia para frequentadores de academia e na pesquisa de Schwartz, Silva, e Tahara (2003), os motivos mais citados foram, as questões estéticas, melhoria da qualidade de vida e aptidão física. Isso também ficou evidenciado na pesquisa Datafolha de 1997, relatado por Matsudo et al. (2002) em sua pesquisa, na qual os indivíduos ativos buscavam a prática de atividades físicas pelos motivos, emagrecimento (53%) e promoção da saúde (53%). Todos esses estudos demonstram a grande preocupação da população com a saúde, lazer e estética, assim como a dos acadêmicos da UFJF.

 

    Na comparação entre os sexos, os acadêmicos do sexo feminino se preocupam mais com a estética (p=0,01) do que os do sexo masculino, sendo o segundo motivo mais frequente. Em relação a isso, Shen, e Xu (2008) encontraram resultados semelhantes em universitários chineses. Sendo as mulheres mais preocupadas com o ego, em emagrecer e com a aparência do que os homens, que se preocupam mais com o ego, reconhecimento social, competição e afiliação, o que os levam a crer, que as mulheres estão mais propicias a participar de exercícios por causa da preocupação com o corpo. O que colabora consideravelmente com essa preocupação, é a influência da mídia na busca por “corpos perfeitos”, pois “a busca do corpo perfeito virou uma espécie de religião com uma quantidade de fiéis jamais vista até então” (Maroun, e Vieira, 2008, 183), fortemente divulgados nos diferentes meios de midiáticos e de comunicação, entre eles as redes sociais. Maroun, e Vieira (2008, 180) salientam que “o corpo físico bonito, jovem e atraente virou um requisito de sobrevivência, uma espécie de obrigação a ser cumprida com direito à culpabilização daqueles que não se entregam a esse fim”, e as mulheres acabam sendo mais influencias, visto os julgamentos impostos pela sociedade.

 

    Outras diferenças significativas entre os sexos revelados em nosso estudo, se deram em relação ao prazer (p=0,0191) e a satisfação (p=0,0326), que se mostram mais importantes para os homens do que as mulheres. O que revela que homens buscam realizações mais pragmáticas e imediatas.

 

    Apresentada nossas discussões, concordamos ainda com Primo et al. (2017) que se torna importante desenvolver ações para que universitários continuem a praticar atividades físicas, sejam de cursos presenciais ou a distância, bem como o estudo de Baldwin et al. (2017) indicou a necessidade de intervenções direcionadas que facilitem o desenvolvimento e o bem-estar do estudante universitário, que em nossa concepção perpassa pelas práticas de atividades físicas, de esporte e lazer.

 

Conclusões 

 

    O presente estudo espera a contribuir para a atuação dos profissionais de Educação Física, ao ponto de poderem se aproximar mais da questão motivação para práticas de atividades físicas, esportivas ou de lazer.

 

    Levando-se em consideração os objetivos do estudo, conclui-se que: a maioria dos acadêmicos da UFJF já praticou alguma vez atividades físicas, esportivas ou de lazer, mas apesar disso, nem metade dos entrevistados continuam praticando tais atividades, o que revela a falta de aderência desse público. E apesar da UFJF possuir uma estrutura e projetos de extensão adequados a práticas de diferentes atividades físicas esportivas e ou de lazer, poucos são os acadêmicos que realizam essas atividades no campus da UFJF.

 

    Quando praticam atividades esportivas, são mais motivados pelos benefícios que o esporte traz para a saúde (física ou mental) e por questões relacionadas à prática de lazer, o que não parece revelar uma prática sistematizada que proporcionem benefícios longitudinais. Considerando as práticas de lazer, os resultados revelam uma prática que proporcione sensações subjetivas, o que talvez fosse esperado, mas novamente associado a questão da saúde. Nas práticas de atividades físicas, a maioria considera a saúde, o prazer e a estética, como os principais motivos para a prática. A prática de atividades física, esportivas ou de lazer na sociedade atual, parece ser motivada por preocupações com a qualidade de vida dos indivíduos, tanto no aspecto físico, psicológico e social. Em relação aos gêneros, se pode perceber uma preocupação por parte dos acadêmicos do sexo feminino em relação a sua imagem, apresentando diferenças significativas nas respostas motivadas pela a melhora da estética tanto nas atividades físicas como esportivas, já os do sexo masculino apresentaram diferenças significativas para os motivos rendimento e competição nas atividades esportivas e os motivos lazer e satisfação para atividades físicas.

 

    Novos estudos devem ser realizados para revelar mais profundamente os motivos dos acadêmicos para as práticas de atividades física, esportivas ou de lazer, favorecendo a atuação dos profissionais da área. Além disso, apresenta-se a limitação, que apesar de seguir um rigor científico na elaboração do questionário e análise dos resultados, a não validação do instrumento pode dificultar a reprodução do estudo em outras universidades, dificultando comparações mais diretas, bem como a não apresentação por cursos que poderia delimitar melhor o perfil dos acadêmicos.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 286, Mar. (2022)